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Depois de um hiato de sete anos sem lançar novos trabalhos, a Nação Zumbi está de volta e vai disponibilizar para download na próxima terça-feira (25) a primeira música de divulgação do novo álbum, intitulada Cicatriz. Os fãs poderão conferir o trabalho no site do Natura Musical, programa cultural da Natura que está financiando o disco dos mangueboys.

O novo disco da Nação Zumbi, previsto para ser lançado em abril, foi selecionado pelo edital 2013 do Programa Natura Musical e contou com produção de Berna Ceppas e Kassin. O último disco da banda foi o Fome de Tudo, lançado em 2007. A Nação Zumbi é formada por Jorge Du Peixe (voz), Lúcio Maia (guitarra), Dengue (baixo), Pupillo (bateria), Toca Ogan (percussão) e Gilmar Bola 8 (tambor).

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Confira a letra de "Cicatriz" na íntegra:

QUANDO FICA A CICATRIZ

FICA DIFÍCIL DE ESQUECER

VISÍVEL MARCA DE UM RISCADO INESPERADO

PRA LEMBRAR O QUE LHE ACONTECEU

RISÍVEL MARCA DE UM RISCADO DESESPERADO

PRA LEMBRAR E NUNCA MAIS ESQUECER

 

FICA BEM DESENHADO SÓ PRA SER BEM LEMBRADO

RISCO DO ERRO MAL-VISTO E MAL-OLHADO

QUEM VÊ VIRA LOGO A VISTA PARA O OUTRO LADO

(NÃO É SÓ UM SINAL DE QUEM PASSOU POR MAUS BOCADOS)

MAS ESSA DAQUI, ME TRAZ UMA BOA LEMBRANÇA

NÃO PRECISO ESCONDER

MAS ESSA DAQUI, ME TRAZ UMA BOA LEMBRANÇA

NÃO VOU MAIS ESQUECER

SEJA COMO FOR, EU ME LEMBRAREI

SEJA ONDE FOR, NÃO ESQUECEREI

 

CICATRIZ

QUEM VÊ NEM DIZ

QUE FIZESSE TUDO ISSO POR UM TRIZ

CICATRIZ

NEM TODO CUIDADO DO MUNDO

O trio da Zulumbi acaba de lançar seu álbum de estreia para compra na plataforma iTunes. O CD possui 10 faixas, com músicas nos ritmos hip hop e afro-brasileiros. O grupo ainda disponibilizou a faixa Babe vou bombar para download gratuito no site

A Zulumbi é formada por Lúcio Maia (Nação Zumbi), DJ PG (Elo da corrente) e o MC Rodrigo Brandão. O álbum de estreia ainda conta com as participações das cantoras Juçara Marçal e Anelis Assumpção, além de jazzistas norte-americanos e o rapper Yarah Bravo.

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As pessoas que foram ao Baile Perfumado, no Prado, na noite desta sexta-feira (25), tiveram a oportunidade de conferir shows de atrações que marcam a música brasileira. De um lado, Criolo apresentou os novos singles e seu rap com batidas orgânicas - o grande estilo do artista. Do outro, a Mundo Livre S/A fez um show no melhor manguebeat, transitando pelos 25 anos de carreira e nas músicas do último trabalho produzido em parceria com a Nação Zumbi - lançado no ano passado.

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Durante os intervalos, o DJ Damata levou ao público hits de Jorge Ben Jor, Racionais, Damian Marley e Thayde, entre outros grupos. Das atrações principais, a primeira a se apresentar seria a Mundo Livre S/A, mas de acordo com a produção a programação foi alterada a pedidos dos artistas. Criolo subiu ao palco ao lado do MC Dandan e de sua banda de apoio às 0h e foi logo direto ao ponto com o single Duas de Cinco, lançado gratuitamente pela internet em outubro passado. A música, que traz a essência do rapper paulista, com pitadas de crítica social às instituições políticas e às classes mais favorecidas, ainda não havia sido tocada ao vivo no Recife.

“Agradeço pela presença de todos vocês. Essa cidade é maravilhosa. Tem várias coisas acontecendo hoje, muita coisa boa, mas vocês estão aqui. Muito obrigado”, disse Criolo, para em seguida emendar com músicas do premiado disco Nó na Orelha (2011), como Subirusdoistiozin, Freguês da Meia Noite, Não Existe Amor em SP, Sucrilhos e Samba Sambei. “O que eu posso dizer de Criolo é que ele é a renovação no cenário do hip hop nacional. Um cara que traz uma proposta diferente e que é boa, não é ruim para o movimento nem é ruim para os artistas. Muito pelo contrário, iusso significa que com o decorrer dos anos o rap brasileiro evoluiu e continua a evoluir, obedecendo, claro, os estilos próprios”, disse o rapper pernambucano Tiger, ex-vocalista do grupo Face dos Subúrbios. 

O rapper paulista, que fez 1h20 de apresentação com direito à paródia da música Cálice, de Chico Buarque, seguiu com Mariô, Grajauex, Bogotá e faixas do primeiro álbum da carreira, o Ainda Há Tempo, lançado em 2006, como Demorô e a canção que leva o mesmo nome do disco – última música do show. No meio do espetáculo teve tempo de divulgar a música Cóccix-ência, também divulgada em outubro na internet. “Eu acompanho a carreira de Criolo desde o lançamento do álbum Ainda Há Tempo. O cara tem apresentado um trabalho perfeito, ainda mais após o Nó na Orelha. Desde muito tempo atrás eu curto muito rap e Criolo é um precursor do bom rap brasileiro”, comentou o fã Germano Brito, 24 anos.

Mundo Livre S/A começou a tocar às 2h mas um bom público ficou para conferir a performance dos mangueboys, que deram início ao show com Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada, versão do projeto Mundo Livre S/A vs Nação Zumbi. Depois seguiram com Free World e Constelação Carioca. “Essa música faz parte do disco Novas Lendas Da Etnia Toshi Babaa (2011) e é uma parceria com o grande parceiro carioca, meu brother BNegão”, explicou Fred Zeroquatro, vocalista da banda, durante a apresentação. A banda prosseguiu com Pastilhas Coloridas, Ela é Indie, e outras faixas do trabalho em parceria com a Nação Zumbi, como Etnia e No Olimpo

O Sesc São Paulo divulgou uma nota informando o cancelamento dos shows de Jorge Ben Jor e Los Sebosos Postizos que seriam realizados no Sesc Pompeia de quinta (23) a domingo (26). Segundo informações da produção do artista, o motivo do cancelamento é por conta de problemas de saúde do cantor. 

Até o momento, não foram divulgados mais detalhes sobre o estado de saúde do cantor. Este seria um encontro inédito entre Jorge Ben Jor e a banda Los Sebosos Postizos, formada por membros da Nação Zumbi para homenagear o cantor.

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Membro fundador de uma das mais importantes bandas brasileiras, ele tem uma longa história de agitação cultural no seu bairro, que ajudou a transformar em uma referência cultural de Pernambuco. De fala tranquila, Gilmar Bolla 8 é um dos responsáveis pela química sonora que explodiu no cenário pop dos anos 90 com a Nação Zumbi, capitaneada pelo icônico Chico Science. É dele a responsabilidade da percussão que, mesclada com elementos do rock e do hip hop, transformou o cenário musical do Brasil.

Sua história inclui a criação e participação em grupos como Lamento Negro e Daruê Malungo, mas Gilmar ainda tem mais a oferecer à cena musical: há quatro anos, criou a banda Combo Percussivo, renomeada de Combo X em homenagem a um integrante morto. Com apoio do Funcultura, conseguiu gravar um disco com o grupo,m que já se apresentou em festivais locais e no projeto Prata da casa, realizado pelo Sesc de São Paulo.

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Em conversa com o Leiajá, Gilmar Bolla 8 fala sobre a criação do seu novo projeto musical, os desafios de viabilizá-lo, o novo disco da Nação Zumbi, o abandono do Nascedouro de Peixinhos e a atual situação da gestão pública da cultura no Estado.

Quando você sentiu a necessidade de tocar outro projeto e cria o Combo X?
Quando os shows da Nação Zumbi começaram a diminuir, porque alguns integrantes começaram a dar mais atenção a outros projetos, como o projeto com Seu Jorge com Lúcio e Pupillo, o Almaz. Aí eu tive mais tempo em Peixinhos pra fazer um trabalho de percussão com a garotada. Eu sempre fiz isso com o Lamento Negro, com o Daruê Malungo. Em 2009, formei o grupo de percussão Combo Percussivo com a garotada do bairro de Peixinhos. Era uma coisa de propagação, eles aprendiam percussão para ensinar em outros lugares. A gente passava o ano todo ensaiando e eu já tinha umas demos que eu fazia de música eletrônica com as letras que hoje estão no disco do Combo. Nesta época uma amiga, Altamiza Melo, nos inscreveu no festival Pré-Amp, nem me falou nada. Então eu tive que adequar o grupo a minha demo, com baixo, guitarra e selecionei os que estavam mais aptos a tocar na banda e também chamei André Negão, que é baixista, mas não consegui arrumar guitarrista na ocasião. A gente ficou em terceiro lugar no Pré-Amp, mas a turma gostou muito, ganhamos no voto popular. O próximo passo era gravar um disco.

E como foi a gravação do disco?
Encontrei Bactéria (ex-Mundo Livre S/A, toca atualmente com Otto), falei que queria gravar um disco e estava mesmo precisando de alguém que entenda de harmonia, e ele é tecladista, e é um cara que já conheço já mais de 20 anos na música, então fique bem à vontade pra fazer o disco com ele. Fizemos uma pré-produção que durou mais de um mês no Nascedouro de Peixinhos com ensaios abertos, quando ele viu que a gente estava pronto para entrar em estúdio ele me levou no Casona e gravamos durante uns dois meses. Quando terminamos a gravação, achei o resultado muito bom e eu quis mixar o disco em São Paulo. Então falei com Eduardo BiD, co-produtor do Afrociberdelia e do CSNZ – que é um disco em homenagem a Chico Science. Ele topou na hora. Encontrei Kassin e perguntei se ele toparia mixar uma música também. Como ele é do Rio e o pessoal lá faz muito TV, é mais pop, decidi dar a ele a música Rei Urbano, que foi feita em homenagem a Chico. É uma música que a gente já ia fazer o clipe e que é mais radiofônica. E ficou bem legal, do jeito que a gente queria. Já acabaram as mil cópias do disco, precisamos fazer mais.

É muito difícil viabilizar um projeto musical novo, autoral, mas você já tem uma história longa na música e um peso, uma importância pela sua participação na Nação Zumbi. Fazer parte da Nação é algo que abre portas para o Combo?
Minha experiência com a Nação Zumbi abre portas para estúdios, para saber o que quero na minha música e chegar a um produto final de um disco com um resultado bom. Quando eu falava quem era, as pessoas que trabalham gravando, mixando, abriram as portas para que eu fizesse um trabalho bom. Chamei Kassin, BiD, Buguinha pra mixar o disco, fui ao Casona, que para mim é o melhor estúdio de Pernambuco, com equipamentos de ponta. Mas para a questão de shows é outra história. Nestes 20 anos de Nação Zumbi eu só chegava nos lugares para tocar, então eu não conheço o empresário que compra o show, produtores, então é muito difícil vender o show de uma banda que está começando agora e está no primeiro disco, ainda que a imprensa nacional e até internacional fale bem, as pessoas querem bandas que sejam conhecidas, tenham a música na novela, um clipe bombando. Tipo a Nação quando começou. A gente foi logo para uma gravadora grande que se encarregou de colocar a música no Fantástico, que é um programa nacional, em trilha de novela, e deu um 'bum' com a banda. Com o Combo a gente teve um projeto aprovado pelo Funcultura que já deu um grande empurrão porque permitiu gravar o disco, mas a coisa de fazer shows a gente ainda está engatinhando.

E qual a expectativa para 2014?
A gente não tem uma pessoa que venda o nosso show. Eu conversei com Fabinho Trummer (da banda Eddie), que me falou que ele é quem faz isso. Eles têm 25 anos de banda e ele está à frente. Estou engatinhando ainda neste processo e a gente vai se organizando aos poucos. Agora, para o carnaval, lançamos propostas para o Governo do Estado, as prefeituras do Recife e de Olinda, vamos ver o que vai acontecer. Estamos mandando também propostas para o Sesc de São Paulo, que seguram muito a onda do artista brasileiro.

Muita gente nas redes sociais e na imprensa tem associado o som do Combo como uma ‘verdadeira sonoridade Mangue’, falando até em uma retomada da ‘estética Mangue’, associando este trabalho diretamente ao movimento. Você concorda com isso, o Mangue ainda existe?
O Mangue está muito forte agora na cidade. Quando a gente começou, a vegetação era bem escassa, tinha mais lama que verde no mangue (risos). Hoje a gente vê que o Mangue está bombando. E tudo aquilo que aconteceu naquela época com a música, as artes plásticas, o cinema, a gente chamava de Mangue. Era uma parada de cooperativa. O Manguebit foi a imprensa criou. Chico e Fred falavam de mangue pelo fato da cidade ser um estuário, que deságua no mar e que foi criada no aterro. Era uma coisa mais de protesto mesmo, e batizaram de Mangue. O maracatu já existia, o que a gente foi juntar o pop com o regional. E essa é a música que eu sei fazer, não adianta eu juntar uma garotada e dizer: ‘vamos fazer punk agora’. É melhor pegar uma pitada disso e colocar em cima de uma batida de maracatu, de uma ciranda e transformar essa música regional numa música universal, que se a gente for tocar na Inglaterra as pessoas vão se identificar. Se o povo acha que é Mangue então é Mangue. E a gente é bem mais tropical do que a Tropicália, porque eles copiavam muito o rock’n’roll, aquele rock ‘paz e amor’, os Beatles, os hippies daquela época, e a gente tenta ser bem mais regional, traz os tambores, os batuques, a macumba, o coco. E as pessoas que sempre têm um destaque com arte são as que têm uma pitada regional. Vou citar (o grafiteiro) Derlon, que tem um grafite regional. A gente cresceu vendo aquela textura que ele pegou e passou para as paredes com as latas. A gente tem mais futuro aqui fazendo uma coisa regional com umas pitadas bem modernas.

Você é um fundador de uma das bandas citadas quase unanimemente como das mais importantes das últimas décadas na música brasileira. De dentro, como participante desta movimentação, você pessoalmente também acha que a Nação Zumbi é realmente tão importante na história musical do Brasil?
Eu sinto que sim, porque um artista como Caetano Veloso já chegou pra mim e disse que o Afrociberdelia era o disco de cabeceira dele. Gilberto Gil passou uma tarde com a gente no estúdio falando muito bem da música, do jeito que Chico cantava, que ele já conhecia esses tambores, mas que nunca pensou que alguém poderia dar uma pitada que transformasse isso numa coisa nova, porque o maracatu já existia há 300 anos, e a banda não é uma banda de maracatu, é uma banda que tem influência de maracatu, coco e ciranda. Na época em que a gente começou, eu não tinha uma oficina com o mestre Luiz de França, eu só o via com o maracatu nas festas que eu ia, no pátio de Santa Cruz, quando os cortejos se reuniam para adentrar o Recife. O que eu conhecia era de ver e ouvir, nem eu nem ninguém da percussão do Nação Zumbi participou de nenhuma oficina, a gente cresceu ouvindo. A cooperativa Mangue deu um 'bum' muito grande na nossa cultura de dizer ‘isso aqui é uma sambada, um cavalo-marinho, um maracatu rural, maracatu de nação’, ajudou muito a cultura do Recife.

Você chegou a entrar em contato com produtores mais conhecidos como Gutie (do festival Rec-Beat) e Paulo André (do Abril pro Rock, que foi empresário da Nação Zumbi)? Eles estão sabendo do seu novo trabalho?
Paulo André levou o disco da gente para essas feiras que ele sempre vai na Europa, distribuiu para grandes empresários e produtores. Gutie convidou a gente logo que lançou o disco para fazer o Rec-Beat. Em uma conversa com Paulo André, ele disse que não ia chamar a gente pra tocar no Abril pro Rock porque a gente já tinha tocado no Rec-Beat... A gente fica assim, porque é um disco bom, todo mundo tá elogiando... Em Bruxelas a gente é o primeiro lugar numa rádio de lá – e acho que isso deve ser fruto da distribuição de nosso material que Paulo André fez –, mas tem que parar com essa coisa de ‘tocou em um festival não vai tocar no outro’. Acho que se o produto é bom, as pessoas têm que abrir a porta pra gente tocar aqui mesmo. Como a gente vai se tornar grande nacionalmente se a gente não consegue ser grande na nossa cidade? Os produtores locais têm que abrir mais a cabeça. Jornais de Belo Horizonte falaram bem do nosso disco, O Globo falou bem, a Folha (de São Paulo), a Rolling Stone falou bem. Eu acho que tá na hora de algum produtor pegar a gente também.

Você citou jornais do Sudeste e já morou em São Paulo com a Nação Zumbi, mas hoje mora aqui. É daqui que você está trabalhando com o Combo. Existe um plano de ir ao Sudeste com a banda? Você acha que se o Combo estivesse em São Paulo agora teria menos dificuldade para se infiltrar no mercado?
Se a gente estivesse morando em São Paulo estaria sim tocando mais. Mas eu não tenho vontade de morar em São Paulo, a gente tem que fazer essa ponte São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife, Belém, porque os artistas de Salvador moram em Salvador e conseguem ir com as bandas e blocos deles para todos estes lugares do país. A mesma coisa tem que acontecer com o Recife, a gente não tem que ser um retirante. Hoje tem internet, dá pra subir a música e mandar pro mundo todo. Aqui é que a gente tem que fazer, com os produtores daqui, com as rádios daqui, com os governos daqui, com o Sesc daqui... Quando a música da gente ficar grande aqui, o Brasil todo vai aceitar.

E como anda Peixinhos? Você tem uma longa história de agitação cultural no bairro e o Combo é uma continuação disso. A quantas anda o Nascedouro?
Quem tem banda e gosta de música continua fazendo sua música. O nascedouro, na última gestão, ficou deixando a desejar, porque não teve manutenção. Então o cupim tá comendo o palco, o alambrado caiu no meio do campo de futebol, tá largado ali. Mas a vontade de trabalhar com arte e cultura existe com as ONGs que estão lá e dão suporte à meninada. O Nascedouro é uma coisa fantástica, é um lugar que tem um palco imenso, uma sala massa na qual dá pra trabalhar com dança, teatro, música, mas está parado. A gente esbarra até na coisa geográfica de estar na divisa entre Recife e Olinda. A prefeitura de Olinda diz que não tem dinheiro para manter o lugar e a do Recife diz que não tem voto, então não vai gastar dinheiro ali. Enquanto isso, é cupim comendo o palco e ferrugem comendo o alambrado. Teve um retrocesso por causa da política.

Sobre este retrocesso nas políticas públicas de cultura. Como você vê as atuais gestões locais no que diz respeito à cultura?
Parou. Até o SIC municipal do Recife parou. Parou no final da última gestão e foi cancelado agora. Temos uma secretária que não é atual no Recife – e o que funciona é a capital, que tem verba. Temos um diretor de música que não é da cidade (Gilmar se refere a Patrick Torquato, Gerente de Música da Fundação de Cultura Cidade do Recife)... Essas coisas só acontecem no Recife! O cara não é daqui, não gosta da música pernambucana e declara isso em qualquer lugar, que a música daqui não é boa, não é vendável, mas é o diretor de música daqui. Como é que a gente vai viver? A gestão está deixando a desejar. O Recife, nestes anos, cresceu muito por causa da música daqui, com Chico Science, Fred 04, Cannibal (da Devotos), Zé Brown (do Faces do Subúrbio), todas essas pessoas mostrando sua música. Eu conheço muita gente que vem aqui pra ver o que acontece na Zona da Mata, no subúrbio, mas as secretarias de cultura investem muito nessa coisa das bandas do Sul e do Sudeste que já tocam o ano todo e o pessoal de lá está cansado de ver por lá. Aí se paga uma fortuna pra esse povo vir tocar aqui enquanto a gente não consegue passar nos editais de lá. Então não tem nem um intercâmbio, esse povo que toma conta do carnaval pensa nisso. De negociar coisas do tipo ‘a gente vai trazer Carlinhos Brown, mas vai mandar Zé Brown pra Salvador, vamos trazer Marcelo D2, mas vamos mandar o Eddie pro Rio', coisas assim. E a gente sempre pagando uma fortuna pra esse povo vir do Sudeste pra cá, para os melhores palcos, e quando chega a quarta-feira de cinzas a gente vê que nada mudou.

A Nação Zumbi está há sete anos sem lançar disco e foi aprovado em um grande edital para lançá-lo. Como está a produção do novo disco? É verdade que Marisa monte fará uma participação especial?
O disco está sendo finalizado agora, Jorge (Du Peixe) está gravando as vozes. Fomos contemplados neste edital da Natura. A Marisa Monte acho que vai gravar com a gente, ela sempre fala que é uma das melhores bandas do país e que ficou muito feliz de fazer essa turnê com alguns membros da Nação Zumbi. Eu acho que ela tem vontade de sentir a percussão, os tambores tocando, a música dela é mais baixinha, mais conceitual.

Você está envolvido em outros projetos musicais?
Estou com uma paquera com o maestro Ademir Araújo, a gente está no maior sarro (risos). A gente fez uma música homenageando o Maracatu Leão Coroado, que fez 150 anos em dezembro. Talvez a gente participe da abertura do carnaval com ele. Vou recitar a letra:

Vermelho e branco é Leão
Vermelho e branco é Xangô
Vermelho e branco é meu amor
Seu mestre se consagrou
Sua rainha se coroou
Seu baque é ancestral
Sua calunga de cera é tradição do carnaval
Luiz de França perpetuou
Pelas ruas do Recife encantou
Segunda-feira dos Eguns
A cidade fica encantada
Maracatu é religião
Nosso maracatu nação é Leão Coroado

A Nação Zumbi  foi anunciada como uma das atrações do camarote da Casa da Brahma no Carnaval de Olinda deste ano. O show particular e com open bar de cerveja, a ser realizado no Sábado de Zé Pereira (1° de março), acontece após um hiato de dois anos sem apresentações dos mangueboys em solo pernambucano. Além da Nação Zumbi, a Casa da Brahma em Olinda vai ter show da banda O Rappa no dia 3 de março.

A 'camarotização' do Carnaval de Pernambuco 

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O anúncio da Nação Zumbi na programação de um camarote particular surge em meio a boatos de que a banda faria uma apresentação durante o Carnaval do Recife, mais especificamente no palco do Marco Zero. Na página oficial do Facebook, no entanto, a banda publicou um comunicado sobre o boato e o show no camarote da Brahma. Confira a íntegra da nota divulgada pela banda.

"Seria muito bom se todos pudessem aguardar tranquilamente as informações oficiais sobre os shows da NZ. Algumas noticias verdadeiras e outras não, vazam e são divulgadas de maneira inadequada. A banda está com muita vontade de poder divulgar o local e data do primeiro show que será bem bacana, mas só pode fazer isso com todos os acertos finalizados. O mesmo acontece com camarote da Brahma e Marco Zero. Sendo que é fato que o Marco Zero apesar da enorme vontade de todos da banda de tocar, ainda não tem nada acertado. Assim que for possível os primeiros avisados serão os fãs por aqui e no twiter naçãozumbi."

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A última edição do programa “A semana em 10 minutos” do mês de novembro tratou sobre o lançamento da revista masculina de Meyrielle Abrantes, ex-esposa do senador Jarbas Vasconcelo (PMDB), do quadro clínico do cantor pernambucano Reginaldo Rossi, que teve um mal-estar na última quinta-feira (28) e chegou a ser internado na UTI. O artista já está no apartamento do hospital em estado de saúde estável. Além disso, o podcast comentou sobre o lançamento do novo CD da banda Nação Zumbi, previsto para o próximo semestre de 2014.

Na área política, o programa debateu sobre o pedido de afastamento do secretário estadual de Saúde, Antônio Carlos Figueira, pela Justiça Federal de Pernambuco. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC 20/2013) sobre o fim do voto secreto no Congresso Nacional e as eleições suplementares que acontecem em 12 municípios do País neste domingo (1),  foram outros assuntos discutidos no podcast.

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Contrariando os boatos de que a banda estaria para acabar, os mangueboys da Nação Zumbi se preparam para lançar no início de 2014 um disco de inéditas, após sete anos sem deliciar os fãs com novos trabalhos.

A notpicia foi dada na última terça-feira (26), quando foram anunciados os projetos contemplados pelo Natura Musical 2013. O oitavo álbum de estúdio chega num bom momento da Nação Zumbi, que comemora 20 anos de estreia do primeiro disco, o Da lama ao caos.

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Mais uma produtora de eventos no Recife. A Go! Elephants, novo projeto de Lucas Logiovine, Allana Marques e Thiago Megale, inicia suas atividades musicais neste sábado (24), às 22h, no Baile Perfumado. A grande atração é a banda Los Sebosos Postizos, projeto paralelo da Nação Zumbi, que também aproveita para lançar o novo disco do grupo com repertório dedicado a Jorge Ben. A noite ainda conta com Academia da Berlinda e os DJs da Cubana do Clube Bela Vista, Edinho Jacaré e Valdir Português.  

Com tons mais graves e soturnos, o grupo Nação Zumbi, formado por Jorge Du Peixe (vocal), Lucio Maia (guitarra), Dengue (baixo) e Pupillo (bateria), vai tocar clássicos de Jorge Ben como Rosa menina Rosa, Os alquimistas estão chegando os alquimistas, O telefone tocou novamente e O homem da gravata florida, entre outros.

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Já a Academia da Berlinda, formada por músicos que fazem parte das principais bandas do Estado, como Eddie, Mundo Livre S/A e Orquestra Contemporânea de Olinda, apresenta um show dançante, assim como os DJs da Cubana do Clube Bela Vista. O show será baseado no segundo álbum Olindance. A apresentação da Academia da Berlinda ainda conta com participação de Gustavo da Lua, percussionista da Nação Zumbi, que em breve lança disco solo produzido pelo guitarrista Gabriel Melo.

Os ingressos custam R$ 40 (meia-entrada) e R$ 50 + 1kg de alimento não perecível (social), à venda nas lojas Tax, Avesso, Nagem (Shoppings RioMar, Tacaruna, Recife e Plaza), Creperia de Olinda e pelo site Eventick.

Serviços

Show Los Sebosos Postizos

Sábado (24) l 22h

Baile Perfumado (Rua Carlos Gomes, 340 - Prado)

R$ 40 (meia) e R$ 50 + 1 kg de alimento não perecível

(81) 3441 1241

Os recifenses que curtem o som de Los Sebosos Postizos já podem garantir seus ingressos. O show, que vai acontecer dia 24 de agosto, no Baile Perfumado, tem entradas disponíveis apenas no site Eventick com valor promocional de R$ 30.

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O Los Sebosos Postizos é um projeto paralelo dos músicos da Nação Zumbi e já faz 2 anos que o grupo não apresenta esse trabalho na capital pernambucana. Além da banda, a noite ainda conta com a banda Academia da Berlinda e os DJs da cubana do Bela Vista.

O Abril Pro Rock deste ano volta com as edições do APR Club, espécie de esquenta do festival, nesta sexta (5), às 21h, no Downtown Pub, com show das bandas pernambucanas Jorge Cabeleira e Dunas do Barato.

Jorge Cabeleira foi uma das primeiras bandas da cena pernambucana a atingir repercussão nacional nos anos 90, ao lado de Nação Zumbi e Mundo Livre SA com sua mistura de psicodelia e lirismo. Já a banda Dunas do Barato reúne rock’n’roll, samba, mambo e música rural, com influências da ousadia estética que vigorava nos 60’s e 70’s e um sotaque tipicamente recifense contemporâneo.

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Um dos mais renomados festivais do país, o Abril Pro Rock acontece nos dias 19 e 20 de abril, no Chevrolet Hall, e traz grandes nomes e promessas da cena brasileira, como Marcelo Jeneci, Silva e Móveis Coloniais. Além disso, grupos internacionais como Television e Dead Kennedys, dos Estados Unidos, marcam presença.

Serviço

APR Club

Sexta (05), às 21h 

Downtown Pub (Rua Vigário Tenório, 105 - Recife Antigo)

R$ 20 

3424 6317

 

Em comemoração ao Dia de Iemanjá, comemorado em dois de fevereiro, a festa Odara Ôdesce - conhecida por trazer no seu repertório muita música brasileira - realiza, neste sábado (2), uma edição em homenagem à divindade da água. A festa acontece no esquema sold out, no Catamaran, no Bairro de São José, a partir das 16h e tem como mote a cor azul, remetendo a Iemanjá.

O evento, que é comandando pelas DJs Lala K e Allana Marques, traz no set list músicas tropicais que vão de Caetano Veloso a Otto, Mundo Livre S/A, Eddie e Nação Zumbi. Os ingressos custam R$ 20 (antecipado promocional) e já estão sendo vendidos nas lojas Tax e Avesso e pelo site Eventick

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Serviço

Festa Odara Ôdesce em homenagem a Iemanjá

Sábado (2), 16h

Catamaran (Bairro de São José)

R$ 20 (antecipado) e R$ 30 (na hora)

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O espetáculo concebido por Marisa Monte une música, luz e imagem para envolver e tocar o público. Esse que encheu o Teatro Guararapes e trouxe canções como Depois e Velha Infância, o que levou a cantora a declarar sua saudade de ouvir os fãs cantar.

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A cantora carioca brincou, conversou, contou histórias sobre a gravação da música ECT - conhecida na voz de Cássia Eller, mas composta por Monte - e também de Ainda Bem, carro chefe de seu último disco de estúdio, e como a canção chegou ao conhecimento da diva italiana Mina Mazzini, a quem rasgava elogios quando, em tom de brincadeira, um senhor da plateia gritou: "Ela (Mina) não amarra o seu sapato Marisa!" e recebeu como resposta risadas e uma desconversada da cantora brasileira que reafirmou sua admiração pela italiana.

A surpresa do show veio na hora do bis e foi anunciada em primeira mão aqui no nosso blog na tarde de ontem: junto aos músicos da Nação Zumbi ela cantou Maracatu Atômico em um ritmo mais leve e com um trecho de uma ciranda de Lia de Itamaracá. Também houve a participação do sanfoneiro cearense Waldonys, que acompanhou Marisa na última canção da primeira noite do show Verdade uma ilusão em Recife.

Alguns fãs, como o professor Bruno Garcia, aguardaram o show ansiosamente e tiveram a oportunidade de participar do ensaio que começou mais cedo. Bruno é fã da cantora desde o ano de 1996. A primeira vez que foi conferir uma apresentação da cantora foi em 2001 e desde então marcou presença em todos os seus shows em Recife. Ele contou que quase foi à prova final na faculdade por conta de Marisa, quando a cantora lançou um single e ele faltou à aula para poder comprar no dia do lançamento.

Outro que cometeu uma loucura por Marisa foi Wellington Benedito. Ele, que tem 33 anos, furtou a xícara de café usada pela carioca em uma coletiva de imprensa no ano de 2007. Para realizar o feito, ele faltou o trabalho e passou por maus bocados por acreditar que seria pego pela segurança do hotel onde ocorreu a entrevista.

Já Eliza e JJ Fernandes rechaçam a alcunha de fãs. Eles dizem ser admiradores da cantora apesar de já terem aprontado algumas por amor a Tribalista. Eliza de Souza, por exemplo, já viajou de Recife ao Rio de Janeiro só para poder conferir uma apresentação da cantora, ao passo que Júnior (JJ) possui uma tatuagem com uma frase tirada da música Infinito Particular, de autoria de Marisa, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown.

Junto a Eliza e JJ estava o casal Mirela Régis e Tharcis Oliveira. Ela viu pela primeira vez um espetáculo da intérprete, ele estava em seu segundo show. Ambos garantiram ingressos para todas as apresentações dela e esperam ter a oportunidade de conhecê-la, pois, segundo Mirela, a discografia de Monte é a trilha sonora do relacionamento dos dois.

Dois ícones da música brasileira e pernambucana, representantes maiores do Manguebit, estão entrando em estúdio para gravar um disco em conjunto. A Mundo Livre e a Nação Zumbi vão trocar de repertório, e cada uma irá gravar músicas da outra. O disco é parte de um projeto do selo Deck Discos, que já fez um álbum assim com as bandas Ultraje a Rigor e Raimundos.

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O líder da Mundo Livre S/A, Fred 04, avisa: "Começamos a gravar ontem e estamos definindo o repertório essa semana". Ele explica que as bandas decidem o que vão tocar e não há interação entre elas. Na verdade, o resultado deverá ser surpresa para as duas. Em primeira mão, 04 adiantou ao LeiaJá que a primeira música a ser gravada pela MLSA é A cidade, um dos maiores clássicos não só da Nação Zumbi, mas de toda a movimentação Mangue.

Eles ainda devem gravar as canções Etnia e Meu Maracatu pesa uma tonelada. "Vai ter músicas de quase todos os discos deles", avisa o vocalista da Mundo Livre, que disponibilizou na internet teasers com as primeiras sessões de estúdio do projeto.

Por Felipe Mendes

Impacto. Talvez esta seja a melhor palavra para definir o que causou o jovem Chico Science quando, acompanhado da sua banda Nação Zumbi, foi alçado ao sucesso em meados da década de 1990. O primeiro disco da banda, Da Lama ao Caos, apresentou ao Brasil uma mistura e um vigor sonoros que impactou instantaneamente a cena pop do país. Mais do que a musicalidade única, Chico Science e Nação Zumbi traziam algo que há um tempo não se via: um conceito forte, bem amarrado, repleto de referências que rapidamente influenciaram outras áreas da cultura como a moda e o cinema.

O Brasil via a concretização do Movimento Mangue, ideia que Chico teve e que foi rapidamente incorporada pela turma de amigos e bandas que transitavam e conviviam naquele Recife do início dos anos noventa. Caranguejos com cérebro enfiaram sua parabólica na lama e afinaram o som internacional do funk e da música eletrônica com expressões culturais de raiz em Pernambuco, como o coco e o maracatu.

Com suas roupas que misturavam a estética de caboclos de lança com a de B'Boys, uma expressão corporal e presença de palco únicas, além do carisma excepcional, Chico Science rapidamente se transformou na cara daquela movimentação musical vinda da então "distante" cidade do Recife e seu expoente maior. Automaticamente milhares de jovens passaram a se espelhar no artista e fazer suas próprias bandas; os pernambucanos redescobriram e passaram a valorizar sua própria cultura popular ao vê-la encantando o Brasil e o mundo; e Chico se transfomou num ícone.

O músico teve sua carreira interrompida drasticamente em um acidente automobilístico em fevereiro de 1997. O ícone continua até hoje inspirando e emanando sua força criativa que mudou os rumos da música brasileira.

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 O som mais alternativo, comum ao Rec-Beat, se instalou no palco da Praça do Marco Zero na noite desta segunda-feira. O grande público esteve no bairro do Recife para conferir duas atrações locais e um carioca.

Os olindenses da Eddie levaram o som praiano do seu último disco “Veraneio”. Boa parte do público já sabe cantar boa parte do álbum lançado no ano passado, como “Ela vai dançar” e faixa que dá título ao disco. O Olinda Style ganhou peso na participação especial de Nasi, ex-vocalista da banda IRA!.

Com o vetarano do rock nacional no palco foram executadas quatro músicas. As duas primeiras, “Eu só poderia crer” e “Desequílibrio”, são músicas da banda pernambucana regravadas por Nasi. Em seguida, o encontro rendeu uma versão para “Mosca na Sopa”, de Raul Seixas, e finalizando a participação do cantor paulista, o público cantou junto a balada “Tarde Vazia”, clássico da antiga banda de Nasi.

A grande expectativa do público era pelo show da Nação Zumbi, mas antes era necessário conferir a apresentação do músico/ator Seu Jorge. Alguns incidentes movimentaram o intervalo. O primeiro ocorreu no palco, quando o calor dos refletores ocasionou um princípio de incêndio, logo controlado pela produção da festa. Logo em seguida, devido a grande lotação do Marco Zero, parte público pulou as grades que reservavam um local em frente ao palco para pessoas com deficiência física e a imprensa. O problema também foi contornado de forma rápida por guardas municipais.

Passados os imprevistos, Seu Jorge subiu ao palco acompanhado por sua banda, composta por onze músicos, todos no clima de carnaval e fantasiados. E a primeira música do show teve tudo a ver com o ambiente criado pelo carioca. “Dia de comemorar” foi emendada com o hit “Mina do Condomínio” e “Chega no Suíngue”.

A empatia do público com o Samba/Funk/Soul deixou Seu Jorge a vontade para utilizar o espaço que o deixava mais perto da platéia, que entoou um a um todas as canções, deixando o caminho aberto para a Nação Zumbi fazer a sua, já tradicional, apresentação de carnaval no Recife.

Aconteceu, neste domingo (12), o Festival Cena Peixinhos, realizado pelo Nascedouro do bairro. Várias bandas do local, além da Nação Zumbi e convidados, participaram do evento, que está em seu segundo ano.

Alguns lugares parecem ter o poder de atrair as pessoas. E pessoas dispostas a fazer diferença. Assim é o Nascedouro de Peixinhos, certamente um dos mais representativos pontos culturais da Região Metropolitana do Recife. Um complexo arquitetônico gigantesco, que funcionou como abatedouro e depois foi abandonado, virando local fácil para marginais que cometiam crimes, usavam drogas e até abandonavam corpos.

Mas também virou alvo de organizações sociais e artistas como o Grupo Comunidade Assumindo suas Crianças e o movimento cultural Boca do Lixo, que instalou aqui uma biblioteca popular que tem mais de seis mil títulos. Também participaram da ocupação progressiva do Nascedouro pela arte várias bandas e grupos percussivos, além do Balé Afro Majê Molê, que passaram a realizar ensaios e eventos no local.

Hoje o Nascedouro é um complexo que agrega diversas atividades e interage diretamente com o bairro e sua população. E tem estrutura para receber um evento como o Cena Peixinhos, que aconteceu neste último domingo (12), tendo a banda Nação Zumbi como atração principal.

No início da tarde, a Orquestra de Frevo A Nona, acompanhada de passistas, abriu a programação, seguida pelo Bloco Lírico Cordas e Retalhos, lembrando a proximidade com o carnaval. Na programação que aconteceu no lado externo, ainda se apresentaram o Grupo Ação Peixinhos, o Maracatu Nação Porto Rico, o Balé Afro Raízes, o Afoxé Oya Alaxé e o Balé Afro Majê Molê. Além da sonoridade única e característica das raízes da musicalidade pernambucana, os grupos ofereceram também um belo espetáculo visual.

Às 17h40, abriu-se o portão para o galpão e a banda Soul Raízes começou a programação do palco interno, ao qual só tinha acesso quem havia conseguido pegar uma pulseira de identificação um pouco antes do evento. Em seguida, a Maktub subiu ao palco. O grupo está finalizando seu disco “Algemas de Algodão”, em que gravaram uma versão do poema “Nascedouro”, de Oriosvaldo de Almeida, que “batiza” o local com seus versos: “Esta terra banhada em sangue de animais, suor de homens,/ não será mais matadouro/ posto que doravante será o Nascedouro da Cultura Popular".

Oriosvaldo fez questão de estar no Cena Peixinhos. Ele e a companheira Sônia de Almeida têm uma longa história de ações pelo crescimento cultural e social de Peixinhos: “É uma emoção grande ver o Nascedouro como está. Sinto que o poema está se realizando e sou um poeta realizado por isso hoje”, afirma o poeta e professor.

A terceira a se apresentar foi a banda RDA, veterana dos palcos e a mais pesada da noite, fez um show pra cima e agradou muito. O público ficou querendo mais quando a banda terminou sua apresentação, que foi seguida pela Etnia. Outra veterana dos palcos, a banda ensaia no Nascedouro desde sua “fundação” e tocou no palco em que concebeu seu segundo disco.

Antes de subir no palco, o vocalista Fekinho avisou: “Vamos apresentar muitas coisas novas: músicas novas, caras novas e até um jeito novo da banda tocar.” E realmente quem conhece o grupo pode ter se surpreendido com a nova atuação de Canhoto, que tocava a guitarra (e, antes ainda, caixa) ter surgido ao lado de Fekinho como vocalista, além de tocaro teclado e samplers. “A gente estreou hoje esse novo formato”, diz Canhoto, “E foi em casa”. Ele ressalta a parceria com o Centro Tecnológico de Cultura Digital, que oferece diferentes cursos de capacitação no Nascedouro e dispõe do estúdio Peixe Sonoro para as bandas locais. Combo X

Os shows vieram num crescendo, assim como o público. A próxima a se apresentar foi a Combo X, que aproveitou a ocasião para lançar um single com duas músicas: São Benedito e Rua do Condor. O show contou com a participação de Bactéria (ex-Mundo Livre e atualmente com Otto), que produz o disco a ser lançado pelo grupo e pelo guitarrista Djalma, do Casona Estúdio, onde a Combo gravou.

Gilmar Bola 8, mentor da Combo e integrante fundador da Nação Zumbi, tem sua história muito ligada ao Nascedouro e é parte integrante da ocupação que transformou o lugar. “É uma pena boa parte do público só vir nos grandes eventos”, afirma. O produtor Edilton Energia corrobora: “é importante saber que Peixinhos é um projeto de ação permanente”. Agora mais encorpada, a banda incorporou guitarras, baixo, teclado e metais na sua sonoridade, originalmente toda percussiva.

À essa altura, o galpão já estava completamente cheio e foi criada espontaneamente uma roda de B’boys dançando ao som do Dj Gordoxzz, que discotecou entre as bandas. O mestre de cerimônia do evento Roger de Renor no palco, aproveitava para ressaltar a importância do complexo cultural de Peixinhos: “O Nascedouro é muito mais que uma ocupação cultural, é uma ocupação política”, disse.

Logo após a Combo X, subiu ao palco a banda de reggae Capim Santo, que energizou o público que ansiava pela apresentação da atração principal da noite, a Nação Zumbi com sua cadência e letras fortes. Houve quem viesse de longe para o Cena Peixinhos. O analista de informática Pedro Soares e o estudante de arquitetura Daniel Cavalcante saíram de Barra de Jangada, sul da Região Metropolitana e distante cerca de 30 Km do Nascedouro. Eles ainda não tinham vindo ao Nascedouro e afirmaram que o show de Nação Zumbi foi a oportunidade certa.

A expectativa acabou quando Roger subiu ao palco para anunciar a Nação Zumbi, que entrou tocando Mormaço. A música foi cantada em coro pelo público presente no galpão do Nascedouro. O público cantou praticamente todas as músicas, dançou, pulou e respondeu aos chamados do guitarrista Lúcio Maia quando ele interagia ao microfone.

Jorge du Peixe, da Nação ZumbiO Nação fez um show mesclando músicas de vários discos e saciou a vontade dos que estavam ali para assistir seu show, com direito a volta para um bis gigante – que começou com Coco Dub (Afrociberdelia) e terminou com Da Lama ao Caos, que foi emendada de improviso com Umbabarauma, versão de Jorge Ben Jor. Sendo um domingo e tendo o show do Nação começado apenas às 23h30, parte do público não ficou até o final, o que não diminuiu a animação de quem aguentou até 1h30 da manhã. “Melhor, impossível”, afirmou Jorge du Peixe, vocalista da Nação Zumbi, ao falar da reação do público presente no Nascedouro.

Todas as bandas que se apresentaram no festival realmente fazem parte da cena musical de Peixinhos e pode-se dizer que a Nação não foge à regra: “Não tem como não associar a banda ao bairro”, afirmou du Peixe, “alguns integrantes são daqui e muito do que aconteceu saiu de Peixinhos”. O convite para a apresentação partiu do próprio integrante Gilmar Bola 8. “A banda toda veio na intenção de chacoalhar Peixinhos e evidenciar a importância que tem o Nascedouro”, resume Jorge du Peixe.

Transcorrido com tranquilidade, o Cena Peixinhos teve poucos problemas durante sua realização e a sensação geral foi de um domingo cultural e divertido. Também se valorização e reconhecimento de artistas e músicos da região que há muito fazem seu trabalho em prol da arte e de melhores condições sociais.

A única decisão pouco acertada da produção foi a distribuição de pulseiras antes do evento para permitir o acesso ao galpão onde ocorreram os shows. A tentativa de controlar uma lotação exagerada acabou gerando um comércio paralelo: apesar de distribuídas gratuitamente pela produção, as pulseiras estavam sendo vendidas na frente do Nascedouro por até dez Reais a quem não pôde ir mais cedo garantir a sua. E, um pouco antes da apresentação da Nação Zumbi, o acesso foi liberado a todos, inutilizando a identificação e evidenciando a não necessidade de se distribuir pulseiras antecipadamente.

Mas não houve nenhum tumulto ou acontecimento que estragasse a festa. O Cena Peixinhos foi um sucesso e deve se firmar como festival. Myrian Brasileiro, da prefeitura do Recife e uma das idealizadoras do Cena Peixinhos, ressalta que, nesta segunda edição “A produção é toda independente, feita pelas pessoas do Nascedouro de Peixinhos”. A prefeitura do Recife patrocinou o evento, que também teve apoio da Prefeitura de Olinda e do Governo do Estado.

O evento contou com uma boa estrutura de palco e som, o que faz muita diferença, ainda que muitos do público não prestem atenção a esses detalhes técnicos. Para a produtora Myriam, “A tendência do Cena Peixinhos é crescer muito mais”.

Participações fizeram a diferença

A noite foi de interações e convidados, repetindo o formato da primeira edição do Cena Peixinhos e que deve virar marca registrada nas próximas edições. O percussionista Marcaxé, acostumado a excursionar pelo país, participou das apresentações de Maktub e Etnia: “Pra mim está sendo maravilhoso participar porque estou em casa, moro ali na rua de trás”, afirmou, entre uma participação e outra.

O forrozeiro Josildo Sá também foi convidado e participou das apresentações da Soul Raízes e RDA. Outro convidado foi Toca Ogan, percussionista da Nação Zumbi, outro “local” de Peixinhos. Ele cantou Ogan di Belê, parceria dele com Bola 8 com a Combo X.

Único “estrangeiro” entre os convidados, o rapper Emicida foi muito aguardado e festejado quando também participou da apresentação da Combo: “Sou fã da música do Recife, então pra mim foi muito bom o convite”, disse o paulista antes de entrar no palco para cantar duas de suas músicas com o acompanhamento diferenciado da banda. O público respondeu, e muitos cantaram junto. Emicida faz também uma participação no disco da Combo, que está em fase de finalização.

Confira as imagens do Cena Peixinhos:

 

Quem quer fugir do frevo no fim de semana pré-Carnaval, agora tem uma ótima opção. O projeto Cena Peixinhos II traz como principais atrações a novata e promissora Combo X com participação do rapper Emicida e a veterana Nação Zumbi. O evento acontece a partir das 14h deste domingo (12), no Nascedouro de Peixinhos, em Olinda, e tem como mestre de cerimônia Roger de Renor.

Combo X é um projeto idealizado por Gilmar Bolla 8 (percursionista e um dos fundadores da Nação Zumbi) e traz em sua essência marcantes elementos do Mangue-beat. Este ano, a banda - primeira pernambucana a gravar com duas baterias - lança seu disco primogênito intitulado “A ponte”, composto por 12 músicas. Para marcar os 15 anos da morte de Chico Science, já foram divulgados dois primeiros singles: São Benedito e Rua do Condor, músicas que retratam o cotidiano, resistência e cultura popular. No domingo, subirá ao palco junto ao coletivo o rapper paulista Emicida para cantar as canções Viva e Avua Besouro. Ambas acompanhadas pela percussão vinda dos batuques de alfaias, timbais, caixa de bateria, abe e gonguês característicos do grupo.

A banda Nação Zumbi - dos garotos com cabeça de caranguejo -  todo mundo conhece. Formada pelos músicos Jorge Du Peixe (vocal), Lucio Maia (guitarra), Alexandre Dengue (baixo), Pupilo (bateria), Toca Ogan e Gilmar Bola Oito (ambos na percussão). O repertório da banda deve levar ao Nascedouro as músicas que fizeram a história da banda desde Da Lama ao Caos (1994) ainda com Chico até Fome de Tudo, último álbum lançado pela banda, em 2007. Nesta semana a NZ, anunciou pelo seu twitter oficial que está previsto pra março, o lançamento DVD gravado pela Deckdiskem dezembro de 2009 num show histórico, durante a Feira Música Brasil, no Marco Zero.

 

Confira Trailer:

 

 

As apresentações tem início às 14h, com agremiações carnavalescas em palco de apoio na àrea externa da Refinaria Multicultural. Às 16h começam as atividades do palco interno com apresentações das bandas e grupos selecionados com a participação dos convidados. O show da Nação Zumbi está programado para às 20h. As pessoas que tiverem interesse em assistir aos shows no palco interno devem chegar cedo para adquirir pulseira que dá acesso.

SERVIÇO

Cena Peixinhos 2012

Domingo, 12 de fevereiro.

Palco Externo (a partir das 14h) - Com Afoxê Oya Alaxé, Grupo Ação Peixinhos, Maracatu Nação Porto Rico, Orquestra de Frevo a Nona, Passistas de Frevo, Bloco Carnavalesco Lírico Cordas e Retalhos

Palco Interno (a partir das 16h) - Com Banda Maktub, Banda RDA, Capim Santo, Etnia, Soul Raízes, Combo X, Balé Afro Majê Molê, Bale Afro Raízes e Nação Zumbi.

Intervalos - Com DJ GORDOXZZ

Convidados - Josildo Sá (PE), Emicida (SP), Toca Ogã (PE), Marcaxê (PE).

 

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