Olinda já foi considerada a cidade mais importante de toda a América, segundo o Secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Olinda, Maurício Galvão. “O ‘ouro branco’ foi a fase do açúcar, quando Duarte Coelho veio para Pernambuco e se instalou no Alto da Sé. Esse foi o passo primordial, porque devido a isso surgiu o Porto do Recife”, explica.
Após a Guerra dos Mascates “Recife se separou de Olinda e a cidade ficou comportando os burgueses e os nobres, já Recife ficava com os comerciantes”, conta Galvão. Nessa época, segundo ele, Olinda perdeu uma fonte importante, o Porto do Recife, sendo a primeira derrubada econômica da cidade. “Algum tempo depois, ela conseguiu se recuperar por causa de Paulista que ainda pertencia a Olinda. As indústrias que estavam instaladas passaram a mandar as riquezas que o município precisava para se manter”, afirma.
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Devido ao difícil acesso à praia de Boa Viagem, no Recife, por ainda não ter as pontes, os banhistas optavam em ficar em Olinda. “A cidade virava balneário e casas de veraneio de muita gente, devido a grande intensidade de pessoas, as praias viravam um ponto forte para movimentar a economia”, diz o Secretário.
Entre os anos 50 e 70, foi o momento em que Olinda se transformou em cidade dormitório, título que, segundo Galvão, só durou até o final do século 20. “Por terem perdido as eleições para prefeito de Olinda, os Lundgreen fizeram um movimento e decidiram separar as duas cidades. Com isso, Olinda perdeu suas indústrias e ficou conhecida como cidade dormitório”, afirma o Maurício Galvão.
Segundo o secretário, o título ficou para trás porque a partir do século 21, Olinda começou a implantar políticas de incentivo ao desenvolvimento econômico. “Apoiando a vinda de empresas pra cidade como também, construindo forma de melhorar a renda de pessoas mais simples através de programas sociais”, afirma. Uma pesquisa da junta comercial foi realizada no ano de 2008 e revelou que atualmente existem cerca de 11 mil empresas instaladas na cidade.
Ainda de acordo com os dados, o setor econômico que mais cresce no município é o de serviços, com 59%, em segundo, comércio, 37% e por último a indústria, 4%. “Hoje a cidade deixou de ser um lugar dormitório para ser prestadora de serviços”, destaca Galvão.
O gestor da pasta de Desenvolvimento Econômico também destaca um novo setor, que engloba artistas plásticos, artesãos, tecnologia da informação, entre outros. “Como a parte artística e turística da cidade cresceu muito, foi criada a Economia Criativa, responsável por 20% do desenvolvimento econômico da cidade”. Segundo ele, o município hoje é a 4° economia do estado e o segundo polo médico do estado, ficando atrás apenas de Recife.
Já Recife, a cidade dos Mascates, continua com sua tradição de comércio, mas, segundo o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio), Eduardo Catão, a característica mudou. “O comércio se desenvolveu rapidamente e hoje não tem mais a necessidade de vendedores irem nas residências das pessoas para oferecer os seus produtos, como faziam os Mascates. Hoje o comércio em Recife é centralizado”, explica.
Para o pesquisador da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife (CDL), José Fernandes, a capital do Estado se transformou em uma cidade prestadora de serviços. “Recife ostenta hoje um grande polo de serviços médicos, educacionais, consultorias, comércio moderno, como os shoppings”, afirma ele. Segundo Fernandes, mais da metade da arrecadação da capital vem dos serviços. “A riqueza maior vem da atividade terciária, como varejo, alugueis, bancos, que consistem em mais de 60% do PIB da cidade”, conclui.
O professor de economia e sócio da Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan), Valdeci Monteiro, é outro que afirma que a cidade do Recife é um local onde a renda principal é através do setor terciário. “Recife é uma cidade dos serviços, apresentando a vocação para o setor terciário, como o comércio especializado e varejo moderno, tendo exemplos os shoppings e a área de indústria, como Suape, além de ocupações de formas gerais ligados fora da cidade, tornando uma referência nacional", conta.
Segundo Valdeci, na década de 60 a cidade matinha um posto muito importante para a economia, já que o município servia de espelho para as outras regiões do nordeste. “Naquela época, Recife fez história na economia do nordeste. Foi uma referência nacional, até porque tudo passava pela cidade. Um papel de grande relevância dentro do quadro regional, tendo o seu passado muito fortificado, mesmo perdendo um pouco do seu espaço devido a expansão de outros lugares”, explica.
O professor ressalta que o grande desenvolvimento do setor terciário têm mudado a vocação da cidade, mas que a tradição dos mascates (de comércio) pode ser fortalecida com o novo momento econômico do Estado. “É um comércio que tem essa capacidade de renovar e agora com esse novo crescimento de Pernambuco, so tende a aflorar, ressaltar e evidenciar a economia”, concliu.