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O candidato ao governo do Rio pelo PSB, Marcelo Freixo, ajuizou uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) contra o governador Cláudio Castro (PL) e seu candidato a vice, Washington Reis (MDB). As acusação são de suposto abuso de poder econômico e político e caixa dois. A coligação do pessebista diz que o governador utilizou a folha de pagamentos da Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro (Ceperj), em que milhares de pessoas teriam sido contratadas sem transparência durante a gestão Castro, em benefício da campanha eleitoral. O governador nega irregularidades.

"Muitos dos beneficiados com os recursos públicos da Ceperj destinam a totalidade ou parte dos valores sacados na boca do caixa para enriquecer e turbinar financeiramente as campanhas eleitorais de 2022 dos investigados e de seu grupo político às custas do erário", diz a ação. O escândalo da Ceperj virou munição para adversários do governador na corrida pela reeleição.

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De acordo com a ação, Castro teria utilizado uma folha de pagamentos com funcionários fantasmas em benefício de sua campanha e de aliados. Caso o tribunal julgue procedente a ação de Freixo, Cláudio Castro e Reis poderão ter seus registros de candidatura cassados ou, eventualmente, terem seus diplomas cassados por violação à Lei das Eleições.

"Há ainda uma série de ‘fantasmas’ que confirmaram esquemas de rachadinha, devolvendo recursos da Ceperj para os políticos ou agentes públicos que os indicaram, para que possam ser usadas essas verbas públicas como caixa dois de campanha eleitoral de Cláudio Castro e de seus aliados", diz a petição.

Governador negou que haja fantasmas na administração

Sempre que consultado, Castro nega que haja "fantasmas" na administração pública. A campanha do candidato do PL ainda não se pronunciou sobre a ação ajuizada no TRE. O suposto esquema foi revelado em uma série de reportagens do portal UOL. O caso abrange mais de 18 mil cargos para trabalhadores temporários, que receberiam vencimentos em dinheiro vivo, fora de contas.

Em nota, Castro diz que ação movida por Freixo "é mais uma atitude desesperada de um postulante ao cargo de governador, que sabe que não chegará ao comando do Rio de Janeiro".

Na ação, Freixo, mais uma vez, faz acusações mentirosas e tenta atrapalhar o processo eleitoral. É estilo do deputado Marcelo Freixo tentar levar aos tribunais aquilo que as urnas não lhe dá", diz.

Funcionários fantasmas que trabalharam nos gabinetes dos membros da família Bolsonaro, entre 1991 e 2019, receberam cerca de R$ 29,5 milhões em salários. Do total pago aos 286 funcionários contratados pelo presidente e seus três filhos mais velhos, durante este período, 28% foi depositado na conta de servidores que não exerciam atividades presencial ou remotamente.

A afirmação é feita em uma investigação realizada pela revista Época, que revelou que pelo menos 39 pessoas, do total de contratados, possuem indícios de que não trabalhavam nas funções que foram registrados. Eles participavam das famosas "rachadinhas" e mantinham outras profissões enquanto recebiam dinheiro público e compartilhavam com seus chefes. O caso mais famoso é de  Nathalia Queiroz, filha de Fabrício Queiroz, apontado pelo Ministério Público como operador do esquema, que é personal trainer e foi flagrada exercendo a atividade quando deveria estar prestando expediente. 

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Ao todo, os 39 profissionais receberam um total de 16,7 milhões em salários brutos, cerca de R$ 29,5 milhões em valores corrigidos pela inflação do período. No grupo em que constavam os assessores que não atuavam nos cargos, 17 estavam exclusivamente no gabinete de Flávio Bolsonaro e dez no de Carlos. De acordo com a reportagem, o gabinete do, na época, deputado federal Jair Bolsonaro, contava com três funcionários fantasmas.

Negócio de família

A maior parte dos casos identificados pelo MP está na família de Ana Cristina Valle, ex-mulher do atual presidente. Dez dos assessores de Flávio são parentes de Ana Cristina e o MP descobriu que eles sacaram até 90% dos salários no período em que constaram como servidores, somando cerca de R$ 4 milhões. A ex-cunhada de Jair Bolsonaro, Andrea, é uma das que recebeu a maior parte do valor. Em 20 anos ela recebeu em salário bruto R$ 1,2 milhão (R$ 2,25 milhões, corrigido pela inflação), mas mantinha sua rotina de fisiculturista e faxineira.

Outro parente de Ana Cristina que também chama atenção é seu primo, o veterinário Francisco Siqueira Guimarães Diniz, de 36 anos. Ele ficou 14 anos lotado no gabinete de Flávio Bolsonaro recebendo um total de R$ 1,2 milhão - R$ 1,95 milhão, com correção da inflação. Ele teria começado a "trabalhar", em 2003, mas em 2005, sequer estava na cidade do Rio de Janeiro. Outros parentes, incluindo uma cunhada de Ana Cristina, que mora em Minas Gerais, também estão sendo investigados. 

A reportagem também mostra familiares do ministro Jorge Antonio de Oliveira Francisco como assessores de Jair, Flávio e Eduardo desde 2001, além do sargento Edir Góes e mais quatro pessoas de sua família, nomeadas assessores de Carlos Bolsonaro na Câmara Municipal no mesmo período. A maioria dos fantasmas dos Bolsonaro tem relações familiares entre si. 

Na tarde desta terça-feira (7), foi protocolado um pedido de impeachment de Sérgio Hacker, prefeito da cidade de Tamandaré, Litoral Sul de Pernambuco. Ele é marido de Sarí Côrte Real, indiciada por abandono de incapaz com resultado de morte no caso do menino Miguel Otávio, que caiu do prédio Píer Maurício de Nassau, onde reside o casal, na área central do Recife, após ser deixado sozinho no elevador enquanto procurava sua mãe, que trabalhava como empregada doméstica do prefeito e da primeira-dama. 

O pedido para perda do mandato foi protocolado na Câmara Municipal de Tamandaré pela advogada e professora universitária Liana Cirne, junto ao também advogado Higor Araujo. Em um vídeo postado em suas redes sociais, ambos explicaram que Sérgio Hacker teria utilizado tanto a mãe e a avó de Miguel, respectivamente Mirtes Renata Santana da Silva e Marta Maria Santana da Silva, quanto Luciene Raimundo Neves, empregada doméstica da residência do prefeito em Tamandaré, como funcionárias fantasmas na Prefeitura do município.

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“Ele tinha três empregadas domésticas que nomeou como funcionárias públicas comissionadas na Prefeitura de Tamandaré, e o ato de nomeação das três foi assinado por ele. Ele assinou, ele confessou o desvio de finalidade no ofício que enviou para o Ministério Público. Como houve confissão, a rigor nem necessitava de instrução probatória, mas nós redigimos, reunimos mais de 90 páginas de provas da irregularidade”, contou Liana ao LeiaJá

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Além disso, o pedido protocolado acusa Sérgio Hacker por irregularidades trabalhistas e quebra de decoro do cargo de prefeito, por ter obrigado Mirtes a trabalhar quando ele estava com Covid-19, transmitido a doença para ela, e se recusado a liberá-la do trabalho mesmo mesmo infectada pelo coronavírus (SARS-CoV-2). 

“Ele disse que estava respeitando as regras de isolamento e estava obrigando a Mirtes a trabalhar nesse período. Isolamento e quarentena: as regras são de a pessoa se afastar completamente. A cereja do bolo da indignidade desse homem, da crueldade dele: ela doente com Covid-19 continuou trabalhando, porque ele não a dispensava. O que a Sarí fez com o Miguel, aquele escárnio com um menino de cinco anos, é a cultura dessa família. Como é que você obriga uma empregada doméstica com Covid-19 a trabalhar só porque você já contraiu e não tem medo de pegar?”, questionou a advogada e professora. 

Etapas do processo

Com o pedido protocolado, segundo Liana, o presidente da Câmara de Vereadores terá a obrigação de realizar a leitura pública do documento em plenário, com intimação dos advogados a comparecer. “Depois dessa leitura, o plenário da Câmara aceita ou não a denúncia. Se aceitar, o prefeito tem prazo para apresentar a sua defesa, aí vão ser ouvidas as testemunhas e depois o plenário julga o mérito”, contou Liana. 

Atualmente, Sérgio Hacker está no final do exercício de seu mandato como prefeito de Tamandaré e se preparando para entrar em campanha em busca da reeleição. Caso sofra impeachment, ficará impedido de concorrer, pois uma das consequências do impedimento é a perda dos direitos políticos. 

Por meio de nota encaminhada à imprensa pela Prefeitura de Tamandaré, o prefeito Sérgio Hacker afirmou que “só tomou conhecimento da sua existência - processo - através da imprensa, não sendo, portanto, legítima e legalmente comunicado do seu conteúdo”, e que o pedido de impeachment “demonstra claramente o interesse político que muitos vêm usando da situação em nítida antecipação do debate eleitoral”. 

A nota diz também que “a forma como os signatários do pedido se apresentam, mais preocupados com promoções pessoais, reforça, ainda mais, o caráter eleitoral da medida, acrescentando que ambos são militantes políticos de conhecido partido político local”. 

Por fim, o prefeito afirma que não praticou crime de responsabilidade “cuja semelhante temática já foi objeto de julgamento pelo STF e STJ, respectivamente na Ação Penal 504/DF e no Agravo em Recurso Especial 1.162.056/SP”, alegando confiar plenamente na Câmara Municipal, que “com serenidade e equilíbrio, saberá preservar a democracia e, notadamente, a vontade popular que o elegeu”. Confira a nota na íntegra clicando aqui.

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O LeiaJá revela com exclusividade que a Prefeitura de Sirinhaém, município localizado na Mata Sul de Pernambuco, emprega um funcionário fantasma. Adail Veras da Silva Junior exerce o cargo comissionado de Diretor do Departamento de Esportes no município desde pelo menos o ano de 2019 de forma irregular, e o nome que consta no Portal da Transparência do município não é o seu, mas o de seu filho, Rodrigo Cesar dos Santos Veras. 

 

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Print Screen do Portal da Transparência de Sirinhaém

O exercício do cargo se comprova através de diversos vídeos e fotos postados pelo próprio Adail em sua conta pessoal no Instagram, ao longo do tempo, como por exemplo este vídeo em que ele aparece se intitulando como Diretor do Departamento de Esportes durante o Campeonato de Futebol dos Engenhos de Sirinhaém de 2019:

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A Constituição Federal em seu Artigo 37, inciso XVI, nas alíneas a e b, veda a acumulação de cargos públicos exceto para professores, que podem ter, no máximo, dois. A Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco confirmou ao LeiaJá que Adail Veras é professor concursado. 

De acordo com uma fonte que preferiu não ser identificada, Veras trabalha como professor de geografia na Escola Miguel Arraes, em Sirinhaém, e tem dois vínculos empregatícios com o estado comprovados pelas cadernetas de acompanhamento dos alunos. Esse fato torna irregular a contratação de Adail para outro cargo na esfera municipal e gera um motivo para a inserção do nome de seu filho em lugar do seu próprio no Portal da Transparência. 

Outros casos em investigação 

Além do caso de Adail e Rodrigo Veras, há suspeita de utilização de mais funcionários fantasmas na prefeitura, que foram levantados anonimamente por cidadãos de Sirinhaém que formalizaram denúncias ao Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) e ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). 

A representação aponta Márcio Herculano da Silva, assessor de Desenvolvimento Político e Comunitário da prefeitura admitido em janeiro de 2017 como vigia da Casa Grande Hildo Hacker, residência da mãe do prefeito de Sirinhaém, Franz Hacker (PSB), informação que consta em seu currículo.

Carlos Eduardo Berto, Diretor do Departamento de Comércio desde março de 2017, é acusado na denúncia de não ter dado expediente nenhum dia desde sua admissão. Já Sérgio José Alves Barreto, diretor do Departamento de Fiscalização e Manutenção de Frota, também é apontado como funcionário da Casa Grande. O texto da representação apresentada aos órgãos de controle cita, ainda, outros funcionários.

Print Screen do Portal da Transparência de Sirinhaém

 

Texto da representação feita à Ouvidoria do MPPE e TCE-PE por fontes não identificadas

Ao LeiaJá, o TCE-PE afirmou que até o momento não identificou denúncias sobre a cidade. “Entretanto, o Tribunal iniciou a análise das folhas de pagamento para verificar os vínculos dos servidores em alguns municípios, incluindo Sirinhaém. Caso seja identificada alguma irregularidade, o relatório de auditoria é encaminhado ao relator das contas do Município para formalização de processo. Em seguida, o relatório é enviado ao gestor responsável para ele apresentar defesa e por fim o processo é julgado”, respondeu o órgão através de nota. 

Já o MPPE, declarou que “Todas as demandas que chegam pela Ouvidoria do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) passam por um processo de triagem e, posteriormente, são encaminhadas para que as Promotorias competentes tomem as medidas cabíveis. No caso da denúncia enviada, como existe envolvimento de um gestor municipal, deverá ser encaminhada para a Procuradoria Geral de Justiça, devido à questão criminal, que posteriormente poderá encaminhar para a Promotoria do município, para verificarem as questões administrativas. Além disso, lembramos que as informações de procedimentos são prestadas ao noticiante pelo link gerado ao registrar a denúncia”. No referido link, consta que desde a última terça-feira (9), a representação foi encaminhada para o gabinete do Procurador-Geral. 

Família Hacker: Duas cidades, mesma irregularidade

A utilização de funcionários fantasmas é uma prática comum em prefeituras de todo o país e, vale lembrar, configura crime de improbidade administrativa, enquanto o funcionário incorre em apropriação indébita. 

Um caso recente do uso de funcionários fantasmas que ganhou notoriedade foi o da Prefeitura de Tamandaré, descoberto após a trágica morte do menino Miguel Otávio, que caiu do nono andar de um dos prédios conhecidos como "Torres Gêmeas". Sua mãe, a empregada doméstica Mirtes Renata, trabalhava para o prefeito Sérgio Hacker (PSB) e a primeira-dama, Sari Corte Real, e era usada sem saber como funcionária fantasma da prefeitura, assim como sua mãe, avó do menino. Miguel morreu após ser deixado sozinho no elevador por Sari, subir em uma grade e se desequilibrar, fato que levou ao indiciamento da primeira-dama por homicídio culposo. 

O caso de Tamandaré está conectado ao de Sirinhaém por mais do que apenas o mesmo tipo de crime ou a proximidade entre os dois municípios, que fica a apenas 31,5 km de distância um do outro. Há um grande elo entre as duas prefeituras, que atualmente são governadas por membros não apenas do mesmo partido, mas também da mesma família: Sérgio Hacke (PSB), prefeito de Tamandaré que atualmente é investigado pelo TCE e pelo MPPE, devido ao emprego de funcionários fantasmas, é sobrinho de Franz Hacker, atual prefeito de Sirinhaém, que está no final do seu segundo mandato.

Com a palavra, os envolvidos

O LeiaJá tentou falar com Rodrigo Veras, mas no momento em que foi informado do assunto da ligação e questionado se sabia que seu nome consta no Portal da Transparência do município de Sirinhaém, ele desligou o telefone sem dizer nada. 

Em seguida, várias tentativas feitas por diferentes números foram necessárias para conseguir contato com o celular de Adail. Uma voz feminina confirmou se tratar do telefone dele e, no momento em que a repórter se identificou, novamente o telefone foi desligado.

A tentativa de contato passou então a ser feita pelo aplicativo Whatsapp, meio pelo qual a reportagem conseguiu explicar o assunto que desejava tratar com ele e questionar se ele aceitaria conceder entrevista. Diante das mensagens estarem marcadas como visualizadas e ele optar pelo silêncio, Adail foi informado de que sua negativa em se manifestar seria registrada no texto desta reportagem. 

Já o Prefeito Franz Hacker afirmou, também através do Whatsapp, não ter conhecimento sobre os fatos narrados pela repórter, nem ter sido notificado pelo Ministério Público a respeito das irregularidades que foram denunciadas ao órgão. “Como falei não tenho conhecimento do que vc (sic) tá falando é (sic) não recebi nenhum (sic) citação de nenhum órgão competente sobre esse assunto”, afirmou o prefeito. 

Também tentamos contato com a Secretaria de Administração do município de Sirinhaém nesta quinta-feira (11), mas ao citar que o motivo do contato eram inconsistências entre o nome de ocupantes de cargos na Prefeitura e os que aparecem no Portal da Transparência, a secretária que se identificou apenas como "Vânia" afirmou que "não tem problema nenhum" e que "não recebi nenhuma notificação, não tenho nada quanto a isso aí".

Ela também alegou que está viajando (em meio a uma pandemia) por ser feriado na cidade, e que só retomará seu expediente na próxima segunda-feira, solicitando informações por e-mail. Diante da resposta, informamos que a reportagem seria publicada e mais esclarecimentos poderiam ser prestados após a divulgação do conteúdo.  

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A Prefeitura de Tamandaré emitiu uma nota oficial nesta sexta-feira (5), informando que o prefeito Sérgio Hacker (PSB), “se encontra profundamente abalado” pela morte do menino Miguel, de 5 anos, que caiu do 9º andar do apartamento onde ele vive com a esposa, Sari Cortês Real, autuada pelo homicídio culposo (sem intenção) da criança. 

Depois da morte de Miguel, filho de Mirtes Santana de Souza, que trabalhava como empregada doméstica para o prefeito e sua esposa, foi revelado que a mãe do garoto e também sua avó materna, Marta Maria Santana Alves, constavam no Portal da Transparência como funcionárias da Prefeitura de Tamandaré desde 2017. Tal fato levou o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) a investigar a existência de funcionários fantasmas na prefeitura.

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Ainda de acordo com a nota oficial, a Prefeitura de Tamandaré afirmou que o prefeito Sérgio Hacker prestará informações aos órgãos competentes “no momento próprio e de forma oficial”. 

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O Ministério Público do Rio abriu um novo inquérito para apurar a existência de "funcionários fantasmas" no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro (atualmente senador), na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). O novo inquérito foi aberto em 23 de setembro, mas apenas nesta sexta-feira, 22 de novembro, o MPRJ confirmou a instauração do procedimento.

Uma outra investigação em curso no MPRJ, mais antiga, apura a prática conhecida como "rachadinha", que consiste na devolução de salários por funcionários do gabinete, e foi aberta com base em relatórios do antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), atual Unidade de Inteligência Financeira (UIF).

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"Assim, o presente inquérito que trata a eventual contratação de funcionários fantasmas não tem qualquer relação com o outro inquérito em tramitação na Promotoria, que apura a eventual prática de "rachadinha" e foi instaurado a partir de comunicações encaminhadas pelo antigo Coaf, atual UIF", esclareceu o MP em nota. "Logo, o presente inquérito tem objeto diferente e independente, não tendo como origem qualquer relatório financeiro de inteligência."

A informação sobre o novo inquérito veio à tona em meio a uma votação no Supremo Tribunal Federal (STF) ainda em curso que poderia invalidar o uso de dados do Coaf em investigações sem autorização judicial prévia.

A nota oficial do MPRJ sustenta que foi instaurado inquérito civil "para apurar eventual improbidade administrativa decorrente do emprego de 'assessores fantasmas', isto é, pessoas investidas em cargo em comissão junto ao gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro que não teriam exercido funções inerentes à atividade parlamentar".

E reafirmou: "O objeto da portaria de instauração não visa apurar a devolução de salários por funcionários, prática conhecida como 'rachadinha'."

O MPRJ informou ainda que já foram iniciadas diligências referentes ao novo inquérito, como a expedição de ofícios para a Alerj com a requisição de informações.

"Tanto o presente inquérito sobre eventuais assessores fantasmas empregados quanto o inquérito acerca de possível prática de 'rachadinha' tramitam sob sigilo, razão pela qual não é possível fornecer mais informações", ressalvou.

Defesa

Nota do advogado de Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef, sustenta que "todas as pessoas que foram nomeadas, na época, eram qualificadas para as funções que exerciam".

A nota oficial esclarece ainda que "a nomeação dessas pessoas ocorreu de forma transparente e de acordo com as regras da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A execução do trabalho delas também ocorreu de acordo com as normas. Os cargos comissionados da Alerj são de duas naturezas: técnica (com o profissional no gabinete) e de natureza política (com o profissional na base eleitoral). A confecção e o uso de crachá não eram obrigatórios, já que o funcionário pode atuar apenas na base, sem a necessidade de ir para a Alerj. Ao final de todo o processo ficará comprovado que não houve qualquer ilegalidade".

Deputados de pelo menos 16 assembleias legislativas são ou foram alvo de investigações sobre irregularidades cometidas nos últimos 16 anos relacionadas a salários e gratificações de servidores dos gabinetes. A maioria dos procedimentos, segundo levantamento feito pelo Estado, corre sob sigilo e apura suspeitas ou denúncias de repasse de parte dos salários ou benefícios a parlamentares e da contratação de "funcionários fantasmas".

Todos os Estados identificados têm ou tiveram investigações relacionadas a atos ilícitos realizados nas últimas quatro legislaturas - são parlamentares que exerceram mandatos desde 2003. Em São Paulo, pelo menos cinco deputados estaduais são alvo de investigação por apropriação de salários de servidores.

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Casos desse tipo ganharam projeção após relatório do Conselho de Controle Atividades Financeiras (Coaf), revelado pelo Estado, sobre movimentação financeira atípica de funcionários e ex-funcionários da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), entre eles Fabrício Queiroz, ex-assessor do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).

No caso da Alerj, 22 procedimentos criminais foram abertos em 2018 para apurar suspeitas de irregularidades nos gabinetes de 22 deputados. No caso de Queiroz, a investigação foi instaurada após suspeita de lavagem de dinheiro ou "ocultação de bens, direitos e valores" no gabinete de Flávio Bolsonaro.

Nacionalmente, conforme as investigações, não falta criatividade para implementar diferentes meios de desvio - casos variam da contratação da empregada doméstica do deputado como "fantasma" à solicitação de reembolso de despesas de viagens nunca realizadas.

Costuma ser recorrente o que se convencionou a chamar de "rachid" - quando um servidor público divide parte do vencimento com o chefe ou empregador. Dos 16 Estados, sete têm investigações nesse sentido.

Quando parlamentares são investigados por improbidade, a apuração se enquadra em ação civil pública. Caso comprovada a irregularidade, pode resultar em ressarcimento do valor desviado com multa, perda de direitos políticos e cassação do mandato. São poucas as ocasiões nas quais a investigação é enviada para a esfera criminal, que pode resultar em ação penal e prisão em caso de condenação.

Provas

A promotora Danielle Thomé, do Ministério Público do Paraná, disse que há seis investigações abertas contra deputados do Estado e que a prática é comum também no âmbito municipal. A reportagem ouviu relato semelhante de outras promotorias, com citações de casos envolvendo prefeitos e vereadores.

De acordo com Danielle, a obtenção de provas para esse tipo de investigação é complexa. "Quem é mantido no emprego não abre esse tipo de informação. Apenas quando é mandado embora, se revolta e fala sobre isso. É complicado demonstrar", afirmou a promotora. Segundo ela, nem sempre o parlamentar aparece como receptor do dinheiro, que pode ser interceptado por um chefe de gabinete, por exemplo. "É muito difícil provar. Tem que pedir quebra de sigilo bancário. Às vezes, nem isso adianta."

O promotor Silvio Marques, da área de patrimônio público do Ministério Público paulista, tem avaliação semelhante. "Muitas vezes não conseguimos traçar o caminho do dinheiro".

Nos últimos anos, operações em vários Estados foram deflagradas com expedição de mandados de prisão. É o caso das Operações Canastra Real e Dama de Espadas, em 2015, no Rio Grande do Norte, e a Operação Rescisória, de 2016, no Amapá.

No Rio Grande do Norte, investigações encontraram casos de "servidores fantasmas" que desviaram R$ 2,5 milhões em saques advindos de "cheques fantasmas". O esquema envolveria até funcionários de um banco.

Na Paraíba, o deputado estadual Manoel Ludgério Pereira Neto (PSD) foi denunciado por peculato sob a acusação de contratar a própria empregada doméstica - Elizete de Moura - para o seu gabinete. O salário de Elizete chegou a R$ 44 mil no período entre 2003 e 2009.

A investigação criminal concluiu que o salário era retido no gabinete do deputado. Elizete disse que foi obrigada pelo deputado e sua mulher, a vereadora Ivonete Almeida de Andrade Ludgério, a abrir uma conta para facilitar o pagamento de uma dívida que havia contraído com os patrões. Segundo o Ministério Público, um assessor do deputado também participou do esquema de desvio.

Nos autos do processo, Manoel Ludgério e a mulher negaram irregularidades. Até a conclusão desta edição, os citados não responderam ao Estado.

Também nas assembleias legislativas, um procedimento comum é solicitar parte dos benefícios dos servidores. A Operação Rescisória, no Amapá, investigou casos de servidores exonerados que eram coagidos a transferir até 50% do valor das rescisões como condição para continuar a recebê-las.

Na Assembleia Legislativa de Roraima, servidores de seis gabinetes diferentes receberam verba de diárias de viagens que nunca foram realizadas. Somente em um gabinete, foi solicitado R$ 114 mil de reembolso, pago em 2017. Ao todo, nos seis gabinetes, R$ 289 mil foram pagos em viagens fictícias entre 2016 e 2018.

Alesp

Na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), pelo menos cinco deputados são investigados pelo Ministério Público paulista sob suspeita de apropriação de salários. Os inquéritos envolvem Campos Machado (PTB), Aldo Demarchi (DEM), Clélia Gomes (Avante), Feliciano Filho (PRP) e Luiz Fernando Teixeira Ferreira (PT). Com exceção de Machado, que responde na esfera cível, todos estão implicados em investigações criminais. O parlamentar afirmou que se trata de "campanha orquestrada" que pode ser desmentida por seus funcionários.

Nos últimos sete anos, o MP investigou pelo menos 12 casos de desvios de salários e funcionários fantasmas na Casa. Metade foi arquivada sob a alegação de falta de provas, e nenhuma ação foi oferecida até hoje.

Um caso recente envolve o deputado Luiz Fernando Teixeira Ferreira, sob suspeita de recolhimento de salários e nepotismo cruzado. Uma representação recebida pela Promotoria afirma que o deputado empregou, em seu gabinete, a irmã do vereador José Luiz Ferrarezi (PT), de São Bernardo do Campo. Ferrarezi, por sua vez, indicou a nora do deputado a cargo na Câmara Municipal da cidade. Promotores confirmaram que elas ocuparam os cargos.

Na semana passada, Ferreira foi notificado pelo Tribunal de Justiça para prestar informações sobre o caso. Ele não é obrigado a comparecer. Questionado pelo Estado, classificou as denúncias como "anônimas, infundadas e caluniosas". Por meio de nota, afirmou que tem conduta ilibada e está disponível para prestar os esclarecimentos necessários.

Outro caso, aberto em 2015, envolve o deputado Feliciano Filho. Uma funcionária do gabinete, ouvida pela Promotoria, relatou que foi obrigada a assinar uma declaração de doação à campanha de Feliciano, mas nunca doou o valor declarado.

Duas pessoas afirmaram ter feito doações às campanhas de Feliciano nas eleições de 2010 e 2014 de forma voluntária. A Justiça registrou que outros sete assessores registraram doações eleitorais, mas disseram ao Ministério Público do Estado que não foram coagidos.

Nos autos, o deputado Feliciano Filho nega qualquer irregularidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A vereadora do Recife e candidata à deputada federal, Marília Arraes (PT), foi indiciada pelo crime de peculato, ou seja, desvio de dinheiro público. A petista é acusada de manter o contrato de quatro funcionários fantasmas no seu gabinete na Câmara Municipal. O anúncio do encerramento do inquérito policial foi feito pela delegada Patrícia Domingos, responsável pela Delegacia de Crimes contra a Administração e Serviços Públicos (Decasp).

Segundo Patrícia, a conclusão aconteceu desde a semana passada, quando o inquérito foi encaminhado ao Ministério Público de Pernambuco. A delegada não deu detalhes sobre o caso, por correr em sigilo. O LeiaJá apurou que um desses funcionários fantasmas seria uma jornalista. A expectativa é que o MPPE decida, em cerca de 30 dias, se arquiva ou oferece a denúncia à Justiça.

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Em nota, Marília Arraes disse que estava surpresa com o indiciamento e estranhou o fato de a conclusão do inquérito ser divulgada a poucos dias da disputa eleitoral. 

“Há cerca de três anos, após tomar conhecimento de uma denúncia anônima totalmente absurda, que versava sobre este tema, eu mesma tomei a iniciativa de procurar o Ministério Público de Pernambuco para solicitar que os fatos fossem investigados”, afirmou. 

“Estranhamente agora, a duas semanas das eleições, na qual eu sou candidata, a delegada responsável pelas investigações anuncia, em entrevista coletiva, sem que houvesse sequer uma comunicação oficial sobre a conclusão do inquérito, o indiciamento”, completou Marília. Além disso, a petista se colocou à disposição da Justiça para qualquer esclarecimento. 

Vereadores do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife (RMR), foram afastados das funções legislativas, nesta quarta-feira (19), após serem alvos de uma operação da Polícia Civil que investiga o envolvimento deles em um esquema de desvio de verbas a partir da manutenção de funcionários fantasmas na Câmara Municipal. 

Os parlamentares investigados são Mário Anderson da Silva Barreto (PSB), também conhecido como Anderson Bocão, que é presidente da Casa; Neemias José (PV), Gessé Oliveira (PR), Amaro Honorato (PRP), conhecido como Amaro do Sindicato, e Ezequiel Manoel (PT), vice-presidente da Câmara.

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A operação que recebeu o nome de “Ghost”, que significa fantasma em inglês, apura os crimes de associação criminosa e peculato, quando o cargo público é utilizado para obter algum tipo de vantagem. 

De acordo com o Gerente Operacional da Delegacias Especializadas da PCPE, delegado Nelson Souto, foram realizados 13 mandados de busca e apreensão na sede da Câmara dos Vereadores do Cabo e nos endereços dos políticos e servidores investigados. Ainda segundo ele, foi coletada uma “farta” quantia de material que será analisado. 

Esta foi a primeira fase da investigação que iniciou em março de 2017. Nenhum dos investigados foi preso. "Precisamos saber a participação de cada vereador e de funcionário comissionado nesse crime para poder determinar a punição individualizada", afirmou o delegado Nelson Souto. 

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) instaurou um inquérito para investigar se o deputado estadual Cleiton Collins e sua esposa, a vereadora do Recife Michele Collins, ambos do PP, mantêm em seus gabinetes funcionários fantasmas. A determinação foi emitida pela promotora de Justiça Andrea Fernandes Nunes Padilha e publicada no Diário Oficial de Pernambuco no último dia 11. 

Segundo o MPPE, o inquérito é oriundo de denúncias sobre a existência de irregularidades na contratação de servidores por parte dos políticos. Os funcionários supostamente pertenciam a outros órgãos e apareciam como servidores dos gabinetes parlamentares. 

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Na decisão, a promotora explica que a abertura do inquérito se deu por conta da ausência de informações dos acusados em resposta a “notícia fato” registrada no MPPE. E pede que se providencie a autuação do casal de políticos, reiterando ofícios expedidos em 12 de dezembro de 2016 “ainda sem resposta... no sentido de que esclareçam a denúncia descrita”. 

Além disso, a promotora solicita que o MPPE esclareça “se os argumentos expostos no parecer técnico nº 001/2016 são procedentes ou contêm lacunas, expondo ao final se a escolha da empresa contratada era, de fato, a melhor opção para a Prefeitura do Recife sob o ponto de vista técnico conforme as razões apontadas no documento”.  

Procurado pelo LeiaJá, o deputado Cleiton Collins disse que estava entrando em uma audiência pública e pediu para que ligasse depois. Já a assessoria da vereadora Michele Collins não foi localizada. 

Veja detalhes da decisão:

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O esquema de desvio de verbas públicas na câmara de vereadores de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, foi detalhado na manhã desta terça-feira (18) pela delegada Patrícia Domingos, que comanda as investigações. Segundo ela, a maior parte dos 360 cargos comissionados da casa eram funcionários fantasmas, que recebiam entre 10% e 20% dos salários e repassavam o restante para os vereadores a quem estavam ligados.

As investigações da operação "Caixa de Pandora" foram iniciadas há seis meses depois que um funcionário concursado da câmara fez a denúncia sobre o esquema. Dos 27 vereadores do município, 19 tiveram envolvimento na associação criminosa, entre eles, o candidato a prefeito Manuel Pereira da Costa, o Neco, e o candidato a vice-prefeito na chapa adversária e ex-presidente do Náutico, Ricardo Valois.

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O esquema funcionava da seguinte forma: os vereadores contratavam qualquer pessoa que aceitasse participar da falcatrua como comissionado. Quando o salário era pago, os 'funcionários' entregavam entre 80% e 90% do valor aos vereadores. Os valores variavam entre R$ 1,7 mil e R$ 7,5 mil.

“Era uma moeda de troca. Os vereadores nomeavam as pessoas em troca de parte do salário delas. Muitas dessas pessoas nem pisavam na Câmara. Encontramos gabinetes fechados, outros com uma ou duas pessoas”, explicou a delegada.

Ainda havia outra forma de desviar os recursos. No final do ano, vários dos 'fantasmas' eram demitidos pelos vereadores e recebiam os valores de verba indenizatória e proporcional de férias e 13º salário, que da mesma forma, eram repassados aos patrões. Em janeiro alguns eram readmitidos.

“Tem funcionários que são analfabetas e nem sabem assinar. Há pessoas que só estudaram até a 3° ou 4° série. E essas pessoas têm cargo de assessor, com salários de R$ 5.400 mil, assessorando numa elaboração de projeto de lei sem saber ler ou escrever”.

Os 19 vereadores envolvidos fecharam esquema em uma mesa diretora da câmara para aumentar de 279 para os atuais 360 o número de funcionários comissionados. "Quem conhece a câmara de Jaboatão sabe que nem cabem 360 pessoas no prédio. Verificamos que apenas 50 pessoas, entre vereadores, comissionados e concursados circulam por lá diariamente e isso foi um forte indício para que as investigações fossem iniciadas", explicou Patrícia Domingos.

 

Confira a lista dos investigados:

Sargento Sampaio (PR)

Charles Motorista (PR)

Luciano Luiz de Almeira (PR, eleito pelo PCdoB)

Jeneton José Basílio (PTC)

Vado Jogador (PTC)

Samoel do Sorvete (PTN)

Adriano Alves Bezerra (PHS)

José Belarmino de Souza (PHS)

Soldado Souza (PSDB)

Edmilson Monteiro (PV)

Eduardo Gomes do Nascimento, o Didinho (PSB)

Pastor Eurico da Silva Moura (PSB)

Irmã Sandra (PSB)

Miguel Antônio da Silva (PSB, eleito pelo PTdoB)

Louro (PSB)

Neco (PDT, eleito pelo PSC)

Misael Barbosa (PSC)

Ricardo Valois (PR, eleito pelo PT)

Com informações de Damares Romão

O vereador de São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife (RMR), Denis Alves (PTB), pode ter o mandato cassado por faltar mais de 1/3 das sessões deliberativas da Câmara. Segundo o pedido, de autoria do PSB, o petebista esteve ausente em 30 reuniões, quase o dobro do permitido, e não justificou as faltas. De acordo com informações coletadas pelo Portal LeiaJá, o processo será concluído na próxima semana após o aval do jurídico da Casa.  

A regra é definida pelo artigo 12 do Regimento Interno da Casa, de 2008. Segundo o documento, o parlamentar que deixar de comparecer a 1/3 das sessões ordinárias no ano, salvo em licença ou missão autorizada, poderá perder o mandato. Neste caso, a cassação é decidida pela Mesa Diretora por meio de ofício, a partir da provocação de um vereador ou de partido político representado na Câmara.  

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À reportagem, um dos membros da Mesa Diretora confirmou, em reserva, a quebra do regimento. No entanto, ele pontuou que o andamento do processo de cassação só se deu após uma notificação da instância local do Ministério Público alegando que o colegiado poderia ser punido por prevaricação se omitisse a quebra das regras. 

“Ele teve 30 faltas, sem justificativas, durante o ano. O pedido de cassação é de autoria do PSB e a Mesa Diretora ficou inerte quanto a ele, mas o Ministério Público foi acionado e foi preciso dar andamento ao processo”, revelou a fonte.

Procurado pelo LeiaJá, Denis Alves afirmou que o pedido de cassação é uma retaliação do PSB a fiscalização que fez a gestão do ex-prefeito da cidade e atual presidente da Agência de Regulação de Pernambuco (Arpe), Ettore Labanca. 

“Ele encaminhou um projeto para a confecção de livros para idosos com um custo de mais de R$ 2 milhões e eu pedi vistas para analisar com profundidade. Derrubaram o meu pedido de vistas e aprovaram na marra, depois disso disseram que iriam cassar o meu mandato”, salientou o petebista. 

Indagado sobre as faltas nas sessões, que justificam o processo, Denis Alves confirmou a ausência. “No Regimento Interno as reuniões têm que ser às 20h e eles por não gostarem da participação da população mudaram para às 10h. Isso ajudou os capachos do ex-prefeito e do prefeito a aprovarem esses projetos assombrosos sem que o povo soubesse. Comecei a faltar de propósito mesmo, para que as normas fossem cumpridas”, cravou. 

O artigo 83 do Regimento confirma a tese do parlamentar, nele diz que “salvo as reuniões solenes, as demais terão duração de três horas, iniciando-se às 20 horas”. 

Denis Alves também acusou o ex-prefeito de barganhar o apoio dos parlamentares com uma espécie de “cargos fantasmas”. “O ex-prefeito acha que é o dono da cidade e ninguém pode ser contra ele. Aqui os vereadores recebem uma propinazinha em forma de cargos, três pessoas fantasmas. Não participei desta prática e por isso me perseguem”, disse. 

O Portal LeiaJá procurou o ex-prefeito de São Lourenço da Mata e presidente Arpe, Ettore Labanca para esclarecer as denúncias, porém ele não atendeu as ligações até o fechamento desta matéria. O contato com presidente da Câmara dos Vereadores, Celso Luiz (PR), também foi sem êxito.   

O prefeito do Paulista, Junior Matuto (PSB), comemora os primeiros resultados obtidos com o censo do servidor municipal, realizado nos três primeiros meses de trabalho. A ação inédita na cidade, que foi coordenada pela Secretaria de Administração, já identificou algumas distorções em relação ao corpo funcional da Prefeitura. Com base nas informações levantadas, o novo chefe do Executivo vai reduzir gastos com a folha de pessoal.

Os dados consolidados apontam, até o momento, para um prejuízo financeiro de R$ 95 mil reais com o pagamento de funcionários “irregulares”. Cinco casos chamaram a atenção do socialista. Constam no relatório preliminar situações como a do servidor que faleceu em março de 2010 e ainda fazia parte da folha (funcionários fantasmas). A inspeção motivou o corpo jurídico da prefeitura a estudar medidas legais para penalizar esses funcionários.

Também existe o caso de dois aposentados que recebiam salários desde o ano passado como ativo e inativo (em duplicidade). Há também os servidores oriundos da Câmara Municipal que ficaram à disposição do Executivo, mas, posteriormente, retornaram aos postos de origem e continuaram recebendo os vencimentos duplos. Um deles, inclusive, desde fevereiro de 2011.
 



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