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O estudante do primeiro semestre de Biomedicina, Lucas Vinicius Silva de Albuquerque, que é cadeirante devido a uma paralisia cerebral, caiu da escada do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) junto com seu amigo e também estudante, Vinícius dos Anjos, que o carregava até o terceiro andar para que o rapaz pudesse assistir às aulas.

O CCS da UFPE tem três andares, não possui rampas para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida nem elevadores adaptados a este público. O único elevador de que o edifício dispõe é destinado ao transporte de peças anatômicas e cadáveres humanos para o departamento de anatomia, e também estava quebrado no dia do acidente, ocorrido na última segunda-feira (4). 

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Lucas bateu a cabeça em um degrau e precisou ser socorrido ao hospital para passar por exames, mas não teve maiores complicações, voltando a assistir aula na terça-feira (5). Vinícius machucou o joelho tentando evitar o impacto.

Humilhação, indignação e impotência

Em entrevista ao LeiaJá, Lucas diz que foi humilhado e que se sente como “alguém que não tem direito a assistir às aulas”. Já Vinícius afirma ter “um sentimento de indignação e impotência ante a irresponsabilidade da instituição”. Ambos pretendem processar a universidade por danos morais.

Após a queda, Vinícius afirma que somente a coordenadora do curso de Biomedicina esteve no local, mas não recebeu assistência de nenhum outro órgão da UFPE. Por sua vez, Lucas se dirigiu ao hospital por conta própria, o que lhe gerou um custo de R$ 50. 

Após o ocorrido, o Diretório Acadêmico de Biomedicina Camila Alcides da UFPE (DaBiom) emitiu uma nota no Facebook em que relatou a solicitação de medidas para atender melhor às necessidades de Lucas, que não se limitam apenas às escadas, e aponta que muitas delas ainda não foram cumpridas, como a instalação de vagas para pessoas com deficiência no estacionamento, rampas, melhorias nas calçadas e realização de aulas em salas térreas. 

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Providências 

Em 2016, a universidade foi condenada pelo Ministério Público Federal (MPF) através do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) a realizar todas as obras de adequação à acessibilidade em um prazo de até 18 meses, que venceu em 25 de agosto de 2017, sob pena de multa.

Na tarde de terça-feira (5), a pró-reitora de Assuntos Estudantis da UFPE, Ana Cabral, entrou em contato com Lucas e sua família por telefone, prestando solidariedade diante do ocorrido e prometendo tomar as medidas necessárias para que todos os problemas de acessibilidade que o estudante enfrenta sejam sanados. 

Procurada pelo LeiaJá, Ana explicou que muitos dos problemas em relação às acessibilidade se devem ao fato de o processo para adequação estrutural para a acessibilidade é recente no Brasil e a UFPE tem alguns prédios que, por serem muito antigos, dificultam a realização das obras. De acordo com ela, esse seria o caso do CCS. 

A pró-reitora disse também que, ainda antes do acidente da última segunda, já havia sido feita a licitação para a instalação de elevadores no CCS, mas um problema estrutural e um enxame de abelhas gerou um atraso nas obras pois exige a retirada do enxame e a colocação de andaimes. Ela garante, no entanto, que diante do ocorrido a universidade realizou reuniões para agilizar o processo e a previsão é que tudo esteja pronto até o mês de dezembro. 

No que diz respeito a outras obras como adequação de calçadas, estacionamento e rampas, Ana Cabral explica que a universidade tem projetos já em execução, com algumas obras já entregues, de adequação de calçadas e vias, mas que a conclusão dessas melhorias foi atrasada por contingenciamento de recursos financeiros do Governo Federal para a instituição. Apesar disso, ela ressalta que tanto a conclusão de obras de acessibilidade quanto outras medidas de apoio como a compra de cadeiras de rodas estão no projeto da universidade

Protesto

Na manhã desta quinta-feira (7) os estudantes do curso de Biomedicina estão organizando um ato de protesto em frente ao Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFPE, com início às 9h, para cobrar agilidade na tomada de providências que previnam acidentes e permitam que Lucas frequente a universidades sem dificuldades de locomoção.

A Faculdade de Direito do Recife, localizada no centro da cidade, foi palco de um ato na noite desta quarta-feira (11). Estudantes pediram atenção da reitoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para a falta de acessibilidade na instituição de ensino, fato que prejudica a mobilidade de deficientes físicos e portadores de necessidades especiais.

Liderados pelo Diretório Acadêmico do curso de direito, os alunos mostraram as instalações da Faculdade à nossa reportagem. No local, só existe uma rampa que apenas dá acesso ao térreo do prédio. Os outros pontos têm escadas. A biblioteca e o salão nobre do estabelecimento, por exemplo, não podem ser acessados por um cadeirante, ao menos que ele seja transportado.

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De acordo com o presidente do Diretório, Gustavo Cardoso, o ato busca melhorias não só para os próprios estudantes, mas também para populares, que por direito podem entrar na Faculdade para visitas. “É um ato pela emancipação dos deficientes físicos. Por lei, todo o espaço público deve oferecer pontos acessíveis para a sociedade. As promessas de Reitoria da UFPE em melhorar o prédio não foram cumpridas”, disse Cardoso.

Segundo o estudante, no início do segundo semestre letivo deste ano, representantes da universidade ouviram as reivindicações dos alunos, porém, até o momento, respostas não foram dadas. Cardoso também denunciou que existe um espaço para a construção de um elevador, mas, o local não sofre intervenções há mais de uma década.

A própria diretora da Faculdade de Direito, Fabíola Albuquerque, confirmou os problemas de acessibilidade no prédio. Entretanto, por não fazer parte das tarefas da diretoria, ela deixou claro que apenas a reitoria da UFPE pode realizar obras. “Acho que este é um pleito justo. É um problema que não é de hoje. As intervenções são difíceis e existe muita burocracia”, reclamou Fabíola. A diretora recebeu um protocolo de intenções dos estudantes e agora levará o documento para representantes da reitoria.

Durante o ato, estudantes sem problemas físicos sentiram na pele como pessoas com mobilidade reduzida sofrem para se locomover no prédio. Eles se sentaram em cadeiras de rodas e perceberam os limites impostos pelo espaço físico. A universitária Joana Turton, de 21 anos, que é deficiente física, escreveu uma carta para a Reitoria sobre as dificuldades enfrentadas por ela. “Eu sinto muita dificuldade em andar pela Faculdade. Um dos principais problemas é a falta de estrutura do prédio”, declarou.

 

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