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A operação Choque de Ordem da Prefeitura do Rio de Janeiro retirou, na manhã desta sexta-feira, o acampamento de um grupo de manifestantes do movimento 'Ocupa dos Povos'. Na noite de quinta-feira, o grupo, composto por quase 40 pessoas, ocupou uma praça, em frente ao Parque do Aterro do Flamengo, onde está sendo realizada a Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20 que reúne diversas ONGs e movimentos sociais até o dia 22.

Com barracas e pequenos cartazes, o grupo reproduz a proposta do movimento Occupy Wall Street, que tomou as ruas de Nova York em 2011. Segundo um dos manifestantes, que não quis se identificar, o objetivo é "criticar o discurso oficial de sustentabilidade e incluir outras pautas na agenda da conferência, como a questão política e de ordem pública."

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A retirada das barracas aconteceu no início da manhã. Segundo os manifestantes, uma equipe da Polícia Militar e da Guarda Municipal negociou com o grupo por cerca de 4 horas para a retirada das barracas. A prefeitura proibiu a realização de acampamentos ligados aos movimentos sociais e à Cúpula dos Povos na região do Aterro do Flamengo. O grupo, entretanto, chegou a um acordo com os policiais, que permitiram a permanência dos manifestantes sem as barracas.

"Foi preciso muita negociação, muito diálogo. Eles nos pediram para tirar as barracas para descaracterizar o acampamento, mas continuamos aqui e esperamos que a partir desta noite o movimento se fortaleça com a participação de outros grupos da Cúpula", disse a estudante Paula Fernandes, de 24 anos. Uma equipe de cinco guardas municipais acompanha os manifestantes.

O grupo planeja manter o acampamento até o dia 22, quando terminam a Cúpula dos Povos e a conferência oficial da Rio+20. Alguns dos participantes do protesto acompanham as atividades e oficinas no Aterro do Flamengo, durante o dia, mas o movimento se diz independente. A proposta é realizar "atividades artísticas na região, com projeções de vídeos, oficinas, músicas e intervenções poéticas", contou Paula.

A iniciativa da organização da Rio+20 de praticamente banir dos eventos as impressões em papel tem provocado reclamações nos corredores do Riocentro. Em diversos pontos, foram instalados estandes que recebem o nome de paper smart (papel inteligente). A ideia é imprimir apenas o estritamente necessário. Além disso, o papel utilizado é mais sustentável do que os tradicionais, porque é fabricado sem a emissão de carbono.

Segundo o assessor para distribuição de documentos do Riocentro, Pedro Bassul, quando representantes de organizações não governamentais, integrantes da imprensa ou delegados pedem alguma impressão, os responsáveis pelo paper smart tentam direcioná-los para o site da conferência, onde as Nações Unidas colocam à disposição a maioria dos arquivos.

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Se a pessoa insistir muito, como ocorre com frequência, o pedido será analisado e o documento só será impresso se não estiver no site rio20.un.org ou mediante autorização dos coordenadores. Bassul enfatiza que nada pessoal pode ser impresso.

Para os delegados, no entanto, a flexibilidade é maior. A restrição de uso de papel é mais severa com ONGs e com a imprensa. Bassul afirma que a medida tem enfrentado alguma resistência, porque "tira as pessoas das suas zona de conforto", já que a maioria está acostumada a imprimir sempre, mesmo que vá descartar o papel momentos depois. "Uma conferência sobre sustentabilidade precisa ter atitudes sustentáveis."

Uma área de quatro quilômetros de raio em torno do Riocentro, onde acontecem as principais discussões da Rio+ 20, será fechada para o movimento de aeronaves em qualquer altitude a partir de sábado e até o fim da conferência (próxima sexta-feira), para garantir a segurança dos participantes da conferência. A exceção são os voos partindo e chegando ao aeroporto de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio. Antes já havia restrição no raio de um quilômetro.

A partir de quarta-feira, quando se espera um grande número de chefes de Estado, um outro trecho, que vai da Barra da Tijuca, passando pela zona sul da capital fluminense, até o aeroporto Santos Dumont, no centro, também terá o espaço aéreo fechado. Nesse caso, para voos abaixo de seis mil metros de altitude.

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Nessa região, que se estende ao longo da orla do Rio, onde estão localizados hotéis de alto padrão, como o Copacabana Palace, deve ficar hospedada parte das delegações estrangeiras, especialmente chefes de Estado e de governo. A única exceção, nesse entorno, será feita para a movimentação de aeronaves militares, de segurança pública e de serviços médicos, além dos voos de transporte de mandatários de outros países.

Até o fim da manhã de quinta-feira, estava confirmada a chegada de 79 voos oficiais com chefes de Estado. Outros 138 virão em voos comerciais. A maior parte deve ser recebida no aeroporto internacional Tom Jobim (Galeão), no Rio, mas alguns devem desembarcar em Guarulhos, em São Paulo.

No aeroporto carioca, veículos vão encostar na porta das aeronaves de voos oficiais e levar os mandatários diretamente para seus hotéis. Aqueles que vierem por voos comerciais descerão até uma saída abaixo dos fingers (ponte de embarque e desembarque), mas os demais integrantes das comitivas terão que passar pelo procedimento padrão, dirigindo-se ao posto da Polícia Federal.

Durante os dias de pico do evento, as operações do terminal de cargas do Galeão vão estar suspensas para dar lugar às aeronaves de passageiros. Para garantir espaço para todos os aviões, uma área também foi cedida pela empresa TAP Manutenção e Engenharia.

Para receber os voos oficiais, as autoridades tiveram de restringir as operações regulares das companhias aéreas. A chegada dos chefes de Estado deve se concentrar na manhã da quarta-feira e as saídas no fim da tarde da sexta.

"Fizemos uma coordenação de modo a acomodar os voos de chefes de Estado e pedimos que alguns voos fossem remanejados para fora desses horários de modo que possamos atender as demandas de todos e de modo que o terminal não sofra atrasos e nenhum transtorno em função desse evento", disse o chefe do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), tenente coronel Ary Bertolino.

As 76 operações que TAM, Gol e Azul vão cancelar entre os dias 19 e 23 foram consideradas "razoáveis" pelo diretor-geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), tenente-brigadeiro Marco Aurélio Mendes. "Se for diluído ao longo da conferência, acho que seria um número razoável", declarou.

No entanto, de acordo com Bertolino, as expectativas de remanejamentos - que incluem mudanças de horários e cancelamentos - são de 20 voos no dia 20 e de aproximadamente 30 no dia 22.

Para evitar a entrada de aviões de alta performance nas áreas restritas, a Força Aérea deve utilizar caças F5, que atingem velocidade de até 1.900 quilômetros por hora, patamar superior à velocidade do som. Eles são equipados com um canhão de 20 milímetros e mísseis. Serão usados, ainda, caças A-29 Super Tucano para interceptar aeronaves de média velocidade. Também estarão disponíveis helicópteros com armamentos, um avião de controle e alerta aéreo antecipado e um veículo aéreo não tripulado (Vant), para as atividades de reconhecimento e inteligência.

O fantasma da crise econômica internacional continuou a assombrar na quinta-feira as negociações diplomáticas da Rio+20. As discussões sobre ajuda financeira de países ricos para apoiar o desenvolvimento sustentável de países pobres - tema considerado crucial para garantir a viabilidade prática de tudo que vier a ser decidido na conferência - continuavam travadas até o início da noite.

O grupo do G-77 (que representa mais de 130 nações em desenvolvimento, incluindo o Brasil) mais a China querem que os países desenvolvidos se comprometam com valores e metas explícitas de ajuda. Uma das propostas em negociação é a criação de um fundo global de apoio ao desenvolvimento sustentável, com uma meta de financiamento US$ 30 bilhões anuais até 2017 e US$ 100 bilhões anuais a partir de 2018.

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Na opinião do G-77, defendida enfaticamente pelo representante do grupo na negociações, o paquistanês Farrukh Khan, não faz sentido negociar planos de desenvolvimento sustentável se não houver garantia de que poderão ser colocados em prática - um esforço que dependerá de ajuda financeira, política e tecnológica dos países ricos.

Representantes das nações desenvolvidas, por outro lado, argumentaram ser inviável se comprometer com valores específicos neste momento. Não só por questão da crise, mas por não haver tempo suficiente até o fim da conferência para aprovar uma decisão desse tipo, que requer o aval do alto escalão de governo - preocupação levantada pelo Japão. A União Europeia, que representa os países mais atingidos pela crise econômica, argumentou que já está comprometida domesticamente com um alto valor de ajuda financeira.

O representante dos Estados Unidos deixou claro que seu país não está disposto a se comprometer com valores específicos. Ele argumentou que o objetivo da Rio+20 deveria ser estabelecer direções para a política de desenvolvimento global da ONU para o período pós-2015, quando vence o prazo para cumprimento dos Objetivos do Milênio (negociados em 2000), e apenas depois da definição dessas linhas gerais seria possível negociar obrigações específicas.

Crise

Em entrevista à imprensa, o embaixador Luiz Figueiredo Machado, chefe brasileiro das negociações na Rio+20, reconheceu que a crise está dando o tom da ação dos países ricos. "Há uma retração forte de países antigamente doadores que se veem, por força da crise econômica e financeira, com dificuldades até internas de assumir uma posição mais solidária e até mesmo de cumprir compromissos anteriormente assumidos."

Ele defende, no entanto, que essa é uma "visão curta da crise imediatista" que daqui dois anos, diz, pode estar ultrapassada. "Não podemos ficar reféns de uma retração gerada por uma crise econômico-financeira dos países ricos. Estamos aqui para pensar no longo prazo, no futuro do mundo, de nós que estamos nele e das próximas gerações."

Um caso raro de gestão pública no Brasil promete se estender para o segundo maior Estado do país, pelo menos no que diz respeito a iniciativas ambientais. A cidade de Paragominas, surgida às margens da rodovia Belém-Brasília, era conhecida como a capital do desmatamento. Em poucos anos e graças à boa vontade política, ela se transformou em "município verde" e, agora, modelo a ser implementado em todo o Pará.

Em anúncio feito durante um dos eventos paralelos à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, o governador Simão Jatene (PSDB) assumiu a meta de desmatamento zero no Estado a partir de 2020. A proposta supera a meta nacional de 80%, firmada no Programa de Municípios Verdes em 2011. "É absolutamente possível, mas não significa que seja simples", ponderou Jatene.

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Um dos pilares para concretizar tamanho desafio, segundo ele, é melhorar a eficiência das atividades pecuárias, distribuídas por 18 milhões de hectares das terras paraenses. "É uma bobagem falar que o desmatamento líquido zero é se opor ao desenvolvimento e que irá travar a expansão da economia, ao contrário, é dar racionalidade à ela. É levar produtividade das áreas que já estão abertas", defendeu o mandatário.

O governo local também pretende ampliar o número de imóveis no cadastro ambiental. Hoje, 50 mil propriedades estão regularizadas. Até 2009 eram cerca de 400, apenas. Uma ação no Ministério Público na época obrigou os frigoríficos a exigir os cadastros das fazendas. O salto foi imediato. Até 2014, a expectativa é ter 150 mil imóveis.

Em meio ao impasse que vive a finalização do texto a ser debatido pelos chefes de Estado na Rio+20, a promessa surge como uma das mais ambiciosas até agora, ainda mais por ser uma iniciativa estadual. "Eu sempre digo que eu não quero ser o motor da história, só não quero ir a reboque dela. Eu quero ir junto. Eu me sinto apenas como mais um homem que nasceu e se criou na Amazônia e que tenho, por toda experiência de vida, como ousar assumindo coisas desse tipo."

 

#ET

Começa na sexta-feira a Cúpula dos Povos, o evento organizado por mais de 50 ongs nacionais e internacionais, que pretende atrair cerca de 25 mil pessoas ao Aterro do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro. Um dos maiores eventos paralelos à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), a Cúpula irá mostrar a mobilização da sociedade civil e as iniciativas de sucesso realizadas na área de sustentabilidade.

Na tarde de quinta-feira, operários faziam os últimos ajustes nas estruturas preparadas para abrigar as mais de 1,2 mil atividades que serão desenvolvidas até o último dia do evento, em 23 de junho. Somente na sexta-feira, mais de 150 atividades acontecem nas 60 tendas montadas no local, dentre debates, seminários, palestras, oficinas e performances voltadas para as áreas que abordam os três pilares do desenvolvimento sustentável: ambiental, social e econômico.

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Um dos destaques do dia será o lançamento da Rede Brasileira da Carta da Terra, organizado pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade, que terá a presença da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, e do teólogo Leonardo Boff. Representantes do Greenpeace também estarão no Aterro para participar da campanha Desmatamento Zero, com objetivo de recolher 1,4 milhão de assinaturas e assim submeter ao Congresso Nacional um projeto de lei sobre o assunto, de forma similar àquele que gerou o Ficha Limpa.

O espaço também conta com um anfiteatro ao ar livre, com capacidade para 800 pessoas, onde ocorrerão alguns dos eventos mais importantes da Cúpula durante o dia. À noite, o local se transforma em palco para apresentações musicais e de poesia. As atividades culturais ocorrerão em pequenos palcos e no "Caminho das Artes", onde haverá exposições ao ar livre - qualquer artista pode participar. Todos os eventos são gratuitos e não é necessário fazer inscrição para participar das atividades programadas.

Na pista de aeromodelismo próxima à Marina da Glória, que também faz parte do Aterro, ocorrerão as atividades centrais da conferência, como as plenárias e a Assembleia dos Povos, desenvolvida com intuito de gerar acordos políticos entre os diversos movimentos sociais e articular estratégias de mobilização. "Estamos muito confiantes num bom processo da Cúpula e temos a esperança de que os resultados que vão sair daqui serão extremamente importantes não só para a população, mas também para os governos", disse Carlos Henrique Painel, representante do Grupo de Articulação da Cúpula dos Povos.

O público parece ainda não ter descoberto o Parque dos Atletas durante a Rio+20. Ao contrário do Riocentro, que concentra a maior parte das agendas de autoridades - inclusive a reunião de cúpula dos chefes de Estado, na semana que vem -, o Parque, que fica logo em frente, na Barra da Tijuca, tem entrada aberta ao público. Mas a expectativa dos organizadores - de 5 mil a 10 mil pessoas por dia - não esteve nem perto de ser alcançada nos dois primeiros dias.

O Itamaraty não soube informar quantas pessoas visitaram o local - construído no ano passado para receber o Rock in Rio, quando recebeu o nome de Cidade do Rock -, tampouco o número de expositores de empresas e governos estaduais ou municipais. A única certeza é quanto ao número de delegações com estandes: 37, com países como EUA e China. Neles, é possível assistir palestras sobre sustentabilidade, conhecer programas e inovações, como o primeiro ônibus movido a hidrogênio do Brasil.

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A exemplo do primeiro dia, quando foi aberto pela presidente Dilma Rousseff para a Rio+20 - com estruturas sendo montadas às pressas e até falta de energia elétrica em algumas lanchonetes -, o que se viu na quinta-feira foram estandes vazios. O que não chegou a ser um problema para o vendedor Gilson Santana, de 47 anos, já que os 32 tipos de frutas que ele expõe no Parque dos Atletas são apenas para ver; no máximo, cheirar. "Não posso vender, nem oferecer para degustação", contou, decepcionado.

Ele foi contratado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), organizadora do Pavilhão Brasil; largou a barraca de frutas em feiras de Ipanema e Leblon para ficar no Parque dos Atletas até o fim da conferência. "Dilma até comeu uma jabuticaba. Queria ter oferecido a ela, mas os seguranças não me deixaram chegar perto", disse. Segundo o vendedor, nenhuma fruta se perde. Ao fim do dia, elas são distribuídas para funcionários que trabalham no apoio ao evento.

Mesmo sem fruta, há até um bom número de opções de restaurantes e lanchonetes (duas "praças de alimentação" e quatro quiosques). O problema é o preço. Um salgado e um refresco, por exemplo, podem custar R$ 10. Um prato executivo, R$ 40. A estrutura de banheiros (60 no total), ao menos na quinta-feira, não comprometeu.

De segunda à sexta, o Parque fica aberto das 11h às 20h. No sábado e no domingo, entre 10h e 20h. A partir da quarta-feira da semana que vem, quando começam as reuniões de chefes de Estado no Riocentro, o Parque ficará fechado ao público, restrito a credenciados.

A presidente Dilma Rousseff aproveitou uma cerimônia de entrega de selo de boas práticas às indústrias da cana-de-açúcar para sair em defesa do etanol brasileiro, dizendo que o combustível concretiza o tema da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento, a Rio+20, que "é crescer, incluir e proteger". Dilma também contestou as críticas feitas ao setor sucroalcooleiro e disse que o etanol sofria de práticas "fraudulentas de competição".

"Neste ato e nas vésperas da Rio+20, estamos de fato mostrando que o tema da Rio+20, que é crescer, incluir e proteger, está concretizado aqui no setor sucroenergético", discursou Dilma, em cerimônia no Palácio do Planalto, um dia depois de inaugurar o Pavilhão Brasil da Rio+20, na capital fluminense.

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"O Brasil, hoje, tem uma matriz energética das mais renováveis do mundo, porque tem, na sua composição, principalmente na matriz de combustível, tem o etanol. Nós estamos dando um passo, portanto, no sentido de cada vez mais mostrar que é possível, sim, e esse é o tema da Rio+20, produzir, respeitando o meio ambiente e a legislação social, produzir energia limpa."

Dilma destacou que havia uma "acusação socioambiental" contra o Brasil por conta do uso do etanol, supostamente com o objetivo de reduzir a sua importância como alternativa ao uso de combustíveis fósseis. "Durante muito tempo o etanol brasileiro foi acusado de duas coisas. Foi acusado, primeiro, de estar desmatando a Amazônia. E segundo, de utilizar práticas, absolutamente, incompatíveis com a civilização: trabalho escravo. Este processo era um processo que nós sabíamos que decorria de práticas, eu diria assim, fraudulentas de competição."

Secretário do Meio Ambiente (com status de ministro) durante a Eco-92, o físico José Goldemberg já não acredita que a Rio+20 possa ter resultado comparável à conferência de vinte anos atrás. A falta de convergência dos países quanto ao documento que está sendo negociado e o anúncio da possível criação de um fundo de US$ 30 bilhões pelo G-77 para financiar o desenvolvimento sustentável nos países mais pobres são alguns dos motivos que o levam ao descrédito - embora a maior participação da sociedade civil, na comparação com 1992, o anime.

"Estamos na décima hora. Eu consideraria um sucesso se chegássemos a um enunciado de algumas direções da economia verde, metas e um calendário para cumpri-las. Isso é o sucesso de uma conferência internacional. Esperar o mesmo dessa vez seria uma utopia", disse Goldemberg, que participou na quinta-feira do penúltimo dia do Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação da PUC-Rio.

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"O documento é muito difícil de ler, são tantos colchetes (pendências, no jargão diplomático) que há os colchetes dos colchetes. Ao que tudo indica, não vão conseguir enxugar o documento. Até o secretário-geral da ONU está exasperado. Imagino que o que vá acontecer, ao fim, será um apelo, uma exortação aos países."

A possibilidade de o G-77 criar um fundo para viabilizar ações sustentáveis ele encara como uma "distração" do que realmente interessa no momento. Lembra que, em 2009, na conferência de Copenhague, os Estados Unidos já haviam anunciado apoio a um fundo verde de US$ 100 bilhões, que entraria em operação em 2013 para ajudar os países mais vulneráveis às mudanças climáticas - ou seja, mais do que o triplo do valor focado num único aspecto ambiental.

"Essas propostas não se concretizam, porque os países têm que colocar dinheiro e as contribuições são voluntárias, então eles não colocam. Além disso, US$ 30 bilhões são completamente insuficientes para todos os objetivos do desenvolvimento sustentável."

Goldemberg também se diz desapontado com o alinhamento brasileiro ao G-77, por acreditar que o País teria "muito a mostrar individualmente". Mas vê com bons olhos a participação da sociedade civil - muito maior, em sua análise, do que a registrada na Eco 92. À época, houve grande envolvimento de ONGs; agora, ele observa, o empresariado, a indústria, as megacorporações estão à frente.

"Isso me dá otimismo, porque são eles que vão ter que agir. As pessoas estão decepcionadas porque a direção não virá de cima. Isso é muito claro, na comparação com a Eco-92: lá era uma cúpula, o Brasil numa posição de liderança forte, desenhando providências. Agora, a impressão que dá é que as propostas estão subindo de baixo para cima."

Ex-diretor-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, o austríaco Yvo de Boer afirmou na quinta-feira que a falta de sintonia entre os chefes de Estado e os negociadores das conferências internacionais impede o avanço dos acordos. Para ele, a retórica dos políticos "está atrapalhando as ações" de combate aos danos ambientais. De Boer cobrou dos governantes posições claras sobre a economia verde. A convenção-quadro foi criada durante a Rio-92 com objetivo de unir países no esforço de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e é considerada o primeiro grande passo de discussão das mudanças climáticas.

"Os negociadores não têm senso de direção. Os políticos não estão liderando os negociadores. É obrigação dos políticos dar a direção", afirmou de Boer no debate Desafio Rio/Clima, evento paralelo à Rio+20. "Políticos não têm motivos para dizer que não compreendem o problema das mudanças climáticas", completou.

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O ambientalista disse ter péssimas lembranças da Convenção do Clima em Copenhague, em 2009. "Foi uma terrível experiência. Ficamos durante 14 horas em uma sala com os presidentes Lula, Obama, Sarkozy, da China, da Índia, de Maldivas, de países que representavam os interesses do petróleo. O presidente de Maldivas lutava pelo limite de aquecimento de 1,5 grau Celsius, mas teve que aceitar 2 graus, foi o melhor que conseguiu. Lula dizia que o Brasil precisava de uma meta de redução de emissão de gases do efeito estufa. Mas entre os negociadores, a situação era totalmente diferente. Eles se apegavam a questões menores, promessas eram quebradas. E a urgência da mudança climática evaporou", contou.

De Boer defende a formação de um grupo de países líderes que estabeleçam marcos legais de redução dos danos ao meio ambiente e punições para os abusos. "Precisamos de uma política clara, não um documento de 200 páginas, mas uma proposta equilibrada em que os políticos possam compreender a convenção-quadro", afirmou. O austríaco cobrou também "uma afirmação aberta de que a preocupação em relação aos países mais pobres é a erradicação da pobreza e o crescimento econômico e a comunidade internacional precisa ajudar".

A bicicleta é uma solução para problemas de mobilidade urbana das grandes cidades brasileiras. Para o ex-prefeito de Bogotá (COL), Enrique Peñalosa - responsável pela transformação da capital colombiana na primeira cidade da América Latina a usar a bicicleta como meio de transporte de massa -, a mudança deve ser radical: transformar todos os espaços para estacionamento de carros em vias exclusivas para ciclistas.

Segundo ele, nas grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, mais da metade da população vive a menos de cinco quilômetros dos seus locais de trabalho. "A questão é meramente política. Se você prover infraestrutura, as pessoas vão responder, vão passar a usar mais as bicicletas", disse, durante o Fórum Megacidades, promovido durante a Rio+20, no Parque dos Atletas, pelo governo do Rio e a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha.

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"Primeiro, deve-se restringir o uso de carros, vagas de estacionamento, e depois melhorar a estrutura para as bicicletas", afirmou. O ex-prefeito de Bogotá citou como bons exemplos Holanda e Dinamarca, mas, na opinião dele, não há cidade no mundo em que já exista um sistema de transporte de massa de alta qualidade por meio das bicicletas.

A prefeitura de Curitiba apresentou nesta quinta-feira, durante a Rio+20, no Parque dos Atletas, o primeiro ônibus híbrido (movido a eletricidade e biodiesel) fabricado no Brasil, que começará a circular pelas ruas da capital paranaense a partir de agosto. Inicialmente, 30 veículos vão integrar a frota da cidade, seguidos por outros 30. A ideia é substituir, a longo prazo, todos os mais de 2.000 ônibus da frota por híbridos.

Cada um dos novos veículos, segundo o prefeito da cidade, Luciano Ducci (PSB), custa cerca de R$ 650 mil, ante R$ 450 mil dos convencionais. O investimento total para a compra dos 60 primeiros ônibus será de R$ 26 milhões. "É um investimento que estamos fazendo na sustentabilidade, na cultura da cidade e na educação da população mais jovem", disse.

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A passagem nos híbridos custará o mesmo preço da dos convencionais, R$ 2,60. Segundo a Volvo, fabricante do ônibus, a utilização de eletricidade combinada ao biodiesel permite economia de combustível de até 35% e reduz em 90% a emissão de gases poluentes.

Estamos em 2012, em meio a debates constantes sobre como nos tornarmos países ecologicamente corretos, como aproveitar melhor os resíduos e economizar água potável, visto que nossas reservas são limitadas. Em torno de tantas discussões e de como proceder para que todos os países se desenvolvam de forma sustentável, o Brasil recebe a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

Conforme o relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, o desenvolvimento sustentável é aquele que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais. E isto, depende de planejamento e reconhecimento de que os recursos naturais não são infinitos.

No entanto, a continuidade do processo de desenvolvimento sustentável vai muito além desse planejamento e reconhecimento. Ela depende de três componentes: sustentabilidade ambiental; sustentabilidade econômica; e sustentabilidade sociopolítica. O primeiro deles consiste na manutenção das funções e componentes do ecossistema, visando à preservação da fauna, flora e espécies animais. O segundo, emoldurada no campo do desenvolvimento sustentável, sendo um conjunto de conceitos e políticas que apontam para a incorporação de preocupações e considerações ambientais e sociais. E por último, e não menos importante, a sustentabilidade sociopolítica destina-se ao equilíbrio social, tanto no desenvolvimento social como econômico, no sentido de humanizar a economia trazendo estabilização.

É possível que o grande problema para alcançar o desenvolvimento sustentável esteja no desenvolvimento econômico. Este último é extremamente necessário para os países mais pobres, no entanto, o caminho para atingi-lo não pode ser o mesmo adotado pelos países industrializados. Pensando na possibilidade de que os países em desenvolvimento adotem os padrões das sociedades industrializadas, a quantidade de combustíveis fósseis consumida aumentaria cerca de 10 vezes e a de recursos minerais, em 200 vezes. 

Ao invés de aumentar os níveis de consumo dos países em desenvolvimento, é preciso reduzir os níveis observados nos países industrializados. Atualmente, eles são responsáveis pelo consumo de 70% da energia, 75% dos metais e 85% da produção de madeira mundial. Além disso, torna-se indispensável combater energicamente a pobreza e os conflitos, que são os principais motivos da destruição humana, ambiental e, também, econômica.

Não se pode considerar que respeitar o meio ambiente e evitar, ao máximo, o desperdício – forte característica de países desenvolvidos e em desenvolvimento – sejam o suficiente para criar um perfil de desenvolvimento sustentável. É preciso ir mais além. Um posicionamento a favor do crescimento e que prioriza a conservação, é indispensável à percepção de desenvolvimento.

O Greenpeace vai defender duas bandeiras principais durante a Rio+20: a campanha pelo "desmatamento zero" das florestas brasileiras e a chamada revolução energética, troca dos combustíveis fósseis (carvão e petróleo) por fontes de energia renováveis. Os ativistas, no entanto, estão pouco confiantes em mudanças significativas, devido à ausência de líderes importantes, como o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que enviará como representante a secretária de Estado, Hillary Clinton.

"Passou a primeira década do século e as principais fontes de energia da humanidade continuam sendo os fósseis. Precisamos, e rápido, de uma revolução energética", disse o coordenador do Greenpeace para a Rio+20, Nilo D'Ávila. "Não precisamos esperar o petróleo ou o carvão acabarem para procurarmos novas fontes. A idade da pedra não acabou por falta de pedra."

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Até o fim da conferência, a organização vai focar as atividades na Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, evento que se contrapõe às reuniões oficiais de autoridades no Riocentro, na Barra da Tijuca.

Para o Greenpeace, a única mudança concreta que pode surgir durante a conferência é um acordo internacional para lidar com as áreas protegidas em águas internacionais. "Tudo pode acontecer, inclusive nada", disse D'Ávila. "Inegavelmente, a Rio+20 está esvaziada dos líderes que poderiam `bater o pé'. A gente não salva o planeta se China e EUA, principalmente, não se moverem. O protocolo de Kyoto mostra isso."

O secretário-geral da Rio+20, Sha Zukang, disse nesta quarta-feira que está otimista sobre os resultados da conferência, mas que "o ritmo das negociações tem de ser drasticamente acelerado". Segundo ele, a conferência deverá produzir dois resultados principais: um acordo internacional voltado para o desenvolvimento sustentável global (cujo conteúdo segue indefinido, dependendo das negociações) e um compêndio de metas e projetos voluntários nacionais, assumidos por organizações civis, empresas e governos interessados em contribuir para o desenvolvimento sustentável.

As negociações começaram nesta quarta-feira e seguem até o dia 22, quando um documento final detalhando todas essas decisões deverá ser aprovado numa plenária final. "Estamos no primeiro passo de uma longa maratona", disse Zukang, durante a de abertura da conferência, ao lado do embaixador e negociador-chefe do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo Machado.

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Zukang disse que o documento final da Rio+20 não será um "instrumento legal", mas será um acordo "politicamente vinculante", o que significa, na prática, que os países não terão obrigação legal de cumprir o que for estipulado no documento, mas assumirão um compromisso político de fazê-lo perante a ONU.

Um dos principais temas em discussão na conferência é quem vai financiar os investimentos necessários para fazer uma transição para uma economia verde. O embaixador brasileiro confirmou que o G-77 mais China, do qual o Brasil faz parte, tem uma proposta para a criação de um fundo internacional de US$ 30 bilhões ao ano para financiar esse processo.

Figueiredo disse que a Rio+20 é "fundamentalmente diferente" da Rio-92, no sentido de que o objetivo principal não é produzir novos tratados internacionais, mas garantir que o que já foi acordado 20 anos atrás seja de fato colocado em prática. "Não acho que precisamos de novas legislações. Precisamos implementar aquilo com o que concordamos em 1992", disse. "Hoje temos muito mais informações (do que 20 anos atrás) e portanto temos melhores condições de agir."

A presidente Dilma Rousseff já está no Parque dos Atletas, no Rio, onde participará da abertura do Pavilhão Brasil na Rio+20. Dilma está acompanhada dos ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Antonio Patriota (Relações Exteriores), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Aloísio Mercadante (Educação), Ana de Holanda (Cultura) Edison Lobão (Minas e Energia), Helena Chagas (Comunicação), Gastão Vieira (Turismo) e Marco Antonio Raupp (Ciência, Tecnologia e Inovação).

Além deles, estão presentes à cerimônia o secretário-geral da ONU para a Rio+20, Sha Zukang, o governador do Rio, Sérgio Cabral, o vice-governador Luiz Fernando Pezão, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e Mauricio Borges, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), organizadora do Pavilhão Brasil.

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O pavilhão brasileiro vai apresentar programas e projetos federais, estaduais e municipais para a promoção do desenvolvimento sustentável e inclusão social (como Minha Casa, Minha Vida) e produtos.

A área do Parque dos Atletas, ao lado do Riocentro, será dedicada ainda a exposições governamentais e intergovernamentais. Lá serão também realizados seminários, palestras e mesas-redondas, além de demonstrações de inovação e gestão de empresas no campo da sustentabilidade.

Para o secretário-geral da conferência, Sha Zhukang, as decisões da Rio+20 não podem ser boas apenas no papel e têm de ser capazes de produzir resultados reais que coloquem o planeta no rumo do desenvolvimento sustentável. "Nossos compromissos definem quem somos, são um reflexo do nosso caráter", disse ele, na abertura da terceira e última rodada preparatória de negociações sobre o documento final de decisões da Rio+20. "Precisamos de resultados que sejam ambiciosos e históricos."

Zhukang pediu cooperação e flexibilidade de todos os setores - governos, sociedade civil e empresas - na busca do desenvolvimento sustentável. "Os governos carregam a responsabilidade principal, mas não podem fazer tudo sozinhos. Precisamos de uma parceria compacta", disse o secretário-geral.

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que nesta quarta-feira (13), no Rio de Janeiro, será suportada por uma ampla infraestrestrutura de TI e conectividade fornecida pela Oi. Entre os recursos disponíveis estão terminais de autoatendimento espalhados pela cidade, painéis de transmissão em tempo real para os locais que recebem a programação do evento e monitoramento reforçado da rede e do portal multimídia.

De acordo com o diretor de operação do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Wilton Mota, a experiência para desenvolver e implementar esse projeto servirá como laboratório para os grandes eventos que o Brasil vai sediar nos próximos anos, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. O Serpro é a empresa de tecnologia da informação do governo federal, responsável pela consultoria da tecnologia empregada na Rio+20.

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“Esse evento vem sendo pensado desde a infraestrutura básica até a segurança da informação, que precisa ser maior pela presença de diversos chefes de Estado e de governo. Então, é como se estivéssemos dando o primeiro passo para os próximos grandes eventos e esse é o maior ganho de toda a mobilização, que conta com a integração entre vários órgãos, como o Ministério da Defesa, das Relações Exteriores, da Polícia Federal e Receita Federal”.

Mota enfatizou que a Rio+20 contará com conexão entre o Riocentro, onde os chefes de Estado e de governo se reunirão, e cerca de 2,5 mil computadores, entre desktops e notebooks para uso das delegações internacionais, membros das Nações Unidas e do governo brasileiro.



A estrutura montada também prevê acesso sem fio à internet aos participantes da conferência, estimados em 50 mil participantes.

Para evitar incidentes graves, estão em funcionamento duas salas de comando para gerenciamento de risco. "Estamos monitorando 24 horas por dia e prontos para minimizar os impactos decorrentes de falhas, desastres ou indisponibilidades significativas".



Foram investidos na implementação do projeto R$ 3 milhões, sendo parte com verbas federais somadas a um repasse do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), informou Mota.

*Com informações da Agência Brasil

As inovações tecnológicas foram o destaque do último dia de apresentações do TEDxRio+20 ontem, terça-feira, no Forte de Copacabana. Entre as criações, um piso que produz e acumula energia e um robô submarino desenvolvido para realizar expedições em águas profundas.

"A função desse robô é explorar lugares que não fomos nos últimos 52 anos", disse o pesquisador Tony Haymet, que apresentou imagens feitas com a ajuda do robô na Depressão Challenger, próxima às Ilhas Marianas.

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No local, encontro entre duas placas tectônicas no Oceano Pacífico, é onde se localiza o ponto mais baixo da superfície terrestre. O minissubmarino foi desenhado e patrocinado pelo diretor James Cameron, que fez as imagens há dois meses, quando desceu a uma profundidade de 11 quilômetros a bordo do minissubmarino.

Haymet, que é também coordenador do Scripps Institution of Oceanography, maior rede de monitoramento de gases estufa, comparou a exploração do fundo do mar àquela realizada em um planeta vizinho e alertou para a preservação do mar. "O oceano é de todos e não é de ninguém. Não estamos cuidando dele. Não temos ideia de que formas de vida estranhas prosperam na escuridão das profundezas, mas sabemos o suficiente para não querer perdê-las."

A proteção dos mares, um dos dez temas da conferência, foi assunto recorrente entre os palestrantes do dia. O ambientalista Jean-Michel Cousteau, filho do explorador francês Jacques Cousteau, alertou para o aumento da poluição das águas e a diminuição da vida marinha. "Apenas 1% do oceano é protegido. Nossa presença aqui no Rio é para pedir aos líderes para que protejam 20% dos mares", afirmou.

O pavimento que funciona como fonte de energia renovável é acionado com base no movimento de quem pisa sobre ele. "Uma pessoa dá em média 150 milhões de passos durante a vida. Imagine o potencial", disse o criador do invento batizado de Pavegen, o engenheiro britânico Laurence Kemball-Cook. O piso foi testado em um festival de música e produziu energia suficiente para carregar a bateria de mil telefones celulares durante os três dias do evento.

No mês que vem, será instalado perto de um centro comercial do bairro londrino de Stratford, durante os Jogos Olímpicos. Cook demonstrou o invento para uma animada plateia e fez uma brincadeira com as 500 pessoas presentes no auditório, pedindo que todas dessem um pulo ao mesmo tempo. "Com esse movimento, vocês produzem energia suficiente para acender uma lâmpada de rua por 30 minutos", disse. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, começa nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro, com incertezas, falta de consenso e sem grandes expectativas de que o documento final estipule metas ambiciosas. Até ontem, havia confirmação da participação de representantes de 186 dos 193 países-membros da ONU - a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, representará o presidente Barack Obama.

Os principais impasses continuam em torno do fortalecimento do programa das Nações Unidas para o Ambiente (Pnuma) e sobre os temas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) - pelos quais os países avançariam como uma segunda etapa dos Objetivos do Milênio, um conjunto de oito metas estabelecidas pela ONU em 2000 e que devem ser atingidas por todos os países até 2015. Mas até a última reunião preparatória, no início do mês, em Nova York, não havia acordo nem mesmo sobre quantos deveriam ser os temas desses objetivos sustentáveis.

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A ONU já dá como certo que as negociações não se encerram ao longo dos três dias de reunião preparatória do documento final, a partir de hoje. Por enquanto há acordo em relação a menos de um quarto dos parágrafos do documento. Como a decisão é por consenso entre os 186 países participantes, fica claro o tamanho do desafio. Já se inscreveram para fazer discursos durante a cúpula 76 presidentes, 6 vices, 44 primeiros-ministros e 7 vice-primeiros-ministros.

O Brasil defendeu ontem o fortalecimento de princípios acordados há 20 anos e que não haja retrocessos em pontos conquistados na Eco-92. A informação foi passada em uma entrevista sem muito entusiasmo concedida pelos ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente) no Riocentro, sede do evento.

Patriota disse que o País chega à última etapa de negociações defendendo a manutenção de pontos estabelecidos na Eco-92, como ter o ser humano como o centro das atenções e o princípio das "responsabilidades comuns, porém diferenciadas".

Em linhas gerais, esse princípio prevê que todos os países têm compromisso com as mudanças, mas os ricos têm mais, porque historicamente contribuíram mais com a degradação do planeta.

"A crise econômica há 20 anos afetava sobretudo os países em desenvolvimento. Hoje, o que antes era considerado periferia está trazendo respostas. A periferia de certa maneira virou o centro", disse Patriota.

Polarização

Sobre a divergência entre países ricos e pobres, um representante da ONU disse que hoje não dá mais para falar em polarização Norte-Sul. "Em que categoria Brasil, a sexta economia do mundo, China e Índia se colocam, como pobres? Claro que ainda existe muita pobreza. E há um medo dos países em desenvolvimento de serem forçados a tomar atitudes imediatas que possam prejudicar o seu crescimento. É mais complicado que Norte x Sul. O mundo está muito diferente."

Mais cedo, Izabella havia comparado a falta de acordo nas negociações com o que ocorreu no ano passado durante a conferência do clima (COP-17), em Durban, África do Sul. "Todos diziam que Durban não ia dar em nada, mas conseguimos reverter a situação", lembrou a ministra, sobre o acordo fechado em dezembro por representantes de 194 países de renovar o Protocolo de Kyoto para pelo menos até 2017. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Às vésperas da abertura da Rio+20, que começa nesta quarta-feira, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, usa o exemplo da 17ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-17), em Durban, África do Sul, para tentar espantar as dúvidas sobre os resultados práticos do evento no Rio.

"Fomos para Durban e todos diziam que não ia dar em nada, mas conseguimos reverter a situação", lembrou a ministra. Em dezembro, no continente africano, representantes de 194 países concordaram, após exaustivas negociações concluídas no fim da conferência, em renovar o Protocolo de Kyoto para, pelo menos, até 2017.

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Nesta semana, a comunidade científica prepara um documento oficial para entregar aos políticos que participarão da Rio +20. Segundo Izabella Teixeira, as principais discussões no momento envolvem acertos nas terminologias utilizadas. "O texto está bastante preciso. Há convergência de temas, mas alguns termos ainda precisam ser ajustados", afirmou.

Otimista, a ministra ressaltou o avanço nas discussões em relação à Eco-92. "Essa será uma conferência de desenvolvimento sustentável, ninguém está falando separadamente de ambiente ou questões econômicas. Pela primeira vez, vamos discutir a agenda do desenvolvimento sustentável com foco no pilar econômico."

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