Mencionados na planilha de doações da Odebrecht, coletada na Operação Lava Jato, políticos pernambucanos emitiram notas admitindo ter recebido verbas da empreiteira para as suas campanhas, mas pontuando que todas foram registradas legalmente nas prestações de contas encaminhadas para o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE). Os documentos apontam os benefícios destinados a no mínimo 15 políticos, com uma verba no total de R$ 6,3 milhões.
Entre as planilhas, apreendidas na casa do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva Junior, o que mais chamou a atenção foram os codinomes dados a alguns citados. Na listagem, aparece o deputado federal Raul Jungmann (PPS), chamado de “bruto”; o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT), de “drácula”; o filho do deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB), Jarbas Vasconcelos Filho (PMDB) citado pelo codinome de “viagra”; o prefeito do Recife, Geraldo Julio é chamado de “neto”; o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), de “charada”; e o ex-prefeito de São Lourenço da Mata, Ettore Labanca (PSB), de “cacique”.
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Vice-líder da oposição na Câmara, Raul Jungmann, confirmou ter recebido R$ 100 mil do grupo para a campanha de 2012. “Este valor foi apresentado na prestação de contas ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), devidamente aprovada sem restrições”, resumiu em nota. Seguindo a mesma linha, o deputado federal Mendonça Filho (DEM), disse que a citação do seu nome no documento não altera o apoio dele ao combate à corrupção. “É importante separar a doação empresarial legal, permitida então pela Lei Eleitoral, e contribuições ilegais derivadas de corrupção, as quais são investigadas pela Operação Lava Jato”, cravou, em nota, pontuando ter registrado legalmente o repasse da Odebrecht.
Também da bancada de oposição, o deputado federal Daniel Coelho disse não ter recebido nada acima do que foi declarado à Justiça Eleitoral. “Tenho a tranquilidade de não ter recebido absolutamente nada além do que foi declarado oficialmente no período eleitoral. Em maio de 2012 não havia sequer a confirmação de que eu seria candidato, como notícias veiculadas nos jornais do período podem comprovar”, pontuou. “Espero que as investigações prossigam com rapidez e tenho certeza de que nas delações que já foram anunciadas ficará esclarecido quem deu dinheiro, para quem e quem recebeu”, acrescentou.
"Como consta da prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral, não houve qualquer doação da Odebrecht à campanha de Humberto daquele ano. O que pode ter ocorrido - se efetivamente houve a doação - é que ela tenha sido feita diretamente ao PT Nacional, que repassou cerca de R$ 1,7 milhão para contribuir com a campanha do senador em 2012, conforme registrado na mesma prestação de contas", informou o senador.
Também citado na lista da Odebrecht, o prefeito Geraldo Julio (PSB) afirmou, em conversa com a imprensa, que não conhecia a planilha. “Com relação as minhas contas eleitorais elas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral. Elas estão disponíveis na internet desde a campanha e desde depois da campanha quando foram aprovadas, então as contas estão lá disponíveis, desde sempre”, frisou o prefeito.
Atualmente no comando da Agência de Regulação de Pernambuco (Arpe), o ex-prefeito de São Lourenço da Mata, Ettore Labanca (PSB), também admitiu ter recebido valores da Odebrecht para o pleito daquele ano, mas negou ilegalidades. “A doação ao meu comitê financeiro ocorreu de forma transparente, obedeceu a legislação vigente naquele momento e não esteve condicionada a nenhum ato escuso que possa colocar sob suspeita a minha atuação política”, justifica.
Além destes, o deputado federal Bruno Araújo (PSDB); o ex-governador Eduardo Campos, falecido em 2014; o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes (PSDB); e o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior, Armando Monteiro Neto (PTB), também são mencionados na planilha da empreiteira.