Uma força-tarefa nacional do Ministério Público do Trabalho (MPT) esteve em Pernambuco realizando uma fiscalização nas empresas do polo gesseiro, responsáveis pela produção de cerca de 95% do gesso do país. De acordo com o ministério, 67 ações civis públicas deverão ser ajuizadas contra as empresas inspecionadas. Foram expedidas 18 recomendações de adequação aos empregadores, além da assinatura de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) relativo à exploração do trabalho de menor de 16 anos, constatada no município de Ipubi, no Sertão.
Entre as irregularidades encontradas estão trabalho clandestino, não fornecimento de equipamentos de proteção coletiva, péssimas condições de higiene dos banheiros, não fornecimento de água potável, ausência de exames médicos admissionais, periódicos e demissionais, ausência de controle efeito de jornada, uso de copo coletivo, descumprimento das normas de prevenção e combate a incêndio, entre outras.
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Ao todo, a equipe visitou 78 empresas localizadas nos municípios de Araripina, Ipubi e Trindade, na região sertaneja de Pernambuco. O MPT contabiliza que 1164 trabalhadores foram diretamente beneficiados com a ação, cujo foco era a verificação do registro de vínculo empregatício e o meio ambiente de trabalho das calcinadoras.
A problemática do polo gesseiro pernambucano também está relacionada ao meio ambiente. A produção de gesso é a principal atividade econômica da Serra do Araripe, mas causa degradação da vegetação da caatinga e poluição do ar, do solo e das águas durante o processo de calcinação. Segundo o MPT, a poluição ambiental por exposição ao gesso prejudica a população dos arredores e, principalmente, os trabalhadores do polo.
O MPT ainda solicitou a intervenção dos órgãos de defesa civil dos municípios visitados, bem como do Estado de Pernambuco, para que reduzam os riscos de acidente de trabalho nos estabelecimentos, que, em alguns casos, estavam com risco de desabamento.
Algumas empresas já haviam sido fiscalizadas pelo ministério e estavam descumprindo tratos estabelecidos em Termos de Ajuste de Conduta (TAC) e em acordos judiciais. As novas ações a serem movidas contra os empregadores vão pedir a suspensão da atividade produtiva, caso não haja cumprimento da legislação.
A fiscalização ocorreu entre os dias 5 e 9 de outubro. A força-tarefa contou com peritos de várias unidades do MPT, inspetores da Polícia Rodoviária Federal e a Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho (Codemat). O Serviço Nacional da Indústria (SESI) de Araripina e o Centro Tecnológico de Araripina (CTEP) também foram visitados pela força-tarefa, com o objetivo de conhecer mais do trabalho dos órgãos.
Com informações da assessoria.