O chefe do departamento econômico do Banco Central, Túlio Maciel, destacou nesta sexta-feira que o resultado primário de julho, que registrou superávit de R$ 5,570 bilhões, foi favorável em relação a junho, quando foi de R$ 2,794 bilhões. "Isso é um bom sinal de evolução das contas públicas. É um sinal positivo em termos de perspectivas para o resto do ano", considerou.
Maciel comentou também a evolução favorável da conta de juros. No acumulado do ano até julho, o gasto com juros somou R$ 128,462 bilhões, o equivalente a 5,1% do PIB. "Este é o sétimo mês consecutivo de recuo dessa conta em porcentual do PIB", disse. De forma geral, o chefe de departamento salientou que os dados positivos são reflexo da menor inflação este ano ante o ano passado e também da redução da taxa básica de juros (Selic).
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Maciel salientou a diferença da trajetória econômica em 2012 na comparação com o ano passado. Especificamente em relação ao resultado do primário de julho, que registrou uma "redução bem expressiva", ele comentou que o resultado foi influenciado por desonerações este ano, enquanto no mesmo mês de 2011, houve um incremento de receitas. O superávit de julho de 2011 chegou a R$ 13,789 bilhões.
"Em julho de 2011, tivemos receitas extraordinárias e também o Refis da crise. Isso havia inflado o resultado em termos de receitas", lembrou. "De lá para cá, tivemos algumas desonerações e esforço do governo com medidas anticíclicas, como redução de IPI e da Cide, e isso também afeta a receita deste ano", continuou.
Segundo ele, a configuração de 2012 e de 2011 mostra que a trajetória econômica dos dois anos é diferente. "Entramos em 2011 com a economia crescendo em um ritmo mais forte (o PIB cresceu 7,5% em 2010) e isso foi se moderando ao longo do ano", disse. "Este ano, começamos com a economia em ritmo mais moderado, mas com crescimento ao longo do ano. É um desenho distinto e isso se reflete na evolução do quadro fiscal", comparou. Maciel enfatizou que a recuperação da economia vai se refletir nas contas por intermédio da arrecadação dos governos.
O Banco Central prevê recuo da dívida líquida do setor público de 34,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em julho para 34,8% do PIB em agosto, que seria novamente o menor porcentual da série histórica iniciada em 2001. Para a dívida bruta, a previsão é queda de 57,6% do PIB em julho para 57,4% do PIB em agosto. Nos cálculos, a instituição considera um dólar de R$ 2,04 no fechamento de agosto.
Maciel informou ainda que a despesa com juros do setor público consolidado em 12 meses deve cair de 5,26% em julho para 4,5% do PIB em dezembro. Segundo ele, apesar do aumento de 12,5% em termos nominais da dívida bruta desde julho do ano passado, as despesas com juros caíram R$ 10 bilhões neste período. Isso é explicado pela queda da inflação e da taxa básica de juros.
O IPCA acumulado no ano recuou de 4,04% entre janeiro e julho de 2011 para 2,76% no mesmo período de 2012. A Selic acumulada nos sete primeiros meses do ano passou de 6,56% para 5,36% na mesma comparação. "Até o final do ano, isso deve cair mais pronunciadamente", afirmou.