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Quem nunca ouviu os ditados populares, “filho de peixe, peixinho é!” e “santo de casa não faz milagre!”. Com interpretações antônimas, esses dizeres, que são externados popularmente, significam, muitas vezes, as escolhas da carreira profissional dos pais e filhos. Para comemorar o Dia dos Pais, que está sendo festejado neste domingo (10), o Portal LeiaJá traz histórias de genitores que fizeram ‘milagre’ e proles que deixaram o ‘mar para peixe’ no mercado de trabalho.
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Como é o caso do pai Paulo Varejão e o filho Thiago Varejão, que atuam na área jurídica e abraçam a carreira com prazer e realização. De acordo com o patriarca, o amor pela profissão vem de gerações. Há 36 anos, ele atua na área e lidera o escritório de advocacia da família. “São quase 40 anos de dedicação, mas amo o que faço! Acredito que essa firmeza e responsabilidade foram concebidas por Thiago indiretamente, até porque nunca o incentivei!”, falou descontraído o procurador de justiça.
Entre fotos de família e dos livros do escritório, Thiago Varejão ratificou, espontaneamente, as palavras do pai e explicou como surgiu o interesse pelo direito. “Na verdade sempre admirei o meu pai debruçado nos livros e nos processos. Tenho certeza que esse foi o principal motivo de escolher a área jurídica”, conta. Ainda, em tom de brincadeira, Varejão revelou: “Tive um devaneio de fazer arquitetura, mas graças a Deus não segui, fiz literalmente direito. Confesso que gosto do cenário da troca de argumentos exercida profissionalmente”, disse o advogado que atua há oito anos.
Quanto à interação entre os dois, Paulo Varejão afirma que o filho detém postura profissional e assume todas as responsabilidades. “Percebo que ele gosta de pegar os processos mais difíceis e isso é muito importante”, disse. Porém, o genitor diz que mesmo assumindo a ‘linha dura’ nos negócios, às vezes o coração de pai fala mais alto. Mesmo com essa declaração, o filho retrucou. “Aqui é ‘linha dura’. A responsabilidade é grande! Até porque o nome da família e a tradição do trabalho são os fatores mais importantes”, argumentou Thiago.
Em relação à troca de experiências, Thiago Varejão afirmou satisfeito. “Tenho um professor 24h por dia, inclusive já ensinei ao meu pai a utilizar o Whatsapp. Qualquer dúvida, eu posso falar com ele mais rápido”, concluiu. Já o pai define a alegria de ver o filho seguindo os seus passos. “É uma alegria o ver seguindo os mesmos caminhos. Futuramente Thiago vai liderar o novo escritório no bairro de Boa Viagem, no Recife, e assumir o cargo de Procurador da Câmara de Jaboatão dos Guararapes, função que já exerci três vezes”, finalizou com um sorriso.
Outra dupla de pai e filho é Carlos Alberto Carielo e Diego Carielo. O genitor é engenheiro e proprietário do curso técnico Leiaut, localizado no bairro da Boa Vista, onde também leciona. A empresa que começou há 35 anos, na sala de jantar da sua casa, hoje conta com três unidades na cidade do Recife. Segundo educador, ele sempre procurou incentivar o filho. "Quando precisava comprar o material das aulas, no centro da cidade, sempre o levava e o incentivava dando doces, lanches e até dinheiro", contou.
Relembrando da época que era criança, o filho Diego Carielo falou como tudo começou. “Lembro que sempre via o meu pai estudando e isso me motivou de alguma forma, mas as ‘premiações’ que ele dava propiciaram uma força a mais”, confessou. “Meu pai me pagava um real quando saia com ele para ajudar com a compra dos materiais. Lembro de um dia que ele falou: se você assistir a uma aula e fizer um resumo no final, o levo para o parque de diversões”, gargalhou o estudante de direito. Além de cuidar da área administrativa da instituição de ensino, Diego Carielo também leciona. “Fico com as aulas dos cursos da área gráfica, como Corel e AutoCAD”, disse.
De acordo com Alberto Carielo, ele fica feliz com o interesse do filho, porém tem uma preocupação. “Penso que tudo isso é uma grande responsabilidade para ele e me questiono se fiz certo em conduzi-lo nesse caminho”, desabafou. Contrapondo aos anseios do genitor, Diego disse com convicção. “Faço porque gosto e sinto prazer em planejar as aulas e discutir com o meu pai sobre os assuntos da empresa”, defendeu.
Quanto à interação entre as questões profissionais e pessoais, Diego afirmou. “Construímos uma relação madura e indiscutivelmente temos uma família mais unida”, concluiu. Em relação as atribuições de cada um, Carlos Carielo relata. “Temos tudo bem especificado, apenas trocamos ideias sobre os problemas da organização, mas a atuação de cada um, dentro da empresa, é clara”, explicou o professor.
Para o analista de orientação empresarial do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Valdir Cavalcanti, a relação de parentesco dentro das organizações, no caso de empresas familiares, é comum, porém inspira atenção e cuidados. “Os empresários devem ter cautela em três pontos fundamentais, como não misturar o pessoal com o profissional, saber planejar e delimitar as atribuições de cada um”, citou o consultor.
Ainda conforme Valdir há pontos positivos e negativos, na relação entre pais e filhos, que devem ser ponderados. “Os negativos são: o filho escolher atividades mais fáceis, acomodação e pensar que pode ‘sangrar’ o caixa da organização”, exemplificou Cavalvanti. Já os aspectos positivos observados são: “comprometimento, zelar pelo nome da empresa, atenção e a concepção que como filho não pode fazer nada errado!”, finalizou.