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O paleogeneticista sueco Svante Pääbo, de 67 anos, que sequenciou o genoma do Neandertal e descobriu o hominídeo de Denisova, foi anunciado nesta segunda-feira (3) como o vencedor do Prêmio Nobel de Medicina.

"Ao revelar as diferenças genéticas que distinguem todos os seres humanos vivos dos hominídeos extintos, suas descobertas fornecem a base para explorar o que nos torna exclusivamente humanos", afirmou o Comitê Nobel.

"As diferenças genéticas entre o Homo Sapiens e nossos parentes mais próximos agora extintos não era sconhecidas até que foram identificadas graças ao trabalho de Pääbo", acrescentou o Comitê Nobel.

Svante Pääbo descobriu que uma transferência de genes havia ocorrido entre estes hominídeos extintos e o Homo Sapiens. O fluxo antigo de genes para os humanos modernos tem um impacto fisiológico, por exemplo, na forma como nosso sistema imunológico responde a infecções.

O pai do sueco, Sune Bergström, venceu o Nobel de Medicina em 1982.

O prêmio inclui uma quantia de 10 milhões de coroas (unos 900.000 dólares).

No ano passado, o prêmio foi atribuído aos americanos Ardem Patapoutian e David Julius por suas descobertas sobre a maneira como o sistema nervoso percebe a temperatura e o toque.

O Brasil confirmou os dois primeiros casos da subvariante XQ da Covid-19. O sequenciamento genético foi feito pelo Instituto Butantan, em São Paulo, Estado onde foi registrado as infecções. O genoma foi ocasionado com a junção das sublinhagens BA.1.1 e BA.2 da ômicron.

Ao LeiaJá, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo confirmou que está mantendo o monitoramento do cenário epidemiológico em todo território estadual e que o balanço da vigilância aponta mais de 10 mil casos da variante ômicron e suas sublinhagens.

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"O comportamento de um vírus pode ser diferente em locais distintos em virtude de fatores demográficos e climáticos, por exemplo. A vigilância estadual, por meio do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), monitora, acompanha e auxilia nas investigações, em tempo real de todas as Variante de Preocupação", destacou a secretaria, em nota. 

A pasta pontua que as medidas já conhecidas pela população seguem cruciais para combater a pandemia do coronavírus, que ainda não acabou.

A biomédica baiana Jaqueline Góes de Jesus, 31 anos, responsável pelo mapeamento dos primeiros genomas do SARS-COV, foi uma das seis mulheres do mundo, que atuam na linha de frente do combate ao novo coronavírus, escolhidas pela Mattel para ser homenageada com a boneca Barbie. 

Jaqueline compartilhou a notícia em sua conta no Instagram. "Em toda a minha história, jamais imaginei que me tornariam uma Barbie e confesso que ainda estou processando tudo que está acontecendo", disse.

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A cientista aproveitou para acentuar a importância de uma boneca que parece com ela. "Enquanto mulher negra, ser presenteada com uma boneca Barbie que tem todas as minhas características é simplesmente um sonho... Algo que, até bem pouco tempo, era uma realidade longínqua, para não dizer, inexistente", salienta.

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Sarah Gilbert, uma das criadoras da vacina Astrazeneca, usada contra a Covid-19, também está entre as mulheres homenageadas neste projeto chamado pela fabricante de brinquedos Mattel como "Mulheres Inspiradoras". 

As demais homenageadas são:

Doutora Audrey Sue Cruz, Estados Unidos

Tratou pacientes de Covid-19 e uniu forças com outros médicos asiático-americanos para combater o preconceito racial e a discriminação durante a pandemia.

Doutora Kirby White, Austrália

Co-fundou a iniciativa Gowns for Doctors, permitindo que os funcionários da linha de frente continuassem atendendo pacientes durante a pandemia.

Dra. Chica Stacy Oiwa, do Canadá

Lutou contra o racismo sistêmico na saúde, que foi ainda mais destacado pela pandemia.

Amy O'Sullivan, Estados Unidos

Tratou paciente da Covid-19 no Brooklyn, onde adoeceu. Depois de se recuperar, ela voltou a trabalhar cuidando de outras pessoas.

Um grupo de pesquisadores assegurou nesta sexta-feira (11) ter identificado particularidades genéticas que poderiam explicar porque alguns pacientes sofrem formas mais severas da covid-19, o que poderia, segundo eles, melhorar os tratamentos.

"A beleza da genética é que pode prever os efeitos de um medicamento. O realmente excitante deste estudo é que identificamos genes que estão diretamente implicados do ponto de vista terapêutico, o que pode levar a tratamentos", explicou o principal autor do estudo, publicado na revista Nature, Kenneth Baillie, da Universidade de Edimburgo.

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Para tentar determinar porque alguns pacientes sofrem com as formas mais severas da doença, os pesquisadores analisaram o genoma de mais de 2.000 britânicos, muito afetados pela covid-19.

Comparando o genoma com o de outras pessoas, eles encontraram oito sequências genéticas comuns nos doentes graves de covid. Estas sequências desempenharam um papel determinante na resposta inflamatória do organismo para combater agentes patogênicos como o novo coronavírus.

Ao aprofundar este exame, eles conseguiram isolar dois genes em particular - TYK2 e CCR2 -, cujo papel é codificar as proteínas implicadas na resposta inflamatória do organismo.

Teoricamente, agir nestas substâncias poderia diminuir a gravidade da doença.

"Demonstramos que os genes que produzem mais proteína TYK2 representam mais riscos de covid. Agora existe um medicamento no mercado que a inibe", explicou Kenneth Baillie durante coletiva de imprensa on-line.

O grupo de remédios que limita a ação da proteína TYK2, denominados inibidores das Janus quinases (JAK), são usados em particular contra a poliartrite reumatoide, uma doença inflamatória.

Também está sendo testado um tratamento mediante anticorpos de síntese, que combate a ação da proteína CCR2, explicou Baillie.

É urgente testar estes medicamentos em pacientes graves de covid-19, pediram Baillie e seus colegas.

Nos últimos meses, várias pistas genéticas foram exploradas para tentar explicar as formas mais agressivas do novo coronavírus.

A Fiocruz Pernambuco realizou o sequenciamento genético de 39 genomas do novo coronavírus (Sars-CoV-2) que circula no estado. O projeto, liderado pelo pesquisador Gabriel Wallau, utilizou o sequenciador de DNA de alto desempenho do Núcleo de Plataformas Tecnológicas (NPT) da instituição. O estudo é realizado com a colaboração do Lacen e de profissionais da Universidade Federal de Pernambuco.

A partir de amostras coletadas no início da pandemia no estado, a pesquisa identificou pelo menos duas introduções de linhagens européias e a transmissão comunitária entre os diferentes municípios de Pernambuco e estados vizinhos. A investigação, que prossegue com a meta de alcançar um total de 100 genomas sequenciados, está produzindo dados genômicos importantes que servirão como base para o entendimento sobre os padrões de espalhamento viral; o desenvolvimento de vacinas e o acompanhamento de sua efetividade junto à população local; bem como para a busca de medicamentos eficazes para a Covid-19.

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Resultados

Algumas linhagens se originaram de países europeus e provavelmente chegaram ao estado através de passageiros infectados que adquiriram o vírus naquele continente. Os cientistas chegaram a essa conclusão por meio de análises filogenéticas e da variabilidade genética contida nos genomas sequenciados. Além disso, observaram também que o vírus se espalhou rapidamente devido à circulação de pessoas entre os diversos municípios do estado e para outras unidades da federação. 

A maioria das variantes virais encontradas pelo estudo já foram detectadas como predominantes em várias partes do mundo. “As linhagens contendo algumas mudanças ao longo do genoma se tornam prevalentes, se sobrepondo às demais”, explica o pesquisador Gabriel Wallau. Entretanto, estudos mais aprofundados são necessários para avaliar o impacto dessas variantes no processo de infecção viral e no desenvolvimento da doença na população humana. “Essas são as primeiras sequências do genoma das linhagens do novo coronavírus circulando em Pernambuco a serem disponibilizadas em banco de dados internacional (Gisaid), para que pesquisadores no mundo todo tenham acesso aos nossos dados, o que contribui para o avanço das pesquisas a nível mundial, uma importante contribuição do Estado de Pernambuco” complementa o pesquisador que coordena o estudo.

A próxima fase deste projeto está acontecendo nesse momento, com o sequenciamento de mais 60 genomas, o que permitirá mapear com mais precisão o espalhamento viral e o momento em que o vírus entrou em Pernambuco.

Da assessoria da Fiocruz

A China informou nesta sexta-feira (19) 25 novos casos de Covid-19 em Pequim e publicou o genoma do coronavírus detectado em um recente foco de infecção na cidade, que apresenta semelhanças com uma cepa europeia.

A capital chinesa retornou a uma certa normalidade após dois meses sem contágios. Mas um foco epidêmico na semana passada obrigou as autoridades a impor o confinamento em vários bairros e a organizar de testes de diagnóstico em larga escala.

As autoridades suspeitam que a origem das novas infecções seria o mercado atacadista de Xinfadi, ao sul da cidade. o vírus foi detectado nas tábuas para cortar salmão importado.

O governo da cidade divulgou nesta sexta-feira novas informações sobre o surto epidêmico e revelou informações sobre o genoma do vírus à Organização Mundial da Saúde (OMS) e a cientistas estrangeiros.

"De acordo com os resultados preliminares da epidemiologia genômica, este vírus seria procedente da Europa", declarou Zhang Yong, alto funcionário do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China.

"Mas é diferente (da cepa) do vírus que circula atualmente na Europa. É anterior", completou em um artigo publicado pela comissão nacional anticorrupção.

Ele indicou que pode ser uma versão do vírus que circulou no continente europeu há várias semanas ou meses.

Zhang Yong menciona várias hipóteses: o vírus pode ter vindo da Europa através de alimentos congelados ou poderia estar há bastante tempo no mercado de Xinfadi, onde teria sobrevivido graças à umidade e ao escuro. Daí sua semelhança com cepas mais antigas.

"É possível que o vírus que provoca atualmente uma epidemia em Pequim tenha viajado de Wuhan para a Europa e retornado agora à China", afirmou Ben Cowling, professor no Centro de Saúde Pública da Universidade de Hong Kong.

No total, Pequim registrou 183 casos de Covid-19 devido ao novo foco da doença, de acordo com o balanço oficial.

A UNINASSAU - Centro Universitário Maurício de Nassau Recife informa que, devido ao grande aumento no número de casos confirmados do Coronavírus no Brasil, a urgência e a alta demanda em identificar a diversidade dos vírus, a cientista Jaqueline Góes precisou adiar a sua vinda ao Recife. O evento estava marcado para esta sexta-feira (13).

A decisão, tomada em conjunto com a Instituição de Ensino, visa também preservar todo o corpo discente, docente e inscritos na palestra, uma vez que Pernambuco teve casos da doença confirmados e que há indicações para evitar a realização de eventos com grande número de pessoas.

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Assim como a Jaqueline Góes, a UNINASSAU Recife pede desculpas pelo decorrido e informa que, em breve, teremos uma nova data para a palestra.

Da assessoria de imprensa

Em menos de 48 horas após o registro do segundo caso de brasileiro infectado com coronavírus, uma equipe de pesquisadores brasileiros conseguiu novamente sequenciar o genoma do vírus. São os mesmos cientistas que tinham feito o primeiro sequenciamento, num procedimento que deve virar rotina para a epidemia.

E a nova análise mostra que o patógeno do segundo caso é levemente diferente do primeiro. Pela conclusão, o primeiro tinha se assemelhado mais com vírus que haviam sido sequenciados na Alemanha. Já o segundo se aproxima mais de vírus sequenciados na Inglaterra. E ambos são diferentes das sequências chinesas.

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Nos dois casos, porém, os pacientes foram contaminados na Itália, mas como cientistas italianos ainda não apresentaram os sequenciamentos dos vírus que estão no país, a comparação não pôde ser feita com o material de lá.

De acordo com a pesquisadora Ester Sabino, do Instituto de Medicina Tropical da USP, que compõe os esforços de sequenciamento junto com pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz e da Faculdade de Medicina da USP, essas variações confirmam que a transmissão interna entre os países da Europa já está bem estabelecida.

"A epidemia já está há algum tempo na Europa e já passa de um país a outro. Mas nesse momento ainda não conseguimos saber se ela foi da China para a Alemanha e a Inglaterra e de lá para a Itália ou se foi para a Itália e de lá foi para a Inglaterra", por exemplo.

Ela explica que a cada mês que passa o vírus sofre uma mutação e fica com uma espécie de código da região por onde passou, mostrando o seu caminho.

"Ainda é arriscado inferir muita coisa com apenas dois genomas, mas o que podemos dizer é que os dois casos não tiveram a mesma fonte de contaminação. Isso é importante para os epidemiologistas rastrearem a dinâmica da doença", explica Claudio Sacchi, do Instituto Adolfo Lutz, que coordena os trabalhos.

Ele afirma, no entanto, que os próximos sequenciamentos não devem ser tão rápidos. Para analisar os dois com um tempo tão curto - o primeiro havia sido apresentado na sexta e já no sábado os pesquisadores receberam a segunda amostra - ele conta que os cientistas quase não dormiram.

"Foi importante porque eram os primeiros e a gente mostrou que temos capacidade, mas a partir de agora o trabalho deve ser mais sereno. Até porque não precisa ser tão rápido assim. Aqui nós analisamos sarampo também, que teve a primeira morte do ano em São Paulo", explica.

O trabalho faz parte do projeto Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (Cadde), apoiado pela Fapesp e pelo Medical Research Centers, do Reino Unido, que desenvolve novas técnicas para monitorar epidemias em tempo real e oferecer pistas para responder o problema.

Em apenas 48 horas desde a confirmação do primeiro caso brasileiro de infecção pelo novo coronavírus, pesquisadores brasileiros conseguiram sequenciar o genoma do vírus que chegou ao País. 

O trabalho foi conduzido por cientistas do Instituto Adolfo Lutz, do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da USP e da Universidade de Oxford. Eles fazem parte de um projeto chamado Cadde, apoiado pela Fapesp e pelo Medical Research Centers, do Reino Unido, que desenvolve novas técnicas para monitorar epidemias em tempo real.

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Conhecer os genomas completos do vírus, que recebeu o nome de SARS-CoV-2, nos vários locais onde ele aparece, é importante para compreender como se dá sua dispersão e para detectar mutações que possam alterar a evolução da doença. Isso pode ajudar no desenvolvimento de vacinas e de tratamentos.

A amostra, retirada do paciente de 61 anos de São Paulo, que passou quase duas semanas na região da Lombardia, a mais afetada da Itália, confirma que ela veio da Europa. É geneticamente parecida com a de um genoma sequenciado na Alemanha.

Pesquisadores italianos já isolaram o vírus que circula no país, mas não depositaram ainda o sequenciamento do genoma em nenhum banco público para comparação.

"Uma sequência só não revela muita coisa, mas a importância é mostrar que rapidamente somos capazes de fazer e colocar isso à disposição de outros cientistas do mundo. Quanto mais genomas tivermos, mais podemos entender como a epidemia vai evoluindo no mundo. Por isso precisamos ter isso muito rapidamente", explicou ao jornal O Estado de S. Paulo a pesquisadora Ester Sabino, do Instituto de Medicina Tropical.

Em média, no resto do mundo, os grupos de pesquisa estão levando cerca de 15 dias para conseguir fazer o sequenciamento. O projeto brasileiro foi lançado justamente com o objetivo de agilizar esse processo, para ajudar a fornecer informações com mais rapidez.

"Temos trabalhado para desenvolver uma tecnologia rápida e barata. Todos os casos que forem confirmados no Adolfo Lutz serão sequenciados. A ideia é fornecer informações que possam ser usada para entender a epidemia em curso, para que outros cientistas possam comparar os dados. Essa cadeia de informação de todo mundo junto é importante para o mundo poder responder à epidemia", diz.

Segundo ela, há pequenas mutações, mas a taxa de variação deste vírus é até baixa.

Pesquisadores conseguiram decodificar quase todo o genoma da quinoa, um avanço que deve facilitar o desenvolvimento da cultura deste "grão de ouro", que é visto como uma esperança para alimentar a humanidade, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (8) na revista científica Nature.

O genoma desta planta (Chenopodium quinoa), cultivada pelos incas nos Andes séculos atrás, tem mais de 1,5 bilhão de blocos de DNA.

"A quinoa poderia fornecer uma fonte de alimento saudável ​​e rica em nutrientes" nas regiões áridas e secas do mundo, disse Mark Tester, professor na Universidade King Abdullah de Ciência e Tecnologia, na Arábia Saudita, que liderou a equipe internacional de pesquisadores.

"O conhecimento do seu genoma nos faz dar mais um passo nessa direção", acrescenta.

A quinoa apresenta uma série de benefícios nutricionais. Muitas vezes considerada um cereal, ela pertence, na verdade, à família da beterraba e do espinafre (Chenopodiaceae), e é pobre em gorduras e rica em ferro, ômega-3 e proteínas.

De acordo com especialistas, a quinoa é o único alimento vegetal que tem todos os aminoácidos essenciais; o seu valor nutricional é maior do que o do ovo ou o do leite.

"A quinoa é incrivelmente resistente e pode crescer em solos pobres, salinos e em altas altitudes", observou Tester.

Por outro lado, este vegetal produz naturalmente uma substância amarga, a saponina, de modo que os grãos devem ser lavados abundantemente antes do consumo.

Os pesquisadores identificaram um gene que parece regular a produção de saponina na quinoa.

"Isto poderia facilitar a seleção de plantas sem saponina para dar aos grãos um gosto mais doce", disse Tester.

O Peru e a Bolívia são os principais produtores de quinoa. Nos últimos anos, o grão virou moda entre os fãs de alimentos saudáveis dos países ocidentais.

Cientistas conseguiram decifrar o genoma do percevejo: uma notícia que pode ajudar a combater esses sanguessugas que vivem nos colchões e atacam durante a noite. O percevejo comum (Cimex lectularius), que mede de 4 a 7 milímetros na idade adulta, atormenta homens e mulheres há milhares de anos.

Enquanto tinham praticamente desaparecido nos Estados Unidos desde a década de 1950 - devido a um forte uso de DTT - esses percevejos voltaram com força total no país, especialmente em Nova York, e também prosperaram na Europa, especialmente em Paris.

O desenvolvimento dos transportes, a calefação dos apartamentos, a densidade humana - tudo isso favorecem a instalação dessas pragas nas zonas urbanas. Dois estudos publicados na revista Nature permitem obter pistas para tentar limitar sua expansão.

"Agora, uma percentagem muito elevada de percevejos têm mutações genéticas que os tornam resistentes aos inseticidas comuns", disse em comunicado Louis Sorkin, do Museu Americano de História Natural, em Nova York, co autor de um dos estudos.

Os percevejos se adaptaram através da produção de enzimas desintoxicantes que degradam os insecticidas. Além disso, sua "pele" se endureceu para se proteger destes produtos.

Os investigadores conduziram a pesquisa genética sobre todo o ciclo de vida de percevejos. O ovo dá uma ninfa, que conhece várias fases de crescimento, cada uma marcada por uma refeição de sangue que permite passar para a próxima fase. Só depois ela se torna adulta.

Agora, os cientistas descobriram que o inseto estava desenvolvendo mecanismos de resistência a inseticidas a partir do momento em que começou a se alimentar de sangue. "Isto sugere que os percevejos são provavelmente mais vulneráveis ​em sua primeira fase de ninfa, potencialmente tornando-se um bom alvo para inseticidas futuras", aponta o Museu Americano de História Natural.

Os pesquisadores também analisaram a composição genética das bactérias que colonizam o percevejo e, portanto, algumas, sem dúvida, favorecem seu crescimento e reprodução. "Os antibióticos que atacam as bactérias benéficas aos percevejos (mas não são essenciais para o homem) poderiam vir complementando os pesticidas", estimou o Museu.

O Google firmou uma parceria com cientistas que permitirá aos pesquisadores usarem plataformas informáticas do gigante da internet para acelerar sua investigação biomédica sobre o genoma. O gigante californiano colaborará com o Broad institute of Biomedical and Genomic Research, um projeto conjunto da Universidade de Harvard e do prestigioso Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT).

"A informação genômica em grande escala acelera o progresso (em luta) contra o câncer, a diabetes, os transtornos psiquiátricos e muitas outras doenças", afirmou Eric Lander, diretor do Instituto Broad, por ocasião do anúncio deste acordo nesta quarta-feira (24).

"Salvar, analisar e gerenciar esses dados tornou-se um desafio crucial para os investigadores em biomedicina. Estamos muito animados para trabalhar com esses engenheiros talentosos e experientes do Google para desenvolver maneiras de fortalecer a pesquisa ao redor do mundo, oferecendo acesso e uso de informações" sobre o genoma, explicou.

Num primeiro momento, a ferramenta de análise do genoma (Genome analysis toolkit) do centro de investigação estará disponível na nuvem do Google. O objetivo é "permitir que qualquer pesquisador de genética possa colocar online, salvar e analisar dados", revelou um comunicado conjunto da Google e do centro.

Em seu blog oficial, o Google explicou que ambas entidades "trabalharão juntas para (...) construir novas ferramentas e desenvolver novos conhecimentos para impulsionar a pesquisa biomédica utilizando uma ampla experiência em bioinformática, uma ferramenta de análise de grande alcance, e uma ampla infra-estrutura informática". O grupo já havia criado, há dois anos, sua própria base de dados em matéria de genômica.

Com o sequenciamento dos genomas de 45 aves à disposição, os cientistas terão anos de trabalho pela frente, em busca de novas descobertas. As primeiras análises, entretanto, já trouxeram revelações. Em um dos artigos publicados na Science, Robert Meredith, da Universidade Estadual de Montclair (Estados Unidos), encontrou pistas sobre em que momento da evolução as aves perderam os dentes.

Ao comparar os genomas das espécies atuais de aves aos de vertebrados que tinham dentes, os cientistas identificaram mudanças-chave em genes ligados à produção de esmalte e dentina, principais componentes dos dentes. O estudo sugere que cinco genes relacionados à dentição foram "desligados" em um ancestral comum das aves em um curto período, há cerca de 116 milhões de anos.

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Outro estudo, liderado por Ed Green, da Universidade da Califórnia (Estados Unidos), usou os dados dos sequenciamentos genômicos das aves para reconstruir parcialmente o genoma do arcossauro, ancestral comum a crocodilos, pássaros e dinossauros, que viveu há 240 milhões de anos.

Há ainda pesquisas, com participação brasileira, que tiveram foco no aprendizado vocal - uma habilidade rara no reino animal, compartilhada apenas por humanos, golfinhos, baleias e três grupos de pássaros.

Liderado por Claudio Mello, Maria Paulo Schneider, da Universidade Federal do Pará (UFPA), e Francisco Prosdocimi, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o grupo descobriu que papagaios e aves canoras (capazes de cantar) estão mais próximos do que se pensava nas sequências genômicas. "Dos mais de 30 grupos de aves, somente três são capazes de aprender vocalizações: pássaros canoros, papagaios e beija-flores", disse Mello.

Em um artigo na revista Science, o grupo mapeou os genes dos três grupos relacionados ao aprendizado vocal e os comparou com os marcadores do cérebro humano que controlam a fala. "Muitos dos genes ligados ao canto do passarinho estão também nas áreas do cérebro humano responsável pela fala", explicou o cientista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um grupo internacional de cientistas sequenciou o genoma de 45 espécies de aves, em um esforço sem precedentes para redesenhar a "árvore da vida" dos pássaros.

O projeto, que envolveu centenas de pesquisadores de 20 países ao longo de quatro anos, teve os resultados divulgados nesta quinta-feira, 11, em 29 artigos científicos publicados simultaneamente, oito deles em uma edição especial da revista Science.

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Supercomputadores foram usados para analisar a enorme quantidade de dados. Os resultados revelaram como vários ramos da família das aves divergiram em diferentes espécies, o que deverá ajudar a responder antigas questões sobre a evolução a partir dos dinossauros.

Segundo um dos cientistas que participaram do projeto, o brasileiro Claudio Mello, da Universidade de Ciência e Saúde do Oregon (Estados Unidos), pela primeira vez, dezenas de espécies foram sequenciadas dentro de um mesmo grupo de vertebrados. Ele afirma que a quantidade de dados obtidos permitiu traçar a árvore da vida (ou árvore filogenética) com confiabilidade inédita.

"As aves são um dos grupos mais diversos que existem, com cerca de 10 mil espécies. Essa diversidade tornava complexa a tarefa de entender as relações entre elas e, por isso, até hoje não tínhamos uma árvore filogenética confiável."

De acordo com Mello, ao acessar os dados genômicos completos de pelo menos uma ave das principais linhagens, foi possível reorganizar a árvore e compreender o parentesco entre as espécies. "A árvore da vida era baseada na similaridade de traços observados nas espécies, agrupando aves de rapina, aves aquáticas e assim por diante. Com os dados, conseguimos ver que várias classificações estavam erradas."

O estudo fortalece a teoria do "big-bang" da evolução das aves, que se diversificaram em muitas espécies em período considerado curto, entre 10 e 15 milhões de anos, após a extinção dos dinossauros, há cerca de 70 milhões de anos. "Muitos ramos surgiram quase simultaneamente. Isso aumentava a dificuldade para organizar a árvore evolutiva das aves. Agora, temos dados confiáveis que deverão gerar muitas descobertas nos próximos anos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Foi durante o banho que a mãe de Gabriela Cristina Marques Braga percebeu que a menina tinha um desvio na coluna. Gabriela tinha 8 anos. Três coletes ortopédicos foram usados para amenizar o problema, sem sucesso. Aos 14 anos, Gabriela passou por uma extensa cirurgia para corrigir a curvatura na espinha, que já tinha atingido 75 graus, e lhe causava dores nas pernas e dificuldades para respirar. Gabriela sofria de escoliose idiopática (sem causa definida).

Para tentar entender o que causa essa deformidade - e por que em algumas pessoas a evolução é mais rápida -, médicos do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) iniciaram pesquisa para mapear geneticamente os pacientes, em busca de marcadores que indiquem que a progressão será mais acelerada.

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"Não sabemos por que a escoliose idiopática ocorre. Sabemos que há uma característica hereditária, por isso faremos um estudo da suscetibilidade genética para entender as características da escoliose com forte progressão", afirma o ortopedista Luiz Cláudio Schettino, chefe do Centro de Cirurgia da Coluna do Into, coordenador da pesquisa.

Ele explica que a doença pode aparecer em qualquer fase da vida, mas é mais frequente no período de formação óssea, na adolescência. A coluna vai encurvando e chega a ganhar o formato da letra S. "A curva causa grande transtorno e pode levar à insuficiência respiratória e cardíaca, se ocorrer na região da coluna torácica; ou provocar dores, quando está na região lombar."

Pinos e parafusos

A cirurgia é indicada a partir dos 45 graus de curvatura - uma prótese de titânio é fixada com pinos e parafusos ortopédicos, combinados com hastes, para acertar a deformidade e alinhar a coluna.

Gabriela passou por uma operação de 6 horas, recebeu 18 parafusos e 2 hastes e ficou de repouso - seis meses sem atividade física. Aos 15 anos, fica feliz por poder andar ereta. "Minha coluna era um S. Quando eu usava colete, as pessoas faziam piada na escola, diziam que eu era um robô. Eu tirava (o colete) porque ficava com vergonha. Antes da cirurgia, já não podia correr porque sentia dor nas pernas e muita falta de ar. Agora posso andar reta", diz a adolescente, que foi liberada, na semana passada, para fazer exercícios.

Schettino acredita que um dos benefícios de se encontrar o marcador genético é permitir a intervenção precoce. Ao longo do estudo, 600 pacientes diagnosticados com escoliose idiopática terão o DNA analisado. A pesquisa está em fase de coleta de saliva e deverá ser concluída em três anos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um grupo de cientistas chilenos, noruegueses e canadenses decodificou o genoma completo do salmão do Atlântico, o que permitirá fazer avanços na produção aquícola deste pescado, anunciou a parte chilena da equipe de pesquisadores.

Com um custo total de US$ 10 milhões, dos quais o Chile aportou um quarto, o avanço científico permitirá melhorar a produção do peixe, torná-lo mais resistente a doenças e melhorar a suscetibilidade no processo de produção aquícola através da seleção genômica.

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"Esta descoberta nos permite fazer uma melhoria genética com maior eficiência. Melhora-se bastante, uns 30% mais rápido, com seleção genômica do que sem ela, e isto não se pode fazer sem o genoma", afirmou Roberto Neira, engenheiro agrônomo da Universidade do Chile, encarregado do projeto.

Até agora, segundo o cientista, tinha sido decodificado o genoma do peixe-zebra, de tamanho pequeno, e a tilápia está em processo, embora não tenha sido finalizado ainda. O genoma do salmão atlântico é um dos mais complexos, pois se trata de uma espécie poliploide, onde há vários jogos de cromossomos envolvidos.

O projeto, que constitui o sequenciamento do genoma do primeiro dos peixes grandes, foi uma iniciativa da Cooperação Internacional para Sequenciar o Genoma do Salmão Atlântico (ICSASG, na sigla em inglês) e nele colaboraram durante cinco anos cientistas de Chile, Noruega e Canadá.

Decifrar o genoma das chaves para "conseguir que o salmão cresça mais rápido, que o uso de alimentação seja menor por quilo de peso que ganha, o que diminui o custo de alimentar", explicou à imprensa Eduardo Bitran, vice-presidente da estatal Corporação de Fomento da Produção (Corfo).

Também ajuda a elucidar "como tentar identificar certas características que os tornam mais resistentes a doenças, o problemas que tivemos nos últimos anos", acrescentou. Em 2009, o vírus ISA (anemia infecciosa do salmão, que não é transmissível aos humanos) afetou duramente a indústria do salmão atlântico no Chile e obrigou a antecipar capturas e eliminar milhares de peixes infectados.

A salmonicultura é, ao lado do cobre e da celulose, uma das estrelas da cesta de exportação chilena. Segundo dados da organização Salmón Chile, as exportações nacionais do pescado superaram em 2013 os US$ 3,5 bilhões. Anualmente se produziram 400.000 toneladas de salmão Atlântico, 60% do volume da indústria de salmonídeos. Os resultados do projeto estão disponíveis no site de acesso livre www.corfo.cl/genomasalmon.

Uma equipe de cientistas majoritariamente francesa decodificou o genoma da truta arco-íris, um peixe muito popular na psicultura e nas peixarias, trazendo nova luz sobre a evolução dos genomas dos vertebrados.

Esta foi a primeira vez que o genoma de um peixe da família dos salmonídeos (salmões e trutas) é decodificado. O genoma da truta arco-íris apresenta uma particularidade interessante para os cientistas: ela sofreu uma "duplicação completa" relativamente recente.

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A duplicação completa do genoma corresponde a "uma duplicação repentina do conteúdo nos cromossomos", explicou à AFP Yann Guiguen, do Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica (Inra) de Rennes, que coordena a análise do genoma da truta. Ela pode servir "como motor para a evolução".

"Raros entre os vertebrados", estes eventos, entretanto, conformaram profundamente o conteúdo e a estrutura de seus genomas, incluindo o do homem. O problema é que eles ocorreram há centenas de milhões de anos e que os vestígios da reorganização que se seguiu foram completamente perdidos.

"O interesse da truta é que nós temos uma duplicação mais recente, datada de 100 milhões de anos", afirmou Yann Guiguen.

A análise de seu genoma mostrou um resultado "muito surpreendente", acrescentou o pesquisador, pois "recuperamos perfeitamente os dois genomas resultantes da duplicação".

Este resultado coloca em discussão uma hipótese comumente aceita, segundo a qual uma duplicação completa de um genoma implica numa evolução rápida de sua estrutura e de seu conteúdo em genes: os genes se perdem, enquanto outros podem evoluir para desempenhar novas funções.

O genoma da truta arco-íris, divulgado esta terça-feira na revista Nature Communications, comporta cerca 46.500 genes funcionais (codificados por proteínas). Os cientistas estimam que o genoma ancestral, antes da duplicação, deveria conter cerca de 31.400.

Após a duplicação, um certo número de genes ficou inativo, mas está sempre presentes no genoma na forma de "pseudogenes" ou "cadáveres de genes" para usar uma expressão cunhada por Yann Guiguen.

A "taxa de inativação" é avaliada em 170 genes por milhão de anos após a duplicação. Para Yann Guiguen, isto mostra o processo de reorganização pós-duplicação "é, provavelmente, muito mais lento que pensávamos".

Em seus trabalhos, os cientistas usaram trutas arco-íris ("Onchorhynchus mykiss"), fornecidas pela Universidade do Estado de Washington.

Originária da América do Norte, a truta arco-íris é atualmente criada em todos os continentes. A decodificação de seu genoma também abre perspectivas importantes para a aquacultura.

O Centro de Informática (CIn) e o Departamento de Genética da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) organizam dois eventos: o X-Meeting e o Brazilian Symposium of Bioinformatics 2013 (BSB 2013). Os encontros serão realizados entre os dias 3 e 6 de novembro, no Mar Hotel, Recife.

O objetivo da iniciativa é promover debates sobre tecnologia e genética. O evento trará palestras com pesquisadores renomados nas áreas de genética e tecnologia:

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Robert Gentleman (criador do pacote estatístico R),

Andrew Simpson (coordenador do 1º Projeto Genoma Brasil), 

Andrej Sali (criador do aplicativo Modeller), 

Julie Mitchell (Diretora do Bacter Institute da UW-Madison), 

Peter Stadler (Austrian Academy of Sciences), 

David Roos (American Academy of Microbiology),

Martin Tompa (diretor do Programa Interdisciplinar em Biologia Molecular da Universidade de Washington).

X -meeting é um evento anual organizado pela Associação Brasileira de Bioinformática e Biologia Computacional (AB3C) , filiado à Sociedade Internacional para Biologia Computacional (ISCB) , e tem como principal objetivo proporcionar discussões de cientistas brasileiros e internacionais sobre avanços recentes e questões referentes ao assunto.

As inscrições estão abertas no site http://bsb2013.cin.ufpe.br/

Onze anos atrás, quando o primeiro rascunho de sequenciamento do genoma humano foi publicado, uma das maiores surpresas foi constatar que apenas 2% das 3 bilhões de "letras" químicas que o compõem correspondem a genes propriamente ditos - sequências chamadas "codificadoras", que carregam as instruções genéticas necessárias para a síntese de proteínas. Os outros 98% foram apelidados de "DNA lixo", por não ter função conhecida no organismo. Um apelido que sempre incomodou muita gente.

Agora, mais de uma década de ciência depois, chega a redenção. Mais de 30 trabalhos publicados simultaneamente em quatro revistas científicas de peso, incluindo Nature e Science, descartam em definitivo o apelido pejorativo, confirmando várias evidências acumuladas ao longo dos anos de que o "DNA lixo", na verdade, não é lixo coisa nenhuma. Os resultados, oriundos do projeto Enciclopédia de Elementos de DNA (Encode, na abreviatura em inglês, que significa "codificar"), indicam que mais de 80% do genoma humano têm algum tipo de função bioquímica operacional.

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"Eu diria que o termo DNA lixo pode ser definitivamente jogado no lixo", diz a geneticista Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP).

Dentro do que se chamava de lixo, os pesquisadores do Encode encontraram uma riqueza milionária de sequências chamadas reguladoras, que não codificam proteínas diretamente, mas interagem de alguma forma com o funcionamento dos genes.

Algumas funcionam como interruptores, ligando-os ou desligando-os. Outras como um botão de volume, aumentando ou diminuindo a intensidade com que determinados genes se expressam em determinadas células, em determinadas situações. É esse maquinário regulatório que permite ao ser humano ser uma espécie biologicamente tão complexa com "apenas" 20 mil genes - bem menos do que uma espiga de milho ou um grão de arroz. "O genoma humano é muito mais complexo do que imaginávamos", diz Mayana.

"O que eles estão confirmando é uma suspeita de muito tempo, de que essas sequências também têm um sentido biológico enorme", reforça Dirce Maria Carraro, diretora do Laboratório de Genômica e Biologia Molecular do Hospital A.C. Camargo. "É óbvio que elas não estão no genoma por acaso."

Os cientistas destacam a importância dos resultados para estudos clínicos que tentam relacionar mutações e outras formas de alterações genéticas à saúde. Milhares de alterações já foram identificadas que afetam a ocorrência ou a manifestação de doenças, mas a grande maioria não está nos genes (nos 2% do genoma que codificam proteínas), o que já era um forte indício de que o "DNA lixo" tinha alguma função relevante dentro das células - caso contrário, as mutações seriam inócuas.

Uma das teorias era de que o DNA lixo serviria como uma "zona de amortecimento", na qual mutações aleatórias poderiam se acumular ao longo do tempo sem maiores consequências para o organismo. Mas não. Os dados mostram que alterações nessas regiões reguladoras podem ser tão relevantes clinicamente quanto mutações nos genes.

Os resultados acrescentam uma nova camada de complexidade ao estudo do genoma humano e mostram que é preciso bem mais do que uma sequência de letrinhas para entender como ele funciona. E que os genes são apenas parte de uma história que pode ser contada de diversas maneiras, dependendo de como o genoma é lido. Mayana prevê que os dados abrirão muitas perspectivas de tratamento, apontando para novos alvos genéticos fora das regiões codificadoras e melhorando o entendimento de como o genoma funciona de uma forma geral. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo

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