Tópicos | Copa de 2014

Construída ao custo oficial de R$ 1.080 bilhão, o estádio Itaquerão, a Arena Corinthians, também está envolvida em suspeitas de corrupção. Inquérito que tramita sob segredo de Justiça no Supremo Tribunal Federal (STF) investiga "possível prática criminosa associada à construção da Arena Corinthians" com base em delações de cinco executivos ligados à Odebrecht, entre eles o dono da empresa, Emílio, e seu filho e herdeiro, Marcelo.

É apurado suposto recebimento ilegal por parte do ex-presidente do clube e atual deputado federal, Andrés Sanchez (PT). Outro inquérito, também no STF, investiga se o também deputado petista Vicente Cândido teria recebido dinheiro para ajudar a destravar o financiamento do estádio.

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Não há detalhes da investigação sobre Andrés, presidente do Corinthians entre 2007 e 2011. Mas há a suspeita de ligação com a prisão, em março de 2016, do vice-presidente do clube, André Luiz de Oliveira, o André Negão, depois que seu nome apareceu em uma planilha da Odebrecht sob o codinome "Timão" e ao lado da palavra "Alface". Ele teria recebido R$ 500 mil em propinas, cujo destinatário seria Sanchez, para sua campanha a deputado.

O advogado de Andrés Sanchez, João dos Santos Gomes Filho, rebate. Diz que não construtora não faz qualquer afirmação de pagamentos ao ex-presidente do Corinthians e que André Negão, em depoimento à Polícia Federal - foi preso em flagrante por porte ilegal de armas, durante a Operação Xepa, fase da Lava Jato - negou ter solicitado ou recebido qualquer valor em nome ou a favor de Andrés.

"Nossa posição é de que não há qualquer elemento probatório que sustente um nexo causal mínimo entre o valor apontado (R$ 500 mil) e o seu suposto repasse ao deputado Andrés Sanchez", disse Gomes Filho. À época da denúncia, Andrés, em conversa com a reportagem, afirmou: "Não é verdade que houve propina na Arena Corinthians para mim ou quem quer que seja. O Corinthians é vítima".

Em relação a Vicente Cândido, o inquérito apura se ele teria recebido R$ 50 mil para sua campanha para, em troca, "buscar apoio parlamentar na busca de solução para o financiamento do estádio do Corinthians". O depoimento foi de Alexandrino Alencar, ex-diretor da Odebrecht.

Cândido, que também é diretor de relações internacionais da CBF, informou por meio de nota que ainda não recebeu nenhuma notificação da Justiça (sobre o inquérito) e não teve acesso aos autos do processo. "Vale ressaltar que os acusadores ainda precisarão provar o que disseram. Neste sentido, tenho certeza de minha idoneidade e me coloco a disposição para quaisquer esclarecimentos à justiça".

Em sua delação, Marcelo Odebrecht disse que a construção da Arena Corinthians foi um pedido do ex-presidente Lula a seu pai, Emílio, e que ele tocou a obra a contragosto. "Teve um momento que tentei desistir", afirmou. "Foi logo após saber que a obra, que era para ser um estádio para 30 mil pessoas, virou um projeto para a Copa... Você entra no atoleiro e não sabe como sair depois".

CARTEL - Outro crime envolvendo arenas da Copa foi o estabelecimento de cartel. De acordo com ex-executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, as empresas e consórcios que executaram as obras do Mané Garrincha (Brasília) e das arenas Pernambuco (Recife), Castelão (Fortaleza) e Fonte Nova (Salvador) foram decididas pelo cartel das construtores. O Mineirão, em Belo Horizonte, só não entrou no "pacote" porque, depois de acertado que a reforma seria feita pela Andrade, o projeto foi transformado em PPP. Há um inquérito administrativo no Cade sobre a denúncia e alguns depoentes teriam colocado dúvida sobre a existência efetiva do cartel.

Num esforço para demonstrar que é vítima de dirigentes mal-intencionados, e não uma organização criminosa, a Fifa entregou à Justiça dos Estados Unidos e da Suíça o resultado de quase dois anos de investigações internas, incluindo detalhes sobre a Copa do Mundo de 2014, disputada no Brasil, e o papel de ex-dirigentes esportivos do País. O esforço foi lançado depois que, em maio de 2015, cartolas da entidade foram presos e tribunais norte-americanos passaram a avaliar o papel da Fifa em uma corrupção global.

Para sobreviver, a Fifa foi obrigada a iniciar sua própria investigação, liderada pelo escritório de advocacia americano Quinn Emanuel, com um custo mensal de mais de US$ 1 milhão. A meta era mostrar a procuradores dos EUA e da Suíça que a entidade havia sido vítima de dirigentes que cometeram fraude, entre eles Joseph Blatter e Jérôme Valcke.

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Oficialmente, membros da Fifa indicaram que os documentos precisam ser mantidos em sigilo e que farão parte dos processos legais em Nova York. Num total, 20 mil peças de evidências foram repassadas aos procuradores, além de um resumo com 1,3 mil páginas. Os documentos servem para mostrar aos procuradores que a entidade quer hoje cooperar e que estaria disposta a entregar todos os detalhes sobre o que ocorreu durante anos dentro da organização.

Fontes que acompanharam o caso confirmaram ao Estado que a relação da Fifa com os organizadores da Copa de 2014 está dentro do pacote entregue à Justiça. Uma das evidências mostra que Joseph Blatter e seus dois principais assistentes, entre eles Valcke, tinham contratos para receber quase R$ 100 milhões em prêmios e bônus pela realização do Mundial, há três anos. A suspeita é de os pagamentos sejam ilegais e que possam se configurar como propinas.

No total, o que a Fifa deu para Blatter, Valcke e Markus Kattner (vice-secretário-geral) chegou a US$ 80 milhões (cerca de R$ 284 milhões) em apenas cinco anos em salários e prêmios. Os pagamentos geraram suspeitas depois que os contratos revelaram que o dinheiro foi garantido ainda em 2010 e previa que os valores seriam distribuídos até 2019, mesmo que Blatter, Valcke e Kattner fossem demitidos por justa causa de seus cargos.

Blatter tinha contratos de US$ 12 milhões por sua contribuição para realizar a Copa no Brasil em 2014. Valcke, que chegou a sugerir que o Brasil recebesse um "chute no traseiro", recebeu mais US$ 10 milhões, contra US$ 2 milhões para Kattner. A mais rica Copa da história foi realizada com dinheiro público para a construção da maior parte dos estádios. Mas gerou uma renda recorde para a Fifa de US$ 5,7 bilhões.

A relação entre a Fifa e o Comitê Organizador Local (COL), liderado primeiro por Ricardo Teixeira e depois do José Maria Marin, também foi alvo de um exame. Marco Polo Del Nero, atual presidente da CBF, também acumulou o cargo de presidente do COL, depois do fim da Copa.

No ano passado, a mesma empresa envolvida no atual documento - Quinn Emanuel - já havia enviado aos EUA um pedido para que fosse compensada pelos danos financeiros que cartolas brasileiros a geraram. No relato, ela acusou Del Nero, Marin e Teixeira de "corrupção" e de terem prejudicado a "reputação" da entidade máxima do futebol. Apenas pelos danos causados pelos dirigentes brasileiros, a Fifa solicitou nesta sexta-feira à Justiça americana que seja reembolsada em US$ 5,3 milhões.

Del Nero e Teixeira foram membros do Comitê Executivo da Fifa por anos e, segundo a entidade, teriam absorvido US$ 1,67 milhão e US$ 3,5 milhões, respectivamente, dos cofres da Fifa em gastos de viagem, hotéis e salários, sem contar o impacto sobre a reputação. Já Marin consumiu US$ 114 mil.

Segundo o escritório Quinn Emanuel, os três cartolas brasileiros ocuparam "posições de confiança na Fifa e em organizações nacionais". "Ao longo dos anos, eles abusaram de suas posições para se enriquecerem, enquanto causavam danos significativos para a Fifa", indicou o documento oficial enviado para a Justiça americana.

O Estado ainda apurou que, à pedido dos americanos, a Fifa entregou detalhes sobre o caso da falência da ISL, empresa de marketing e que foi alvo de um inquérito sobre um suposto pagamento de propinas para Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF. O brasileiro é um dos indiciados nos EUA e entre a Justiça americana e a suíça já existe uma estreita colaboração sobre contas bancárias envolvidas nesse caso.

CULPA - Enquanto os novos documentos são entregues, cresce também o número de cartolas que se declararam culpados no esquema de corrupção. Mas um deles, José Maria Marin, continua declarando sua inocência e, no segundo semestre do ano, terá seu julgamento.

Outro foco do processo também é o caso do pagamento de US$ 10 milhões por parte da África do Sul para comprar votos para sediar o evento em 2010. Um dos beneficiários do dinheiro teria sido o ex-vice-presidente da Fifa, Jack Warner.

Na Suíça, o caso também tem sido investigado, assim como as suspeitas sobre as compras de votos para a Copa de 2018 e 2022. Detalhes sobre a votação que deu a sede para o Catar e para a Rússia também estariam dentro das evidências apresentadas nesta sexta-feira. Segundo fontes envolvidas no processo, porém, os documentos não trazem conclusões se tais atos foram ou não ilegais e deixam a decisão para os procuradores.

Para justificar seu silêncio sobre o que está no material repassado à Justiça, a Fifa indicou que estava "legalmente impossibilitada de comentar as conclusões de sua investigação interna", já que as investigações na Suíça e nos EUA ainda estavam em curso.

Mas, para o presidente Gianni Infantino, a entrega dos documentos é uma prova de que a Fifa está "comprometida em conduzir uma ampla investigação sobre os fatos para que possamos punir quem cometeu ilegalidades". Ao assumir o cargo, no ano passado, ele garantiu que "a crise terminou".

"Completamos a investigação e entregamos as evidências para as autoridades, que continuarão a processar aqueles que se enriqueceram e abusaram de suas posições de confiança no futebol", disse Infantino. "A Fifa vai agora voltar seu foco ao futebol", prometeu.

O Estado revelou na semana passada, porém, que a investigação interna que existe contra o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, está parada.

Disputada em 2014, a Copa do Mundo no Brasil ainda não acabou fora de campo. Pendências financeiras e nos tribunais referentes ao Mundial podem chegar a R$ 1 bilhão e, por causa disso, o Comitê Organizador Local (COL) ainda está funcionando. O órgão, presidido por Marco Polo Del Nero, também presidente da CBF, deveria ter sido dissolvido 18 meses após o fim da Copa - ou seja, em 13 de janeiro do ano passado.

No entanto, um ano após a data-limite o comitê continua em atividade, de acordo com a Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro (Jucerja), onde está registrado. A última reunião da diretoria do COL aconteceu em 8 de agosto, mas a ata entrou nos arquivos da junta comercial apenas no mês passado.

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Naquela ocasião, a assembleia de sócios tratou das contas relativas a 2015. Del Nero não compareceu à reunião realizada na sede atual da entidade - duas salas em um suntuoso prédio de escritórios na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, a dois quilômetros da sede da CBF. Ele foi representado por Rogério Caboclo, diretor executivo de Gestão da CBF.

A entidade, que também consta como sócia do comitê que organizou a Copa do Mundo, teve como representante o seu diretor jurídico, Carlos Eugênio Lopes. No encontro, as contas do COL foram aprovadas "integralmente e sem quaisquer emendas ou ressalvas".

O curioso é que são justamente questões financeiras que impedem que o COL encerre as atividades, passados 30 meses do término da Copa do Mundo. Ao jornal O Estado de S.Paulo, um membro do alto escalão da CBF confirmou que, entre pendências e demandas da Justiça, o valor atinge R$ 1 bilhão. Advogados que trabalham nas dezenas de casos, porém, dizem esperar ser preciso desembolsar "apenas" entre R$ 10 milhões e R$ 20 milhões. A CBF confia que a Fifa irá assumir esses encargos.

REFORMA - Questionada sobre as atividades do COL, a Fifa evitou polemizar. Em nota, declarou que "o escopo da operação da Copa do Mundo é imenso e inclui um intenso trabalho após a competição". A entidade confirmou ainda ser a responsável por financiar o comitê, mas que os valores desembolsados atualmente são mínimos se comparados ao período pré-Copa.

O discurso oficial, porém, contradiz o que vem sendo colocado em prática. Na Fifa, a proposta de reforma das Copas do Mundo também prevê o fim dos comitês organizadores locais. Pelo novo formato, a organização será centralizada em Zurique. Ao jornal O Estado de S.Paulo, fontes na Suíça confirmaram que foi o "caos" do COL no Brasil que levou a entidade a pensar no fim deste modelo.

Há dois anos e meio, esse organismo criado no Brasil recebeu US$ 440 milhões (R$ 1,405 bilhão) da Fifa. Mas parte do dinheiro foi destinada a pagar salários de cartolas como os ex-presidentes da CBF Ricardo Teixeira e José Maria Marin e do atual, Marco Polo Del Nero. Internamente, a Fifa também avaliou que, ao dar poder a um grupo local, perdeu o controle sobre o uso político do Mundial.

O resultado foi uma pressão de dirigentes brasileiros para inchar o evento. O grupo que comandava a CBF colocou o torneio em 12 estádios - e não oito como pedia a Fifa. A estrutura da Copa chegou a passar até por consultas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em escolhas que envolviam também critérios políticos.

A atividade do COL passou a ser alvo de investigações - de CPI no Brasil e pelo FBI nos Estados Unidos, que apura as relações entre Ricardo Teixeira e o ex-secretário-geral da Fifa, o francês Jérôme Valcke.

A empresa JB Sports anunciou nesta sexta-feira que vai abrir um processo nos tribunais contra a Fifa por perdas de US$ 40 milhões na Copa do Mundo de 2014, no Brasil. O anúncio foi feito por Heinz Schild, membro da companhia que atua no segmento de venda de ingressos para grandes eventos. Segundo ele, cerca de 3,5 mil de entradas para o Mundial que eles receberam para revender a parceiros não eram os ingressos combinados em um contrato fechado entre a JB Sport, o empresário Jaime Byrom e a Fifa.

"Os ingressos que recebemos não eram as entradas combinadas e, para algumas das partidas, eles desapareceram", disse Benny Alon, um dos conselheiros da JB Sport. Segundo o acordo, os ingressos eram para alguns dos melhores locais dos estádios brasileiros. Quando as entradas foram enviadas, eram cadeiras atrás dos gols, enquanto que outros desapareceram.

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A suspeita da empresa é de que os ingressos originais alimentaram o mercado negro. "Eram os melhores ingressos. Para semifinal, para a final e para os jogos do Brasil", disse Alon. "De repente, devemos perguntar para Ray Whelan", disse, em uma referência ao executivo da Match que foi preso no Rio de Janeiro, suspeito de fazer parte de um esquema de vendas ilegais de entradas.

Segundo a empresa, um acordo tentou ser fechado com a Fifa para encerrar o caso e que pagamentos fossem feitos para compensar as perdas. Depois de uma série de encontros, nenhum acordo foi fechado. "Eles não estão interessados em um entendimento. Mas em adiar um acordo", disse.

"Consideramos que perdemos US$ 40 milhões com o caso. Perdemos 20 dos nossos 21 clientes", disse Schild. Segundo ele, o caso será levado a uma corte de arbitragem de Zurique, na Suíça. Casos em tribunais em Nova York, nos Estados Unidos, e em Londres, na Inglaterra, também poderão ser abertos.

Segundo Schild, ex-dirigentes da Fifa vão ser convocados para serem ouvidos, entre eles Jérôme Valcke, ex-secretário-geral e que foi afastado por envolvimento em vendas ilegais de ingressos.

RESPOSTA DA FIFA - Segundo a Fifa, a acusação "não tem base". "A Fifa vai contestar vigorosamente", indicou a entidade em um comunicado. "Além disso, a Fifa vai considerar todas as opções contra a JB Sport, inclusive um processo criminal", indicou.

De acordo com a entidade, o acordo com Alon acabou em 2013 "quando foram descobertas várias irregularidades com os contratos de marketing com a Fifa".

A organização também acusa Alon de ter revelado como tentou subornar Jérôme Valcke para vender ingressos de forma ilegal. Valcke foi demitido depois da revelação. "A Fifa condena todos os que abusam de sua posição por ganhos pessoais", concluiu a entidade.

O segundo promotor de Justiça Criminal de Itaquera, Joacil da Silva Cambuim, pretende analisar laudo feito pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo) sobre a queda do guindaste que matou dois operários no estádio do Corinthians, em novembro de 2013, para decidir se vai ampliar a denúncia que fez à Justiça sobre o acidente. O documentodo IPT, publicado nesta quarta-feira (26) pelo jornal O Estado de S.Paulo, aponta que a ruptura de um duto localizado no subsolo do Itaquerão deu início a uma sucessão de eventos que terminaram com a queda do guindaste.

O documento critica ainda o fato de não ter sido feita avaliação sobre a tubulação de águas pluviais existente no trajeto da máquina e também ressalta que o plano original de içamento da peça não foi seguido à risca. A investigação feita pelo IPT foi encomendada pelo Ministério do Trabalho e demorou quase dois anos para ser concluída.

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Seis pessoas já foram denunciadas pelo Ministério Público: quatro engenheiros da construtora Odebrecht e dois funcionários da Locar, empresa responsável pela operação do guindaste. Cambuim usou como base da denúncia uma perícia feita pelo Instituto de Criminalística, que apontou falha de compactação do terreno do estádio. A Justiça aceitou o pedido e deu início ao processo.

Com as novas informações do laudo do IPT, Cambuim pode reformar a denúncia feita para a Justiça e aumentar o número de pessoas envolvidas na construção do Itaquerão consideradas culpadas pela queda do guindaste.

A Fifa suspendeu o envio de dinheiro para a CBF que havia prometido como parte do "legado" que deixaria ao Brasil depois da Copa do Mundo. Novas auditorias estão sendo realizadas e não existe um prazo para a retomada da transferência dos recursos. Passados 17 meses do Mundial mais rentável da história, o Brasil recebeu apenas 0,2% da receita da Copa, de cerca de US$ 5 bilhões.

Durante a preparação para o Mundial, a Fifa anunciou que criaria um fundo de US$ 100 milhões para desenvolver o futebol brasileiro. Até hoje, porém, apenas US$ 8,7 milhões foram liberados e, em terrenos comprados com o dinheiro, os projetos não têm data para ocorrer enquanto novos recursos não forem liberados.

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Oficialmente, a entidade não dá explicações à suspensão. Mas, segundo um porta-voz, "requisitos adicionais de informes e auditorias estão atualmente sob discussão com a CBF". Tanto o presidente licenciado da CBF, Marco Polo Del Nero, como os ex-presidentes José Maria Marin e Ricardo Teixeira estão sendo investigados na Fifa por corrupção. Os três também foram indiciados pelo FBI.

Na CBF, a direção de Comunicação confirma o congelamento dos recursos. Mas aponta que o problema estaria na Suíça. "Segundo a Fifa, tendo em vista os acontecimentos recentes, a entidade está totalmente dedicada na revisão de seus processos de 'compliance' financeiro. O presidente do Comitê de Auditoria e Compliance e o departamento jurídico da entidade optaram por interromper qualquer envio de recursos de projetos de desenvolvimento, onde o Projeto de Legado da Copa do Mundo se encaixa", indicou.

O fundo foi criado em 2013, diante dos protestos no Brasil contra a Fifa em um esforço para demonstrar que a Copa traria vantagens ao futebol brasileiro. Até hoje, apenas US$ 8,7 milhões foram enviados ao País. US$ 3,1 milhões foram usados pela própria Fifa em gastos no Brasil. Outros US$ 5,5 milhões entraram nos cofres da CBF - 40% foi alvo de tributação.

Durante a Copa, em 2014, um centro de treinamento foi inaugurado em Belém. Mas, desde então, pouco se avançou em outros projetos. De acordo com a CBF, US$ 3,3 milhões do fundo da Fifa foram usados para construir centros de treinamentos.

Terrenos foram comprados em Porto Velho (RO), diz a entidade. Em um documento enviado à CPI do Futebol e obtido pelo jornal O Estado de S.Paulo, um informe da Fifa aponta que ainda estavam sendo procuradores terrenos em Alagoas, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Paraíba, Roraima e Santa Catarina.

Na capital do Tocantins, Palmas, um outro terreno de 40 mil metros quadrados foi comprado e a promessa era de que, até o final deste ano, as obras começariam. Hoje, porém, não existe nenhum sinal de obras. "O processo de concorrência para contratação das construtoras só pode ser iniciado quando se tem a garantia de envio dos recursos por parte da Fifa", explicou a CBF.

A Federação de Futebol do Tocantins é uma velha aliada da CBF. Seu presidente, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), foi um dos políticos que recebeu doações da CBF para sua campanha ao Senado.

Segundo a CBF, o dinheiro do Fundo também foi usado para "o suporte técnico na compra dos mencionados terrenos, elaboração de projetos arquitetônicos e executivos e gerenciamento das obras". Os recursos ainda foram destinados à "elaboração de modelo de gestão e governança a ser aplicado nos Centros de Desenvolvimento do Futebol".

A CBF afirma ainda que realizou "seminários de futebol feminino, com a presença de representantes de todas as 27 federações estaduais, dos 20 clubes mais bem ranqueados, de ex-jogadoras e demais 'stakeholders' da modalidade", entre outras atividades.

Marco Polo Del Nero está sendo investigado na Fifa por suspeitas de ter recebido propinas na Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Os detalhes são mantidos em sigilo pelo Comitê de Ética da Fifa, que argumenta não poder dar informações para não prejudicar a apuração e comprometer as denúncias que recebeu. Mas, se comprovado, o dirigente brasileiro seria banido para sempre do futebol e seria proibido de exercer qualquer tipo de função em clubes, ligas ou mesmo agir como consultor.

Os dados foram enviados ao Comitê de Ética da Fifa por "múltiplas fontes", segundo pessoas próximas ao caso. Uma delas teria sido a CPI do Futebol no Senado que, no dia 11 de novembro, encaminhou dossiê contra Marco Polo Del Nero para Zurique.

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Doze dias depois, a Fifa abriu um processo formal contra o dirigente. Um dos pontos investigados é a suspeita de que o cartola recebeu subornos de empresas para facilitar seu acesso ao Comitê Organizador Local da Copa (COL) e em diferentes sedes do Mundial como patrocinadoras ou apenas como fornecedoras. Durante a Copa, mais de mil contratos foram assinados.

Del Nero entrou para o COL em maio de 2012, indicado pela Fifa e no auge do conflito entre os cartolas e o governo. Naquele momento, não existia garantia de que os 12 estádios ficariam prontos e o governo bancaria os empréstimos, como a CBF e a Fifa pressionavam.

Por dois anos, Del Nero passou a fazer parte de todas as reuniões e decisões do grupo que, apenas da Fifa, recebeu mais de US$ 400 milhões para montar o evento. Mas foi em abril de 2015, quase um ano depois de terminada a Copa do Mundo, que Del Nero assumiria a presidência do COL, com o fim da presidência de José Maria Marin da CBF. Ele passou a acumular os cargos de sócio e diretor-presidente, com um salário de R$ 110 mil por mês. Seu mandato iria até janeiro de 2016, quando o COL oficialmente seria desfeito.

Fontes próximas ao caso indicaram que o comitê recebeu "volume massivo" de dados relacionados a Del Nero, inclusive com suspeita de uma "mesada" por causa dos contratos.

A investigação também tem apontado que Del Nero criou uma série de "escudos", evitando que os pagamentos ocorram em seu nome e designando empresas de fachada e aliados para que fossem usados como intermediários. Por isso, a quebra de sigilo bancário não se limitou ao dirigente.

Em um primeiro momento, Del Nero poderia ser suspenso por 90 dias na Fifa, enquanto seu caso seria examinado. Mas a previsão do Comitê de Ética era de que, com os casos de Blatter e Platini na agenda para os dias 16 e 17 de dezembro, o processo de Del Nero ficaria apenas para 2016. Com o indiciamento nos Estados Unidos, o brasileiro pode ver seu caso ser acelerado na Fifa.

A Fifa exigiu que as prefeituras brasileiras arcassem com a organização das Fan Fest, durante a Copa do Mundo de 2014. Mas documentos obtidos pela reportagem revelam agora que a entidade máxima do futebol deu esses contratos justamente para ex-funcionários e diretores da entidade e companheiros de Jérôme Valcke, o então secretário-geral da Fifa, afastado por suspeita de corrupção.

As festas foram criadas pela Fifa em 2006 na Copa da Alemanha como mais um espaço exclusivo para patrocinadores. São áreas fechadas onde jogos são transmitidos em telões e onde apenas os produtos oficiais podem ser comercializados.

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MM Sports, uma empresa com sede na Alemanha, foi contratada pela Fifa para realizar uma consultoria sobre a "estratégia e conceito" da Fan Fest, assim como para "administrar e implementar" o evento no Brasil. A mesma empresa já havia recebido o contrato para montar a iniciativa na África do Sul, em 2010, e manteve o contrato para 2018, na Rússia e onde o governo do Kremlin será um dos fiadores da festa.

Ela é liderada por dois ex-companheiros de Valcke. Um deles é Gregor Lentze, que foi um dos responsáveis de Marketing da Fifa entre 2003 e 2006, sob o comando do francês. Foi Lentze quem primeiro desenvolveu e implementou na Alemanha em 2006 a ideia da Fan Fest. No ano seguinte, ele saiu da Fifa, formou a empresa MM Sports e ficou com o contrato.

Mas garante que não foi Valcke quem o deu o contrato. "Criamos o conceito da Fan Fest, como um evento completamente novo e que não existia antes", disse. "Foi um grande êxito para a Copa (de 2006), com 18 milhões de visitante. Depois da Copa do Mundo, eu deixei a Fifa e criei minha própria empresa, em Munique".

Ele explicou o motivo pelo qual foi contratado. "A Fifa queria fazer sua Fan Fest na África do Sul em 2010. Portanto, a Fifa me pediu se eu poderia apoiar sua equipe como especialista externo", disse Lentze. "Eu fui contratado com a MM Sports para a Copa de 2010", admitiu. Mas ele garante que quem fez a oferta não foi Valcke, mas seu ex-secretário-geral, Urs Linsi.

Para 2014, Lentze diz que um novo contrato foi feito. Mas, uma vez mais, insiste que Valcke não esteve envolvido. Segundo ele, quem o contratou desta vez foi Thierry Weil, diretor de marketing da Fifa. Na estrutura da entidade, Weil não tomava decisões sem o acordo de Valcke.

A empresa contratada também é liderada por Stefan Schuster, outro funcionário do alto escalão da Fifa, responsável pelo setor de marketing e vendas e que também trabalhou ao lado de Valcke no período em que o francês era o diretor de marketing da Fifa. Schuster foi uma das partes do processo em uma Corte Americana acionada pela Mastercard e que condenou a Fifa de ter violado o contrato com a multinacional.

A juíza norte-americana Loretta Preska condenou a Fifa por seu comportamento com a empresa e por ter rompido o contrato, passando para a Visa. A entidade esportiva, em 2006, foi obrigada a pagar US$ 60 milhões em indenizações e Valcke foi afastado. Um ano depois, Schuster entraria na MM Sports, enquanto Valcke voltaria para a Fifa como secretário-geral.

POLÊMICA - Mas seria no Brasil que o evento ganharia uma dimensão de polêmica. Isso porque a Fifa passou a exigir que fossem as cidades-sede quem bancassem a Fan Fest. No Rio, a prefeitura tentou resistir. Mas acabou cedendo e colocando o evento na praia de Copacabana. A administração municipal tentou buscar parceiros para arcar com os custos e a Empresa de Turismo do Município do Rio estimou que o gasto chegaria a R$ 12 milhões.

Outras cidades-sede também entraram em debate com a Fifa para tentar reduzir o aporte de dinheiro público na organização das Fan Fest. Cinco sedes pediram para mudar a festa de lugar para economizar - como Belo Horizonte, Curitiba, Natal, Porto Alegre e Salvador. No Recife, a decisão da prefeitura foi a de peitar a Fifa e se negar a realizar o evento orçado em R$ 11 milhões. Em Manaus, ela custaria cerca de R$ 10 milhões, valores semelhantes em outras regiões.

Pelo acordo com o Brasil, a Fifa forneceria o palco, telão e equipamentos de luz e som de cada uma das Fan Fest. Caberia à TV Globo arcar com divulgação e transmissão, enquanto que as prefeituras montariam os locais, estruturas, segurança, organização e limpeza.

No informe financeiro da Fifa de 2014, a entidade aponta que destinou US$ 18 milhões para as Fan Fest na Copa. Mas não revela o valor de cada contrato.

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Brasileiro não desanima, nem desiste fácil. Apesar da derrota por 7 a 1  contra a Alemanha durante a Copa do Mundo, a maioria dos torcedores ainda confia na Seleção Canarinha. A expectativa em relação ao desempenho do Brasil na Copa América é positiva, pelo menos foi isso que relatou os torcedores que se reuniram para acompanhar a estreia da seleção brasileira em um bar no Espinheiro, Zona Norte do Recife. 

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O estudante Luiz Melo comentou que a atuação do Brasil na Copa pode não ter sido das melhores, mas  a seleção vai continuar sendo favorita. “Para mim nada mudou. Aquele jogo foi uma fatalidade, a seleção estava sem o Neymar e o Thiago Silva. O Brasil tem tradição no futebol. Acredito que a seleção vai acabar sendo favorecida”.  

Já Rafael Raposo ressaltou que  o episódio da Copa do Mundo influenciou na crença dos brasileiros na seleção.  “Sem dúvida a derrota do Brasil decepcionou e pode ter refletido até na repercussão da seleção da Copa América, pois até a venda de ingressos foi menor. Mas a gente que gosta de futebol de verdade, acredita no desempenho da nossa seleção”, afirmou o estudante.

Mas há quem ainda tenha um pé atrás com a seleção.  O engenheiro Weidson Varella acredita o  Brasil vai ter que trabalhar muito o futebol para engatar novamente. Mas ressaltou que o grupo está conseguindo se sobressair. “Com o Dunga o futebol está diferente do que foi visto na Copa. Mas ainda acho que ela chega à final, mas perde”, brincou.  A observação do engenheiro ainda foi complementada pelo amigo Henrique Sampaio. O auditor acrescentou que apesar da desorganização estrutural do futebol e da Seleção brasileira, “O grupo possui técnica e isso pode sobressair nos jogos”. 

Na visão da fonoaudióloga Danielle Pinto, os jogadores brasileiros  estão se mostrando mais confiantes. Segundo a jovem, o vexame contra Alemanha vai ser difícil de esquecer, mas a seleção tem que reconquistar a confiança do povo.  “O jogo contra a Alemanha virou piada, foi humilhante. No entanto a seleção está se mostrando melhor dentro de campo, espero não me decepcionar novamente”. 

Os recentes escândalos de corrupção envolvendo a Federação Internacional de Futebol (FIFA) acabaram levantando a suspeita de algumas pessoas em relação a Copa de 2014. Para o taxista Jonathas Bueno, a Copa foi vendida. “Ver o Brasil levar quatro gols em 15 minutos e perder a partida por 7x1 foi humilhante. Pode passar 50 anos e o povo não vai esquecer daquilo tudo. Para mim, venderam a Copa de novo, como acho que aconteceu em 1998”, reclamou Jonathas, que apesar de se dizer desacreditado no futebol brasileiro continuou acompanhando o jogo de estreia enquanto trabalhava.

Os contratos da Copa do Mundo de 2014 entre a Fifa e parceiros comerciais e fornecedores serão examinados pela Justiça norte-americana. O foco da investigação é a relação entre Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, e Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF e do Comitê Organizador da Copa (COL). Ambos estão na lista do FBI de suspeitos de crimes financeiros e envolvimento em fraude relacionado com o futebol.

Agora, os investigadores fazem um pente fino na relação entre os dois e querem saber se houve algum tipo de troca de favores ou irregularidades nos contratos que ambos assinaram por mais de cinco anos atuando juntos para preparar o Mundial no Brasil. Oficialmente, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos se recusa a comentar o caso. Mas fontes próximas ao processo confirmam com exclusividade que a relação entre Teixeira e Valcke será "examinada".

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No total, a Copa do Mundo no Brasil envolveu mais de mil contratos diferentes, ainda que muitos sejam com governos. No início do ano, a empresa alemã Bilfiger admitiu que encontrou suspeitas de que seus diretores pagaram US$ 1 milhão em propinas para um dos contratos com o centro de controle e segurança da Copa. À reportagem, o porta-voz da empresa explicou nesta quarta-feira que todas as evidências já foram repassadas ao Ministério Público no Brasil.

Valcke, que também é investigado por outro pagamento relativo à Copa do Mundo de 2010 e avaliado em US$ 10 milhões, havia sido afastado da Fifa e voltou para a entidade em 2007, justamente quando o Brasil iniciou sua preparação ao Mundial. Nesta quarta-feira, ele garantiu que é inocente no que se refere ao pagamento dos US$ 10 milhões e que, portanto, não via motivos para renunciar. "Não há nada contra mim", disse a uma rádio francesa. Valcke indicou que fica até o final do mandato de Blatter.

Meses antes de assumir seu cargo, Valcke prestou consultoria para a CBF, preparando os documentos de candidatura do Brasil. A reportagem apurou que, neste período, ele também manteve seu salário na Fifa. Seu filho, Sebastien Valcke, chegou a trabalhar na Copa de 2014 e, hoje, é consultor de marketing da CBF.

Valcke criou uma relação de amizade com Ricardo Teixeira e os dois passaram a agir juntos em diversos pontos da preparação. No total, a Fifa destinou US$ 453 milhões para o COL da Copa, presidido por Teixeira. Mais de mil contratos foram assinados com esses recursos, além de verbas também da própria Fifa.

Oficialmente, o balanço financeiro da Fifa aponta que US$ 102 milhões foram usados para salários, mais US$ 64 milhões para transporte, US$ 48 milhões no aluguel de escritórios e burocracia, US$ 17 milhões para serviços médicos e US$ 45 milhões para segurança. Outros US$ 50 milhões foram usados para marketing e comunicação. No total, a Fifa gastou US$ 2,2 bilhões na Copa. Mas, desse total, um valor superior a US$ 500 milhões foi destinado às 32 seleções.

O que os norte-americanos querem saber é se os dois suspeitos também mantiveram relações privilegiadas durante a Copa. O interesse ainda está relacionado com o fato de que Ricardo Teixeira se mudou para os Estados Unidos em 2012 e diante da constatação de que uma série de empresas patrocinadoras do Mundial tem suas sedes em cidades norte-americanas.

VOTOS - A reportagem apurou que o nome de Ricardo Teixeira também faz parte dos documentos que a Fifa entregou para o Ministério Público da Suíça em novembro, relativos à suspeitas de compra de votos para as Copas de 2018 e 2022. Teixeira não cooperou com a investigação interna da Fifa. Mas ainda assim o autor do informe interno, Michael Garcia, fez um levantamento que aponta indícios de irregularidades envolvendo o Brasil.

A Fifa optou por abafar o caso. Mas o processo agora está nas mãos da Justiça suíça, que nos últimos dias tem interrogado uma série de dirigentes e testemunhas.

Menos de um ano depois da Copa do Mundo que rendeu um lucro recorde para a Fifa, a entidade não quer nem ouvir falar do Brasil. Nesta semana, a Fifa reuniu a sua cúpula em Zurique e, na agenda, apenas os Mundial de 2018, 2022 e 2026. Questionados pela reportagem se haviam discutido os estádios vazios do Brasil, os cartolas foram claros: "Esse problema é de vocês".

Para a Fifa, o Brasil de fato garantiu a "Copa das Copas". A renda e os lucros bateram todos os recordes, como o jornal O Estado de S.Paulo revelou com exclusividade em sua edição de quinta-feira. No total, a receita chegou a quase R$ 16 bilhões e os lucros superaram a marca de R$ 8,3 bilhões. A Copa foi o evento esportivo mais lucrativo da história.

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Mas esta renda não voltou ao Brasil e apenas 2% da receita serão distribuídos em projetos sociais e de desenvolvimento do futebol no País. Enquanto isso, pelo menos seis dos 12 estádios estão com sérias dificuldades para se financiar, fecharam ou foram pegos no meio de escândalos de corrupção.

Para a Fifa, porém, esse é agora um problema do Brasil. Walter de Gregório, diretor de Comunicações da entidade e que percorreu o País antes da Copa para convencer a todos de que o Mundial era um grande negócio, agora silencia quando questionado sobre o que fazer com os estádios vazios. "Não tratamos de Brasil", afirmou.

A Fifa não queria nem aceitar que Manaus fosse usada para os Jogos Olímpicos de 2016 como uma das sedes do torneio de futebol. Foi necessário pressão da CBF e do governo para que a cidade fosse incluída em um esforço de garantir algum tipo de evento para a Arena Amazônia. Os times amazonenses têm evitado usar o estádio diante dos custos para os jogos do Estadual e de um público médio de 659 pessoas por jogo. O prejuízo supera a marca de R$ 2 milhões.

"A Copa de 2014 é passado", declarou um outro dirigente na condição de anonimato. Segundo cálculos de diversos governos estaduais, porém, a realidade é que a Copa do Brasil vai perseguir as contas públicas ainda por anos.

Em Salvador, a empresa que administra o estádio, a OAS, teve suas ações bloqueadas pela Justiça na Operação Lava Jato e pode ser obrigada a se desfazer do investimento na arena. Em Brasília, a falta de jogos no estádio Mané Garrincha levou o governo do Distrito Federal a levar parte de sua burocracia para ocupar o local. Hoje, seu buraco é de mais de R$ 5 milhões. Nem o Maracanã opera com lucros.

Em Natal, o ABC rompeu nesta semana um acordo com o consórcio que administra a Arenas das Dunas. Em janeiro, a Arena Pantanal, em Cuiabá, teve de fechar suas portas para uma reforma "urgente".

PROTESTOS - Se a situação dos estádios gera uma saia-justa na sede da Fifa, é com um sorriso de satisfação que os cartolas comentam os protestos que voltaram a tomar conta das cidades do País. "Então? Não era contra a Copa do Mundo que as pessoas protestavam?", questionou um deles, soltando uma gargalhada.

A Fifa viveu seu momento mais difícil entre 2013 e 2014 diante dos protestos no Brasil contra a Copa. O impacto das manifestações foi sentido em diversos países e governos europeus optaram por não se candidatar para sediar grandes eventos esportivos, temendo a reação popular. No Comitê Olímpico Internacional (COI), uma reforma foi implementada para tornar os megaeventos mais transparentes.

Mas na Fifa, o sentimento é em parte de revanche e, nos corredores, os ataques contra o País que garantiu a maior renda da história da entidade são explícitos. "A realidade é que o problema é do Brasil, não do futebol", disse um dirigente europeu. "Peguei outro dia o jornal e pensei que estávamos de volta na Copa", brincou Walter de Gregório em relação às fotos que foram capa dos jornais europeus com milhares de pessoas no Rio de Janeiro e São Paulo protestando.

Um dos principais colaboradores de Blatter, também na condição de anonimato, conta que não passa sem ser notada a debilidade da presidente Dilma Rousseff. "Ela fica até quando no poder?", questionou, irônico.

A presidente Dilma Rousseff vai inaugurar, nesta quinta-feira, o estádio do Itaquerão, a Arena Corinthians, em São Paulo, palco da abertura da Copa do Mundo no dia 12 de junho com o jogo entre Brasil e Croácia. De acordo com a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, a cerimônia de inauguração está prevista para as 10h.

Localizado no bairro de Itaquera, na zona leste de São Paulo, a arena do Corinthians receberá a primeira partida do Mundial e outras cinco - incluindo uma das semifinais. As obras do estádio foram iniciadas em maio de 2011.

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No dia seguinte, na sexta-feira, a presidente Dilma participa da cerimônia de inauguração de outro estádio da Copa - a Arena da Baixada, em Curitiba, de propriedade do Atlético Paranaense. O evento também está previsto para as 10 horas.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulga nesta sexta-feira (2), às 11h, o Projeto Piloto de Categorização dos Serviços de Alimentação para a Copa do Mundo Fifa 2014. O evento será na sede da instituição, em Brasília.

A intenção da agência reguladora é informar o consumidor sobre a limpeza do bar, da lanchonete, ou do restaurante que frequenta. Os locais serão categorizados com base em critérios que analisam os aspectos higiênico-sanitários de maior impacto para a saúde dos consumidores.

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Os serviços de alimentação podem ser classificados em três categorias: A, B e C. Em todo o Brasil, são mais de 2,5 mil bares, restaurantes e lanchonetes que participam do projeto, a ser desenvolvido durante a Copa. A proposta brasileira baseia-se em experiência semelhante de cidades estrangeiras como Los Angeles e Nova York, nos Estados Unidos, e Londres, na Inglaterra.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira, em um discurso feito em Santo André (SP), a realização da Copa do Mundo no Brasil. Em sua fala de cerca de uma hora de duração, Lula falou sobre o retorno que pode trazer um Mundial para o País e opinou que não é o dinheiro o mais importante.

"Se eu ficar dizendo que não pode ter (Copa) porque tem criança na rua ou porque não tem escola pra todo mundo, nós não vamos fazer nada. (...) O que nós temos que compreender é que uma Copa do Mundo não se trata de dinheiro, quanto vai entrar. Eu vejo as pessoas tentando justificar dizendo que vai entrar R$ 2 bilhões, 3 bilhões, 4 bilhões. Não importa quanto vai entrar. A Copa do Mundo é um estado, um momento de encontro de civilizações em que o Brasil precisa mostrar a sua cara".

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Depois de falar sobre movimentos contrários à realização da Copa do Mundo, o presidente lembrou da história de lutas dele e da presidente Dilma Rousseff e disse que nenhum dos dois tem "medo de protesto". "Gente, vocês imaginam se nessa altura do campeonato, com 68 anos dos quais 38 fazendo protesto, eu vou ter medo de protesto? A Dilma com 20 anos, a bichinha estava presa, foi torturada, tomou choque pra tudo quanto é lado por protestar, ela agora vai ter medo de protesto? Quem quiser protestar que proteste. O que nós temos que garantir é a realização da Copa do mundo e torcer para que o Brasil não dê o vexame de 1950. Aí vai ter protesto", disse Lula, finalizando em tom de brincadeira.

Lula esteve em Santo André para receber, em cerimônia no Teatro Municipal da cidade, o título de cidadão honorário. O ex-presidente nasceu em Pernambuco, mas mora na cidade vizinha de São Bernardo do Campo.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nessa quarta-feira (30), em um discurso feito em Santo André (SP), a realização da Copa do Mundo no Brasil. Em sua fala de cerca de uma hora de duração, Lula falou sobre o retorno que pode trazer um Mundial para o País, mas opinou que não é o dinheiro o mais importante.

"Se eu ficar dizendo que não pode ter (Copa) porque tem criança na rua ou porque não tem escola pra todo mundo, nós não vamos fazer nada. (...) O que nós temos que compreender é que uma Copa do Mundo não se trata de dinheiro, quanto vai entrar. Eu vejo as pessoas tentando justificar dizendo que vai entrar R$ 2 bilhões, 3 bilhões, 4 bilhões. Não importa quanto vai entrar. A Copa do Mundo é um estado, um momento de encontro de civilizações em que o Brasil precisa mostrar a sua cara".

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Depois de falar sobre movimentos contrários à realização da Copa do Mundo, o presidente lembrou da história de lutas dele e da presidente Dilma Rousseff e disse que nenhum dos dois tem "medo de protesto". "Gente, vocês imaginam se nessa altura do campeonato, com 68 anos dos quais 38 fazendo protesto, eu vou ter medo de protesto? A Dilma com 20 anos, a bichinha estava presa, foi torturada, tomou choque pra tudo quanto é lado por protestar, ela agora vai ter medo de protesto? Quem quiser protestar que proteste. O que nós temos que garantir é a realização da Copa do mundo e torcer para que o Brasil não dê o vexame de 1950. Aí vai ter protesto", disse Lula, finalizando em tom de brincadeira.

Lula esteve em Santo André para receber, em cerimônia no Teatro Municipal da cidade, o título de cidadão honorário. O ex-presidente nasceu em Pernambuco, mas mora na cidade vizinha de São Bernardo do Campo.

Mais um evento-teste da Copa do Mundo foi confirmado nesta terça-feira (1). O duelo entre Goiás e Botafogo, pela 5ª rodada do Brasileirão, servirá de teste para o Estádio Nacional de Brasília (Mané Garrincha) no dia 18 de maio. Será o único estádio que foi sede da Copa das Confederações a receber evento-teste neste ano.

A justificativa do secretário extraordinário da Copa no Distrito Federal, Claudio Monteiro, é de que a arena sediou apenas um jogo na competição do ano passado. E, como o Estádio Nacional de Brasília receberá sete jogos do Mundial, a secretaria decidiu promover novo evento-teste para evitar imprevistos na Copa.

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Monteiro antecipou que o estádio receberá mais dois jogos do Brasileirão antes de ser entregue para a administração da Fifa para a realização do Mundial. Mas avisou que as partidas ainda não foram definidas. "Estamos em negociação com os times. A praça do Distrito Federal é extremamente atraente para os clubes", afirmou o secretário.

No ano passado, a arena sediou partidas de Flamengo, Santos, Vasco e Corinthians pelo Brasileirão, após a Copa das Confederações. Neste ano, ainda terá os dois jogos da final do campeonato regional e a decisão da Copa Verde.

Com o anúncio de Brasília, já são seis eventos-teste confirmados nas arenas que receberão jogos da Copa, a maior nos estádios que não participaram da Copa das Confederações. O primeiro deles está marcado para esta quinta-feira, que terá Vasco e Resende, pela Copa do Brasil, na Arena Amazônia, em Manaus.

A Arena Pantanal, em Cuiabá, terá seu evento oficial no dia 26 de abril, entre Luverdense (MT) e Vasco, pela Série B do Brasileiro. Na Arena das Dunas, em Natal, o evento-teste será entre América-RN e ABC, em 3 de maio.

Internacional e Atlético-PR vão se enfrentar no dia 10 de maio, no evento do Beira-Rio, em Porto Alegre. O Itaquerão, por sua vez, terá Corinthians e Figueirense no dia 17 de maio como evento-teste. As duas partidas vão valer pelo Brasileirão. O evento da Arena da Baixada ainda não foi confirmado.

A Fifa vetou a utilização dos estádios da Copa do Mundo para jogos do Campeonato Brasileiro das Séries A, B e C a partir do dia 21 de maio. Nesta data, a entidade assume a responsabilidade por todas as arenas para iniciar a preparação para os jogos do Mundial.

A Fifa já havia definido que não liberaria os estádios para algumas rodadas do Brasileirão, mas os clubes ainda sonhavam com a possibilidade de mandar seus jogos nas arenas ao menos na 6ª rodada - pela data estipulada, os times só poderão utilizar os estádios até a 5ª rodada do Brasileirão.

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A medida inclui ainda nesta data os estádios que receberão treinos das seleções da Copa, como Arena Grêmio, Pacaembu e Independência. Com estas restrições, a 6ª rodada da Série A tem apenas dois dos dez jogos da tabela com estádios definidos: Criciúma x Chapecoense, no Heriberto Hülse, e Goiás x Santos, no Serra Dourada. Os demais times terão que buscar alternativas junto à CBF para mandar suas partidas, provavelmente no interior.

A determinação da Fifa foi confirmada pelas concessionárias responsáveis pelas operações do Maracanã, da Arena Pernambuco e da Arena Fonte Nova. "As administradoras ressaltam que, durante este período, é vetado pela Fifa a marcação de jogos do Campeonato Brasileiro e da Série B, portanto, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é responsável por negociar com os clubes os locais para os confrontos", registrou comunicado dos três estádios.

De acordo com as concessionárias, o Maracanã ficará sob administração da Fifa entre os dias 22 de maio e 18 de julho. Em tese, o estádio poderia receber jogo do Flamengo, contra o Bahia, ou do Fluminense, contra o São Paulo, no dia 21.

Já a Arena Fonte Nova ficará sem jogos dos times de Salvador entre 21 de maio e 11 de julho. A Arena Pernambuco, por sua vez, permanecerá fechada para os clubes da casa entre 22 de maio e 4 de julho.

"Até maio, os três estádios receberão jogos da reta final dos Campeonatos Baiano, Pernambucano e Carioca, as primeiras rodadas do Brasileirão e confrontos da Libertadores, no caso do Maracanã", diz a nota das concessionárias.

Elas confirmaram ainda que os três estádios não receberão mais shows até o fim do Mundial. "A agenda de shows está suspensa desde a apresentação do cantor Elton John na Arena Fonte Nova, no dia 22 de fevereiro, e só será retomada após a Copa do Mundo".

A decisão não se refere à Arena Castelão, que tem marcado show do cantor Roberto Carlos para o dia 5 de abril. Apesar da recomendação contrária da Fifa contra a realização do evento, os organizadores confirmaram a realização do show.

Faltando pouco mais de dois meses para a Copa do Mundo, a Fifa não se preocupa com o calor de algumas cidades-sede do Mundial e com a variação de temperatura que será encarada por seleções que atravessarão o Brasil durante a Copa. A avaliação é do diretor médico da entidade, Jiri Dvorak.

"Nós fizemos testes durante a Copa das Confederações no ano passado e eu pessoalmente fiz questão de visitar Manaus, que é considerada muito quente pela opinião pública, mas não fiquei tão surpreso ou desafiado pelas condições climáticas de lá", disse Dvorak, que já visitou todas as sedes da Copa.

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Para o médico, não haverá alto risco para os jogadores nas partidas sob maior calor. "Nós estamos acostumados a ver a todo momento jogos de futebol praticados em condições climáticas extremas e, comparado ao resto do mundo, acredito que o desafio no Brasil seja moderado", comentou, em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S.Paulo.

"Claro que no Nordeste do País existem cidades que podem ter uma temperatura elevada nos meses de junho e julho, mas isso depende de vários aspectos, como vento, irradiação solar, quantidade de nuvens. Então fomos olhar as estatísticas nesse período nos últimos dez anos e consideramos os riscos moderados", justificou.

Dvorak também se mostra tranquilo em relação aos serviços médicos que serão oferecidos às seleções durante o Mundial. "Fizemos uma preparação nos últimos quatro anos e tivemos muitos testes na Copa das Confederações. Então estamos confortáveis com os serviços médicos no Brasil, para os times nos campos de treinamento, mas também nas 12 cidades durante e após os jogos, não somente para os atletas, mas também para as delegações da Fifa", declarou.

O corpo do operário Fabio Hamilton da Cruz, morto nesse sábado (29) após sofrer uma queda nas obras do Itaquerão, já foi liberado pelo Instituto Médico Legal (IML) de Artur Alvim, na zona leste de São Paulo, e encaminhado para Diadema, cidade onde ele vivia e será enterrado. O velório acontece no cemitério municipal.

O operário de 23 anos despencou na manhã de sábado de uma altura de oito metros, segundo a Fast Engenharia, empresa responsável pelas obras das arquibancadas provisórias do estádio que será sede da abertura da Copa do Mundo - Corpo de Bombeiros diz que a altura era de 15 metros.

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Depois de ser levado do Hospital Santa Marcelina, ele não resistiu aos ferimentos e acabou morrendo. O corpo do rapaz já passou por uma verificação e foi encaminhado para o velório, que acontece durante a tarde deste domingo (30).

Poucas horas após o segundo acidente ocorrido nas obras do Itaquerão, a Fifa e o Comitê Organizador Local (COL) da Copa emitiram comunicado no qual lamentaram a morte do operário Fabio Hamilton da Cruz e afirmaram que "segurança é primordial".

"Para o COL, a Fifa e as autoridades brasileiras, segurança é primordial. Estamos no aguardo do relatório oficial das autoridades", registrou a Fifa, em nota, sem apontar responsáveis pelo novo acidente no estádio do Corinthians.

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"A Fifa e o Comitê Organizador Local lamentam profundamente a morte do operário Fabio Hamilton da Cruz após um acidente que ocorreu neste sábado (29), na Arena de São Paulo. É com grande tristeza que enviamos nossas sinceras condolências à família e aos colegas", completou a entidade.

O acidente é o segundo registrado no Itaquerão, que receberá o duelo entre Brasil e Croácia, na abertura da Copa, além de mais cinco jogos. Em novembro do ano passado, Fábio Luiz Pereira, de 42 anos, e Ronaldo Oliveira dos Santos, de 44 anos, morreram após o desabamento de um guindaste durante a instalação de parte da cobertura do estádio.

Ao todo, já são oito mortes de funcionários ligados às obras levantadas para a Copa do Mundo. Em Manaus houve quatro óbitos e, em Brasília, um operário morto em ação, desde 2012. Destes apenas um não morreu em decorrência de acidente. José Antônio da Silva Nascimento, de 49 anos, faleceu após sofrer um enfarte em 14 de dezembro do ano passado na Arena Amazônia.

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