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Um novo estudo levou um grupo de especialistas a sugerir que pode haver três grupos diferentes de Tyrannosaurus rex, um dos dinossauros mais famosos. Até então, o animal era reconhecido como a única espécie de seu gênero.

A análise, publicada pela revista Evolutionary Biology e assinada por cientistas americanos, revelou diferenças físicas no fêmur, outros ossos e estruturas dentárias que poderiam sugerir que os espécimes de Tyrannosaurus rex deveriam ser novamente categorizados em três espécies diferentes. As duas novas foram chamadas de Tyrannosaurus imperator e Tyrannosaurus Regina.

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A equipe liderada pelo paleontólogo Gregory Paul analisou os ossos e restos dentários de 37 espécimes de tiranossauros e comparou a robustez do fêmur em 24 deles. Eles também mediram o diâmetro da base dos dentes ou o espaço nas gengivas para avaliar se os animais tinham um ou dois dentes incisivos finos.

Os autores notaram que o fêmur variou entre os espécimes, alguns com ossos mais robustos e outros mais leves. Além disso, havia o dobro dos primeiros, sugerindo que não é uma diferença causada pelo sexo, o que provavelmente levaria a uma divisão mais uniforme.

Da mesma forma, eles consideram que a variação não está relacionada ao crescimento, visto que foram encontrados fêmures robustos em alguns espécimes juvenis com dois terços do tamanho de um adulto, assim como ossos menores em alguns animais mais velhos.

A estrutura dental também variou entre os espécimes, embora apenas doze deles tivessem restos tanto do fêmur quanto dos dentes. Especialistas viram que aqueles com um dente incisivo eram frequentemente correlacionados com um fêmur mais leve.

Do total de tiranossauros, 28 puderam ser identificados em camadas distintas de sedimentos (estratigrafia) nas formações superiores de Masstrichtianos, região na América do Norte entre 66 a 67,5 milhões de anos atrás. Os autores compararam os espécimes de Tyrannosaurus com outras espécies terópodes (subordem de dinossauros) encontradas em camadas inferiores de terra.

A variação na robustez do fêmur na camada inferior não foi diferente da de outras espécies de terópodes, indicando que provavelmente havia apenas uma espécie de Tyrannosaurus naquele ponto.

Somente um fêmur afilado de tiranossauro foi identificado na camada média com outros cinco na camada superior, ao lado de alguns robustos. A variação da robustez dos ossos na camada superior dos sedimentos foi maior do que a observada em alguns espécimes terópodes anteriores.

Isso sugere que os espécimes do Tyrannosaurus encontrados em camadas mais altas de sedimentos fisicamente se desenvolveram em formas mais distintas em comparação com espécimes de camadas inferiores, e outros dinossauros.

A equipe acredita que as mudanças no fêmur podem ter evoluído ao longo do tempo de um ancestral comum com fêmures mais robustos para se tornar mais gracioso em espécies posteriores.

As diferenças entre as camadas de sedimentos podem ser consideradas "distintas o suficiente para que os espécimes possam ser considerados espécies separadas", disse Paul.

Das duas possíveis novas espécies de tiranossauros, imperator refere-se a espécimes encontrados nas camadas inferior e média do sedimento, caracterizados por fêmures mais robustos e geralmente dois dentes incisivos.

Regina está ligada a restos das camadas superiores e possivelmente intermediárias do sedimento, caracterizadas por fêmures mais finos e um dente incisivo. A espécie reconhecida Tyrannosaurus rex foi identificada na camada superior e possivelmente na camada intermediária do sedimento, com restos que preservam fêmures mais robustos e que possuem apenas um incisivo.

Alguns espécimes analisados não puderam ser identificados a partir de seus restos, por isso não foram atribuídos a uma espécie. Os autores reconhecem que não podem descartar que a variação observada seja por causa de diferenças individuais extremas, ou dimorfismo sexual atípico, em vez de grupos separados, e também alertam que a localização nas camadas sedimentares de alguns espécimes não é conhecida.

Durante as obras da Rodovia Leonor Mendes de Barros, que aconteciam entre as cidades de Marília e Júlio Mesquita, há mais de 350 quilômetros da capital de São Paulo, foi encontrado um pedaço de osso, supostamente de um dinossauro, de aproximadamente um metro e meio, a 20 metros da superfície. A descoberta paralisou as obras que estavam ocorrendo no local.

De acordo com especialistas, é possível que o fóssil seja um pedaço de fêmur de dinossauro que viveu na região, no último estágio em que os animais habitavam o planeta Terra, no período Cretáceo, há mais de 65 milhões de anos. Paleontólogos foram até o local e fizeram a extração do fóssil, que agora será retirado e levado até o Museu de Paleontologia de Marília.

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Vale lembrar que o município de Marília é conhecido por registrar outros episódios envolvendo a descoberta de fósseis de dinossauros. Em 2009, o paleontólogo Willian Nava foi o responsável por encontrar um fóssil de titanossauro, que viveu no Centro-Oeste de São Paulo há mais de 70 milhões de anos. O fóssil apelidado de “Dino Titan” também está exposto no Museu de Paleontologia.

O museu foi inaugurado em 25 de novembro de 2004 pela Prefeitura da cidade, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, tendo como coordenador o próprio Willian Nava. Dentre os destaques do acervo histórico, estão ossos e ovos fossilizados de dinossauros e crocodilos, além de fragmentos de troncos de árvores petrificados e fotos de escavações

Com o uso de novas técnicas de identificação, pesquisadores descobriram que os fósseis de um dinossauro achados há 24 anos em Cândido Rodrigues, no interior de São Paulo, são de uma espécie de titanossauro até agora inédita na paleontologia brasileira. Antes se acreditava que os ossos eram de um dinossauro semelhante aos que viveram na Argentina. A nova descoberta já permitiu que o gigante jurássico, que media cerca de 20 metros de comprimento, fosse rebatizado.

O estudo, publicado no último dia 29 na revista inglesa Historical Biology, foi desenvolvido pelos pesquisadores Julian Silva Junior e Max Langer, da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto, Fabiano Vidori, colaborador do Museu de Monte Alto, Thiago Marinho, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, e pelos pesquisadores argentinos Augustin Martinelli e Martin Hechenleitner. Utilizando novos dados e técnicas que surgiram recentemente, eles concluíram que o dinossauro brasileiro não era "parente" de outros dinos argentinos, como se acreditou inicialmente.

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Na época, o animal foi reconhecido como uma espécie nova entre os Aeolosaurus, mas de um gênero já conhecido na Argentina. "Analisando as estruturas das vértebras caudais do dinossauro de Cândido Rodrigues, observamos que são distintas dos demais dinossauros de seu grupo e tais feições serviram para estabelecer um diagnóstico para propor um novo gênero", explicou Silva Junior, autor principal do estudo publicado agora. O dinossauro ganhou um novo nome de "batismo": Arrudatitan maximus, em homenagem ao professor Antônio Celso de Arruda Campos, coordenador das escavações que aconteceram entre 1997 e 98, falecido em 2015.

Segundo Julian, o Arrudatitan tinha entre 19 e 22 metros de comprimento, sendo considerado o terceiro maior dinossauro do País. O gigante pertencia ao grupo dos saurópodes, dinos herbívoros caracterizados por pescoços e caudas longos. Além do grande tamanho, esse dinossauro se destaca por ter um esqueleto leve, porém resistente para suportar o peso do animal. O paleontólogo Fabiano Iori conta que o Arrudatitan viveu há cerca de 85 milhões de anos, no período cretáceo, convivendo com dinossauros predadores, crocodilos, tartarugas e moluscos da mesma época.

Conforme a diretora do Museu de Paleontologia de Monte Alto, Sandra Tavares, o estudo amplia o conhecimento sobre os fósseis de titanossauros que vivem na região. Os fósseis do Arrudatitan maximus, além de sua importância científica, estão entre as peças mais apreciadas da coleção do museu pela dimensão dos ossos. "Em breve, os fósseis poderão ser vistos pelo público em geral na reabertura do museu, logo após a estabilidade da pandemia do coronavírus", disse.

Caçadores

Os fósseis da espécie agora identificada como inédita no Brasil foram achados pelo comerciante de frutas Ademir Frare e seu sobrinho Luiz Augusto dos Santos Frare, na época com 12 anos, moradores de Cândido Rodrigues que, nas horas vagas, se transformavam em caçadores de dinossauros. A dupla tinha o hábito de percorrer os sítios da região em busca de fósseis e, numa dessas caçadas, acharam ossos muito grandes e entraram em contato com o museu de Monte Alto.

Iori relata que as escavações revelaram uma raridade paleontológica. "Começamos a escavar e não parava de aparecer fósseis. Encontramos vértebras, costelas, partes da bacia e ossos de membros, muitos deles ainda estavam articulados, principalmente os ossos da região dos fêmures e início da cauda", contou. O animal havia sido batizado inicialmente de Aerosaurus maximus, já que se acreditava que o grande herbívoro fosse parente dos dinossauros dessa espécie que viveram na Patagônia argentina.

Durante três décadas, uma controvérsia agitou o mundo da paleontologia: houve uma espécie anã de tiranossauros? Um paleontólogo chamado Robert Bakker tinha afirmado isso em 1988, ao reclassificar um espécime descoberto em 1942.

Exibido no Museu de História Natural de Cleveland, esse espécime se tornou o primeiro membro de uma espécie batizada Nanotyrannus (tiranossauro anão).

Em 2001, outra equipe descobriu o fóssil quase completo de outro pequeno tiranossauro perto de Ekalaka, Montana, na famosa formação Hell Creek.

O animal, chamado Jane, um pouco maior que um cavalo de tração, foi rapidamente descrito como um Tyrannosaurus rex juvenil.

Mas uma minoria de especialistas continuou afirmando que pertencia a esta espécie "pigmeia", Nanotyrannus, baseando-se na morfologia do crânio e os ossos, diferente da do adulto T-Rex.

Em um estudo publicado nesta quarta-feira pela revista Science Advances, os paleontólogos realizaram uma análise microscópica do interior dos ossos da tíbia e o fêmur de Jane e de outro fóssil menos completo, chamado Petey.

A partir desta técnica, a paleohistologia, se confirmou que os dois eram indivíduos imaturos, não adultos.

Por extensão, os autores consideram pouco provável a existência dos Nanotyrannus.

"Esses fósseis são realmente muito úteis porque os ossos se fossilizam até o nível microscópico", disse à AFP Holly Woodward, da Universidade Estatal de Oklahoma, que realizou o estudo.

"Podemos inferir a taxa de crescimento, a idade e o nível de maturidade", detalhou.

Os pesquisadores também puderam contar os anéis dos fêmures e as espinhas, como se faz no tronco de uma árvore para determinar sua idade: 13 anos para Jane e 15 anos para Petey.

Jane morreu logo antes da fase de crescimento exponencial, o que teria levado-a a uma massa adulta de cerca de 9,5 toneladas. Acredita-ve que pesava "apenas" uma tonelada.

"Todo mundo adora os T-Rex, mas não sabemos muito sobre como eles crescem", disse Holly Woodward.

Uma espécie de dinossauro herbívoro que viveu há 140 milhões de anos, dotado de espinhos defensivos no pescoço e nas costas, foi descoberta na Patagônia argentina, região conhecida como o "parque jurássico" do Hemisfério Sul.

A descoberta foi publicada nesta segunda-feira (4) na seção Relatos Científicos da revista Nature.

Chamado Bajadasaurus pronuspinax, o dinossauro pertence à família dos dicraeosauridae. Uma reprodução de seu pescoço espinhoso foi exibida no Centro Cultural da Ciência de Buenos Aires.

"Acreditamos que os longos e pontiagudos espinhos, extremamente longos e finos, no pescoço e nas costas do Bajadasaurus e do Amargasaurus cazaui (outro dicraeosauridae) deviam servir para dissuadir possíveis predadores", indicou Pablo Gallina, pesquisador adjunto do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet) e da Fundação Félix de Azara da Universidade Maimónides.

Os saurópodes eram quadrúpedes que viveram entre o Triássico Superior e o final do Cretáceo Superior, caracterizados por seu grande tamanho e pelo comprimento de seu pescoço e rabo.

"Achamos que se (os espinhos) fossem apenas estruturas de osso nuas ou forradas unicamente de pele poderiam ter sofrido rompimentos ou fraturas facilmente com um golpe, ou ao serem atacados por outros animais", acrescentou Gallina.

Portanto, o paleontólogo sugeriu que "esses espinhos tiveram que ser protegidos por uma camada córnea de queratina, semelhante ao que acontece nos chifres de muitos mamíferos".

O Amargasaurus cazaui habitou o continente sul-americano cerca de 15 milhões de anos após o Bajadasaurus. Ambas as espécies foram descobertas na província de Neuquén, 1.800 quilômetros a sudoeste de Buenos Aires.

Na região foi encontrado em 1993 o Giganotosaurus carolinii, considerado o maior dinossauro carnívoro de todos os tempos. A região da Patagônia é palco de frequentes descobertas paleontológicas.

- Atração sexual -

"Algumas hipóteses indicam que os espinhos (de dicraeosauridae) serviam de suporte para uma espécie de vela que regulava a temperatura corporal dos dinossauros ou que formavam uma crista de exibição que lhes dava mais atrativo sexual", indicou o Conicet em comunicado.

O organismo disse que "especularam, por exemplo, que essas espécies podem ter tido uma corcunda carnuda entre os espinhos que servia para armazenar reservas".

"Outra presunção é que os espinhos estavam cobertos com revestimentos de chifre que cumpriam uma função defensiva contra possíveis ataques", acrescentou a agência.

O crânio do Bajadasaurus é o mais bem preservado que se conhece de um dicraeosauridae. "Seu estudo sugeriu que esses animais passavam grande parte do seu tempo alimentando-se de plantas do solo, enquanto suas órbitas oculares, perto do topo do crânio, permitiam que controlassem o que acontecia no seu entorno", disse o Conicet.

O nome da espécie se deve ao fato de ter sido encontrada na cidade de Bajada Colorada, com a participação do Museu Paleontológico Ernesto Bachmann de Villa El Chocón.

Paleontólogos anunciaram nesta quinta-feira (25) a descoberta de um fóssil da parte da mandíbula de um Homo sapiens encontrado em uma caverna na região oeste de Monte Carmel, em Israel. O vestígio é estimado de 177 mil a 194 mil anos atrás e é considerado o fóssil humano mais antigo descoberto fora da África.

Até então, os cientista estipulavam que os primeiros humanos deixaram a África entre 90 e 120 mil anos atrás, mas como os dentes do fóssil recém descoberto datam de pelo menos 170 mil anos, os cientistas estipulam que a espécie humana se espalhou pelo mundo muito antes do se imaginava.

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O fóssil foi apelidado de “Misliya 1” e consiste na parte esquerda superior de um jovem adulto, mas ainda não se sabe o sexo. No local também foram descobertos vestígios de ossos queimados de animais, restos do que seriam fogueiras e algumas ferramentas feitas de pedras que são consideradas avançadas para época.

Os fósseis mais antigos de Homo sapiens foram descobertos na África e datam de 300 mil anos, o que reforça a teoria de que a espécie humana começou a evoluir nesse continente. Até então, os fósseis humanos mais antigos encontrados fora da África tinham entre 90 mil e 120 mil anos e também tinham sido descobertos em cavernas em Israel.

A revista Scientific Reports divulgou nessa quinta-feira (27) uma nova espécie de dinossauro descoberta na China. O animal, que foi chamado de Corythoraptor jacobsi (que significa “ladrão de capacete”), viveu na região onde hoje se encontra a província de Jiangxi, na China, durante o período Cretáceo Superior da Era Mesozoica, entre 100 e 66 milhões de anos. O estudo foi publicado por Junchang Lü, do Instituto de Geologia de Pequim.

O fóssil foi descoberto em uma fazenda próxima a uma estação de trem no município de Ganzhou e surpreendeu os cientistas pelo ótimo estado de conservação. Com o estudo inicial no fóssil, os paleontólogos acreditam que o animal ainda não tinha atingido a fase adulta e morreu com 8 anos de idade, medindo cerca 1,6 metros.   

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O Corythoraptor se assemelhava muito com o casuar, uma ave australiana. Isso reforça ainda mais a teoria de que as aves descendem dos dinossauros. Os cientistas acreditam que o comportamento do Corythoraptor não devia ser tão diferente dos casuares australianos e que a sua crista na cabeça devia servir para comunicação, exibição e acasalamento, assim como acontece também com os casuares.

O novo dinossauro foi classificado como um oviraptorídeo, um grupo de dinossauros onívoros, bípedes e com bicos semelhantes ao dos papagaios modernos.

A nova descoberta aponta que o Corythoraptor e outros oviraptorídeos eram mais comum na região do Sul da China do que em qualquer outro lugar do mundo.   

Um novo estudo divulgado nessa terça-feira (4) na revista “PeerJ” apresentou uma nova espécie de réptil pré-histórico. O Razanandrongobe sakalavae, que até então era conhecido apenas como “Razana”, fazia parte do grupo dos “notosuchia”, que consiste em grandes répteis semelhantes aos crocodilos.

Os primeiros fósseis do Razana foram descobertos em 2006, mas a classificação do animal só foi possível graças a descobertas recentes feitas em Madagascar, no sudeste da África. 

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Segundo paleontólogos, o Razana foi um predador topo de cadeia alimentar que viveu durante o período Jurássico há 170 milhões de anos na região, onde hoje se encontra a ilha de Madagascar. Os cientistas acreditam que o Razana podia chegar a 10 metros de comprimento e seria o maior representante dos notosuchia já encontrado. 

Estudo, publicado na terça-feira (27) pela revista cientifica americana Nature Communications, revelou a classificação da macrauquênia (Macrauchenia patachonica) que significa “lhama de pescoço comprido”. O animal pré-histórico foi descoberto por Charles Darwin, na Argentina, em 1834.

Segundo Michael Hofreiter, autor sênior do estudo, o animal era geneticamente próximo dos cavalos, rinocerontes e antas da atualidade, portanto a macrauquênia agora é considerado um perissodáctilo (mamíferos com cascos em números ímpares).

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A conclusão sobre a árvore genética da macrauquênia só foi possível graças aos pesquisadores da Universidade de Potsdam e do Museu Americano de História Natural, nos Estados Unidos que realizaram uma análise do DNA mitocondrial extraído de um fóssil achado no Sul do Chile, em combinação com uma nova metodologia mais confiável para completar os segmentos genéticos danificados pelo passar do tempo. O DNA mitocondrial é menor e tem mais cópias na célula do que o DNA do genoma nuclear. A equipe reuniu quase 80% do genoma total, possibilitando situar a macrauquênia em uma linha do tempo evolutiva.

Na época, Darwin considerou a macrauquênia como o “animal mais estranho já descoberto”. Desde então os cientistas discutiam sobre a linhagem da criatura.

A macruquênia era uma animal herbívoro que pesava entre 400 e 500 quilos e viveu na região em que hoje se encontra a América do Sul durante o Pleistoceno superior, entre 20.000 e 11.000 anos antes de Cristo.     

O parque jurássico apresentado no filme de Steven Spielberg parece estar na Bolívia. A descoberta em seu território da suposta pegada de um dinossauro terópode Abelissauro, um dos maiores do planeta, poderia convertê-la na meca da paleontologia.

Anunciada no final de julho, a descoberta em Maragua (sul) da pegada de 1,15 metros de diâmetro deste carnívoro característico do Cretáceo Superior é "simplesmente impressionante", disse à AFP o paleontólogo Omar Medina.

Este predador de 15 metros de altura viveu há 80 milhões de anos no que hoje é o departamento de Chuquisaca, que na época era uma zona costeira de clima quente. Nessa região, onde se encontram vestígios de algas marinhas, também "existiam os maiores répteis voadores que já existiram", segundo Medina.

Chuquisaca, cuja cidade principal é Sucre, capital da Bolívia, abriga uma infinidade de evidências que em outubro serão estudadas por uma equipe de cientistas bolivianos, argentinos e uruguaios. Discutirão, por exemplo, "a importância do fóssil de carapaça do gliptondonte, por ser talvez o último que existiu".

O fóssil de gliptodonte, uma espécie de tatu gigante caracterizado no filme "A era do gelo", foi descoberto em março deste ano em Yamparáez, também em Chuquisaca. Viveu no Quaternário e foi extinto há cerca de 10.000 anos, e hoje é um referente da paleontologia mundial.

Outra jazida importante foi descoberta no Vale Icla, na mesma região, "com dinossauros de 120 milhões de anos, que estão sendo testemunhados pela presença de pegadas de estegossauros, que se pensava que não existiam na América do Sul".

Também em Chuquisaca "está a maior jazida de invertebrados do mundo, onde é necessário fazer pesquisas", disse Medina.

Devido à proximidade de Sucre, o turismo se concentra no Parque Cretácico Cal Orcko, um dos depósitos icnológicos (estudo de rastros fósseis) mais importantes do mundo, com mais de 10.000 pegadas de quase 300 espécies de dinossauros.

A era do gelo

A descoberta em Padilla, outro município do departamento, de uma enorme jazida da "era do gelo", do Pleistoceno (época geológica que começou há dois milhões de anos e terminou aproximadamente no ano 10.000 a.C.), não é menos importante.

"Se diz que é a maior jazida do Pleistoceno que existe na América do Sul, com mais de 60 espécies animais, onde há um verdadeiro cemitério de elefantes", disse o especialista à AFP.

A descoberta da pegada do sanguinário Abelissauro é realmente importante porque "permite que nos posicionemos como uma meca paleontológica".

"Cada descoberta é muito importante porque cada fóssil que se descobre não é mais um fóssil, é como um ícone do mundo", acrescentou Medina.

O lugar onde a pegada foi encontrada por Grover Marquina, um guia turístico especializado em temas paleontológicos, fica a 64 km de Sucre. A pegada "está junto ao rio, em uma ladeira, onde, em época de chuvas, chega a água e faz um desgaste de erosão muito grave".

"Conhecia as pegadas dos carnívoros, mas nunca tinha visto uma deste tamanho", disse Marquina à AFP. "Esta é uma das maiores que foram encontradas, de 1,15 metros", disse, acrescentando que "mais abaixo há rastros de una manada de saurópodes".

Chegar ao lugar não é fácil, comentou Marquina. Não há trilhas, de modo que é necessário "abrir caminho" e criar uma infraestrutura turística, visto que "não há serviços básicos para chegar aqui e mostrar esta riqueza paleontológica" ao mundo.

Foram apresentados nesta quinta-feira (2) os novos fósseis de dinossauro encontrados durante as escavações para a construção de um conjunto de edifícios no Bairro São Bento, em Uberaba (MG).

Os fósseis ainda estão inseridos nas rochas originais e serão escavados do local e analisados pela equipe do Complexo Cultural e Científico de Peirópolis, ligado à Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Além dessas descobertas, foram apresentadas as medidas adotadas pela prefeitura seguindo as recomendações do Ministério Público para preservar a área.

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Em Uberaba, a proposta de realização de um 'Zoneamento Paleontológico' é analisada. Na região, em dezembro do ano passado, já havia sido localizado parte de um fêmur atribuído a um Titanosauria, espécie de dinossauro herbívoro. O osso achado tem mais de 50 centímetros.

A possibilidade de novas descobertas no local, em frente ao Parque Jacarandá, mobilizou uma equipe de técnicos que iniciou um programa de monitoramento com o objetivo de resguardar o patrimônio paleontológico.

Em abril houve vários achados mas, de acordo com o geólogo Luiz Carlos Ribeiro, em razão das fortes chuvas que se estenderam até o final de maio, as atividades de resgate foram paralisadas, sendo retomadas no dia 22 de junho. A partir daí surgiram novos exemplares.

Importância

"Costelas, vértebras, tíbia e fósseis da cintura escapular têm sido descobertas no local", conta o especialista. Ele explica que tudo isso tem extremo valor científico, já que a paleontologia foi pouco explorada em Uberaba, apesar de haver achados desde 1945.

"Há uma possibilidade de que os fósseis já descobertos, somados aos que ainda podem aparecer, sejam suficientes para a descrição de um novo grupo de dinossauro", afirmou Ribeiro.

As diferenças entre estegossauros machos e fêmeas foram reveladas em uma pesquisa feita por um estudante de graduação americano. O estudo foi feito por Evan Saitta, atualmente com 23 anos, para a conclusão do curso de Paleontologia, na Universidade de Princeton (Estados Unidos), foi publicado nesta quarta-feira (22), na revista científica "PLoS One".

Os estegossauros, dinossauros herbívoros que viveram há 150 milhões de anos na América do Norte, têm duas fileiras de placas ósseas nas costas e dois pares de espinhos na ponta da cauda. De acordo com o estudo de Saitta, as placas dorsais dos machos são largas e arredondadas, enquanto as das fêmeas, com área 45% menor, são altas e pontiagudas. Até agora, os cientistas acreditavam que as diferenças entre as placas indicavam a existência de duas espécies diferentes de estegossauros.

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Embora o dimorfismo sexual - as diferenças anatômicas entre machos e fêmeas da mesma espécie - seja extremamente comum entre os animais, determiná-lo em espécies extintas, como os dinossauros, é considerado uma tarefa surpreendentemente difícil, segundo Michael Benton, professor de Paleobiologia na Universidade de Bristol (Reino Unido), onde Saitta atualmente cursa mestrado.

"Evan fez essa descoberta quando estava completando seus estudos de graduação em Princeton. É muito impressionante quando um graduando faz uma descoberta científica de tanto peso", declarou Benton.

A grande dificuldade para determinar o dimorfismo sexual em espécies extintas, segundo ele, é eliminar outras possíveis explicações para as diferenças anatômicas entre os fósseis. Dois indivíduos com anatomias distintas podem, por exemplo, pertencer a duas espécies próximas, ou podem ser um indivíduo jovem e outro maduro.

O trabalho de Saitta, no entanto, teve uma fundamentação sólida: ele passou seis temporadas na região central do Estado de Montana, nos Estados Unidos, fazendo parte de uma equipe de escavações que descobriu o primeiro "cemitério" de fósseis de estegossauros. Com isso, ele foi capaz de testar - e refutar - todas as explicações alternativas para as diferenças anatômicas entre os animais da espécie Stegosaurus mjosi.

"Quando se estuda dimorfismo sexual, é preciso eliminar todas as outras explicações possíveis. Nesse sítio de Estegossauros, eu tinha à disposição os melhores dados para testar todas as possibilidades de explicação. Bastante gente tentou fazer isso antes com dinossauros, mas o problema é que não há muitas espécies que fornecem as informações necessárias. Tive bastante sorte com os fósseis a que tive acesso", disse Saitta à reportagem.

No grupo de estegossauros descobertos em Montana, havia a coexistência de indivíduos com variações em suas placas dorsais. Segundo Saitta, caso se tratasse de duas espécies distintas, haveria certas diferenças nos esqueletos que indicariam uma separação de nichos ecológicos. O pesquisador também descobriu que as diferenças não eram resultado do crescimento. Analisando no microscópio finas fatias de amostras das placas dorsais dos fósseis, Saitta mostrou que o crescimento dos tecidos ósseos já havia cessado em ambas as variedades - isto é, mesmo com a diferença das placas, eram todos adultos. A melhor explicação, portanto, seria o dimorfismo sexual.

"Como os machos tipicamente investem mais em sua ornamentação, as placas dorsais mais amplas provavelmente pertenciam a eles. Essas placas mais extensas deviam fornecer uma grande superfície de exibição para atrair fêmeas. As placas mais altas e pontiagudas provavelmente funcionavam como uma proteção espinhosa contra predadores, para as fêmea", afirmou Saitta.

Um grupo de pesquisadores brasileiros anunciou nesta quinta-feira (14) uma descoberta de impacto mundial: eles identificaram um conjunto de fósseis de 47 pterossauros - répteis voadores pré-históricos - de uma espécie até agora desconhecida, que viveu há cerca de 80 milhões de anos na Região Sul do País.

Os fósseis, encontrados no município de Cruzeiro do Oeste, no noroeste do Paraná, são uma raríssima ocorrência de pterossauro no interior de continentes. Também é a primeira vez que esse tipo de réptil pré-histórico é encontrado na região - até agora só havia registros de pterossauros na Chapada do Araripe, no nordeste.

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O estudo, realizado por cientistas do Centro de Paleontologia (Cenpaleo) da Universidade do Contestado em Mafra (SC) e do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi publicado na revista PLoS One. A nova espécie de pterossauro recebeu o nome de Caiuajara dobruskii.

A abundância de indivíduos identificados entusiasmou os pesquisadores, já que o material ajudará a responder uma série de perguntas científicas importantes. Tal concentração de pterossauros só havia sido reportada em outros dois sítios, na Argentina e na China.

"A descoberta é um verdadeiro tesouro e nos deixou realmente empolgados. Não apenas por ser uma espécie nova de pterossauro, mas pela alta concentração. Como encontramos indivíduos de várias idades, poderemos responder diversas questões sobre sua evolução", disse Alexander Kellner, do Museu Nacional, um dos autores do estudo.

Kellner afirmou que a alta concentração de fósseis de indivíduos garante que todos são da mesma espécie. Por isso foi possível identificar que se tratava de pterossauros de idades variadas, apesar da diferença entre os ossos de vários tamanhos. Sem correr o risco de achar que são espécies diferentes, os cientistas podem aplicar o mesmo princípio ao estudo de vários outros pterossauros.

"Pudemos concluir, por exemplo, que esses pterossauros voavam muito precocemente, já que não havia grandes diferenças morfológicas nas proporções dos ossos, exceto na cabeça", explicou Kellner.

Elo perdido

Segundo Kellner, os estudos paleontológicos sobre os pterossauros são fundamentais porque eles são uma espécie de elo perdido entre os vertebrados terrestres e os voadores. "Esse grupo de animais foi o primeiro a desenvolver o voo ativo. Ao estudá-los, podemos tirar conclusões importantes sobre como os vertebrados que andavam em duas patas passaram a voar", disse Kellner.

Os fósseis foram encontrados no leito de uma antiga estrada próxima à cidade de Cruzeiro do Oeste e em barrancos adjacentes. Segundo Luiz Weinschütz, coordenador das pesquisas no Cenpaleo, a área deve conter muito mais fósseis do que os descobertos até agora. "Escavamos 20m² em um sítio que, segundo nossa avaliação, pode ter cerca de 400m²", disse ele.

Cerca de 5 toneladas de material foram retiradas do local. Os fósseis estavam inseridos em camadas de arenito com aproximadamente 1,5 metro de espessura. Há cerca de 80 milhões de anos, no Cretáceo - pouco depois da separação entre a África e a America do Sul -, aquela região do interior paranaense era um imenso deserto. "Esses pterossauros habitavam as raras regiões úmidas entre as dunas", explicou Weinschütz.

Quando morriam no entorno desses oásis, os animais ficavam expostos e as chuvas esporádicas os levavam para o fundo de lagos. "Isso contribuía para a desarticulação dos esqueletos, tornando o trabalho de coleta e identificação um imenso quebra-cabeça", declarou.

De acordo com Kellner, o tamanho do pterossauro variava de 65 centímetros a 2,35 metros de envergadura (distância entre as pontas das asas). "A qualidade excepcional e a grande quantidade de fósseis encontrados indicam que havia uma comunidade de pterossauros no local. Isso nunca foi registrado em nenhum sítio fossilífero do mundo", afirmou Kellner.

Segundo ele, os animais tinham hábitos gregários, não tinham dentes e possuíam um bico voltado para baixo, com cristas, tanto na arcada superior como inferior.

Uma equipe de pesquisadores encontrou espermatozoides fossilizados de crustáceos que viveram há 17 milhões de anos em um assentamento do norte da Austrália onde já foram feitas outras descobertas pré-históricas.

"São os espermatozoides fossilizados mais antigos já conhecidos, segundo os dados geológicos", anunciou na quarta-feira o paleontologista Mike Archer, da Universidade de Nova Gales do Sul.

Os espermatozoides, que têm um tamanho gigante em comparação com o animal que os produziu, foram encontrados no assentamento Riversleigh, no norte do Estado australiano de Queensland.

Estavam enrolados nos órgãos reprodutivos de ostracodes, crustáceos microscópicos de água doce ou salgada.

Riversleigh é um assentamento pré-histórico com uma superfície de 100 km quadrados, inscrito na lista de Patrimônio Mundial da Humanidade, no qual foram encontrados inúmeros fósseis, como uma espécie de canguru carnívoro ou um ornitorrinco com dentes. Os fósseis datam do Oligoceno (-34 a -23 milhões de anos) e do Mioceno (-23 a -5 milhões de anos)

"Estamos acostumados a ter surpresas agradáveis" em Riversleigh, declarou o cientista, que trabalha no assentamento há 35 anos.

"Mas a descoberta de espermatozoides fósseis, com seu núcleo celular, era algo completamente inesperado" e "nos perguntamos o que ainda nos resta descobrir entre estes sedimentos geológicos", acrescentou.

Paleontólogos descobriram o mais antigo ancestral dos herbívoros, com 300 milhões de anos, um espécime que ajuda a esclarecer o aparecimento dessa forma de alimentação no mundo animal, determinante para a evolução do ecossistema terrestre atual.

O fóssil parcial deste animal, denominado "Eocasea martini", que tinha menos de 20 centímetros de comprimento, representa "o primeiro vínculo entre os carnívoros e os herbívoros", disse à AFP o paleontólogo Robert Reisz, professor da Universidade de Toronto, no Canadá, principal responsável pela descoberta, divulgada em artigo publicado nesta quarta-feira na revista americana PLOS ONE.

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O esqueleto do "Eocasea", ainda um carnívoro, apresentava certas características estreitamente relacionadas a uma linhagem de herbívoros, acrescentou Reisz, indicando que apenas uma parte do crânio, o essencial da coluna vertebral, a pélvis e uma pata traseira foram recuperados no Kansas.

Este animal, que viveu 80 milhões de anos antes do aparecimento dos dinossauros, fazia parte da classe "Synapsida", que inclui os primeiros herbívoros terrestres e os grandes predadores, ancestrais dos mamíferos modernos.

Antes da emergência dos herbívoros, um pouco depois do "Eocasea", os animais terrestres, todos carnívoros, alimentavam-se uns dos outros, ou comiam insetos. O aparecimento dos herbívoros "foi uma revolução da vida sobre a Terra, porque significou que os vertebrados puderam ter acesso diretamente a vastos recursos alimentares oferecidos pelos vegetais", destacou o pesquisador.

Os herbívoros, que se multiplicaram e cresceram, por sua vez, viraram uma fonte importante de nutrição para os grandes predadores, completou. Assim, o "Eocasea" foi o primeiro animal a ativar um processo que resultou no ecossistema terrestre atual, no qual um grande número de herbívoros assegura o aporte alimentar de um número cada vez menor de grandes predadores, observou o professor Reisz.

Este fenômeno ocorre depois separadamente em outros grupos de animais, em pelo menos cinco ocasiões, afirmou. "Uma vez que a via para o mundo da alimentação herbívora foi aberta pelo 'Eocasea' (...), vários grupos de animais continuaram evoluindo para desenvolver os mesmos traços", permitindo-lhes digerir a celulose, um glicídio que é a principal fonte de energia fornecida pelas plantas.

"Os primeiros dinossauros eram todos carnívoros antes que um grande número se tornasse herbívoro" no curso da evolução, revelou o cientista. Mas, ele admitiu, "não compreendemos porque essa evolução de carnívoro para herbívoro não aconteceu mais cedo, nem as razões pelas quais ela ocorreu separadamente em várias linhagens animais".

O paleontólogo Jörg Fröbisch, do "Museum für Naturkunde" e da Universidade Humboldt, em Berlim, é co-autor desses trabalhos.

Fósseis de um animal de transição entre peixes e animais terrestres com 375 milhões de anos contestam um conceito amplamente aceito da teoria da evolução de que grandes apêndices posteriores que dariam origem às patas teriam aparecido depois que os vertebrados migraram da água para a terra.

Descobertos em 2004, os fósseis bem preservados da pélvis e de parte da nadadeira pélvica do 'Tiktaalik roseae', que parecia um híbrido de crocodilo e peixe, indicam que as patas traseiras na verdade tiveram origem em nadadeiras posteriores, afirmaram cientistas em uma pesquisa publicada na edição online dos Anais da Academia Americana de Ciências (PNAS), com datas de 13 a 17 de janeiro.

"Até então, os paleontólogos pensavam que uma transição havia sido produto de uma locomoção com duas nadadeiras nos peixes, anterior a uma locomoção 'em quatro apêndices' entre os tetrápodes", explicou Neil Shubin, professor de anatomia da Universidade de Chicago, um dos principais autores da descoberta.

Segundo ele, "aparentemente esta transição teria ocorrido antes de tudo nos peixes e não entre os animais terrestres quadrúpedes", como se supunha. Os primeiros tetrápodes eram, de fato, animais exclusivamente aquáticos, ainda mal diferenciados dos peixes. Seus descendentes atuais são os anfíbios, as aves, os répteis e os mamíferos.

Hoje extinto, o 'Tiktaalik roseae' tinha cabeça achatada como a de um crocodilo e dentes cortantes de um predador. Ele tinha 2,7 metros de comprimento e possuía uma morfologia muito similar à dos peixes, mas a articulação de suas nadadeiras peitorais leva a crer que este animal conseguia sustentar o peso de seu corpo. O 'Tiktaalik roseae' representa a espécie de transição mais conhecida entre os peixes e os tetrápodes terrestres, segundo os autores desta pesquisa.

"O Tiktaalik era uma combinação de características primitivas e avançadas. Aqui, não só suas características eram distintas, mas elas sugerem uma função avançada. Eles parecem ter usado a nadadeira de uma forma mais sugestiva do modo como um membro é usado", explicou outro autor do estudo, Edward Daeschler, curador associado de Zoologia de Vertebrados na Academia de Ciências Naturais da Universidade de Drexel.

As primeiras análises sobre o animal foram realizadas em fósseis encontrados em 2004 no Ártico canadense, na altura da ilha de Ellesmere. Sem dúvida alguma, as nadadeiras eram utilizadas como remos para nadar, mas poderiam também servir como patas em algumas ocasiões, explicaram os autores deste estudo. Os trabalhos também permitiram aos cientistas fazer uma nova simulação, mostrando como o Tiktaalik se parecia e como se deslocava em seu hábitat.

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Poucos pernambucanos sabem, mas o Estado tem um dos principais achados históricos para pesquisa sobre a extinção dos dinossauros, e animais contemporâneos, no mundo. O litoral norte de Pernambuco tem rochas que são ricas em informações e fósseis que servem de referência para os paleontólogos de todo o planeta. Antes guardadas e de conhecimento apenas de estudiosos da área, estes achados estão sendo divulgados através de um livro de uma professora natural do Rio de Janeiro, radicada em solo pernambucano há sete anos.

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Fósseis do Litoral Norte de Pernambuco: Evidências da Extinção dos Dinossauros, organizado por Juliana Manso Sayão, que reuniu o trabalho dela e de outros 12 paleontólogos, é o primeiro livro, voltado ao público em geral, que conta a história dos achados desta região do estado, cujas primeiras pesquisas são datadas de 1886. “Já se sabe há muito tempo que existem fósseis ali. Há muitos espécimes no local, mas a informação ficava confinada à academia. O público desconhece que existe este patrimônio”, explica a autora.

Segundo Juliana Sayão, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) no Campus de Vitória de Santo antão, o litoral norte de Pernambuco está entre os três lugares mais importantes do mundo para se pesquisa sobre a extinção dos dinossauros e o que aconteceu depois dela. “Temos aqui nas rochas, uma camada com idade do final do período cretáceo, quando existiam dinossauros, pterossauros e outros animais que conviveram com eles”, diz a professora.

As rochas do litoral norte tem um elemento químico raro, só gerado com a queda de meteoritos. “Há também uma fina camada de Irídio que representa o período da chuva de meteoros que deu início à extinção dos dinossauros e dos outros animais. Então temos aqui registro em rocha dos últimos momentos antes da extinção, há aproximadamente 65,5 milhões de anos, do período da extinção propriamente dito e também do pós, onde é possível identifica animais que sobreviveram e os que surgiram depois”, conta Sayão.

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O livro detalha, de maneira simples, quais os principais achados que evidenciam a existência de pteroussauros (répteis voadores) e diversas espécies marinhas, como crocodilos, moluscos (caracóis), peixes, tubarões, raias, mosassauros (lagartos marinhos, extintos na mesma época), o fóssil de tartaruga mais antigo da America do Sul e até o plesiossauro, réptil que inspirou a lenda do monstro do Lago Ness, na Escócia. “Os achados são tão importantes, que os principais fósseis que foram coletados aqui não estão no Brasil, mas no Museu de História Natural de Londres, um dos, se não o mais importante do mundo”, afirma a professora.

Há mais de 20 anos não era feita nenhuma pesquisa no local que tivesse uma abrangência tão grande. Isso porque, segundo Juliana Sayão, não há paleontólogos que podem apenas pesquisar no Brasil. “Escrever um livro de paleontologia, como nós fizemos, é muito raro no Brasil, enquanto que nos Estados Unidos e na Europa você tem paleontólogos vivendo de escrever livros. Aqui, o paleontólogo tem que ser professor para viver e tentar conciliar com a pesquisa”, relata.

O livro Fósseis do Litoral Norte de Pernambuco: Evidências da Extinção dos Dinossauros foi financiado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e está sendo distribuído gratuitamente nas escolas de todo o estado, algumas com palestras dos autores e com mostras de réplicas dos fósseis encontrados. Há também um site, onde é possível obter algumas informações sobre o tema.

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