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A partir das discussões que ocorreram na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), realizada neste ano no Brasil, a Faculdade de Medicina de Petrópolis/Faculdade Arthur Sá Earp Neto (FMP/Fase) realizará, do dia 17 a 21 deste mês, a Semana Científica. O tema do evento é "Qualidade de Vida: desafios para o século XXI".

Dentre as atividades da ação, ocorrerão apresentações de trabalhos científicos, concurso fotográfico que visa estimular a produção fotográfica e a expressão artística da comunidade acadêmica, entre outras atividades.

Os interessados em participar do evento podem se inscrever através da página eletrônica. No endereço virtual também é possível encontrar mais informações sobre o evento. A faculdade fica na Avenida Rio Branco, 1003, em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Em balanço da Rio +20 realizado na quinta-feira em São Paulo, a frustração pela falta de ações práticas e a fragilidade do documento final assinado pelos países contrastaram com o otimismo do grupo de cidades que forma a Rede C40. Pouco mais de dois meses após o evento, especialistas do País e do exterior reforçaram as mesmas preocupações no encontro organizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

"Perguntavam para mim sobre o fracasso da Rio+20 antes mesmo de o evento acontecer. Mas é ingênuo achar que soluções complexas se resolvem em alguns eventos ou mesmo em uma década. O equacionamento das questões deve levar, pelo menos, mais dez anos", diz Paulo Artaxo, físico da USP e membro do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC).

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Na opinião do pesquisador, o fato mais evidente foi a falta de governança por parte da ONU para implementar políticas globais. O evento no Rio, avalia Artaxo, não foi muito diferente de encontros anteriores realizados em cidades como Durban, na África do Sul, e Copenhague, na Dinamarca. "Em termos de visibilidade, as atuais ondas de calor nos EUA e na Europa têm muito mais impacto que qualquer evento como a Rio+20", afirma.

Intitulado O Futuro Que Nós Queremos, o documento final assinado por 193 países é considerado o produto dessa falta de acordo. "O documento não possui metas de eficiência energética ou de uso de energias renováveis. Além disso, contém termos como ‘tecnologias de combustível fóssil mais limpas’, algo discutível", diz Marcelo Moreira, pesquisador do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone).

Otimismo

O discurso do pesquisador Adalberto Maluf, diretor da C40 no País, foi um dos poucos que fugiram do tom pessimista. Elogiada durante a Rio+20, a iniciativa de prefeitos de 58 metrópoles ganhou visibilidade desde então e trabalha na ampliação do projeto. "Diversas entidades entraram em contato, mas damos prioridade à ideia de ser uma ação das cidades voltada para as próprias cidades. Por isso, queremos atingir cem cidades até 2025", afirma Maluf.

Ele explica que o foco da entidade está no lançamento de redes temáticas. Cidades que possuem bons exemplos em determinadas áreas ambientais terão um contato mais próximo com capitais que enfrentam dificuldades. São Paulo, segundo ele, é apresentada como modelo de legislação ambiciosa no setor, ainda que pouca coisa tenha sido colocada em prática. O principal desafio, por outro lado, é aprimorar a questão da mobilidade.

Além de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba são as cidades brasileiras que participam do projeto. "Trabalhando de forma mais localizada, os prefeitos têm mostrado maior engajamento que os líderes mundiais. Nossa atenção agora está voltada para a Ásia, especialmente nas grandes metrópoles da China." Fundada em 2005, a Rede C40 reúne atualmente 58 cidades que se comprometem a reduzir emissões de gases do efeito estufa e mitigar os riscos climáticos nas próximas décadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Junho de 1992, o Brasil era pela primeira vez sede de uma grande conferência internacional. Palco também de uma das maiores turbulências políticas até então já vistas na história republicana. Foi com uma entrevista a Veja que, em Maio daquele ano, Pedro Collor de Mello denunciou o esquema PC Farias, levando, meses depois, ao impeachment do irmão Fernando Collor de Mello.

Ao fim daquele ano assumia a presidência do país o mineiro Itamar Franco, que apresentou, na função de Ministro das Relações Exteriores, o distinto sociólogo e futuro idealizador do Plano Real, Fernando Henrique Cardoso. Um divisor de águas na história econômica do país, um mais do mesmo na narrativa política daquela recém-nata democracia.

Nas ruas, as ombreiras. A moda dos cabelos volumosos dispensavam as chapinhas. Nos esportes, a dupla de atacantes-congressistas, Bebeto e Romário, iniciavam o caminho em busca do tetracampeonato. Algumas coisas pareciam fazer mais sentido.

A luta contra a hiperinflação que ultrapassava 1000% ao ano e dizimava o poder de compra do consumidor, tornou expressões como “overnight” e “remarcação de preços” comuns ao dia-a-dia do brasileiro.

Na Europa, um novo e aprofundado conceito de integração regional era selado com a assinatura do Tratado de Maastricht. De “Comunidade”, a Europa passava a “União”. O Euro, que vinte anos mais tarde enfrentaria uma crise capaz de colocar em cheque a própria existência, teve as suas bases estabelecidas e foi celebrado como uma experiência inédita na história econômica dos povos. 

A ECO92 chegava ao país com a missão de desmistificar o conflito aparente entre desenvolvimento e proteção ambiental. A mensagem parece ter sido captada, ou pelo menos a importância dela. É o que sugere as mais de 30 empresas e entidades que, em 2012, foram patrocinadoras ou apoiadoras oficiais do evento no Rio de Janeiro. Meio-ambiente, sustentabilidade e responsabilidade social ganharam, dentro das corporações, o mesmo espaço e importância que as áreas de marketing, comercial ou financeira.

Na Rio+20, assim como na Rio92, pretendeu-se pensar o futuro. Pelas enormes surpresas que as últimas duas décadas apresentaram, não é difícil sugerir que esta seria uma tarefa um tanto ambiciosa para um encontro de pouco mais de dez dias. Apesar dos desentendimentos quanto a conceitos, o ganho em importância da PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) dentro da comunidade internacional foi incalculável. É possível estarmos diante da criação de um tipo de OMC do Meio Ambiente. Uma agência com autoridade para a governança ambiental global.

Os desafios para uma economia sustentável são cada vez maiores. Nos últimos vinte anos a população na terra pulou de 5,5 bilhões para 7 bilhões de pessoas. Em 2032 deverão ser 8,5 bilhões. A China passou de nona, a segunda economia internacional. Já os Estado Unidos repousa estático sobre a alcunha de principal poluidor per capita a nível mundial.

A Rio+20 esteve sub-representada pelas grandes potências mundiais. Barack Obama e Angela Merkel foram sem dúvida as ausências mais sentidas. Enquanto em 1992, o PIB mundial dos Estados representados ultrapassou os 70%, em 2012, ficou na casa dos 40%. As discussões foram fracas em metas e abundante em intenções. “Pouca ambição”, segundo a definição do próprio secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon

O que esperar para os próximos vinte anos? Pode ser Neymar o novo prefeito da baixada santista ou quem sabe as ombreiras voltem a ser moda. Talvez seja a vez dos países do Mercosul partilharem de uma única moeda. A única certeza é que, em 2032, o tempo será um recurso ainda mais escasso.

A Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em junho no Rio de Janeiro,  recebeu este nome como marco pelos vinte anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92. Em 2012, o objetivo da Conferência foi a renovação do acordo político para a continuidade do projeto de desenvolvimento sustentável, avaliando os progressos atingidos e tratando de pontos frágeis.

Durante a conferência dois temas foram foco da discussão: a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável. O primeiro, traz a economia verde, que  ainda não tem uma definição consensual, como alternativa para processos produtivos que contribuem com o desenvolvimento sustentável, pensando tanto nos aspectos sociais quanto ambientais.

E como não se pode falar de meio ambiente e desenvolvimento sem pensar na sociedade como um todo, o empenho na erradicação da pobreza será sempre tema de debate.  Já o segundo foco, as discussões foram em busca de formas para melhorar o acompanhamento e a eficácia das atividades desenvolvidas para um desenvolvimento sustentável econômico, social e ambiental.

Em 1992, a Rio-92 foi o sinal que o Brasil precisava para o desenvolvimento da consciência ambiental. Na época, mais de 80% dos países do mundo discutiram medidas para a defesa do meio ambiente, resultando em cinco documentos de suma importância: a Declaração do Rio de Janeiro, com 27 princípios sobre o desenvolvimento sustentável; a Declaração de Princípios sobre Florestas; a Convenção sobre Biodiversidade, que disciplina a proteção das riquezas biológicas; a Convenção sobre o Clima, que trata de medidas de conservação atmosféricas, com uso de tecnologias limpas e diminuição da emissão de gás carbônico; e a Agenda 21, que nos dizeres de MILARÉ (2007, p. 90) é “a cartilha básica do desenvolvimento sustentável”, e mundialmente conhecida como um guia de cooperação internacional sobre os recursos ambientais e suas destinações para os países menos desenvolvidos.

De fato, o Brasil não é um especialista em preservação ambiental, tendo, ainda, muito a observar nos países desenvolvidos para que consiga congregar meio ambiente e desenvolvimento econômico. Tarefa esta imprescindível, já que possuímos a maior biodiversidade do planeta. A Rio+20 surge como uma oportunidade para reflexão sobre os padrões de desenvolvimento para o futuro, principalmente em um momento que o Brasil se destaca como uma economia com forte crescimento e  capaz de gerar incremento econômico com inclusão social e proteção ao meio ambiente.

E mesmo diante de discussões de especialistas, o que fica claro é que a sociedade civil tem papel fundamental na busca pelo desenvolvimento, sem destruir o meio ambiente. É preciso, sem dúvidas, investir em projetos de transporte e energia limpos, além de ampliar a proteção ambiental, através de ações mais rígidas de combate aos crimes contra a natureza.

Se a Rio+20 não alcançou os resultados esperados quanto a medidas concretas em prol da sustentabilidade, ao menos mostrou a capacidade do Rio de Janeiro em receber os 110 mil visitantes que estiveram na cidade durante os dez dias da Conferência e geraram um rendimento extra de R$ 274 milhões ao setor turístico. "A cidade não precisa mais testar. Ela já está sendo testada e está passando no teste", avalia o secretário de Turismo, Pedro Guimarães. Redução na taxa de criminalidade, trânsito inferior às médias históricas e ampliação das operações de atendimento ao turista foram alguns dos saldos positivos deixados pela Conferência para a cidade.

Embora os quase 1,2 mil deslocamentos de comitivas e o aumento do fluxo de veículos fretados, além das diversas manifestações, tenham provocado congestionamento em alguns pontos, a cidade registrou trânsito abaixo da média histórica do município, com redução de até 27% do tempo de deslocamento em alguns locais. Resultado não só de estratégias implementadas pela CET-Rio, mas também da adoção de ponto facultativo nos três últimos dias da Conferência.

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Houve pontos positivos também na área de sustentabilidade, especialmente em uso de biocombustíveis e gestão de resíduos. Dos 380 ônibus fretados em circulação, 31 deles (8%) funcionaram com combustíveis alternativos. A Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) e as cooperativas de catadores realizaram a coleta seletiva de quase um terço das 144 toneladas de lixo recolhidas nos eventos oficiais e paralelos durante os dez dias da Conferência - isso numa cidade que recicla menos de 1% de todo o seu lixo produzido.

As regiões onde ocorreram atividades ligadas à Rio+20 registraram quedas bruscas nas ocorrências de homicídio doloso (quando há intenção de matar), roubos de veículos e roubos de rua durante o evento em comparação ao mesmo período de 2011. No caso de homicídio, houve uma redução de até 80% na comparação entre os dois períodos. A área de monitoramento diário das estatísticas englobou 18 delegacias da cidade na região central, na zona sul, no aeroporto internacional e nos bairros da zona oeste onde houve grande circulação de delegações. A principal causa para essa queda, apontam especialistas, foi o superpoliciamento nessas áreas: cerca de 20 mil homens das Forças Armadas e das polícias Federal, Rodoviária Federal, Civil e Militar estavam envolvidos no esquema de segurança da conferência.

"Apesar de o Rio estar um canteiro de obras, a cidade respondeu muito bem", ressaltou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (Abih-RJ), Alfredo Lopes. A rede hoteleira, que obteve índice de ocupação de 95%, terá 10 mil novas vagas em 36 novos empreendimentos até os Jogos Olímpicos de 2016. A Abih estima que serão criados mais de 40 mil postos de trabalho diretos e indiretos até lá. "Muitos destes postos estão voltados à construção de hotéis, mas no futuro eles precisam ser qualificados para a operação do hotel, e esse é um desafio grande", avalia Lopes. A defasagem na capacitação no setor turístico foi sentida especialmente pelos estrangeiros. Embora tenha prestado atendimento a mais de 260 mil pessoas nos 16 postos de informação montados pela cidade, a Riotur pretende sanar um dos principais problemas enfrentados na Rio+20: a ausência de atendentes bilíngues.

Ainda neste ano será ampliado o programa municipal Rio Hospitaleiro, que em 2011 capacitou 3 mil pessoas. De acordo com Guimarães, a ideia é oferecer treinamento não só ao setor hoteleiro, mas também a garçons, taxistas, policiais, guardas municipais e garis. "Vamos focar especialmente nos atendentes de serviço público, que estão na ponta, para que a cidade esteja pronta para mostrar sua capacidade de receber bem e com qualidade".

A declaração final da Rio+20 contém 23.917 palavras. Apenas duas vezes aparece a palavra que define o resultado palpável de uma negociação: "decidimos", já que os outros parágrafos começam com "reafirmamos", "reconhecemos" e equivalentes. As duas se referem à criação do Fórum de Alto Nível para o Desenvolvimento Sustentável.

Esse novo fórum é a expressão objetiva de um ganho intangível perseguido há décadas pela política externa brasileira: o avanço do multilateralismo. Ele substituirá a inofensiva Comissão do Desenvolvimento Sustentável, criada na Eco-92. Sua função será fiscalizar o cumprimento de compromissos sobre desenvolvimento sustentável assumidos na Agenda 21 (firmada na Eco-92), no Plano de Johannesburg (na Rio+10) e noutras conferências subsequentes, incluindo a Rio+20.

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Na segunda e última frase iniciada com "decidimos", a declaração lança um "processo de negociação aberto, transparente e inclusivo sob a Assembleia-Geral (da ONU) para definir o formato do fórum de alto nível e aspectos organizacionais com o objetivo de reuni-lo no começo da 68a sessão da Assembleia-Geral (em setembro de 2013)".

A criação de um órgão político da ONU com dentes voltados para o desenvolvimento sustentável atende ao mesmo tempo a dois objetivos do Brasil: reforçar o multilateralismo e criar condições para cobrar de todos os países, mas especialmente dos ricos em geral e dos Estados Unidos em particular, que façam a sua parte.

"A criação do fórum gera esperança de que as Nações Unidas possam trabalhar com a questão do desenvolvimento sustentável num outro patamar", disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. "Esperamos que o fórum de alto nível não só seja responsável pela avaliação de implantação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, mas que traga para a centralidade das questões da geopolítica internacional e do multilateralismo a discussão do desenvolvimento sustentável."

O fato de uma ministra de Meio Ambiente enfatizar um aspecto geopolítico quando faz o balanço da Rio+20 não é casual. A Rio+20 foi uma conferência sobre o meio ambiente. Mas, como acontece todas as vezes em que dois ou mais países se reúnem, os interesses de Estado se sobrepõem a todos os outros.

Prioridade

O fortalecimento do multilateralismo é prioridade da política externa brasileira desde sempre. Mas esse interesse tem sido explicitado em todos os fóruns internacionais desde que o presidente Fernando Henrique Cardoso assumiu o governo, em 1995. A razão é simples: o Brasil não é e não será, num horizonte visível, uma superpotência militar e econômica.

Sua projeção global depende de sua liderança política, baseada em sua capacidade de articular posições de outros países e de apresentar credenciais que o elevem à condição de modelo - em esferas como meio ambiente, inclusão social e direitos humanos. Isso só é possível num ambiente multilateral.

O êxito do Brasil na Rio+20, ou o êxito da Rio+20 para o Brasil, é visto pelo governo desse ponto de vista. "O grande ganho dessa conferência é o multilateralismo", disse Izabella. "É difícil construir consensos. Essa é uma das coisas mais ricas das Nações Unidas. É complicado, é complexo. Porque temos de falar e saber ouvir e, com base na posição de todos, construir o consenso."

Em muitos momentos da Rio+20, os agradecimentos de representantes de outros países e da ONU pela "liderança" exercida pelo Brasil foram além das declarações protocolares que se fazem normalmente aos anfitriões. Muitas vezes vieram carregadas de menções das credenciais brasileiras.

"Os grandes esforços do Brasil demonstram, mais uma vez, que o Brasil continua um país profundamente dedicado à causa das Nações Unidas e é uma ponte entre o Norte e o Sul", declarou, por exemplo, Nassir Abdulaziz Al-Nasser, do Catar, o atual presidente da Assembleia Geral da ONU, na abertura da cúpula, na quarta-feira. "Mais que isso, demonstra que o Brasil está dedicado a fazer uma contribuição original à comunidade internacional, demonstrando como um país desenvolvido pode ao mesmo tempo perseguir com sucesso a prosperidade material, a justiça social e o bem-estar ambiental."

No sistema internacional, o poder é um jogo de soma zero, em que, para um país ganhar influência, é preciso que outro perca. Na Rio+20, isso ficou evidente na participação opaca da secretária de Estado americana, Hillary Clinton. Ela não disse uma palavra sobre o tema-chave da Rio+20: a necessidade de mudança dos padrões de consumo. Hillary preferiu anunciar - unilateralmente - programas de ajuda aos países pobres. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

A presidente Dilma Rousseff enumerou nesta sexta-feira o que para o governo representou algumas das conquistas do documento final da Rio+20, como o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a ajuda financeira para países em desenvolvimento. Dilma fez o discurso de encerramento da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável.

"O Pnuma sai fortalecido da Rio+20, inclusive em termos financeiros", lembrou a presidente. "Colocaremos US$ 6 milhões para países em desenvolvimento e US$ 10 milhões para o enfrentamento das mudanças do clima nos países pobres da África e pequenas ilhas".

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Segundo Dilma, a conferência levou a erradicação da pobreza para o centro do debate, assim como o respeito aos direitos humanos fundamentais.

"Vamos estabelecer um indicador mais adequado do que o PIB para medir o desenvolvimento", apontou ainda.

 

Nesta semana, os maiores representantes do mundo estão reunidos, na cidade do Rio de Janeiro, discutindo o futuro ambiental de nosso planeta e a preservação dos biomas brasileiros foi um dos temas que teve destaque na discussão. Dentre os biomas brasileiros mais importantes está o de caaatinga, que ocupa 18% do território brasileiro e tem apenas 53% de sua área hoje preservada. A caatinga, caracterizada pela vegetação seca e solo rachado, apresenta grande biodiversidade e abriga mais de 34 milhões de pessoas vivendo de seus recursos. No entanto, a intensidade dos danos ambientais, ocasionados pela exploração e queima da vegetação, vem gerando a desertificação e pondo em risco a biodiversidade local, bem como a vida da população que vive nessa região.

Nesta semana, os secretários estaduais e municipais de Meio Ambiente debateram sobre a Carta da Caatinga para a Rio+20. Neste evento, foram apresentadas propostas e recomendações formuladas pelos estados, com a participação dos municípios e da sociedade civil, para a conservação e desenvolvimento sustentável da caatinga.

Uma das grandes perspectivas para conservação do bioma está relacionado à busca pela harmonia entre a extração e exploração sustentável, de maneira a assegurar a renda da população que depende deste bioma, sem agredi-lo. Uma das preocupações hoje é assegurar que a população que vive um momento de extrema seca, possa viver com dignidade.

De acordo com Francisco Campelo, gerente de combate a desertificação do MMA, “esta reunião está buscando alternativas para o uso sustentável e que transformem a realidade cruel da seca em oportunidades de manejo e negócios verdes”. Ele ainda complementa dizendo que "não existe conservação se não houver bom uso, e sem isso não encontramos harmonia ambiental, que hoje é uma das provocações da nossa realidade. Por isso, precisamos de um marco legal que não seja inibidor do uso, mas sim provedor dessas alternativas sustentáveis para a Caatinga", defende Campelo.

Nas práticas sustentáveis, as mulheres ganham destaque através da iniciativa de criação de uma Bodega de Produtos Sustentáveis da Caatinga (negócios ecológicos como a produção de artesanato, óleos, azeites, laticínios de cabra, doces de frutas típicas da região, como umbu, caju, murici, entre outros produtos) produzidos e negociados por ela, de maneira a garantir a sociodiversidade do bioma. Outro destaque é agricultura sustentável, através do Projeto Nutre, que assegura a comercialização dos produtos da agricultura familiar na alimentação escolar das nove capitais do Nordeste.

Além dessas perspectivas, a diminuição das queimadas e o uso de fogões ecológicos pela população, asseguram a diminuição de emissões de dióxido de carbono, bem como asseguram a preservação da vegetação nativa dessas áreas e diminuição de fumaça e fuligem para a população destas áreas.

Desta maneira, os biomas brasileiros, em especial o da caatinga, assegurarão melhor qualidade de vida para população que depende deste importante bioma.

Fotos: Jacqueline Silva-Cavalcanti

O diretor de Responsabilidade Social Corporativa da Fifa, Federico Addiechi, reforçou nesta sexta-feira, durante palestra na Rio+20, que a Copa do Mundo do Brasil, em 2014, será a "mais sustentável de todas". Ele reconheceu os impactos negativos que a competição vai trazer ao País, mas afirmou que eles serão superados pelos positivos.

O diretor da Fifa defendeu a utilização da publicidade gerada pelo Mundial para divulgar medidas de desenvolvimento sustentável. "A Copa do Brasil será vista por metade da população mundial, então é uma oportunidade para dar ainda mais força a essas questões", disse.

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Na última terça-feira, também durante evento da Rio+20, Addiechi anunciou o investimento de US$ 20 milhões (R$ 40,7 milhões) no Brasil, pela Fifa, para a implementação da estratégia de sustentabilidade da competição até 2014. O valor corresponde a 0,7% da arrecadação da entidade.

O secretário executivo do ministério do Esporte, Luís Fernandes, único representante do governo federal no Comitê Organizador Local (COL) da Copa, frisou a decisão do Brasil de solicitar, sem que a Fifa exigisse, a certificação ambiental internacional LEED (sigla em inglês para Liderança em Energia e Design Ambiental), concedida pela ONG Green Building Council. "Agora, a Fifa quer levar a experiência do País para as próximas Copas do Mundo", disse.

Também presente à palestra, o arquiteto espanhol Pablo Vaggione, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) - um dos principais financiadores das obras relacionadas à Copa nas cidades brasileiras - deu um alerta. "Vocês precisam estar preparados para a desaceleração de eventos, logo após o fim do Mundial", avisou. Segundo ele, a transformação de Barcelona não terminou em 1992, quando a cidade espanhola sediou os Jogos Olímpicos, "mas começou". "Não se pode desperdiçar o dia seguinte à Copa", disse.

A presidente Dilma Rousseff afirmou que o documento final aprovado na Rio+20 não retrocede em avanços conquistados em conferências anteriores, como a Rio-92. Dilma proferiu, na noite desta sexta-feira, o discurso de encerramento da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável.

"O documento que aprovamos hoje não retrocede em relação às conquistas da Rio-92, não retrocede em relação a Johanesburgo, não retrocede a todos os compromissos assumidos nas demais conferências das Nações Unidas. Ao contrário, o documento avança", declarou a presidente. "Assim como em 92, a conferência terá um efeito transformador para a sociedade."

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Segundo Dilma, foram tomadas decisões importantes durante a cúpula, como a erradicação da pobreza e o respeito aos direitos humanos fundamentais. "Deixamos as bases de uma agenda para o século 21. Tomamos decisões importantes", ressaltou.

Emergentes

Em seu discurso, a presidente Dilma afirmou também que nenhum País deve ficar aquém do que foi acordado no documento final da Rio+20. Entretanto, os pontos que foram consenso entre os chefes de Estado na conferência não devem ser tomados como limite nos esforços de promover o desenvolvimento sustentável.

"Todos os países precisam e devem avançar em relação ao documento. Mas nenhum tem o direito de ficar aquém em relação aos avanços históricos e compromissos", declarou Dilma, na cerimônia de encerramento da Rio+20. "(O documento) É um alicerce de nosso avanço, não é limite, nem tampouco teto do nosso avanço", afirmou.

Segundo a presidente, merecem menção especial os esforços dos países em desenvolvimento. "Aplauso especial aos países em desenvolvimento que assumiram compromisso concreto em relação ao desenvolvimento sustentável. Mesmo sem a contrapartida financeira prometida por países desenvolvidos", ressaltou Dilma. "O Brasil fez sua parte", afirmou.

Empresas

Para a presidente, a conferência foi um marco da participação empresarial. No discurso de encerramento da Rio+20, Dilma lembrou a participação dos diversos segmentos da sociedade. "A Rio+20 é também marco do engajamento e participação empresarial", lembrou Dilma.

"Aos resultados da conferência dos chefes de Estado de governo somam-se os diálogos e avanços da cúpula dos povos, do fórum das mulheres, da participação de movimentos sociais e organizações não governamentais."

A presidente defendeu o multilateralismo como a melhor forma de se chegar a acordos que irão resultar em efeitos concretos. "Iniciamos uma caminhada que deve ser orientada por muita ambição", disse Dilma.

Bem-humorada, a presidente Dilma Rousseff concedeu uma entrevista à imprensa antes da cerimônia de encerramento da Rio+20. Com relação ao texto final e as críticas que o documento recebeu, ela exaltou a vitória do multilateralismo e disse que o mérito do Brasil foi ter obtido um consenso possível.

Já com relação à questão de quem vai pagar a conta do desenvolvimento sustentável dos países pobres, que não consta no documento, Dilma colocou a culpa nos países ricos, dizendo que eles não quiseram assinar o parágrafo que tratava dos meios de implementação.

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E ao falar da postura do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, negada pelo próprio posteriormente, de dizer que o documento era pouco ambicioso, Dilma rebateu afirmando que não é papel do governo brasileiro fazer análise sobre o posicionamento de organismos internacionais.

Quando questionada sobre o fundo de 30 bilhões ao ano, que o Brasil e os países membros do G-77 tinham proposto para auxiliar o financiamento do desenvolvimento sustentável, a presidente respondeu que a questão deve ser introduzida na pauta de conferências futuras.

Ela revelou, entretanto, que o Brasil assumiu junto com a China o compromisso de investir US$ 6 milhões no programa da ONU de meio ambiente e outros US$ 10 milhões na África. Mas a presidente foi irônica ao dizer que a iniciativa ainda precisa ser aprovada e depende da lei brasileira.

Neste último dia de Rio+20, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, criticou o desperdício de alimentos no mundo. O sul-coreano participou, ao lado do ex-primeiro-ministro espanhol José Luis Zapatero, de painel sobre a "Aliança Global para Terras Secas" (GDLA, na sigla em inglês), uma parceria entre países áridos e semiáridos. O evento foi no estande do Qatar - idealizador do GDLA - , um dos mais luxuosos do Parque dos Atletas, espaço em frente ao Riocentro, na Barra da Tijuca, que recebeu eventos paralelos oficiais da Rio+20.

O principal foco da GDLA é o combate à ameaça de escassez de água e comida nas áreas desérticas. "Enquanto tivermos um bilhão de pessoas indo dormir toda noite com fome, não seremos capaz de dizer que vivemos em um mundo sustentável", disse Ban Ki-moon, em discurso. "Em todo o mundo, acredito que temos comida suficiente para alimentar sete bilhões de pessoas (população mundial atual, segundo a ONU), mas o sistema não está funcionando", criticou.

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Conforme o secretário-geral, um terço da nossa produção de comida se perde em algum ponto. "Isso é uma tragédia. Não pode haver nenhuma criança faminta no mundo", afirmou. "O princípio básico da Rio+20 é colocar as pessoas em primeiro lugar. Para isso, temos de alimentá-las, prover comida. O governo brasileiro tem tido sucesso com um programa que tem o nome de 'Fome Zero'", citou.

Tanto Ban Ki-moon quanto Zapatero não quiseram conceder entrevista após o painel. No discurso, o ex-primeiro-ministro afirmou que a Espanha tem 3 mil quilômetros quadrados de área desértica, mas, mesmo assim, a agricultura no território árido é uma das mais competitivas do mundo. "Devido à tecnologia que usamos, com uma produção que respeita o meio ambiente", afirmou.

Visitas

O Parque dos Atletas será reaberto ao público neste sábado e domingo, das 10h às 20h - ficou restrito a credenciados e convidados entre quarta e sexta-feira, devido à reunião de cúpula dos chefes de Estado, no Riocentro. Toda a programação de palestras e apresentação de projetos, no entanto, se encerrou nesta sexta. Somente o pavilhão multiuso e o do governo do Rio vão ter atividades no fim de semana; os demais estarão abertos apenas para visitação.

Um livro que resgata a memória cultural e histórica do território de Mata Atlântica, que abriga hoje a cidade do Rio de Janeiro, foi lançado na última quarta (20), às 18h, na tenda Sebastião Lan da Cúpula dos Povos, evento realizado no Parque do Flamengo, Zona Sul da cidade, em paralelo à Rio+20. Destinada ao público infanto-juvenil, Gigantes de Pedra, de autoria da escritora e ambientalista Anne Raquel Sampaio, se baseia em mitos tupinambás, tema de mais de 30 anos de pesquisa do escritor José Leonídio Pereira.

Segundo os tupinambás que habitavam o território carioca, montanhas como a Pedra da Gávea e o Maciço da Tijuca, que se observados à distância formam a figura de um gigante de pedra deitado, e também o Corcovado, o Pão de Açúcar e o maciço da Pedra Branca, seriam os guardiões de uma área sagrada, simbolizando o equilíbrio que o homem deve manter com a natureza. 

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“Essas pedras impediram a devastação total da Mata Atlântica no Rio de Janeiro, cidade que abriga a maior floresta urbana do mundo”, diz a escritora, que participa de atividades na Cúpula dos Povos ligadas à questão indígena e à educação ambiental.

Gigantes de Pedra procura relacionar os mitos e lendas dos tupinambás ao contexto da realização da Rio+20, contando a história de duas crianças estrangeiras: uma menina francesa e um garoto inglês, que estão no Rio de Janeiro acompanhando os pais, que trabalham nos preparativos da conferência da ONU.

Preocupadas com o futuro do planeta e maravilhadas com a geografia da cidade, elas acabam tomando conhecimento, por intermédio de um antropólogo, das lendas indígenas sobre as montanhas cariocas.

A ministra do meio ambiente, Izabella Teixeira, lamentou a falta de clareza do documento oficial da Rio+20 sobre as obrigações dos países desenvolvidos com relação ao estabelecimento de novos padrões de consumo e produção no planeta. "Além da adoção do plano, podíamos ter deixado claro o que significa isso. O plano é excepcional, mas como é que nós vamos transformar essas obrigações dos países desenvolvidos?", questionou.

A ministra, que esteve no espaço Humanidade 2012, no Forte de Copacabana, onde aconteceram discussões paralelas à Rio+20, também disse que o documento poderia ter avançado em dois outros pontos: na questão dos direitos reprodutivos das mulheres e na parte do texto final que trata dos oceanos. No entanto, ela não deu detalhes sobre os avanços que considerava necessários.

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Em tom bastante otimista, Izabella disse que os resultados da Rio+20 são bastante otimistas. Ao ressaltar que foram tomadas "decisões e mais decisões", a ministra disse que as pessoas não sabem ler os textos. "Muitas vezes as pessoas não sabem ler os documentos das Nações Unidas. Sinto isso, às vezes elas não entendem as decisões", declarou. Nesta sexta-feira, ela recebeu da apresentadora Xuxa um documento com propostas de crianças de todo o País para o meio ambiente.

Durante as atividades da Conferência Rio+20 desta sexta-feira (22), a Caixa Econômica Federal (CEF) lançou o Portal de Sustentabilidade CAIXA. O objetivo da ferramenta virtual é proporcionar o acesso do público a informações dos produtos e serviços sustentáveis do banco, com destaque para o Microcrédito Produtivo Orientado – linha de crédito que desempenha importante papel sócio-inclusivo – e o Selo Casa Azul – instrumento de qualificação de projetos de empreendimentos habitacionais dentro de critérios socioambientais.

De acordo com a assessoria de comunicação da CEF, o presidente da instituição, Jorge Hereda, afirma que o portal mantém a tradição de transparências nas informações da Caixa. “Ao lançar o novo Portal, a Caixa reafirma com transparência os avanços atingidos no cumprimento de sua missão, no tocante aos aspectos econômicos e socioambientais, bem como a sua aderência e identidade com temas em discussão na conferência da ONU”, diz o presidente.

A morte de um líder indígena da aldeia Karajá interrompeu as cerimônias festivas que marcariam o último dia da Kari-Oca, onde estão reunidos 420 índios que participaram da Rio+20. Ismael Karajá, de 48 anos, passou mal ontem e foi medicado no posto de saúde da Kari-Oca depois se queixar de dores no peito e na cabeça e apresentar vômito, febre e rigidez na nuca.

O líder foi encontrado morto na rede onde dormia na manhã desta sexta-feira pelo cacique karajá e o mais provável é que ele tenha tido um ataque cardíaco. Segundo Marcos Terena, um guerreiro da aldeia levará o corpo de volta para a Aldeia Santa Izabel, em São Felix do Araguaia, na divisa entre Mato Grosso e Tocantins.

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"Em solidariedade ao parente que faleceu, todos as etnias resolveram ir embora mais cedo. A cerimônia do fogo, de despedida, está mantida mas não será festiva. Estão todos muito tristes", disse Terena.

Até o início da tarde, todos os indígenas que participaram da Rio+20 pela Aldeia Kari-Oca, em Jacarepaguá, deverão ter embarcado nos ônibus de volta para as suas aldeias.

Uma senhora de 62 anos roubou a cena ao tentar correr para o palco durante pronunciamento do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, no Parque dos Atletas, durante evento da Rio+20. A aposentada Ivanete Lopes da Silva conseguiu entrar sem credencial e precisou ser contida pelos seguranças. Logo em seguida foi encerrado o painel, no pavilhão do governo do Rio.

Com o início da reunião de cúpula dos chefes de Estado, na quarta-feira, a entrada no Riocentro está restrita a credenciados para a Rio+20 e funcionários dos pavilhões. Ivanete admitiu que não era um, nem outro. "Entrei graças a Ele", disse, exibindo um encarte com a foto de Jesus. Ela queria se manifestar porque a casa onde mora, na favela Parque União, no Rio, está "com risco de desabar". Apesar da truculência dos seguranças, a aposentada disse não estar machucada.

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O anfitrião, governador Sergio Cabral (PMDB), apesar de anunciado pelo mestre de cerimônias, não compareceu. Foi representado no evento, promovido pelo Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais (Iclei, na sigla em inglês), pelo secretário estadual de Meio Ambiente, Carlos Minc. A organização prometia a participação da presidente Dilma Rousseff e da secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, mas ambas não apareceram.

No discurso, Ban Ki-moon afirmou que "no mundo globalizado, há poucas diferenças entre governos locais e federais". "Os prefeitos lideram os exemplos de desenvolvimento sustentável. No Brasil, Curitiba (PR) é um exemplo", disse.

Marcela Tedeschi Temer, 29 anos, mulher do vice-presidente Michel Temer, emprestou na quinta-feira sua desenvoltura de miss para tornar a estadia de um seleto grupo de participantes da conferência Rio+20 menos entediante. Ao longo do dia, ela acompanhou 14 mulheres de chefes de Estado da África, da Ásia e da Oceania em um tour pelos pontos turísticos e históricos da cidade.

O passeio começou com uma volta no navio Spirit of Brazil, do empresário Eike Batista, na Baía de Guanabara. Depois de um almoço do cais da Escola Naval da Marinha, ao lado do aeroporto Santos Dumont, Marcela levou as primeiras-damas para visitar a exposição "Amazônia, ciclos de modernidade", no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro. No final da tarde, o grupo assistiu a um desfile de modelos que usavam colares, brincos e pulseiras cravados de pedras preciosas.

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Com 1m72 de altura e 66 quilos, a ex vice-miss São Paulo usou sapato salto alto e um vestido florido justo e acima do joelho. A roupa de Marcela contrastou com as das primeiras-damas da Nigéria, de Tuvalu, da Tanzânia, da Samoa, da Zâmbia, do Nepal, das Ilhas Comores, da África do Sul, das Maldivas e das Ilhas Salomão, que usaram vestidos longos, com turbantes e muitos véus.

Também participou do passeio Yoo Soon-Taek, a mulher do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Marcela foi assediada por Thobeka Zuma, uma das mulheres do presidente Jacob Zum, da África do Sul, para tirar uma série de fotos. Ela pouco conversou com as visitantes, limitando-se a sorrir, como se estivesse num concurso rodeada de concorrentes.

Enquanto primeiras-damas estrangeiras andavam um pouco curvadas, Marcela se mantinha sempre ereta e com as mãos cruzadas para a frente. Na exposição sobre a Amazônia, Marcela se ateve a imagens da rodovia Transamazônica. Foi lá no Centro Cultural do Banco do Brasil que a rainha Silvia e o rei Gustav, com cara fechada, da Suécia, se juntaram ao grupo de Marcela para conferir mapas e miniaturas de barcos da bacia amazônica. As primeiras-damas puderam ver, rapidamente, becos e ruas do centro, por onde passaram, na ficção, personagens de Machado de Assis, como Bentinho e Escobar, entre outros.

Na antiga sede do Itamaraty, iluminado com lâmpadas cor-de-rosa, uma tradição da casa, Marcela e as primeiras-damas tomaram chá e assistiram desfile de modelos com pedras brasileiras em joias produzidas pela H. Stern. Ao som de bossa-nova, as modelos exibiram águas marinhas, esmeraldas, ametistas e turmalinas Paraíba, uma pedra de coloração azul mais cara que o diamante, segundo o fabricante, retirada de minas do Nordeste. Marcela não escondeu o fascínio pelas joias.

Bem longe dali, do outro lado da cidade, representantes de quase cem países enfrentavam reuniões maçantes, o frio de uma central desregulada de ar-condicionado, o barulho de buzinas e sirenes de batedores e filas em banheiros, salas de comunicação e restaurantes...

Integrantes da comitiva do Japão que visita o Rio em razão da Rio+20 erraram um trajeto, entraram em uma favela e se depararam com homens armados no Caju, na área central da cidade, por volta das 14 horas da quinta-feira. Ninguém foi abordado nem houve troca de tiros, mas as forças de segurança da Rio+20 chegaram a ser acionadas.

Segundo a Polícia Militar, a comitiva de japoneses seguia para uma visita a uma estação de tratamento de água da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) no Parque Alegria, na zona norte, quando dois carros erraram o caminho e ingressaram na favela. Um dos veículos saiu imediatamente e acionou as forças de segurança.

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A PM chegou a mobilizar 20 policiais, que teriam apoio de homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e de um helicóptero do Grupamento Aéreo e Marítimo (GAM).

Mas, antes que a procura pelo segundo veículo fosse iniciada, o carro saiu da favela e avisou a PM, que cancelou a operação.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou nota de repúdio aos "tristes episódios" ocorridos na manhã desta quinta-feira, quando dezenas de manifestantes invadiram o Espaço AgroBrasil, montado pela entidade no Pier Mauá, um dos espaços oficiais da Rio+20.

Na nota, a entidade afirma que rejeita a violência do grupo que portava cartazes do Movimento dos Sem Terra (MST), além de materiais de outros movimentos não identificados. Os atos de vandalismo danificaram parte das instalações, especialmente uma maquete que reproduz as várias técnicas de agricultura de baixo carbono, além de uma Área de Preservação Permanente (APP).

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A CNA diz na nota que "protesta mais uma vez frente ao preconceito contra um setor que utiliza apenas 27,7% do território do País para produzir alimentos de forma sustentável, preservando 61% do Brasil com cobertura vegetal nativa".

A CNA considera "inaceitável que manifestações antidemocráticas como estas ainda tenham lugar em um evento como a Rio+20, onde os povos e as nações buscam o entendimento e a convergência para um mundo melhor, sempre respeitando a diversidade de ideias".

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