Tópicos | Operação Sequaz

O senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) afirmou neste sábado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou uma "desinformação grave" sobre o plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) de sequestrar o parlamentar. Na semana passada, o petista disse acreditar em uma "armação do Moro" ao comentar o caso. O ex-juiz participou no sábado da 9ª edição do Brazil Conference, de um painel sobre regulação de fake news.

Para o senador, o presidente deu um mau exemplo em matéria de desinformação ao falar de uma "armação". Moro disse ainda ver com preocupação a proposta da atual gestão de criar uma entidade autônoma para supervisionar se as plataformas estão cumprindo normas de regulação. O governo encaminhou sugestões ao projeto de lei das Fake News, de relatoria do deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP). O ex-juiz afirmou ver risco de censura nas proposições.

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O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius de Carvalho, outro painelista da mesa, rebateu o ex-juiz. "Tenho a certeza que não é nem um pouco a intenção do governo Lula censurar o que as pessoas dizem ou não dizem nas redes sociais. O governo Lula não é o governo Bolsonaro", disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A juíza Gabriela Hardt, substituta na 9.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, rejeitou nessa quarta (29), pedido do Ministério Público Federal (MPF) para arquivar a investigação sobre o plano de atentado contra o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) na esfera federal. A magistrada negou ainda a transferência do caso para a Justiça comum de São Paulo.

O Primeiro Comando da Capital (PCC) arquitetou o sequestro do senador. O crime só não foi colocado em prática porque um ex-integrante da facção delatou o plano a autoridades. A investigação começou a partir de informações do Ministério Público de São Paulo. O requerimento de arquivamento e transferência de parte das investigações do caso foi feito pelo procurador da República José Soares.

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Para o procurador, entre os crimes listados até o momento, apenas o de extorsão mediante sequestro, que não chegou a ser executado, é processado na Justiça Federal. O raciocínio foi que, se o único crime federal não foi "tentado", também não poderia ser punido, e, por isso, não faria sentido manter o inquérito em Curitiba.

A Polícia Federal foi contra a transferência do caso para São Paulo. O inquérito foi aberto em Curitiba porque é onde o senador e a família moram e porque os criminosos chegaram a alugar imóveis no Paraná para usar como bases operacionais do plano.

Prematuro

Gabriela disse que o debate iniciado pelo MPF é "prematuro", porque a investigação ainda está em curso. Na avaliação da juíza, novos crimes federais podem ser descortinados com o avanço do inquérito. Ela citou como exemplo as ações planejadas pelo PCC em Campo Grande e em Porto Velho - duas cidades que abrigam presídios federais.

"A operação policial foi deflagrada há menos de uma semana, de modo que as lacunas porventura existentes poderão ser esclarecidas pelos elementos de informações que já foram e também por aqueles que ainda serão colhidos (como a oitiva dos investigados)", diz um trecho da decisão.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A opinião pública digital reagiu mal às falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao ex-juiz e atual senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), segundo dados do Monitor Genial/Quaest de redes sociais. O levantamento mostra que a declaração do petista sobre uma suposta "armação de Moro" atingiu 93% de reação negativa no Twitter. Lula analisou como armação a operação deflagrada pela Polícia Federal na semana passada para neutralizar os planos do Primeiro Comando da Capital (PCC) para matar autoridades, incluindo o hoje senador.

As reações negativas, entretanto, começaram logo no começo da semana com a primeira declaração do presidente sobre um desejo que tinha quando preso. Segundo Lula, em todas as visitas que recebia, as autoridades lhe perguntavam se estava bem e ele dava a mesma resposta: "Só vai ficar bem quando eu f***r com o Moro". Essa fala fez com que as menções positivas do presidente nas redes sociais, que ficavam em uma média de 53% desde o começo do mandato, não chegassem a 20%, pior índice da série histórica.

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Essa mesma declaração sobre o pensamento enquanto preso gerou mais de 358 mil menções nas redes, sendo que menos de 10% foram em defesa do petista. As críticas defendiam uma suposta ameaça de Lula contra Moro e, portanto, um possível crime de responsabilidade, passível de impeachment. Esse discurso foi protagonizado pela oposição e serviu de justificativa para o deputado Bibo Nunes (PL-RS) abrir um pedido de impeachment contra o presidente.

A narrativa da defesa foi que as falas enfatizaram um pensamento do passado. Como mostrou o Estadão, ministros disseram que Lula sempre chora ao comentar os 580 dias que passou na prisão por ordem de Moro.

O levantamento também mostra que Lula conseguiu converter alguns apoios para críticas após a sua segunda declaração, sobre uma suposta "armação de Moro". O assunto alcançou o patamar de conteúdo mais comentado no dia, com 812 mil menções, sendo que 93% delas eram negativas para Lula.

O Monitor Genial/Quaest de redes sociais é um monitoramento digital realizado pela Quaest em parceria com a Genial Investimentos. Essa pesquisa levou em consideração considerou menções relacionadas à polêmica entre Lula e Moro no período de 0h do dia 21 de março até 16:30h do dia 24 de março.

Apontada pela Polícia Federal (PF) como mulher do 'cabeça' do plano de atentado contra o senador Sérgio Moro (União-PR), Aline de Lima Paixão recebeu autorização para aguardar a investigação em liberdade. Ela havia sido presa na quarta-feira, 24, na Operação Sequaz, que revelou as articulações do Primeiro Comando da Capital (PCC) para sequestrar e matar o ex-juiz da Lava Jato. Com a decisão, Aline será monitorada por tornozeleira eletrônica.

A investigação afirma que ela 'agiu diretamente na consecução do plano criminoso'. Aline teria armazenado códigos criados pelos criminosos para se referir aos comandos e aos alvos do plano Sérgio Moro era 'Tókio' e sequestro era 'Flamengo'.

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"Vou te mandar umas mensagens que são códigos para eu não esquecer e ter aí quando chegar. Então não apaga. É importante para mim, ok amor?", escreve Janeferson Aparecido Mariano Gomes, apontado pela testemunha que delatou o plano como o responsável por arquitetar toda a ação. "Tira print e guarda isso aí. Vou apagar aqui para todos, ok? Entendeu?", diz outra mensagem enviada na sequência.

Além do auxílio ao plano, ela também teria um papel importante na contabilidade da organização criminosa, segundo a PF.

A juíza Gabriela Hardt, da 9.ª Vara Federal de Curitiba, autorizou a soltura porque Aline tem filhos menores de 12 anos. Essa é uma orientação do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Considerando a excepcionalidade de prisão de mães com filhos menores (até 12 anos), entendo que a substituição da prisão preventiva por medidas cautelares diversas, no caso, é medida que se impõem", diz um trecho da decisão.

Além da tornozeleira, ela está proibida de manter contato com os outros investigados e precisará ficar em casa no período noturno. Durante o dia, não pode ultrapassar os limites da cidade de Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo.

Nove pessoas foram presas por suspeita de participação no plano de atentado a autoridades. Até o momento, Aline foi a única colocada em liberdade.

O plano foi delatado por um ex-integrante da facção criminosa, jurado de morte, em depoimento ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Ele forneceu números de celular de pessoas próximas a Janederson, que foram grampeados pela Polícia Federal. A partir daí, a investigação identificou que os criminosos levantaram informações pessoais do senador e de sua família, monitoraram endereços ligados ao ex-juiz e chegaram a alugar imóveis para colocar o plano em prática. A PF desconfia que eles cogitaram agir no segundo turno da eleição.

A retaliação ao senador teria sido motivada por mudanças nas regras para visitas a detentos - Moro proibiu as visitas íntimas em presídios federais quando era ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro. Como ministro ele também coordenou a transferência e o isolamento dos 'cabeças' da organização criminosa nos presídios de segurança máxima.

Antes de abrir a Operação Sequaz nesta quarta-feira, 22, e prender nove integrantes de uma quadrilha ligada ao PCC que planejava sequestrar o senador Sérgio Moro, a Polícia Federal vigiou os investigados em uma casa alugada pelo grupo para servir como base do crime. A residência localizada no bairro Jardim Social, em Curitiba, tem duas edificações.

Os agentes da PF não só observaram a movimentação de entrada e saída do imóvel, mas também usaram drones para tentar flagrar os investigados dentro da residência. Verificaram, em dias alternados, luzes acesas e sacolas de lixo. Também observaram que existiam roupas masculinas no varal da casa dos fundos e toalhas estendidas na casa da frente.

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As diligências em endereços usados pela quadrilha para arquitetar o plano contra Moro levaram à avaliação da juíza Gabriela Hardt - responsável pela decisão que abriu a Sequaz - de que os endereços estavam sendo utilizados pela organização criminosa.

Segundo a juíza, os atos sob suspeita 'estão efetivamente em andamento em Curitiba há pelo menos seis meses, contando com a presença física dos investigados, compra de veículos, aluguel de imóveis e monitoramento de endereços e atividades' de Moro.

Os investigadores chegaram os endereços após vasculharem as contas de e-mails da quadrilha e identificarem diversos documentos com 'prestação de contas' dos gastos com o plano de sequestro de Moro. Nas listas, é possível verificar valores dispendidos com aluguéis.

Além disso, com base na análise de chamadas, os investigadores observaram que a quadrilha buscava imóveis que não só serviriam de base para o grupo criminoso, mas também para um possível cativeiro, no caso de êxito no sequestro do senador.

A PF aponta também que os criminosos alugavam imóveis para servirem de 'paiol' - locais de armazenamento de armas e manutenção de cofres. A quadrilha ainda visitou chácaras na região de Contenda e São José dos Pinhais.

A corporação vasculhou imagens armazenadas nas contas em 'nuvem' da quadrilha e verificou fotos de áreas de lazer, casas e móveis, 'denotando indícios de que os imóveis fazem parte dos levantamentos para montagem das bases da facção em Curitiba'.

No Paraná, os investigadores constataram que o líder da quadrilha Janeferson Aparecido Mariano, o 'Nefo', e seu braço-direito Claudinei Gomes Carias, o 'Nei', alugaram inicialmente um apartamento e uma casa em Curitiba. No entanto, 'por causarem transtornos' no prédio e não pagarem os valores devidos, foram procurados tanto pelo síndico do edifício quanto pela imobiliária.

Os agentes chegaram a visitar o prédio em questão, localizado no bairro Jardim Botânico, em Curitiba. Segundo os investigadores, o posicionamento é 'privilegiado para fugas', uma vez que é próximo da Rodoviária de Curitiba e no caminho para o Aeroporto de São José dos Pinhais, 'auxiliando tanto em um deslocamento para a prática de crime, quanto para a saída em locais de fácil deslocamento'.

A PF conversou com os condôminos, sendo que uma moradora lembrou que, em setembro e outubro do ano passado, três homens se hospedaram em um apartamento do prédio e 'de uma hora para outra', abandonam o local sem comunicar nada e sem pagar o devido aluguel.

Os investigadores levantaram fotos dos veículos que foram estacionados na garagem durante a estadia dos investigados no prédio, identificando um carro blindado, com comunicação de venda para o pai de uma outra investigada, Hemilly. A PF chegou a levantar a hipótese de que o veículo poderia ser usado no crime planejado pela quadrilha.

Outro endereço visitado pela Polícia Federal foi a primeira casa alugada pela quadrilha. Segundo uma das vizinhas ouvidas pelos investigadores, durante a estadia do grupo, foram realizados alguns churrascos no local. A vizinha também relatou que 'eram muito bagunceiros e deixavam muito lixo espalhado, mas conversavam pouco'.

Em meio às anotações dos criminosos, a Polícia Federal identificou o uso da expressão 'nova locação casa' chegando ao novo endereço usado pela quadrilha no bairro Jardim Social, em Curitiba. De acordo com a PF, 'Nei' comprou duas camas que foram entregues na residência.

Analisando conversas mantidas por 'Nei', a PF identificou que o número 2 da quadrilha se referia à casa e ao apartamento que foram alugados inicialmente pelo grupo como 'primeira casa' e 'apartamento'. Já a expressão 'segunda casa' faz referência ao imóvel localizado no bairro jardim social, havendo ainda uma edificação nos fundos do mesmo terreno, a 'casa do fundo'.

Em representação à Justiça, o delegado Martin Purper destacou que a casa locada pelos criminosos fica entre o escritório de advocacia da família Moro e um antigo apartamento, que é próximo da atual moradia da família. Ainda de acordo com o chefe da Operação Sequaz, o endereço é 'totalmente compatível' com o histórico de movimentação de 'Nei'.

'Iminência'

Ao requerer as medidas da Operação Sequaz à Justiça Federal, a Polícia Federal alegou 'iminência' do plano de sequestro de Moro argumentando que o líder da quadrilha, Janeferson, e sua mulher Aline de Lima Paixão, se mudaram no início de fevereiro 'buscando cadastrar todos os dados em nome de terceiros, notoriamente para tentarem ficar invisíveis quando do cometimento dos gravíssimos delitos'.

Os investigadores também sustentaram que o número 2 do grupo, Claudinei, um dos responsáveis pelos levantamentos e vigilâncias sobre as vítimas, 'apresenta constantes deslocamentos ao Paraná, não deixando qualquer dúvida que o crime está se concretizando em Curitiba'.

Considerando ainda que as vigilâncias, deslocamentos para a capital paranense e outras ações da quadrilha ocorrem desde meados de agosto de 2022, a Polícia Federal alegou que a 'situação do plano é de estabilidade nos propósitos ilícitos'.

O vice-presidente Geraldo Alckmin publicou um vídeo em rede social, nesta quinta-feira (23), defendendo e parabenizando a ação da Polícia Federal (PF) em deflagrar uma investida para desarticular um plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) contra o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR). A publicação foi feita horas depois do presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarar que o caso seria uma "armação" do ex-juiz da Lava Jato.

"O governo Lula não se curvará diante de ameaças criminosas. O Estado brasileiro não admitirá ameaças à ordem pública e nem ameaças à sua população", disse Alckmin. O vice-presidente também parabenizou o Ministério Público de São Paulo e o Ministério da Justiça, além dos funcionários de segurança pública.

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Em visita ao Complexo Naval de Itaguaí (RJ) nesta quinta-feira (23), Lula afirmou que as suspeitas do caso são uma "armação" de Moro. As falas contradisseram declarações do ministro da Justiça, Flávio Dino, que tinha conhecimento havia 45 dias das investigações e chamou de "mau-caratismo" a tentativa de politizar "uma operação séria".

"Quero ser cauteloso. Vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro. Eu vou pesquisar e saber o porquê da sentença. Até porque fiquei sabendo que a juíza (Gabriela Hardt, da 9.ª Vara Federal de Curitiba) não estava nem em atividade quando deu o parecer para ele", disse.

Na quarta-feira, a Operação Sequaz foi deflagrada pela Polícia Federal para desmantelar um plano que mirava o ex-juiz Sérgio Moro. A ofensiva ocorreu cerca de 45 dias após o início das investigações. A PF foi acionada pelo Ministério Público de São Paulo, que identificou risco à segurança de Moro e também do promotor de Justiça Lincoln Gakiya. Mais de cem agentes foram às ruas cumprir 11 mandados de prisão em Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo e Paraná. O efetivo vasculhou 24 endereços.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta (PT), tentou minimizar os ruídos causados pela fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que os desdobramentos da operação da Polícia Federal (PF) que identificou planos da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) para sequestrar o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) seriam uma armação do próprio parlamentar.

Em conversa com jornalistas no Palácio do Planalto, Pimenta disse que a declaração de Lula a respeito da ação da PF não tinha o intuito de questionar o trabalho da instituição, mas sim "o conjunto de coincidências" envolvendo atores da Lava Jato no caso e o "método" de repercussão utilizado por Moro ao comentar a operação. As criticas também se referem ao "timing" da decisão que revelou o plano de sequestro do senador.

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Um dos exemplos citados pelo ministro sobre o método de divulgação do caso foi a publicação de Moro no Twitter na última terça-feira (21) repercutindo a fala de Lula sobre pensar em "f..." o hoje o senador, no período em que esteve preso na carceragem da PF em Curitiba.

Interlocutores do presidente também atribuem a fala desastrada à instabilidade emocional provocada toda vez que ele se lembra do tempo em que esteve preso. Ministros dizem que ele sempre chora ao comentar os 580 dias que passou na prisão por ordem de Moro. Eles reconhecem o dano causado pelas falas dele nesta quarta-feira (22), mas contemporizam dizendo que normal diante do que vivenciou com Moro.

"O que gera o questionamento foi esse conjunto de coincidências, fatos, que acabam trazendo revolta e toda uma memória sobre um método que foi utilizado contra ele (Lula) várias vezes, com os mesmos personagens. Muito mais do que como presidente, mas como ser humano, é natural o sentimento de indignação", disse Pimenta. "Mas em nenhum momento ele questiona o trabalho da Polícia Federal e do Ministério da Justiça. Muito pelo contrário, o presidente tem consciência do trabalho da Polícia Federal". explicou.

Como mostrou o Estadão, o Planalto decidiu agir para frear a repercussão negativa das falas de Lula. Na última quarta-feira, 22, Pimenta já havia convocado uma coletiva de imprensa às pressas na tentativa de explicar as xingamentos do presidente a Moro em referência ao período na prisão. Hoje, o ministro da Secom foi novamente escalado para divulgar a versão da Presidência sobre os posicionamentos recentes de Lula.

Ao mencionar os "mesmos personagens", Pimenta se referia à juíza Gabriela Hardt, que determinou nesta quinta-feira, 23, a suspensão do sigilo das investigações sobre o plano de sequestro do senador. A decisão da magistrada foi dada cerca de uma hora após a fala de Lula questionar o despacho feito por ela e chamar de "armação do Moro" o desenrolar do caso.

"Quero ser cauteloso. Vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro. Eu vou pesquisar e saber o 'porquê' da sentença. Até porque fiquei sabendo que a juíza (Gabriela Hardt, da 9.ª Vara Federal de Curitiba) não estava nem em atividade quando deu o parecer para ele", disse Lula durante visita ao Complexo Naval de Itaguaí, no Rio.

Hardt foi substituta de Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba durante a operação Lava Jato e já chegou a condenar Lula a 12 anos de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva no caso do Sitio de Atibai. As decisões da juíza acabaram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou o foro do Paraná incompetente para julgar Lula.

O deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) criticou as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) da manhã desta quinta-feira, 23, quando disse que o plano do PCC para assassinar o senador Sérgio Moro (Podemos-PR) poderia ser uma "armação" do ex-juiz federal.

"Lula disse que a investigação do atentado do PCC contra Sérgio Moro é uma "armação do Moro", atacando as instituições e agindo de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo, o que configura crime de responsabilidade", disse. "Em vez de se colocar ao lado da lei, das forças de segurança e das vítimas, Lula se colocou ao lado do PCC", afirmou o ex-procurador da República.

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Durante uma visita ao Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro, nesta manhã, Lula se pronunciou junto de apoiadores a respeito da Operação Sequaz, que desarticulou um plano da facção criminosa para assassinar o ex-juiz federal Sérgio Moro e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, além de outras autoridades. "Quero ser cauteloso. Vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro", disse o presidente.

As presenças do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e da ministra do Turismo, Daniela do Waguinho, também foram objeto de crítica do deputado. "Ambos investigados por crimes que o negacionismo petista não vê", disse Dallagnol.

Sérgio Moro também rebateu as afirmações do presidente durante uma entrevista concedida à CNN no começo da tarde. "Se acontecer algo, a responsabilidade é de Lula", disse o senador. Ele também afirmou que aguarda uma retratação do petista e reiterou a expectativa de que seu projeto de lei, apresentado nesta quarta, 22, receba apoio da chefia do Executivo. A proposta legislativa visa punir a premeditação de atentados contra autoridades públicas.

Endereços ligados ao senador Sérgio Moro (União-PR) estariam sendo monitorados há meses por membros do Primeiro Comando da Capital (PCC). Os criminosos planejavam sequestrar o ex-juiz da Operação Lava Jato em um ousado plano para tentar resgatar Marcola, uma das lideranças da facção.

A Polícia Federal (PF) encontrou filmagens da fachada do prédio onde o ex-juiz morava em Curitiba, o que indica que os criminosos montaram campana em frente ao apartamento.

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Outro endereço de interesse foi o local de votação do ex-ministro. Os investigadores encontraram um relato detalhado de reconhecimento, com descrição de acessos, câmeras, segurança e rotas. A PF acredita que os traficantes tenham cogitado agir no segundo turno da eleição.

"As ações para a concretização do ataque ao Senador Sergio Moro iniciaram-se, efetivamente, em setembro do ano passado, justamente no período eleitoral, quando o atual Senador era candidato ao cargo ocupado nos dias de hoje. Vale lembrar que Sergio Moro permaneceu com escolta por 180 dias, o que expirou em 24/10/2021, motivo pelo qual ocorreu uma janela de oportunidade interessante para os criminosos", reportou o delegado Martin Bottaro Purper à Justiça Federal.

Os membros do PCC fizeram uma longa pesquisa sobre a vida do ex-juiz. Nas anotações descobertas pela Polícia Federal, consta até os bens declarados por Moro no Imposto de Renda. Informações sobre a filha dele, como universidade e estágio, também foram levantadas.

"Importante destacar que as anotações não se referem apenas ao senador, mas à sua esposa e filhos, indicando que eles também podem ser alvo dos criminosos", alertou o delegado.

Os investigadores acreditam que facção tenha alugado mais de um imóvel em Curitiba para usar como base na execução do plano.

A retaliação teria sido motivada por mudanças nas regras para visitas a detentos - Moro proibiu as visitas íntimas em presídios federais quando era ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro. Como ministro ele também coordenou a transferência e o isolamento dos 'cabeças' da organização criminosa nos presídios de segurança máxima.

O plano, que envolveria ainda atentados contra policiais e agentes penitenciários, foi tornado público nesta quarta-feira, 22, na Operação Sequaz, que prendeu nove suspeitos.

A operação deflagrada pela Polícia Federal na quarta-feira, 22, para desmantelar um plano criminoso do PCC que mirava o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) provocou uma discussão nas redes sociais que envolveu, além do ex-juiz, os também senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Hamilton Mourão (Republicanos-RS).

Líder do governo no Congresso, Randolfe disse que Moro buscava politizar o plano do PCC e classificou a ação como "mau-caratismo" do ex-juiz. Para Randolfe, o fato de Moro ter sido informado com antecedência sobre a investigação e a Polícia Federal (PF), sob comando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ter agido de forma "republicana" ao proteger o ex-juiz são justificativas para uma não politização do episódio.

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Moro reagiu nas redes sociais e criticou a postura de Randolfe. "No dia em que foi descoberto um plano do PCC para me matar e a minha família, o Senador vem me chamar de mau caráter!?", escreveu.

Antes, o ex-vice-presidente e atual senador Hamilton Mourão já havia saído em defesa de Moro ao relembrar nas redes sociais declaração de Lula no dia anterior. O petista afirmou ao site Brasil 247 que, quando era perguntado se estava bem durante o período em que esteve preso em Curitiba, respondia: "Só vai ficar bem quando eu f... com o Moro".

Mourão, então, publicou em suas redes sociais. "Quando o Presidente da República tem por objetivo f… um magistrado que cumpriu sua função, ele mostra todo o seu desprezo pelo Estado Democrático de Direito. Na realidade, ele está f... o seu País", disse.

Operação

Na quarta-feira, 22, a Polícia Federal (PF) tornou pública a Operação Sequaz contra uma quadrilha ligada ao PCC que pretendia atacar servidores públicos e autoridades, planejando assassinatos e extorsão mediante sequestro em quatro Estados e no Distrito Federal. Ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro, Moro era um dos alvos da facção. Investigadores do caso desconfiam que toda a vigilância sobre a família do ex-juiz tinha como mais provável objetivo o sequestro do senador; sua mulher, a deputada federal Rosângela Moro (União Brasil-SP); e dos filhos, que seriam mantidos reféns em uma das chácaras, para obrigar o Estado a negociar a libertação de Marcola ou sua retirada do sistema penal federal.

Em entrevista exclusiva à Rádio Eldorado, o senador e ex-ministro Sergio Moro refez seus elogios à atuação da Polícia Federal (PF) na Operação Sequaz, mas reforçou que a corporação apenas cumpriu com seu papel legal. O juiz foi um dos alvos de um plano de ação da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) que objetivava assassiná-lo, assim como jurou matar outras autoridades.

"A PF merece elogios, mas ela cumpriu o dever legal dela, não fizeram nenhum favor. O governo atual não me fez nenhum favor. Quando eles criticam ao mesmo tempo que prestam solidariedade, sinceramente acho que falta, sim, um patamar civilizatório", disse o senador.

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A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (22), a Operação Sequaz e prendeu nove integrantes do Primeiro Comando da Capital que planejavam assassinar e sequestrar autoridades em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Paraná e Distrito Federal. Moro era um dos alvos da facção. Os criminosos se referiam ao ex-juiz pelo codinome "Tóquio".

O senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) pediu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apoie o seu projeto de lei para punir quem planeja atentados contra autoridades como uma forma de "se redimir" após sua declaração, na terça-feira (21), na qual o presidente afirmou que o seu pensamento enquanto preso era que só ficaria bem "após f***r" com o ex-juiz da Lava Jato. O parlamentar ainda defendeu que a fala o petista, caso tivesse sido feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, teria sido "muito mais criticada".

"Eu reprovo essas afirmações (de Lula) e a minha expectativa, como forma de se redimir em relação a isso, eu gostaria de ter o apoio do presidente da República para o meu projeto. Gostaria de ter apoio também dos membros do PT. É um projeto suprapartidário", disse em entrevista à rádio Eldorado do Estadão.

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O projeto de lei de Moro, apresentado nesta quarta-feira (22), prevê "a criação de crimes específicos para punir atos de planejamento de atentados contra autoridades públicas". A proposta legislativa é uma resposta ao planejamento do assassinato do ex-juiz e de outras autoridades, alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) também desta quarta-feira. Até o momento, nove pessoas foram presas.

Moro ainda afirmou que, caso as declarações de Lula tivessem sido feitas por Bolsonaro, as reações seriam outras. "Ele fez declarações que ferem a liturgia do cargo. Se tivesse sido o presidente anterior, ele tinha sido execrado com muito mais intensidade do que foi o presidente Lula. Quando ele faz esse tipo de afirmações, que gostaria de me f***r e que quer se vingar de mim, ele acaba me colocando em uma posição de vulnerabilidade e da mesma maneira a minha família", disse.

Na terça-feira (21), Lula revelou pela primeira vez que, quando estava preso em Curitiba, tinha uma ideia fixa e a declarava quando recebia visitas formais de procuradores e delegados na cadeia. Segundo o petista, em todas as visitas que recebia, as autoridades lhe perguntavam se estava bem. Lula diz que dava sempre a mesma resposta: "Só vai ficar bem quando eu f***r com o Moro".

Nesta quarta-feira, a PF tornou pública a Operação Sequaz contra uma quadrilha ligada ao PCC que pretendia atacar servidores públicos e autoridades, planejando assassinatos e extorsão mediante sequestro em quatro Estados e no Distrito Federal. O ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro era um dos alvos da facção.

Investigadores do caso desconfiam que toda a vigilância sobre a família do ex-juiz tinha como mais provável objetivo o sequestro do senador; sua mulher, a deputada federal Rosângela Moro (União Brasil-SP); e dos filhos, que seriam mantidos reféns em uma das chácaras, para obrigar o Estado a negociar a libertação de Marcola ou sua retirada do sistema penal federal.

A Operação Sequaz, deflagrada pela Polícia Federal, se transformou em embate entre oposição e integrantes do governo Lula. O plano do PCC que tinha como alvo o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya resultou em uma disputa de narrativas.

Na véspera da operação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, durante entrevista, que, enquanto esteve preso em Curitiba, pensava: "Só vou ficar bem quando foder com o Moro". A proximidade entre a declaração do petista e a operação da PF mobilizou o Planalto.

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O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, convocou às pressas uma coletiva de imprensa e afirmou que as tentativas de associar o presidente às ações de grupos criminosos eram "perversas" e "fora de propósito". Mais cedo, Flávio Dino, ministro da Justiça e da Segurança Pública, também veio a público refutar a vinculação do presidente com o caso. "É vil, leviano e descabido", disse. "É mau-caratismo tentar politizar uma investigação séria." O ministro admitiu que, desde janeiro, autoridades tinham conhecimento do plano contra Moro e vinham acompanhando os movimentos do grupo criminoso.

Moro usou a tribuna do Senado e apresentou um projeto de lei para criminalizar o planejamento de ataques e sequestros contra autoridades (mais informações nesta página). Ele recebeu a solidariedade de oposicionistas e governistas. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que qualquer tentativa de atentado contra os parlamentares é uma "agressão" ao Congresso. "É um atentado à instituição do Senado Federal", afirmou.

Parte da oposição utilizou a fala de Moro para atacar Lula e o governo. O líder do bloco, senador Rogério Marinho (PL-RN), disse que o presidente revelou ter como motivação no cargo "se vingar de pessoas". Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) acusou o governo de disseminar ódio e ser leniente com o crime organizado. "Política não se resolve com tiro e facada. O que a gente sente na prática é que nos acusam de termos um perfil, mas na verdade somos vítimas do ódio", disse.

'Impeachment'

Apesar dos esforços do governo, a associação entre Lula e o plano do PCC tomou as redes sociais. A hashtag "impeachment" atingiu a marca de 34,4 mil publicações no Twitter até a tarde desta quarta, 22. Alguns parlamentares, como os deputados Luiz Philippe Bragança (PL-SP) e Carlos Jordy (PL-RJ), usaram a plataforma para pedir o impedimento do presidente.

Dos EUA, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comparou o plano do PCC à execução de Celso Daniel, em 2002, e ao atentado de que foi vítima em 2018. "Tudo não pode ser só coincidência. O poder absoluto a qualquer preço sempre foi o objetivo da esquerda", escreveu. Na campanha de 2022, Bolsonaro compartilhou publicações que vinculavam o PT ao PCC. O Estadão Verifica demonstrou que a publicação era falsa.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ousado plano de atentados contra autoridades, organizado por membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) e tornado público nesta quarta-feira, 22, na Operação Sequaz, foi descoberto pelo Ministério Público de São Paulo em janeiro.

O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que há quase vinte anos investiga o PCC, tomou conhecimento do plano ao interrogar uma testemunha. O depoimento foi tomado em uma investigação sobre ações planejadas pela organização como retaliação a autoridades.

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O próprio Gakiya seria um dos alvos da facção. Outro nome na mira dos criminosos era o do ex-juiz e hoje senador Sérgio Moro (União-PR), tratado pelo codinome 'Tóquio'.

A escalada de violências do PCC estaria na iminência de ser desencadeada. Soldados da facção monitoravam os passos dos alvos e já haviam alugado imóveis que, provavelmente, seriam usados durante a execução do plano.

Uma casa em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, foi vasculhada nesta quarta pela Polícia Federal. Os agentes encontraram um 'fundo falso' em uma parede.

A suspeita foi levada por Gakyia ao procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Luiz Sarrubbo, que acionou a cúpula da Polícia Federal e comunicou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O ex-juiz da Operação Lava Jato e sua mulher, a deputada federal Rosângela Moro (União-PR), também foram avisados e colocados sob proteção de forte escolta policial.

O plano da facção teria sido motivado por mudanças nas regras para visitas a detentos - Moro proibiu as visitas íntimas em presídios federais quando era ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro. Como ministro ele também coordenou a transferência e o isolamento dos 'cabeças' da organização criminosa nos presídios de segurança máxima. Agentes penitenciários também seriam alvo da facção.

Os ataques envolveriam sequestros e até assassinatos. O PCC pretendia colocar em prática uma ação coordenada e simultânea em diferentes Estados, segundo a investigação.

O plano teria sido arquitetado pela célula autodenominada 'sintonia restrita', que funciona como um centro de inteligência da organização.

A operação deflagrada nesta quarta pela PF prendeu nove pessoas. Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram autorizados pela juíza Gabriela Hardt, que foi substituta de Moro na 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba na Operação Lava Jato.

Alvo de um audacioso plano de atentado articulado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), o senador Sérgio Moro (União-PR), ex-juiz da Operação Lava Jato e ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro, defendeu nesta quarta-feira, 22, uma enérgica reação dos poderes contra o crime organizado.

Em pronunciamento na tribuna do Senado, ele pregou que a classe política e os órgãos de investigação não podem se 'render' ou 'retroceder' a ameaças e devem adotar 'políticas rigorosas' de combate às facções criminosas.

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"Se eles vêm pra cima da gente com uma faca, a gente tem que usar um revólver. Se eles usam um revólver, nós temos que ter uma metralhadora. Se eles têm uma metralhadora, nós temos que ter um tanque ou um carro de combate. Não no sentido literal, mas nós precisamos reagir às ações do crime organizado", afirmou.

Moro se disse 'alarmado' com a escalada do crime organizado no País e aproveitou para tentar articular a retomada de bandeiras previstas na versão original do seu 'pacote anticrime' - conjunto de medidas apresentadas quando ele ocupava a cadeira de ministro da Justiça.

"Os fatos de hoje revelam uma ousadia", acrescentou. "Ou nós os enfrentamos ou quem vai pagar vão ser, não só as autoridades, mas a sociedade."

O plano de atentado veio a público na manhã desta quarta com a operação deflagrada pela Polícia Federal para prender suspeitos de envolvimento no caso. Nove investigados foram capturados e à tarde passaram por audiência de custódia presidida pela juíza federal de Curitiba Gabriela Hardt.

Além de Moro, o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que há quase vinte anos investiga o PCC, seria outro alvo da facção.

Promotor responsável por investigações e ações concretas para reduzir a ação da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), Lincoln Gakiya afirmou que anda com escolta 24 horas por dia e que "quase toda semana se descobre um plano para me matar". As declarações foram concedidas para a GloboNews na tarde desta quarta-feira, 22.

Um dos maiores especialistas em combate ao crime organizado do País, Lincoln afirmou que o PCC é uma organização criminosa presente em todos os Estados e em países da América do Sul e Europa. Para ele, por isso mesmo, o combate deve ser integrado. Ainda assim, o promotor disse que muita coisa foi feita para combater o chamado 'Partido do Crime'.

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Foi Lincoln quem realizou a transferência de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, para o sistema penitenciário federal. A medida tinha o objetivo de desarticular o comando do PCC. Marcola estava, desde então, no sistema federal de Porto Velho (RO) e neste ano, já no governo de Lula, seguiu para o complexo da Papuda, no Distrito Federal (DF).

A Polícia Federal desbaratou na manhã desta quarta-feira, 22, plano que teria como objetivo matar, além de Lincoln, o senador Sérgio Moro (União Brasil). Até o momento, nove investigados já foram detidos e parte deles são do PCC. Os planos de homicídio e extorsão mediante sequestro tinham vários alvos, como autoridades do sistema penitenciário e integrantes das policiais de diversos Estados.

O senador Sérgio Moro (Podemos-PR) afirmou nesta quarta-feira, 22, que apresentará ao Senado às 16h um projeto de lei "prevendo a criação de crimes específicos para punir atos de planejamento de atentados contra autoridades públicas". A proposta legislativa é uma resposta ao planejamento do seu assassinato e de outras autoridades, que foi alvo de uma operação da Polícia Federal nesta manhã. Até o momento, nove pessoas foram presas.

O anúncio foi feito durante uma entrevista concedida à Globo News. A justificativa do senador é de que, embora as autoridades soubessem desde janeiro sobre o possível atentado, "têm que esperar o crime começar para poder agir". Apesar de já existir o crime de associação criminosa, na perspectiva do parlamentar seria necessário proteger forças-tarefas e "aumentar a segurança de magistrados, promotores e policiais envolvidos".

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A fala do ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro é uma referência ao fato de a legislação penal não punir a intenção de praticar um crime. É necessário que o delito tenha algum tipo de ação concreta - como a constituição de uma organização criminosa - para receber uma condenação. A regra, contudo, não impede investigações.

O atual Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou nesta quarta que, desde janeiro, a empreitada contra Moro e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya era conhecida pelas autoridades, como forma de afastar a vinculação do planejamento criminoso com a fala do presidente Lula (PT) a respeito do senador. Durante uma entrevista nesta terça, 21, o petista relembrou os tempos de prisão e disse que, na época, pensava "só vou ficar bem quando foder com Moro".

O senador disse que já dialogou com Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente da casa, que teria se mostrado solidário à proposta legislativa que será apresentada em algumas horas. Sua esposa, a deputada federal Rosângela Moro (União Brasil-SP), esteve na entrevista e também demonstrou proximidade com a chefia da Câmara. Ela afirma que, no final de janeiro, falou com Arthur Lira (PL-AL) sobre estas ameaças e que ele teria deixado a polícia legislativa à disposição.

Embora tenha afirmado durante a entrevista que tem "olhado para a frente", Moro elogiou a transferência de lideranças do PCC para presídios federais, medida do governo de Bolsonaro e possível justificativa do atentado que estava sendo planejado contra o senador e outras autoridades. "Isso deveria ter sido feito em 2006", declarou o parlamentar.

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