O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), defendeu nesta segunda-feira a criação de uma "política social 2.0", para que a população tenha acesso aos bens e serviços públicos de qualidade. Aliado do governo federal, mas cotado para ser candidato à sucessão da presidente Dilma Rousseff, em 2014, Campos criticou diretamente as ações de incentivo ao consumo por meio da garantia de renda, uma das bandeiras do PT, iniciada ainda no mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Precisamos olhar as políticas sociais, mas precisamos também de outras conquistas que seria uma política social, digamos, 2.0. O direito ao consumo do serviço público de qualidade. Para completar uma cidadania que não é só consumir uma televisão, uma máquina de lavar", disse Campos. "É preciso quebrar o ciclo da pobreza no País, que marginaliza uma maioria", completou ele, durante palestra da Força Sindical, na tarde desta segunda-feira, em São Paulo.
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Apesar da antecipação do debate sucessório e eleitoral, Campos fez questão de evitar uma ligação entre as críticas e a campanha de 2014. "Lamentavelmente, qualquer colocação nesse sentido é levada à questão eleitoral. Política é maior que o eleitoral e o eleitoral não pode derrotar o debate político", disse.
Como exemplo dessa política social 2.0, Campos defendeu investimentos em saneamento e na saúde preventiva. "A saúde não se faz somente na UTI, se faz no bairro, no saneamento, na prevenção. (...) Estamos quebrando os alicerces da política em saúde", avaliou o governador.
Campos lembrou que 96% dos municípios brasileiros não conseguem fazer convênios com a União e voltou a defender um novo pacto federativo. Ele criticou a política energética brasileira e a utilização de térmicas a carvão e a óleo para compor a oferta de energia com a redução nos níveis das hidrelétricas. "O governo terá de bancar isso com R$ 14 bilhões do orçamento fiscal deste ano", criticou.
Durante uma sessão de perguntas dos presentes, o governador voltou a pedir cuidado com a inflação, porque se a meta (de 6,5% ao ano para o IPCA) for rompida, a distribuição de renda será atingida. Ele se mostrou contra qualquer forma de controle da mídia, apesar de avaliar que há membros do PSB favoráveis. "Quem faz controle da mídia é o leitor. Sou contrário porque eu vi bem de perto o que custa a ausência de liberdade, o que é a censura".
Campos agradou ainda a plateia, formada por sindicalistas, e pediu que os dirigentes, como o presidente da Força Sindical e deputado federal, Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), "coloquem os olhos dos trabalhadores" nessas questões. "Quando a coisa dá errada, nós sabemos onde o pau quebra primeiro: nos trabalhadores assalariados, nos que chegaram agora ao mercado de trabalho", concluiu.