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O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, voltou a reclamar de países que supostamente "se aproveitaram da crise" provocada pelo novo coronavírus para "avançar em interesses protecionistas e renovar atitudes colonialistas" contra o Brasil. A fala ocorreu nesta terça-feira (11) durante a 2ª Cúpula Presidencial do Pacto de Letícia pela Amazônia, que está sendo realizada por videoconferência.

"Além da perda de patrimônio natural com os incêndios florestais em 2019, enfrentamos a uma intensa reação internacional contra o nosso governo. Isso nos confirmou que a preservação da Amazônia ocupa um lugar especial no imaginário ambiental do mundo moderno", disse Mourão. "Pior foi a postura de alguns que se aproveitaram da crise para avançar em interesses protecionistas e renovar atitudes colonialistas", afirmou em seguida.

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Na segunda-feira, Mourão falou algo semelhante ao participar do encontro Ibero-Americano da Agenda 2030 do Poder Judiciário. "No plano externo, nos preocupa que a crise gerada pela pandemia (da Covid-19) seja utilizada como justificativa para a imposição de medidas protecionistas. Acompanhamos, com receio ainda maior, o acúmulo de tensões entre as duas principais potências econômicas do Planeta e seus possíveis efeitos desestabilizadores sobre o sistema internacional", declarou o vice na segunda-feira.

Na reunião do Pacto de Letícia, Mourão também enfatizou que "o protagonista do desenvolvimento sustentável na Amazônia será o setor privado, não o Estado".

O programa Globalizando desta semana fala sobre protecionismo norte-americano sobre o aço e alumínio e consequências para o Brasil. A convidada é a professora Mayane Bento, graduada em Relações Internacionais pela Universidade da Amazônia (Unama), mestre pelo Núcleo de Meio Ambiente (Numa) da Universidade Federal do Pará (UFPA), no programa de pós-graduação em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia, doutoranda em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB). Mayane também é professora do curso de Relações Internacionais da Unama.

 Acompanhe esse e outros temas no programa Globalizando, na Rádio Unama FM 105.5, produzido pelos alunos do curso de Relações Internacionais da Universidade da Amazônia (Unama). Clique no ícone abaixo para ouvir o Globalizando.

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Na avaliação de especialistas em comércio exterior ouvidos pelo Estado, o principal temor é que a iniciativa tomada nessa quinta-feira, 22, pelo presidente Donald Trump contra os chineses provoque uma "escalada" de protecionismo ao redor do mundo.

Para Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior e sócio da Barral M Jorge Consultores Associados, pode haver uma piora no comércio global como um todo, pois não se sabe que outras medidas o governo americano vai tomar após o anúncio dessa quinta-feira.

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Ele também avalia que a sensação de que o discurso protecionista está ganhando força na maior economia do mundo pode fazer com que os demais governos também se sintam obrigados a aumentar barreiras, dificultando que os produtos brasileiros conquistem mercados.

"Um ponto positivo dessa maneira Trump de fazer comércio exterior é que países, como Canadá e México, acabam se sentindo forçados a fazer um descolamento da política comercial americana e podem avançar na negociação de acordos com os países do Mercosul, o que também beneficiaria o exportador brasileiro."

Ele lembra que há muita resistência no Congresso americano e todos os governantes, exceto Trump, sabem o dano que uma guerra comercial causaria. "O mundo, de forma geral, está se mantendo cauteloso."

Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, a posição agressiva de Trump tem um componente de "pirotecnia", mas pode trazer um impacto negativo no comércio global. "O objetivo é minar a indústria chinesa, barrar o celular que hoje é pensado no Vale do Silício e montado na China."

De acordo com Castro, mesmo que as medidas de Trump sejam significativas, ainda é cedo para avaliar a dimensão do que ocorreu nessa quinta-feira.

"O impacto vai depender dos detalhes que o governo americano ainda não divulgou. Não se sabe quais produtos serão afetados. Na teoria, a China vai ficar com um excedente de produção e poderá precisar buscar novos mercados para escoar seus produtos."

Ele avalia que o resto do mundo vai tentar observar agora se as medidas tomadas por Trump têm potencial de evoluir para uma guerra comercial. "Se isso ocorrer, a China pode retaliar os Estados Unidos deixando de comprar produtos, como soja e carne, e buscando uma alternativa, que seria o Brasil." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério de Comércio da China demonstrou preocupação com a postura de protecionismo comercial dos EUA depois que Washington rejeitou o plano da chinesa Ant Financial de comprar a empresa norte-americana de transferência de fundos MoneyGram.

"Lamentamos ver planos de fusão de uma empresa chinesa nos EUA serem bloqueados devido às chamadas questões de segurança nacional", afirmou Gao Feng, porta-voz do ministério, durante coletiva hoje.

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Segundo Gao, a China é contrária a imposição de restrições a investimentos estrangeiros por motivos de segurança nacional.

No começo deste mês, um painel do governo dos EUA barrou a aquisição da MoneyGram pela Ant Financial, num acordo que era estimado em US$ 1,2 bilhão. Fonte: Dow Jones Newswires.

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (Brics) alertaram ontem contra tendências e políticas isolacionistas que afetam de maneira negativa a confiança do mercado e as perspectivas de crescimento global.

Na declaração final da 9.ª Cúpula do Brics, os cinco países se comprometeram a aprofundar seus laços financeiros, comerciais e de investimentos e a fortalecer sua coordenação macroeconômica.

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No discurso de abertura do evento, o anfitrião Xi Jinping afirmou que há um amplo espaço para a ampliação dos negócios entre os parceiros do Brics, que respondem por 23% do PIB e 40% da população mundial. Xi observou que dos US$ 197 bilhões de investimentos externos feitos pelo Brics em 2016, apenas 5,7% foram destinados a negócios nos países do bloco.

O anfitrião defendeu que os cinco países explorem as complementaridades de suas estratégias de desenvolvimento e adotem medidas pragmáticas. "Nós ainda precisamos explorar todo o potencial da cooperação do Brics", ressaltou Xi.

Os integrantes do Brics foram vistos como a grande promessa da economia mundial no começo da década passada, quando eram impulsionados pela alta no preço das commodities e o sucesso da integração da China e da Índia a cadeias produtivas globais.

Mas a queda no preço de minérios e petróleo atingiu em cheio as performances de Brasil, Rússia e África do Sul. China e Índia mantiveram elevados índices de crescimento e aumentaram seu peso relativo dentro do grupo. Hoje, a economia chinesa é maior que a soma das de seus quatro parceiros.

"Observamos que contra o cenário de crescimento global mais sólido, maior resiliência e novos motores (de crescimento), os países do Brics continuam a desempenhar um papel importante como motores do crescimento global", apontou a declaração final do encontro.

Investimentos

O documento encampou o arcabouço institucional defendido pelo Brasil para acordos de facilitação de investimento entre países, em contraposição aos acordos de proteção de investimentos promovidos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O modelo dos países desenvolvidos favorece a posição das empresas e prevê que eventuais conflitos entre elas e os Estados soberanos serão resolvidos por arbitragem, fora da jurisdição do governo envolvido. O Brasil propõe que sejam solucionados por um fórum de alto nível.

No discurso de abertura da cúpula, Xi anunciou que a China destinará o equivalente a R$ 240 milhões a um fundo para troca de experiências e facilitação de comércio e investimentos entre os países do bloco. Pequim também destinará US$ 4 milhões ao banco do Brics.

Os valores são ínfimos quando comparados aos US$ 124 bilhões que a China prometeu destinar à iniciativa Um Cinturão, Uma Rota, durante evento sobre o assunto em maio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A entrada crescente de produtos siderúrgicos importados no Brasil e a assinatura, pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de um memorando que autoriza a investigação comercial sobre importação de aço no país poderão pressionar ainda mais o governo brasileiro a colocar em pauta a discussão de medidas protecionistas, como uma ação antidumping para o aço chinês e russo. A medida já está há algum tempo em discussão no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

"Estamos vivendo em um cenário conturbado na siderurgia, com um excesso de capacidade de 770 milhões de toneladas de aço globalmente. Com isso, estamos observando diversos países se movimentando para defender seus mercados", diz o presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes. Segundo ele, essa é uma estratégia que está sendo realizada por todos os países, e o Brasil deveria ficar atento a esse movimento, no sentido de proteger seu mercado interno.

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De um lado, Lopes defende que o governo trabalhe no sentido de elevar a competitividade das siderúrgicas na exportação, ampliando, por exemplo, a alíquota do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra) para 3%. De outro, o executivo diz que o governo precisa aprimorar seu sistema de defesa.

O Brasil é o nono produtor mundial de aço, segundo dados da Associação Mundial do Aço (WSA, na sigla em inglês), com 30,2 milhões de toneladas em 2016, ou 1,9% do total produzido mundialmente. Os Estados Unidos ocupam a quarta colocação, com 78,6 milhões de toneladas e 10% do mercado global. A China é o maior fabricante global, com 808,4 milhões de toneladas produzidas em 2016, ou 49,6% do mercado.

Na prática, a adoção de uma eventual barreira dos Estados Unidos ao aço de origem de outros países não deve afetar de forma mais relevante o Brasil, visto que o País já foi afetado, no ano passado, por uma medida antidumping americana. Hoje, essa medida afeta a exportação de chapas grossas, laminados a quente e laminados a frio do Brasil para os Estados Unidos. Está liberada apenas a venda de aço revestido. No ano passado, o Brasil exportou 13,4 milhões de toneladas de aço, o que representou queda de 17% em relação ao ano anterior. Desse total, 34% foram destinados aos Estados Unidos.

"Já estamos praticamente fora do mercado americano", diz o presidente da Usiminas, Sergio Leite. Segundo ele, o impacto será colateral, visto que o aço chinês que deixar de ser vendido nos Estados Unidos será desviado a outros países, com o Brasil podendo estar nessa rota. A Usiminas exportou, em 2016, 477 mil toneladas, queda de 64% ante o visto em 2015. Os Estados Unidos foram o destino de 14% desse total.

Em julho do ano passado, a Secretaria de Comércio Exterior, ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), iniciou uma investigação para averiguar suposta existência da prática de dumping nas exportações de aço plano laminado a quente da Rússia e da China para o Brasil. O processo foi aberto após denúncias enviadas pelas usinas. O presidente da Usiminas acredita que essas medidas antidumping saiam no início do segundo semestre deste ano.

Fluxo

As importações de aço no Brasil têm crescido neste ano e a preocupação aumentou ainda mais com a diferença do preço do aço nacional em relação ao importado subindo para cerca de 30%. Em março, por exemplo, as importações de aço pela rede de distribuição alcançaram 110,1 mil toneladas, alta de 118% na comparação anual e de 85,3% frente ao mês imediatamente anterior, de acordo com dados do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Escolhido por Donald Trump para ocupar o cargo de representante comercial americano, o advogado Robert Lighthizer defendeu nos anos 80 os interesses da indústria brasileira de açúcar e álcool nos EUA. Como a legislação proíbe que a função seja ocupada por alguém que tenha atuado como lobista de governos estrangeiros, ele precisará de um "perdão" do Congresso para tomar posse.

Além do Brasil, Lighthizer também defendeu a China em uma disputa comercial com os EUA. Apesar disso, é um crítico de Pequim e acredita que as atuais regras da Organização Mundial do Comércio são insuficientes para prevenir ou punir práticas comerciais do país asiático que considera desleais.

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"Em um nível puramente intelectual, como a permissão para que a China manipule constantemente o comércio a seu favor promove o objetivo conservador de fazer com que os mercados sejam mais eficientes?", escreveu em artigo publicado em 2010 sob o título "Donald Trump não é um liberal em comércio".

Cana

Considerado um protecionista, Lighthizer foi contratado em 1985 para representar o extinto Instituto do Açúcar e do Álcool em uma disputa comercial com os EUA. Na época, produtores americanos de etanol à base de milho pediram a abertura de investigação da prática de dumping pelo Brasil e de eventuais concessões de subsídios à produção de etanol de cana-de-açúcar pelo governo brasileiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A política comercial do governo Donald Trump vai ampliar o espaço para medidas unilaterais dos EUA contra outros países e abrirá caminho para Washington ignorar decisões da Organização Mundial do Comércio (OMC) contrárias a seus interesses, em um frontal desafio à arquitetura econômica multilateral construída ao longo das últimas seis décadas para evitar uma guerra comercial em escala global.

Os princípios são uma tradução do slogan "América em primeiro lugar", que orientou a campanha vitoriosa de Trump, e foram apresentados nesta quarta-feira, 1, no relatório anual sobre a agenda comercial do governo enviada ao Congresso dos EUA. O documento dá preferência a arranjos bilaterais em detrimento dos multilaterais e afirma que as regras da OMC são ineficazes quando integrantes do sistema não atuam de acordo com as regras de mercado.

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Apesar de a China não ser mencionada de maneira explícita no documento, ela é o alvo das críticas do governo Trump. "Grandes parcelas da economia global não refletem forças de mercado. Importantes setores da economia global e mercados significativos ao redor do mundo são distorcidos por subsídios governamentais, roubo de propriedade intelectual, manipulação da moeda, empresas estatais e inúmeras práticas desleais", diz o texto. "A incapacidade do sistema de responsabilizar esses países leva a uma falta de confiança no sistema."

O documento também enfatiza a soberania americana: "Desde que os Estados Unidos ganharam sua independência, tem sido um claro princípio de nosso país de que cidadãos americanos estão sujeitos apenas a leis e regulações feitas pelo governo dos EUA - não a decisões adotadas por governos estrangeiros ou organizações internacionais".

Mudança

Para analistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, a nova política representa uma radical mudança da postura tradicional dos EUA e deve estimular outros países a também adotarem medidas unilaterais. "A principal força disciplinadora da OMC é a adesão dos EUA às suas regras. Se a maior economia do mundo diz que obedecer às regras não é importante, outros países tenderão a se comportar da mesma maneira", disse Chad P. Bown, especialista em comércio internacional do Peterson Institute for International Economics. "Se ninguém joga de acordo com as regras, há o risco de termos um caos global."

Professor da American University, Aluisio de Lima-Campos disse que os novos princípios são uma "afronta" à OMC e ao sistema multilateral de solução de controvérsias. Segundo ele, os EUA criticaram no passado certas regras da organização, mas nunca adotaram uma política oficial de questionamento de sua eficácia. "O risco é voltarmos à situação tenebrosa que tivemos antes da Segunda Guerra Mundial, quando os países se envolveram em uma guerra tarifária e comercial."

Diretor para Comércio Internacional e Investimento do escritório de advocacia Steptoe & Johnson, Pablo Bentes afirmou que as novas diretrizes representam o maior questionamento do sistema de solução de controvérsias da OMC desde sua criação, em 1995.

Segundo ele, o documento resgata um dispositivo da legislação comercial americana que os EUA haviam deixado de aplicar depois de ele ter sido alvo de um processo na OMC no fim dos anos 90. Chamado de "Section 301", o artigo permite que Washington adote medidas unilaterais de retaliação contra países que acuse de práticas comerciais desleais.

Em sua opinião, os EUA poderão usar isso como um instrumento para forçar outros países a negociarem suas políticas de maneira bilateral. "A OMC proíbe determinações unilaterais de inconsistências (com as regras de comércio). Há um foro exclusivo no mecanismo de solução de controvérsias para determinar se houve violação."

Na opinião de Bown, a eventual ação unilateral dos EUA acabará prejudicando os próprios exportadores americanos, que poderão enfrentar medidas retaliatórias em outros países.

Brasil

O protecionismo do governo de Donald Trump, reforçado por medidas que estariam em preparação na Casa Branca para passar por cima das normas da Organização Mundial do Comércio, pode afetar o comércio brasileiro. "No fim da linha, tem consequências para nós. Essa reorientação cria um ambiente menos favorável", avaliou uma fonte do Itamaraty. Desde o último dia 22, quando José Serra anunciou a saída do Ministério das Relações Exteriores alegando problemas de saúde, a pasta está sem titular.

Não está claro com que intensidade as medidas determinadas por Trump podem afetar o Brasil. Porém, as negociações no âmbito da OMC não deverão avançar nesse período. "Se eles não querem jogo, não vai ter jogo", comentou a fonte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Brasil vai procurar negociar acordos com o Reino Unido, uma vez que ele deixará a União Europeia. Foi o que afirmou ao Estado o ministro das Relações Exteriores, José Serra. "Teria sido melhor não ter acontecido", disse. Mas, já que o resultado foi esse, restou ao Brasil ajustar seus planos à nova realidade. "A estratégia é continuar negociando com a União Europeia e abrir negociação com Reino Unido, de livre-comércio, de investimento, tudo o que for possível", explicou. "Eles têm um peso grande no comércio internacional."

Segundo avaliou o ministro, os britânicos, são liberais no comércio, inclusive nos produtos agrícolas. Alemanha e França, que agora tiveram seu peso relativo aumentado dentro do bloco europeu, são "mais complicados" nesse campo. "Então, na União Europeia, aumenta o peso relativo do protecionismo", comentou.

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Por outro lado, lembrou o ministro, o fato de o Brasil abrir negociação com o Reino Unido, separadamente, pode ser um elemento de pressão para os europeus negociarem com o Mercosul. "Quando se tem opções de negociação, o parceiro fica mais interessado", explicou. É esse o efeito que o Brasil busca, também, ao aprofundar seu diálogo com os Estados Unidos.

Ontem, o Itamaraty divulgou uma nota oficial na qual afirma respeitar o resultado do referendo. "O Brasil confia que essa decisão não vai deter o processo de integração europeia, nem o espírito de abertura ao mundo que caracterizam, e devem continuar a caracterizar, tanto o Reino Unido como a União Europeia. Confia, igualmente, que todos os esforços serão feitos para assegurar uma transição suave e estável." Na nota, o governo brasileiro informa que manterá suas parcerias estratégicas com ambos os lados.

'Discreta torcida'

Mas, nos bastidores, havia de fato uma "discreta torcida" para que o Reino Unido permanecesse na União Europeia. Justamente porque os britânicos eram aliados importantes do Brasil nas negociações do acordo comercial, quando se tratava do mercado de produtos agrícolas.

Há, também, entre os técnicos, uma preocupação sobre o efeito da separação no processo de retomada econômica do bloco europeu. O temor é que a instabilidade retarde a recuperação de parceiros comerciais importantes do Brasil na região, como Espanha e Portugal. Serra acha, porém, que as exportações brasileiras não sofrerão grandes alterações.

(Colaboraram Célia Froufe, Bernardo caram, Eduardo Rodrigues, Idiana Tomazelli)

Mergulhado em uma recessão, o Brasil foi o terceiro país a adotar o maior número de barreiras comerciais em 2015. Mas, pela primeira vez e a partir do início de 2016, o governo usou mais medidas liberalizantes do que barreiras ao comércio. Isso é o que revela informe da Organização Mundial do Comércio (OMC) que serve de base para os trabalhos do G-20.

De um total de 24 medidas adotadas pelo governo entre outubro de 2015 e maio de 2016 - o auge da crise no País -, apenas 9 foram restritivas. O restante promoveu a queda de tarifas de importação para diversos setores ou retirou entraves para a entrada de produtos.

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O volume ainda se contrasta com os indicadores dos últimos anos. Em 2014, foram 35 barreiras criadas pelo Brasil apenas na área de antidumping. Mas, em 2015, o Brasil reduziu o total de medidas antidumping para 23 e foi superado por Índia e Estados Unidos.

O recuo da pressão protecionista no Brasil coincide com uma queda importante no fluxo de comércio. Segundo a avaliação da OMC, o País teve uma das maiores quedas de importação do mundo em 2015, com redução de 15%.

Ainda assim, os estoques de barreiras no País colocam o Brasil entre os mais protecionistas do G-20. Somando todas as ações desde a eclosão da crise, em 2008, foram quase 180 medidas antidumping, número superado apenas pelos EUA, com cerca de 200. No caso brasileiro, o principal alvo são os chineses, com mais de 60 barreiras.

Em 2015, as barreiras técnicas do Brasil chegaram a 115, uma vez mais superado apenas pelos EUA, com 283.

Mas o estoque de medidas ainda em vigor preocupa a OMC. Em seu informe ao G-20, a entidade constata que o volume de medidas protecionistas atingiu o maior nível desde que começou a monitorar a adoção de barreiras, em 2009.

Entre outubro de 2015 e maio de 2016, as economias do G-20 criaram 145 novas barreiras, quase 21 a cada mês. "Há muito tempo estamos preocupados com o aumento das medidas restritivas", disse Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Brasil adotou uma medida protecionista a cada 17 dias em média, desde a eclosão da crise econômica mundial, que completa sete anos. Um informe publicado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) indicou que, desde 2008, o governo brasileiro implementou 148 novas barreiras comerciais, um dos números mais elevados entre todos os governos do G-20.

Entre maio e outubro de 2015, o Brasil voltou a estar entre as economias que mais aplicaram barreiras comerciais. Neste período, Índia e Indonésia implementaram dez barreiras, contra nove do Brasil e dos EUA. No caso brasileiro, foram adotadas 11 medidas liberalizantes neste mesmo período.

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Desde a eclosão da crise econômica de 2008, um total de 1,4 mil barreiras foram criadas pelos países do G-20. Dessas, apenas 354 foram retiradas. "Apesar das promessas do G-20 de retirar as medidas protecionistas, mais de 75% daquelas implementadas desde 2008 continuam em vigor", disse a OMC.

O que também deixa a OMC preocupada é que, enquanto 17 novas medidas foram adotadas por mês neste sentido, apenas 12 medidas de facilitação ao comércio foram implementadas, o número mais baixo desde 2013. Parte do motivo poderia ser a desaceleração na economia mundial e que obrigou a OMC a reduzir sua previsão de crescimento do comércio para 2015 de 3,3% para apenas 2,8%.

"A desaceleração do comércio mundial que foi observada no último informe continuou no segundo trimestre", disse a OMC. "O crescimento econômico global foi modesto."

Entre os fatores que pesaram estão os tombos nas economias do Brasil e da Rússia. "Preços de commodities caíram de forma acentuada desde o ano passado, estrangulando exportadores como o Brasil e a Rússia", constatou a OMC.

No segundo trimestre, esses exportadores registram quedas significativas da renda com suas vendas. A redução no caso brasileiro foi de 7,2%, ante 7,8% na Rússia. Exportadores de recursos naturais também viram a queda na entrada de dólares afetar o valor de suas moedas. Na Rússia, o rublo caiu 37% em um ano. O real caiu 28%.

Apelo

Desde 2008, a OMC estima que 5,9% do comércio global foi atingido por barreiras, num total de US$ 851 bilhões. Diante desses valores, a entidade apela para que os líderes do G-20 se comprometam a "dar exemplo" e "eliminar restrições ao comércio".

Para a OMC, as "incertezas sobre a economia global continuam a ter um impacto sobre o comércio internacional" e os países do G-20 estão diante de "importantes desafios". Para a entidade, governos devem evitar implementar novas medidas restritivas e começar a retirar as barreiras já criadas, processo que tem "fracassado". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Países emergentes proliferam seus ataques contra o protecionismo comercial do governo Brasil. Nos últimos dias, o país recebeu queixas de cinco governos de economias em desenvolvimento que questionavam na Organização Mundial do Comércio as medidas adotadas pelo governo. Todas elas vieram de países emergentes.

Em 2013, o Brasil foi o país que adotou o maior número de medidas contra importados no mundo, com um total de 39 abertura de ações de antidumping. No mundo, 407 barreiras foram implementadas, cem a mais que em 2012.

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A OMC, no entanto, não entra em uma avaliação se as medidas são ilegais ou não. Mas insiste em que governos precisam continuar alertas diante das pressões protecionistas. No total, um fluxo de comércio equivalente a US$ 240 bilhões foi afetado pelas barreiras.

No que se refere ao Brasil, a OMC aponta que 35 novas investigações de dumping foram abertas pelo País em doze meses. O segundo lugar ficou para a Índia, com 35 casos. Os americanos vem na terceira posição, com 34 anos. O quarto lugar é da Argentina, com 19 casos.

Mas se até agora eram americanos, europeus e japoneses que se queixavam das medidas brasileiras, o Itamaraty passou a ser atacado também por economias emergentes que afirmam estar sofrendo das barreiras brasileiras.

Na semana passada, numa reunião da OMC, quem se levantou contra o Brasil foi o novo governo da Ucrânia. Kiev, mesmo diante de sérios problemas internos, protestou sobre o que acredita ser a "falta de consistência" da imposição de barreiras antidumping do Brasil contra produtos siderúrgicos do país da Europa Central.

Três países sul-americanos também incluíram na agenda da OMC queixas contra as barreiras brasileiras. Chile, Colômbia e Peru afirmaram estar preocupados com a forma pela qual o Brasil está investigando a importação de folhas de plástico usadas para embalagens. Um dos setores mais afetados pelas medidas antidumping do Brasil é justamente o setor químico.

Já o governo de Taiwan atacou a investigação que o governo brasileiro conduz no que se refere à suspeita de dumping de preços por parte de exportadores asiáticos de nylon.

Em resposta a todos, o governo brasileiro insiste que os procedimentos de investigações de dumping e a imposição de sobretaxas respeita as regras da OMC. O Itamaraty também se ofereceu para manter discussões bilaterais com cada um desses governos sobre suas preocupações.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no fim de 2013, o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, já havia afirmado que um dos problemas desde o início da crise mundial em 2008 é que 80% das medidas para barrar o comércio e declaradas como iniciativas "temporárias" na realidade jamais foram desmontadas. O temor de especialistas é que, uma vez implementadas, as barreiras não serão mais eliminadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Brasil foi o país que adotou o maior número de medidas contra importados em 2013 no mundo, com um total de 39 aberturas de ações de antidumping. Os dados fazem parte de um informe preparado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e que alerta que o volume de novas barreiras no mundo no ano passado foi 30% superior ao número de 2012.

Os dados serão debatidos nesta segunda-feira (17), em Genebra, numa reunião convocada para tratar do protecionismo no mundo. A OMC não acredita que exista um "surto" de protecionismo na economia mundial. Mas vai apelar aos governos para que coloquem o combate às barreiras como uma prioridade.

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No total, 407 barreiras foram implementadas no mundo, 100 mais que em 2012. A OMC não entra numa avaliação se as medidas são ilegais ou não. Mas insiste em que governos precisam continuar alertas diante das pressões protecionistas. No total, um fluxo de comércio equivalente a US$ 240 bilhões foi afetado pelas barreiras.

No que se refere ao Brasil, a OMC aponta que 39 novas investigações de dumping foram abertas pelo País em 12 meses. O segundo lugar ficou para a Índia, com 35 casos. Os americanos vêm na terceira posição, com 34 casos. O quarto lugar é da Argentina, com 19 casos.

Nos últimos dois anos, o Brasil já vem sendo duramente questionado na OMC por sua política comercial. Na semana passada, a Europa deu claras indicações de que vai recorrer aos juízes internacionais para julgar a política de incentivos fiscais do Brasil, numa ação que pode contar até mesmo com o apoio de Washington. Bruxelas alertou que programas como o de redução de IPI foram anunciados como medidas provisórias, mas acabaram se transformando em políticas industriais permanentes no Brasil.

De fato, outra preocupação generalizada da OMC é de que as barreiras adotadas desde o início da crise, em 2008, não venham sendo retiradas com o mesmo ritmo das novas medidas protecionistas.

No mundo, as medidas adotadas por governos para facilitar o fluxo de bens despencaram em 2013, somando apenas 107 casos pelo mundo e 50 a menos que em 2012. No mesmo período, o número de países que atenderam ao pedido da OMC para detalhar as medidas comerciais adotadas no ano caiu de 39 em 2012 para 35 em 2013. Quatro de cada cinco membros da OMC nem sequer comunicou à entidade o que tem feito em termos de medidas comerciais.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no fim de 2013, o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, já havia afirmado que um dos problemas desde o início da crise mundial em 2008 é que 80% das medidas para barrar o comércio e declaradas como iniciativas "temporárias" na realidade jamais foram desmontadas. O temor de especialistas é que, uma vez implementadas, as barreiras não serão mais eliminadas.

O que a OMC também constatou é que o número de acordos bilaterais e regionais de comércio continua em plena expansão. Apenas em 2013, houve 23 novos tratados, fazendo com que o total atingisse 250. Segundo a entidade, um número elevado continua sendo negociado, no que pode ser um obstáculo para a OMC continuar a ser o foco do comércio mundial e do estabelecimento de regras.

Comércio

No que se refere ao fluxo de bens em 2013, a OMC não esconde que a taxa de expansão ficou abaixo de 2,5%, sua previsão inicial para o ano. Segundo a entidade, se não fosse pelos países emergentes, o comércio global teria encolhido, um cenário que teria repetido a crise de 2009.

Para 2014, a OMC destaca uma aceleração nos fluxos de bens. Mas diz que a taxa deve ficar abaixo da média dos últimos 25 anos, quando o crescimento foi de 5,5%. Para este ano, o melhor cenário aponta uma expansão de 4,5%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A delegação brasileira impediu nesta quarta-feira, 4, a prorrogação no G-20, por três anos, do acordo chamado Stand Still, pelo qual as maiores economias do mundo, reunidas em São Petersburgo, Rússia, se comprometiam a não mexer em tarifas de importação ou adotar novas medidas protecionistas. Com apoio da Argentina, o Brasil impediu um consenso à renovação até 2016 com a alegação de que o acordo mantinha uma situação injusta.

O Stand Still foi adotado na Cúpula de 2008, em Washington, com a intenção de não permitir que os países do grupo adotassem medidas protecionistas para se proteger da crise financeira, ainda em seu início. Desde então, foi renovado a cada encontro anual. Dessa vez, a intenção era manter a validade do acordo por um período mais longo. A necessidade de consenso, no entanto, esbarrou na determinação das delegações brasileira e argentina.

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A justificativa do Itamaraty é que o Brasil teria espaço ainda, se quisesse, para aumentar suas tarifas dentro das regras estabelecidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Outros países do grupo, no entanto, que teriam subsídios e barreiras considerados ilegais, não mudam por estarem protegidos pelo acordo do G-20.

Do outro lado das negociações, alguns países desenvolvidos avaliaram que a posição brasileira é de quem enterrou de vez as esperanças de ver a Rodada Doha sair da atual imobilidade. Ou seja, o Brasil aceitava o acordo até que a rodada desse resultados, quando todas as tarifas cairiam. A visão chegou a ser usada como pressão sobre a delegação brasileira, pois passariam um sinal negativo justamente quando o brasileiro Roberto Azevêdo assume a direção-geral da OMC com a determinação de ressuscitar Doha.

O Itamaraty, no entanto, alega que a posição é o contrário: o stand still mantinha, em teoria, as coisas como estavam e facilitava para que os países desenvolvidos tivessem interesse em se dedicar a Doha. Com a perspectiva de retomada das negociações a partir do encontro ministerial de Bali, em dezembro, não haveria por que manter um acordo injusto.

O Stand Still, na verdade, não passa de um acordo de cavalheiros, já que não tem força vinculante. O Brasil é o maior exemplo. Nesse período aprovou, com os demais países do Mercosul, a elevação da Tarifa Externa Comum (TEC) para 100 produtos. Por conta própria, aumentou em 30 pontos porcentuais o Imposto sobre Produtos Industrializados para carros fabricados fora do Brasil. As tarifas reduzidas foram de produtos que não são fabricados no País.

Medidas semelhantes foram tomadas por outros países. O Stand Still (manter-se imóvel, na tradução literal do inglês), na realidade, moveu-se bastante nesse período.

O embaixador Roberto Azevêdo, eleito novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), afirmou nesta sexta-feira que o protecionismo cresceu a partir de 2008, com a crise iniciada nos Estados Unidos. Segundo ele, a existência da OMC ajudou a conter esse protecionismo, mas afirmou que já poderia haver uma curva declinante em relação às medidas protecionistas.

O embaixador afirmou que 20% das medidas consideradas protecionistas foram retiradas, mas 80% permanecem. "A esperança é continuarmos no sentido de defasagem dessas medidas e que iniciemos um movimento de liberalização comercial mais robusta. Mas isso vai demorar, vai ser lento, não será de forma abrupta", afirmou.

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O ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Luiz Fernando Furlan defendeu há pouco, em entrevista à Agência Estado, a posição do governo brasileiro em retaliar as críticas feitas pelos Estados Unidos, que acusaram o Brasil de ser protecionista. "Os Estados Unidos fazem crítica numa área em que são vulneráveis", disse Furlan, no Fórum Nacional de Agronegócios, em Campinas (SP).

"Eles levantaram a bola para os nossos ministros cortarem", completou, numa referência à reação dos ministros. Ainda na semana passada, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, foi o primeiro a rebater as críticas norte-americanas. Já o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, formalizou a resposta do governo às acusações de protecionismo dos Estados Unidos, feitas por carta pelo representante comercial daquele país, Ron Kirk.

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Para Furlan, as medidas para proteger o comércio exterior brasileiro, como a que ampliou, recentemente, o imposto de importação para 100 produtos são "menores" em termos de volumes de recursos que as adotadas por outros países. "O Brasil não é conhecido por subsidiar ou por ser país grande protecionista, e os americanos têm base vulnerável", reafirmou.

Segundo o ex-ministro, membro do conselho de administração da BRF Brasil Foods, em razão das barreiras as companhias brasileiras não conseguem "vender um quilo de frango nos Estados Unidos, mas conseguem vender no mundo inteiro".

Furlan lembrou ainda a vitória do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os subsídios americanos ao algodão, que nunca foi efetivada. "A questão do algodão até hoje não foi resolvida, pois ganhamos na OMC, combinou-se que teria compensação e até agora empurram com a barriga", concluiu.

O ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, classificou de "descabida" e "incongruente" a carta do representante de Comércio dos Estados Unidos, Ron Kirk, com críticas à política brasileira de elevação de tarifas de importação de alguns produtos. Em uma entrevista nesta sexta-feira, o chanceler repetiu o que já havia sido dito na quinta (20), por meio de seu porta-voz: o governo brasileiro considera a carta injustificada tanto no conteúdo quanto na forma.

"Acho que a resposta que foi transmitida ontem mesmo mostra como é descabida e incongruente a carta, porque se tem um país que tem se beneficiado da ampliação do mercado brasileiro foi os Estados Unidos. E as medidas adotadas pelo Brasil, como aliás foi reconhecido pelo representante americano, está dentro da legalidade da OMC (Organização Mundial do Comércio), afirmou Patriota. "Juntando essas duas circunstâncias, consideramos que é necessário buscar outras maneiras de se desenvolver uma relação comercial equilibrada e mutuamente benéfica. Esse tipo de manifestação não é construtiva."

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Perguntado se a mais recente crise com os Estados Unidos poderia mudar a agenda da presidente Dilma Rousseff nos Estados Unidos, para onde ela embarca domingo para participar da abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, Patriota afirmou que não há previsão de encontros entre Dilma e o presidente americano, Barack Obama.

O governo de Barack Obama faz ameaças ao Brasil por causa de sua política de elevação de tarifas de importação, insinua que poderia responder com barreiras contra bens brasileiros e faz um alerta: a atitude do Brasil pode afetar a relação entre os dois países.

Em uma carta enviada ao chanceler Antonio Patriota, o governo americano ainda diz ter sido informado de que as barreiras adotadas pelo governo Dilma Rousseff nas últimas semanas não seriam as últimas. Uma nova leva de elevação de tarifas está sendo examinada por Brasília e seu debate público está programado para ocorrer em outubro.

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Datada de 19 de setembro, a carta é o sinal mais claro desde o início da crise econômica da insatisfação do governo americano com a atitude do Brasil. Assinada pelo representante de Comércio do governo Barack Obama, Ron Kirk, o protesto ocorre em um momento em que o presidente precisa mostrar que está defendendo os interesses de empresas e trabalhadores americanos. Em menos de dois meses, os Estados Unidos terão eleições.

O governo brasileiro classificou de "injustificável" e "inaceitável" o documento.

'Termos fortes’

Diante da crise nos países ricos, Obama e outros líderes de países desenvolvidos contam cada vez mais com as exportações aos países emergentes. Mas, para isso, precisam que esses mercados mantenham suas portas abertas.

"Escrevo para declarar nos termos mais fortes e claros a preocupação dos EUA em relação aos aumentos de tarifa planejados e propostos no Brasil e no Mercosul", indica Kirk já na primeira linha.

O motivo da carta foi a decisão do governo brasileiro de elevar o Imposto de Importação para cem produtos, medida que já havia sido precedida por outras barreiras. O Brasil insiste que tem o direito legal de elevar essas tarifas, pois as aplicadas no Brasil estão próximas de 12%, e o compromisso internacional do País na Organização Mundial do Comércio (OMC) aponta para um teto de 35%.

O governo americano, porém, diz que não está seguro de que as tarifas estejam de acordo com a lei. "O aumento de tarifas no Brasil vai, de forma significativa, restringir o comércio e representa claramente uma medida protecionista", diz Kirk.

Para a Casa Branca, os produtos protegidos pelo Brasil atingem de forma desproporcional as exportações americanas. Além disso, teriam sido adotadas barreiras no ano passado, cujo resultado seria "uma deterioração nas condições de acesso ao mercado do Brasil".

De forma diplomática, Kirk faz duas ameaças. A primeira é que a atitude do Brasil poderia minar a relação bilateral. A segunda, mais velada, é de que essa reação poderia se espalhar por outros parceiros comerciais, que "poderiam responder na mesma moeda". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo


A contragosto, o Brasil acatou ontem decisão da maioria dos parceiros do G-20 de manter, até 2014, o compromisso mútuo de não criar novas barreiras comerciais e de reduzir as existentes. A presidente Dilma Rousseff havia insistido até o último minuto do encontro dos líderes das maiores economias do mundo, no México, em acabar com essa cláusula neste ano, como meio de permitir a retomada das negociações comerciais da Rodada Doha.

"Se prorrogar, não tem Rodada Doha 'never more' (nunca mais, em inglês)", disse Dilma ontem, pouco antes de embarcar para o Brasil.

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Chamada de "standstill", essa cláusula foi adotada como meio de impedir uma escalada protecionista no auge da crise financeira. Sua prorrogação foi qualificada pelo presidente do México e anfitrião do encontro, Felipe Calderón, como uma espécie de vitória contra forças favoráveis ao protecionismo. O Brasil acabou incluída entre elas.

"Houve uma discussão significante e um amplo consenso sobre a rejeição do protecionismo e sobre a necessidade de se estender a cláusula do standstill", afirmou. "Houve resistência de alguns países, mas conseguimos gerenciá-la e chegar a um acordo", completou Calderón, com a delicadeza de não mencionar o Brasil.

A presidente Dilma, apesar de ter cedido, conseguiu evitar que a prorrogação fosse até 2015, como queriam os países europeus e os Estados Unidos. "A crise atual não pode ser usada como um biombo para a preservação dos desequilíbrios (no comércio internacional)", defendeu ela à imprensa. "Queremos que a Rodada Doha seja reaberta em 2014, com prazo para ser encerrada."

Desde a suspensão da Rodada de Doha, em 2007, o Brasil repete que só aceitará sua retomada se os seus objetivos de promover o desenvolvimento, definidos seis anos antes, forem mantidos. Isso significa não excluir das conversas a eliminação dos subsídios às exportações agrícolas e a redução das subvenções à produção do setor pelos países desenvolvidos. Os EUA, porém, insistem na redefinição das metas da negociação multilateral de comércio.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta sexta-feira que as taxas de juros da economia brasileira vão continuar caindo. "Eu garanto isso", disse Mantega, durante entrevista coletiva em que comentou a variação do PIB no primeiro trimestre de 2012.

O ministro disse ainda que o governo vai continuar a estimular os investimentos no País. "Hoje você já pode comprar máquinas a juro real próximo de zero. Isso é resultado de medidas que o governo vem adotando. O governo tem todo o interesse que o investimento retorne ao patamar de 2010". Segundo ele, os investimentos no País tem estado próximo de 20% e isso se deve aos estímulos que o governo tem dado à economia brasileira.

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Perguntado se não falta ao empresário brasileiro o chamado "espírito animal", já que aos primeiros sinais de crise ele reduz o investimento, Mantega disse que não. "Eu me reúno quase diariamente com os empresários e não vejo que falte neles o 'espírito animal'", afirmou o ministro, acrescentando que é natural os empresários se tornarem mais cautelosos em momentos em que a taxa de crescimento é menor.

Da parte do governo, Mantega ressaltou que há cobrança para que os empresários não diminuam investimentos. "Por exemplo, o último incentivo que nós demos foi para o setor de veículos, mas já tínhamos dado incentivo para o setor de linha branca e sempre cobramos como contrapartida a continuidade do investimento", disse o ministro.

Ele avalia que medidas como essas não podem ser consideradas ações de protecionismo, mas de defesa da indústria nacional. Segundo ele, as medidas foram tomadas porque países "adotaram medidas como manipulação cambial, e o que fizemos foi defender o setor automotivo de subsídios disfarçados".

Segundo o ministro, o País não pode esperar que Organização Mundial do Comércio (OMC) tome alguma decisão, o que justifica a adoção das medidas em maio. Mantega reiterou que a maior preocupação do governo quanto ao crédito é o spread cobrado pelos bancos privados" que se comprometeram a ter uma atitude menos restritiva".

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