O Banco Central apresentou nesta quarta-feira, 23, o ponto de partida para, finalmente, cumprir a meta de levar a inflação a 4,5% em 2017. Segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro, o IPCA encerrará 2017 em 4,8% pelo cenário de referência e em 4,9% pelo de mercado. É bom lembrar que a margem de tolerância para desvios de rota naquele ano será menor de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo - até 2016, a banda é de 2 pp.
Essa primeira referência sobre o que projeta o BC para o IPCA de aqui a dois anos é que calibrará a confiança dos agentes econômicos nos discursos e na probabilidade de entrega dessa tarefa pela instituição. Neste ano, como já adiantou o presidente Alexandre Tombini, ele terá de escrever uma carta ao Ministério da Fazenda para justificar os motivos que levaram ao descumprimento dessa missão.
##RECOMENDA##Pela abertura do Relatório de Mercado Focus da última segunda-feira, os analistas do setor privado passaram a projetar um aumento da taxa básica Selic, atualmente em 14,25% ao ano, já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Até 15 dias antes, o consenso era o de que a Selic ficaria estável ao longo de todo 2016. Este RTI será fundamental para afinar as apostas.
Pelos discursos mais recentes do BC, a inflação do ano que vem deverá se situar entre o centro de 4,5% e o teto de 6,5%. A deste ano, ficará em dois dígitos. Além de contar com uma forte desinflação em 2016, a instituição também espera uma colaboração da atividade econômica, em recessão, para proporcionar alívio dos preços. Pelos cálculos da autoridade monetária, o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter queda de 3,6% em 2015 e de 1,9% em 2016. De acordo com a Focus da última segunda-feira, o mercado projeta uma queda de 3,70% para este ano e de 2,80% para o próximo.
O detalhamento do RTI será feito pela primeira vez pelo novo diretor de Política Econômica, Altamir Lopes, às 11 horas. Durante a divulgação do Boletim Regional no início de novembro, ele foi o primeiro a dizer de forma clara que o foco do BC para a convergência da inflação para a meta passou de ser 2017 - até então, a comunicação do BC trazia a expressão "horizonte relevante para a política monetária".
Na última edição do RTI, em setembro, o presidente Tombini surpreendeu a todos ao aparecer de surpresa para a divulgação. No dia da divulgação do RTI do terceiro trimestre, o mercado financeiro estava em polvorosa, ainda sentindo os efeitos do primeiro rebaixamento do Brasil pela agência de classificação Standard & Poors, no dia 9 daquele mês. O dólar era comercializado a R$ 4,20 e, após o discurso de Tombini, diminuiu a tensão nos negócios naquele dia.