Tópicos | Pedido de impeachment

Na tarde desta terça-feira (7), foi protocolado um pedido de impeachment de Sérgio Hacker, prefeito da cidade de Tamandaré, Litoral Sul de Pernambuco. Ele é marido de Sarí Côrte Real, indiciada por abandono de incapaz com resultado de morte no caso do menino Miguel Otávio, que caiu do prédio Píer Maurício de Nassau, onde reside o casal, na área central do Recife, após ser deixado sozinho no elevador enquanto procurava sua mãe, que trabalhava como empregada doméstica do prefeito e da primeira-dama. 

O pedido para perda do mandato foi protocolado na Câmara Municipal de Tamandaré pela advogada e professora universitária Liana Cirne, junto ao também advogado Higor Araujo. Em um vídeo postado em suas redes sociais, ambos explicaram que Sérgio Hacker teria utilizado tanto a mãe e a avó de Miguel, respectivamente Mirtes Renata Santana da Silva e Marta Maria Santana da Silva, quanto Luciene Raimundo Neves, empregada doméstica da residência do prefeito em Tamandaré, como funcionárias fantasmas na Prefeitura do município.

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“Ele tinha três empregadas domésticas que nomeou como funcionárias públicas comissionadas na Prefeitura de Tamandaré, e o ato de nomeação das três foi assinado por ele. Ele assinou, ele confessou o desvio de finalidade no ofício que enviou para o Ministério Público. Como houve confissão, a rigor nem necessitava de instrução probatória, mas nós redigimos, reunimos mais de 90 páginas de provas da irregularidade”, contou Liana ao LeiaJá

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Além disso, o pedido protocolado acusa Sérgio Hacker por irregularidades trabalhistas e quebra de decoro do cargo de prefeito, por ter obrigado Mirtes a trabalhar quando ele estava com Covid-19, transmitido a doença para ela, e se recusado a liberá-la do trabalho mesmo mesmo infectada pelo coronavírus (SARS-CoV-2). 

“Ele disse que estava respeitando as regras de isolamento e estava obrigando a Mirtes a trabalhar nesse período. Isolamento e quarentena: as regras são de a pessoa se afastar completamente. A cereja do bolo da indignidade desse homem, da crueldade dele: ela doente com Covid-19 continuou trabalhando, porque ele não a dispensava. O que a Sarí fez com o Miguel, aquele escárnio com um menino de cinco anos, é a cultura dessa família. Como é que você obriga uma empregada doméstica com Covid-19 a trabalhar só porque você já contraiu e não tem medo de pegar?”, questionou a advogada e professora. 

Etapas do processo

Com o pedido protocolado, segundo Liana, o presidente da Câmara de Vereadores terá a obrigação de realizar a leitura pública do documento em plenário, com intimação dos advogados a comparecer. “Depois dessa leitura, o plenário da Câmara aceita ou não a denúncia. Se aceitar, o prefeito tem prazo para apresentar a sua defesa, aí vão ser ouvidas as testemunhas e depois o plenário julga o mérito”, contou Liana. 

Atualmente, Sérgio Hacker está no final do exercício de seu mandato como prefeito de Tamandaré e se preparando para entrar em campanha em busca da reeleição. Caso sofra impeachment, ficará impedido de concorrer, pois uma das consequências do impedimento é a perda dos direitos políticos. 

Por meio de nota encaminhada à imprensa pela Prefeitura de Tamandaré, o prefeito Sérgio Hacker afirmou que “só tomou conhecimento da sua existência - processo - através da imprensa, não sendo, portanto, legítima e legalmente comunicado do seu conteúdo”, e que o pedido de impeachment “demonstra claramente o interesse político que muitos vêm usando da situação em nítida antecipação do debate eleitoral”. 

A nota diz também que “a forma como os signatários do pedido se apresentam, mais preocupados com promoções pessoais, reforça, ainda mais, o caráter eleitoral da medida, acrescentando que ambos são militantes políticos de conhecido partido político local”. 

Por fim, o prefeito afirma que não praticou crime de responsabilidade “cuja semelhante temática já foi objeto de julgamento pelo STF e STJ, respectivamente na Ação Penal 504/DF e no Agravo em Recurso Especial 1.162.056/SP”, alegando confiar plenamente na Câmara Municipal, que “com serenidade e equilíbrio, saberá preservar a democracia e, notadamente, a vontade popular que o elegeu”. Confira a nota na íntegra clicando aqui.

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Um grupo de deputados federais de partidos como PSOL, PCdoB, Rede, PSB, PT e PDT anunciou, na tarde desta quinta-feira (18), que vai entrar com um novo pedido de impeachment contra o presidente Michel Temer. Segundo o deputado Henrique Fontana (PT-RS) a solicitação será protocolada na Câmara dos Deputados às 17h. 

O pedido, segundo o deputado Rubens Júnior (PCdoB/MA), foi baseado em quatro itens, entre eles, impedir por qualquer meio o efeito dos atos mandados ou decisões do poder judiciário, compra de versão ou de silêncio de testemunhas; o uso da violência contra funcionário para coagi-lo; falta de dignidade e decoro do cargo. 

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A nova solicitação será impetrada um dia após a divulgação da reportagem do jornal O Globo que revelou a gravação de um áudio em que o presidente Michel Temer (PMDB) teria incentivado o dono da JBS a manter uma mesada destinada ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) para que ele ficasse em silêncio diante das investigações da Lava Jato.

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A previsão dos deputados é de que sendo protocolado hoje, o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) conceda a admissibilidade e o pedido seja encaminhado para uma comissão especial. “Ele tem que conceder a admissibilidade”, disparou Rubens Júnior. “Vamos nos reunir com ele, mas temos certeza de que ele vai assinar o processo de impeachment”, acrescentou o deputado Júlio Delgado (PSB). 

Ainda nesta semana, o grupo disse que também vai entrar com uma representação na Procuradoria Geral da República pelo crime comum que supostamente o presidente teria cometido. 

As deliberações aconteceram após uma reunião que contou com deputados federais como Danilo Cabral (PSB), Jean Wyllys (PSOL), Luiz Erundina (PSOL) e Arlindo Chinaglia (PT). Além dos já mencionados. 

Começou há pouco na Câmara a reunião da comissão especial que analisa a admissibilidade do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Conforme acordado na manhã desta quarta-feira (30), o encontro tem por finalidade ouvir os advogados Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal, autores do pedido que culminou no processo de impeachment de Dilma.

Os convidados terão 30 minutos cada para falar sobre as motivações do documento que tramita na Câmara dos Deputados. Após as falas, o relator da comissão, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), vai ter 15 minutos para fazer perguntas e líderes e demais integrantes da comissão terão três minutos cada para indagações.

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De acordo com Arantes, na atual fase da tramitação do pedido de impeachment, não cabem produção de provas, nem depoimentos de testemunhas. O relator esclareceu que os convidados deverão apenas prestar esclarecimentos à comissão.

Antes mesmo da abertura da reunião, marcada para as 16h30, a secretaria da mesa já contabilizava mais de 40 deputados inscritos para falar. Desde o início da tarde uma aglomeração de pessoas reuniu-se em torno do Plenário da Comissão de Constituição e Justiça, onde ocorre a reunião. A segurança da Câmara precisou organizar uma fila para evitar tumulto, mas muitas pessoas não conseguiram entrar no Plenário que, desde as 15h30, começou a ser ocupado por assessores parlamentares e a imprensa.

Amanhã, o colegiado ouvirá duas pessoas que rebaterão a legalidade dos argumentos do pedido de impeachment: o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e o professor de Direito Tributário da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Ricardo Lodi Ribeiro. As regras e tempos são os mesmos que os definidos para os juristas.

Pedaladas fiscais

O pedido de impeachment da presidenta foi acatado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no dia 2 de dezembro do ano passado. No documento, os advogados Helio Bicudo, Janaína Paschoal e Miguel Reale Júnior pedem o afastamento da presidenta evocando as pedaladas fiscais do ano de 2014 apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Os autores do pedido dizem também que Dilma cometeu crime de responsabilidade ao editar seis decretos autorizando despesas extras em um cenário de restrição fiscal e ao, suspostamente, repetir as pedaladas fiscais em 2015, já no exercício deste novo mandato.

Os decretos, não numerados assinados pela presidenta em 27 de julho e 20 de agosto de 2015, autorizaram o governo a gastar R$ 2,5 bilhões a mais do que havia previsto no Orçamento. Para os advogados, Dilma não poderia criar despesa extra quando sabia que a meta de superávit primário (dinheiro reservado para pagar os juros da dívida) prevista no Orçamento não seria cumprida.

O governo rebate os argumentos, afirmando que as contas do governo de 2015 sequer foram apreciadas pelo TCU e pela Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional e que, portanto, não se pode falar na possibilidade de crime de responsabilidade.

Na manhã desta quarta-feira, durante o lançamento da terceira fase do Programa Minha Casa, Minha Vida, Dilma disse que o processo de impeachment é golpe porque não há crime de responsabilidade. “É absolutamente má-fé dizer que, por isso, todo impeachment está correto. Para estar correto, a Constituição exige que se caracterize crime de responsabilidade. Impeachment sem crime de responsabilidade é golpe. Não adianta fingir que nós estamos discutindo em tese o impeachment. Estamos discutindo um impeachment muito concreto e sem crime de responsabilidade”, disse.

O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes pontuou, nesta quinta-feira (3), que não defendeu o impeachment quando optou por rejeitar as contas do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) do exercício fiscal 2014. Durante uma palestra no 28º Congresso dos Tribunais de Contas do Brasil, que acontece no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife (RMR), o magistrado afirmou que o seu papel como integrante do órgão de fiscalização externa é “mostrar a realidade” financeira do país à nação e, por isso, tomou o posicionamento apoiado pelos outros sete ministros do TCU.

“Nunca falamos em processo de impeachment, que hoje se estabeleceu baseado no trabalho do TCU. Em nenhum momento falei de impedimento, cabe ao Congresso tomar esta decisão”, cravou. “Temos que reconhecer o papel de cada instituição neste processo”, acrescentou. A rejeição das contas aconteceu pela constatação das chamadas pedaladas fiscais, um dos critérios apontados pelos juristas Miguel Reale Júnior e Hélio Bicudo no pedido de impeachment acatado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), nessa quarta-feira (2).  

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Abordando principalmente questões de governança pública, o magistrado disse que o quesito no Brasil está desestruturado e se faz necessário retomar o caminho.  “Precisamos restabelecer a confiança  e a esperança. Estamos com a bússola quebrada, necessitamos encontrar um caminho para o país com sabedoria. Radicalizando o diálogo. O Congresso deve buscar uma saída, seja na busca do dialogo ou no que a população tem pedido [nas ruas]”, argumentou.

Observando que todo o país está necessitando restabelecer o equilíbrio financeiro e a governança pública, o ministro disse que a rejeição das contas federais foi “um processo inicial de coragem”. “Temos cargos vitalícios para mostrar a realidade da nação. Isso tem que acontecer em todo o país. Se não trabalharmos em conjunto e de forma solidária, não voltaremos a crescer”, cravou. Nardes pregou ainda que o caminho da governança deverá ser retomado “com coragem, fé, crença, humildade e pouca arrogância”. 

Tratando os brasileiros como “acionistas” do país, o ministro enfatizou ainda que os membros do controle externo devem ser “impedidores” do desgoverno e da ausência do crescimento. “Temos que mudar os paradigmas, não simplesmente aprovar as contas, mas mostrá-las para a população. O controle tem que fazer a sua parte”, disse.

Augusto Nardes palestrou por pouco mais de quarenta minutos sobre Governança Pública e Controle Externo. Assim como outros ministros do TCU, ele participa do Congresso que reúne 34 órgãos de controle de todo o país. O evento acontece na Reserva do Paiva, no Litoral Sul de Pernambuco, até esta sexta-feira (4). 

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