Tópicos | Rio+20

As equipes de negociação finalmente aprovaram o documento oficial da Rio+20, que será enviado aos chefes de governo de Estado nesta quarta-feira. O conteúdo do texto se manteve como o finalizado na madrugada desta terça-feira pela delegação brasileira e foi entregue às demais delegações.

De acordo com Nikhil Chandavarkar, chefe de comunicação do secretariado da ONU para a Rio+20, houve descontentamento de todos os lados. "Habemus papa", declarou. Segundo ele, isso significa que provavelmente não se mexerá mais no conteúdo. É assim que ele será encaminhado para os chefes de Estado na cúpula de alto nível, onde então será oficialmente aprovado.

##RECOMENDA##

Os líderes têm a prerrogativa de fazer alguma alteração se quiserem, mas o porta-voz estimou que isso talvez não aconteça. Os delegados dos países estão neste momento ainda em plenária, expressando as suas opiniões, insatisfações, quais pontos não gostaram, "mas ninguém quebrou o consenso".

"Ao aceitar o documento, o país tem o direito de dizer em que ponto ficou decepcionado. Alguns, como os africanos e os europeus, disseram que queriam ver o apoio de um organismo mundial do meio ambiente, que o texto não tem. Mas os Estados Unidos apoiam o texto exatamente como está. Todo mundo aceita, mas num consenso sempre há infelicidade. Todo mundo está um pouco infeliz, mas aceita o linguajar como está."

Na coluna semanal Conversa com a Presidenta desta terça-feira, a presidente Dilma Rousseff reiterou que o "caminho da sustentabilidade é o melhor que podemos adotar". O comentário foi feito às vésperas de sua participação na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

"O Brasil vai aproveitar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, para reafirmar que o desenvolvimento deve ser sempre sustentável - deve combinar crescimento econômico, inclusão social e proteção ambiental", afirmou a presidente, em resposta à pergunta de uma professora aposentada sobre a defesa do País na conferência.

##RECOMENDA##

Dilma destacou que, na última década, o PIB brasileiro cresceu mais de 40% e que 40 milhões de brasileiros chegaram à classe média - duas conquistas que, segundo a presidente, ocorreram sem desrespeito ao meio ambiente.

"O desmatamento na região Amazônica caiu 77% e hoje, mais de 80% da vegetação original da região permanece intacta, um exemplo para o mundo. Estas conquistas nos dão a base para defender, na Rio+20, que o caminho da sustentabilidade é o melhor que podemos adotar para as atuais gerações e também em benefício de nossos descendentes. O modelo do Brasil não é o único, mas demonstra que, com vontade política, o desenvolvimento sustentável é possível", disse Dilma.

A Rio+20 acontece no Rio de Janeiro, vinte anos depois da realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) e tem como proposta principal contribuir para definir um cronograma do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas, debatendo o meio ambiente e as perspectivas para um desenvolvimento sustentável. Na visão de muitos, esta é a única agenda do presente e do futuro. Considero que não é adequado acreditar que o problema do presente e do futuro seja apenas o meio ambiente. As atividades econômicas e suas consequências na vida social não se resumem ao debate ecológico.

Vários problemas relacionados ao meio ambiente continuam sem respostas. Qual são as razões para o aquecimento global? Em quantos graus a temperatura da terra irá aumentar? Ocorrerá forte elevação do mar? E quais as consequências disso? As geleiras derreterão? Se em 1992, a ECO 92 fez previsões catastróficas, desta vez, são inúmeros os céticos. Ou seja: os questionamentos apresentados ainda não encontraram respostas empíricas satisfatórias.

É possível que a Rio+20 vem a colaborar para a ampliação do ceticismo em torno do debate sobre o meio ambiente. Mas isto não significa que ele deva sair do mosaico de problemas que estão presentes no mundo atual. Entretanto, defendo que o debate em torno do meio ambiente seja realizado sem desprezar outros temas importantes.

Desenvolvimento econômico, criatividade e inovação. Estes três temas fazem parte da agenda mundial de qualquer economia, seja ela desenvolvida ou em desenvolvimento. O desenvolvimento econômico, como bem mostra a trajetória de variados países para alcançá-lo, não é incompatível com a questão ambiental. Se assim fosse, as indagações apresentadas no início deste texto já tinham sido encontradas. Contudo, constato que países como China, Índia e Brasil, por exemplo, expandiram fortemente as suas economias e a agenda do desenvolvimento econômico continua como prioridade dos líderes políticos e empresarias. E, claro, da população. 

Criatividade e inovação representam palavras-chave para o incremento econômico. Os países precisam ser criativos para lidar com os desafios do desenvolvimento e do futuro, em particular com as crises econômicas, o crescimento populacional, a sustentabilidade da previdência social, a escassez de água, a desorganização urbana e o atraso educacional. Para tal, é necessário criatividade e inovação por parte dos governos, dos atores do setor produtivo e das pessoas ocultas que fazem com que o capitalismo caminhe.

Portanto, e visualizando um quadro amplo que envolve o desenvolvimento social, e econômico, a agenda do debate mundial não pode se restringir apenas ao meio ambiente. Este é apenas uma das temáticas necessárias para estar presente na agenda da opinião pública. Outros temas, os quais já foram apresentados, também precisam ser constantemente debatidos.

Além disto, se hoje existem inúmeros céticos que não conseguem encontrar respostas e soluções convincentes para os problemas trazidos pelo debate ambiental, isto revela que faltam a eles criatividade e inovação para lidar com os temas meio ambiente e desenvolvimento econômico, os quais, vale ressaltar, estarão sempre associados.

A Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) deverá se tornar responsável por 75% das emissões de gases poluentes na cidade do Rio quando estiver em plena operação - o que está previsto para ocorrer até 2016. A afirmação foi feita ontem por Emilio La Rovere, da Coppe/UFRJ, na Cúpula dos Prefeitos (C-40), evento paralelo à Rio+20. Segundo o pesquisador, quando estiver no auge de sua capacidade de produção, a siderúrgica vai poluir mais do que a soma dos dois maiores emissores de gases no município em 2005: a mobilidade urbana e o descarte de resíduos.

Questionado sobre o aumento das emissões da CSA e os problemas que isso poderia causar para a cidade alcançar as metas de redução de gases previstas para os próximos anos, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) deixou de lado a cordialidade com que sempre tratou grupos empresariais estrangeiros dispostos a investir na cidade.

##RECOMENDA##

Ele afirmou que jamais teria autorizado a instalação da siderúrgica - controlada pelo conglomerado alemão ThyssenKrupp - no Rio se a solicitação tivesse ocorrido na sua gestão. A CSA começou a ser construída em setembro de 2006, durante a administração de Cesar Maia.

"O que posso dizer é que se eu fosse prefeito na época, a CSA não teria recebido autorização para estar na minha cidade. Mas eles investiram, estão na cidade do Rio, e, portanto, cabe à prefeitura agora cumprir com o contrato e tentar minimizar os impactos da CSA", disse o prefeito, citando obras de ciclovias, saneamento e linhas exclusivas para ônibus articulados como exemplos de iniciativas para compensar as emissões da siderúrgica.

Por meio de nota da assessoria de imprensa, a CSA afirmou que produz aço com a menor emissão de CO2 no mundo, se comparada com as demais usinas em produção no planeta. Segundo o texto, a unidade instalada no Rio é a mais moderna em operação atualmente, "graças à avançada tecnologia energética empregada". As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Apesar de ser um dos principais temas presentes na Cúpula dos Povos, a coleta de lixo ficou de fora do evento no Aterro do Flamengo. Das cercas de 450 lixeiras instaladas, apenas 25 eram para materiais recicláveis. Nos três primeiros dias do evento, aberto oficialmente na sexta-feira, mais de 4 mil quilos de lixo não foram separados ou tratados para reciclagem.

Entre anteontem e ontem foram apenas 960 quilos de material reciclável coletados - cerca de 20% do total produzido no local desde o início do evento. Os dados são do Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável (MNCR), que anteontem distribuiu no parque 25 sacos de coleta, com capacidade para 120 litros cada um. O restante do lixo foi recolhido pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), que não separa o material.

##RECOMENDA##

Inicialmente, a organização do evento previa a instalação de equipamentos para triagem e prensa do material no aterro. As máquinas chegaram a ser levadas para o aterro, mas não puderam ser utilizadas pois não cabiam no estande destinado ao MNCR.

"Só descobrimos isso na sexta-feira e encontramos essa solução improvisada. Este evento era para ser um exemplo, mas infelizmente isso não aconteceu", lamentou Claudete Ferreira, coordenadora regional do MNCR e catadora há 21 anos.

A organização da Cúpula aponta desencontro entre as informações repassadas pelo movimento e também lamentou a falta do espaço de coleta e seleção dos resíduos. "Eram equipamentos muito pesados e que demandavam um sistema de energia trifásico, que não nos foi informado inicialmente", afirmou Suzana Crescente, uma das organizadoras. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

O ex-presidente americano Bill Clinton disse ontem, por meio de teleconferência, que a presença de Barack Obama na Rio+20 não é prioritária - o atual presidente será representado pela secretária de Estado e mulher do ex-presidente, Hillary Clinton.

"Tem muita coisa acontecendo nos EUA, tem o encontro do G20. Essa é uma conferência de trabalho, todo mundo já fez os discursos que tinha de fazer", disse Clinton. Sua fundação é parceira do C-40, grupo de 58 grandes cidades de todo o mundo que se reúne a partir de hoje no Rio. Do Brasil, fazem parte Rio, São Paulo e Curitiba.

##RECOMENDA##

Para Clinton, esse é um momento-chave para as prefeituras mostrarem que podem fazer a diferença na redução das emissões de gases do efeito estufa. "Os governos federais têm sido relutantes em assumir compromissos como esses", disse. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

A BM&FBovespa, a Nasdaq OMX e as bolsas de valores de Johannesburgo, Istambul e Egito firmaram nesta segunda-feira, na Rio+20, um compromisso de longo prazo para promover o investimento sustentável em seus mercados. Reunindo 4.600 companhias listadas, as bolsas prometem dialogar com investidores, analistas, companhias e reguladores para estimular práticas ambientais, sociais e de governança responsáveis.

A intenção é que essas Bolsas sejam as signatárias fundadoras do pacto dentro do Diálogo Global de Bolsas Sustentáveis e que consigam encorajar novas adesões durante o encontro da Federação Mundial de Bolsas de Valores (WFE, na sigla em inglês), no segundo semestre.

##RECOMENDA##

O secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), Supachay Panitchpakdi, destaca a importância de mobilizar todos os "stakeholders" (agentes de mercado) para atingir o desenvolvimento sustentável. A Unctad aposta que as bolsas de valores possam ter um papel importante nesse processo por manter estreitas relações com investidores, companhias abertas e reguladores.

Panitchpakdi afirma que seguir esses princípios pode trazer custos no curto prazo às empresas, mas no longo prazo significará valor para as companhias. "Alguns dos maiores fundos de pensão do mundo já têm mais de 50% de seus investimentos de longo prazo em empresas que adotam práticas sustentáveis." Ele cita um relatório recente do Deutsch Bank, que aponta que companhias que adotam princípios de governança ambiental e social (ESG) já têm apresentado melhores resultados.

O secretário-geral da Unctad acredita que a crise fiscal na Europa é uma prova da importância da busca por práticas responsáveis, não só no setor privado como também pelos governos. A assinatura do compromisso deve ser endereçada a líderes governamentais que participam da Rio+20.

Para o diretor da divisão de Investimento e Empresas da Unctad, James Zhan, "é uma mensagem importante para os governos de que as empresas e as bolsas já estão se comprometendo de alguma forma com a sustentabilidade".

Na apresentação do documento de posicionamento do setor agropecuário para a Rio+20, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) criticou nesta segunda-feira o rigor da atuação de ambientalistas no País e afirmou que a presença dos produtores rurais na conferência mundial ajuda a popularizar a discussão.

"Alguns ambientalistas colocaram um Muro de Berlim entre as pessoas e a floresta. Nós estamos aqui derrubando este muro e aproximando as pessoas das florestas e dos biomas. Pela primeira vez, estamos aqui (na conferência mundial), pois há 20 anos nem sequer visitamos a Eco-92", afirmou a líder da bancada ruralista no Senado.

##RECOMENDA##

Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ela reafirmou a intenção da entidade de lançar o índice global de desenvolvimento sustentável e de um fundo para a difusão de tecnologias para produtores rurais. "Planejamos lançar o índice posteriormente à Rio+20. Queremos que, a exemplo do IDH, sejam avaliados componentes ambientais e sociais", afirmou Kátia Abreu, que evitou falar em uma agenda específica. "Estamos participando da conferência, mas as decisões são tomadas pelos chefes de Estado. São eles quem implementam esse calendário."

A senadora voltou a defender também a criação de áreas de preservação permanente (APPs) mundiais. Segundo ela, no entanto, o Fundo de Desenvolvimento Sustentável de US$ 30 bilhões para fomentar a economia verde, que ficou de fora do rascunho do documento final da Rio+20, seria insuficiente.

"O desenvolvimento sustentável tem custos muito altos e precisamos colocar uma coisa mais ampla do que apenas plantar árvores. E não adianta fazermos apenas no nosso País, se isso não for adotado no exterior. As normas brasileiras são rígidas e precisam ser testadas fora", afirmou a senadora.

A canadense Severn Cullis-Suzuki, que ficou conhecida internacionalmente por seu discurso durante a Eco-92 quando tinha apenas 12 anos, esteve na manhã desta segunda-feira no Aterro do Flamengo para participar do lançamento da Carta Brasileira da Terra, na Cúpula dos Povos. Ela falou em uma das principais arenas do espaço para uma plateia de cerca de mil pessoas e se disse animada por ver muitos jovens engajados no debate sobre a sustentabilidade.

Em seu discurso, a canadense, que hoje tem 32 anos e dois filhos, declarou aos participantes do encontro que é preciso dizer ao mundo o que se espera da sustentabilidade. "Usem suas vozes. O mundo precisa ouvir essa simples mensagem: o desenvolvimento sustentável significa justiça intergeracional, é baseado nas crianças e nos jovens do futuro."

##RECOMENDA##

Suzuki também disse se sentir fortalecida ao retornar 20 anos depois do discurso que emocionou o mundo e até hoje é tido como referência entre os participantes dos debates no Rio. "A Rio+20 nos trouxe juntos novamente e nos deu nova energia para tomarmos ações e salvarmos o futuro do nosso planeta."

Muito aplaudida em cada frase, a canadense encerrou seu discurso com um agradecimento ao público e uma mensagem em português para os participantes do evento: "A luta continua".

Na abertura oficial da Cúpula dos Prefeitos, evento paralelo da Conferencia das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), criticou a concentração de poder e de recursos nos governos centrais - o que, segundo ele, dificulta a implementação de políticas públicas na área ambiental e de sustentabilidade.

Ele sugeriu aos representantes das outras metrópoles presentes ao evento que sejam estabelecidas metas ambientais e de sustentabilidade ao final do encontro - programado para esta terça-feira, no espaço Humanidade 2012, no Forte de Copacabana. O município do Rio vai propor que as cidades que integram a Cúpula reduzam em 12% as emissões de gases até 2016.

##RECOMENDA##

"É fundamental que cada vez mais os governos locais estejam empoderados (sic) sob ponto de vista financeiro, para que eles realizem e implementem as suas políticas publicas", disse Paes. "Mas a verdade é que esse encontro tem que ser muito mais que um espaço para que nós, prefeitos, ou governantes locais, estejamos aqui para reclamar, contestar", afirmou o prefeito do Rio.

Paes convocou os demais prefeitos a estabelecer metas e "inspirar" os chefes de Estado que participarão da cúpula principal da Rio+20, no Riocentro entre os dias 20 e 22. "Todos nós esperamos que as decisões oficiais tomadas na Rio+20 avancem no sentido de ampliar os desafios da sustentabilidade. Mas o primeiro passo que os governos locais podem dar, até para inspirar os chefes de Estado, é tomar decisões concretas e entender que esse jogo só vai ser mudado se todos nós agirmos", afirmou.

Um grupo de índios participantes da Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, passou mal após ingerir o almoço fornecido pela organização do evento na tarde deste domingo. O incidente chegou a interromper um dos principais debates do evento, que discutia soberania alimentar. O grupo foi medicado pela equipe de plantão no evento e liberado em seguida.

Logo que a comida foi distribuída por funcionários da empresa fornecedora, os índios reclamaram do cheiro de azedo dos alimentos e bloqueou o acesso à tenda onde aconteceria o debate. Na refeição fornecida aos indígenas, as quentinhas continham arroz, feijão e carne. Os participantes que chegaram a ingerir os alimentos reclamaram de fortes dores no estômago, tontura e muitos chegaram a vomitar próximo à entrada da tenda de debates.

##RECOMENDA##

"Minha pressão baixou muito e eu senti que ia desmaiar, a visão ficou escura. Um amigo que me levou ao posto médico", afirmou Anderson Santos, de 21 anos, da etnia Pakuru, do oeste da Bahia. Após passar mal, ele foi medicado com uma injeção contra enjoo. A refeição estragada era a primeira alimentação deles fornecida pelos organizadores do evento.

"Esse fato mostra que ainda somos tratados como verdadeiros selvagens. As pessoas ainda têm esse preconceito contra os povos indígenas", afirmou Cristiano Santos, de 18 anos, integrante da aldeia Pakuru.

A organização da Cúpula afirmou que providenciaria a substituição da empresa responsável pelo fornecimento das refeições ainda na noite deste domingo. De acordo com o coordenador da delegação indígena, Paolino Montejo, o fornecimento de alimentos teve que ser reforçado para atender a uma demanda extra de participantes e por isso não houve acompanhamento da produção.

Em ranking baseado num novo cálculo que associa riqueza dos países com uso dos recursos naturais, divulgado neste domingo pelo programa das Nações Unidas para o Ambiente (Pnuma), braço da ONU, o Brasil ficou em quarto lugar, empatado com Índia, Japão e Reino Unido e na frente dos Estados Unidos. A China foi a primeira colocada, seguida da Alemanha.

O resultado, porém, não indica um cenário otimista - China, Estados Unidos, África do Sul e Brasil aparecem com tendo esgotado parte significativa de seu capital natural - a soma de um conjunto de recursos renováveis e não renováveis, como combustíveis fósseis, florestas e pesca.

##RECOMENDA##

A proposta, batizada de Índice de Riqueza Inclusiva (IRI), busca integrar aspectos sociais e ambientais ao desempenho econômico das nações, se apresentando como um indicador mais completo do que o Produto Interno Bruto (PIB) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), medidas usadas para mostrar riqueza e desenvolvimento dos países. O indicador foi apresentado neste domingo na Rio+20.

O relatório observou as mudanças na riqueza inclusiva em 20 países, que juntos representam quase três quartos do PIB mundial, de 1990 a 2008. Durante o período avaliado, os recursos naturais per capita diminuíram em 33% na África do Sul, 25% no Brasil, 20% nos Estados Unidos e 17% na China. Das 20 nações pesquisadas, somente o Japão não sofreu diminuição do capital natural, devido a um aumento da cobertura florestal.

"A Rio+20 é uma oportunidade para abandonar o Produto Interno Bruto como medida de prosperidade no século 21 e como barômetro de uma transição para uma Economia Verde inclusiva, não serve para medir o bem-estar humano, ou seja, as muitas questões sociais e a situação dos recursos naturais de uma nação", disse o subsecretário geral e diretor executivo do PNUMA, Achim Steiner.

"O novo índice faz parte de uma gama de substitutos potenciais que líderes mundiais podem levar em conta como forma de dar mais precisão à avaliação da geração de riqueza para concretizar o desenvolvimento sustentável e erradicar a pobreza", acrescentou Steiner.

Cerca de 300 pessoas participam hoje (17) de um protesto na praia de Ipanema (zona sul do Rio) contra a presença do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, na cidade para a Rio+20. O movimento foi organizado pela comunidade judaica, que participa da comissão de combate à intolerância religiosa, e conta com o apoio de ativistas de outras religiões, do movimento gay e do movimento negro.

Segundo Michel Gherman, da comunidade judaica, o objetivo do protesto é questionar a legitimidade de Ahmadinejad para falar sobre sustentabilidade. "Queremos aproveitar a visita dele para apontar a contradição entre o discurso do ódio que ele prega e o discurso ecológico. Negar o holocausto e perseguir homossexuais não pode ser um discurso sustentável", afirmou.

##RECOMENDA##

Os manifestantes colocaram na avenida Vieira Souto quatro tripés que simbolizam troncos de árvores secas, para apontar a contradição entre a presença do presidente do Irã e a sustentabilidade discutida na Rio+20.

O encontro do samba com os cânticos indígenas aconteceu na manhã deste domingo (17) na quadra do bloco Cacique de Ramos, em Ramos, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O prefeito Eduardo Paes e o presidente do bloco, Ubirajara Nascimento, o Bira, receberam com honrarias os índios das etnias Xerentes, do Mato Grosso, Caiapó, do Pará, e Parecis, do Mato Grosso do Sul, liderados pelo cacique Marcos Terena. Os índios, que vieram para a Conferência das Nações Unidas (Rio+ 20), estão instalados na Aldeia Carioca, em Jacarepaguá.

Com uma hora de atraso, os 52 índios chegaram em um ônibus e foram recebidos com uma faixa onde se lia "Edju Pora", que quer dizer bem-vindo em português. Ao som de Doce Refúgio, um grupo de pagode animava o encontro. Já no palco, Eduardo Paes saudou o grupo destacando que a cidade do Rio é uma cidade que acolhe a diversidade. "É uma grande satisfação ter todos vocês na Cidade Maravilhosa. É uma honra receber a Rio+20 com tribos indígenas. Aqui, no Cacique de Ramos, estamos juntando duas culturas", disse.

##RECOMENDA##

Emocionado, Bira destacou a identificação do índio com o carnaval brasileiro. "É um momento muito importante na história do Cacique. Quero agradecer ao prefeito e ao cacique por terem nos dados essa possibilidade deste momento histórico na cultura brasileira", disse.

O cacique Marcos Terena presenteou o prefeito com um chapéu de capim-limão e uma pordona, instrumento típico de uso nas guerras. O presidente do bloco distribuiu pandeiros (com a logo do Cacique) para alguns membros do grupo. Dentre os índios estavam presentes também líderes das etnias do Peru, Equador e Chile.

Antes de os índios fazerem um ritual em sinal de boas vindas, que teve a participação do prefeito, o cacique aproveitou para reafirmar o desejo da realização da primeira edição dos Jogos Mundiais Indígenas, que pode acontecer em 2013 com a presença de etnias originadas de mais de 12 países. "Nós temos compromisso com o prefeito e queremos que no ano que vem seja realizada aqui a primeira edição dos Jogos Mundiais Indígenas", disse.

Representantes do setor financeiro firmaram neste sábado, na Rio+20, um compromisso de longo prazo para integrar critérios do capital natural (ativos como água, ar e solo) a seus produtos e serviços. A Declaração do Capital Natural foi assinada por 37 CEOs de bancos, fundos de investimento e seguradoras de 13 países. Do Brasil, assinaram Caixa Econômica Federal, Instituto Infraero de Seguridade Social (Infraprev) e Mongeral.

A iniciativa é coordenada pelo Programa das Nações para o Meio Ambiente - Iniciativa Financeira, em parceria com a Global Canopy Programme (GCP) e o Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV-EAESP.

##RECOMENDA##

A partir da assinatura da declaração haverá reuniões sistemáticas entre os executivos. Um dos principais desafios é chegar a uma metodologia padrão para incorporar os ativos ambientais à contabilidade das companhias, o que inclui o impacto gerado por suas atividades ao meio ambiente.

O setor financeiro sugere no documento a participação governamental nesse processo criando, por exemplo, incentivos fiscais à valoração do capital natural e prestando contas sobre a contabilização no uso do capital natural ao divulgar os gastos públicos.

Segundo o diretor-superintendente da Infraprev, Carlos Frederico Duque, há uma preocupação dos fundos de pensão com os recursos naturais do País, que tem relação direta com seu objetivo de lucratividade de longo prazo.

"O atual modelo de exploração dos recursos não é sustentável e não trará retorno no longo prazo. Nosso desafio é elevar investimentos em áreas que possam maximizar o retorno sem impactar tanto o meio ambiente", diz Duque. Para o executivo, os fundos têm o papel crucial de sensibilizar investidores e as empresas em que detêm participação sobre a importância de medidas que apontem o "risco ambiental" de cada companhia e apontem como melhorar seu processo produtivo.

A atração mais concorrida deste sábado (16) na Cúpula dos Povos, evento paralelo da Rio +20, foi uma manifestação de 11 organizações ambientais contra o novo Código Florestal, com a presença dos atores Marcos Palmeiras e Victor Fasano. Depois de promover a campanha "Veta Tudo Dilma" para tentar barrar todas as alterações nas leis ambientais, as ONG's lançaram o slogan "O jogo não acabou", que incluiu a distribuição de 1.800 apitos.

Nos próximos dias, os ativistas prometem promover protestos contra políticos da bancada ruralista durante a conferência mundial no Rio. A ideia, segundo os organizadores, é que os participantes usem o apito "cada vez que uma mentira for contada pelos ruralistas".

##RECOMENDA##

"Somos apenas uma gota d'água neste oceano, mas acredito muito no nosso trabalho de formiguinha", afirmou Marcos Palmeiras. Durante o evento, os participantes entoaram gritos como "o código está um horror, mas o jogo não acabou."

Victor Fasano mostrou confiança de que o apitaço dos ambientalista vai fazer a diferença. "Não conseguimos sensibilizar as pessoas o suficiente para vetar a mudança do Código. Temos de ampliar esta campanha", lamentou.

A campanha anterior, que exigia o veto total da presidente Dilma Roussef às mudanças no Código Florestal, já havia conseguido a participação de pessoas famosas como a atriz Camila Pitanga e a modelo Gisele Bündchen.

A presidente Dilma Roussef não vai acompanhar as atividades e debates dos movimentos sociais e ONGs reunidas na Cúpula dos Povos, que acontece em paralelo à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento, no parque do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada na manhã deste sábado pelo ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República.

A Cúpula reúne diversas iniciativas de sustentabilidades alternativas aos conceitos discutidos na conferência oficial, sobretudo em relação à chamada economia verde. Segundo o ministro, a presidente deve retornar da reunião do G-20 no México diretamente para os debates no Riocentro, onde representantes dos governos tentam costurar um acordo para a conferência. A ausência da presidente, segundo o ministro, não significa que a presidente não esteja atenta aos debates e sugestões do movimento

##RECOMENDA##

"Não houve um convite formal e a presidente vai respeitar a autonomia da organização do evento, mas ela vai retornar para conduzir os debates e buscar um acordo entre os chefes de estados", afirmou Carvalho.

O encontro no México, entre os dias 18 e 19 de junho, vai reunir chefes de estados das 20 principais economias do mundo para debater soluções para a crise econômica mundial. A presidente deve aproveitar o encontro para antecipar os impasses no documento preparado pelos países para a conferência ambiental da ONU.

De acordo com o ministro, a presidente vai se encontrar com os chefes de estado que não participarão da cúpula da Rio+20, como a presidente da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. "Dilma não quer deslocar para o G-20 os temas que devem ser discutido aqui. Vai encontrar chefes de estado e tentar apresentar alguns temas e impasses do acordo. Isso não significa esvaziar a Rio+20", afirmou Carvalho.

O ministro participou na manhã de hoje da abertura oficial da Arena Socioambiental, espaço de debates do Governo Federal na Cúpula dos Povos. As ministras Tereza Campello, do Desenvolvimento Social, e Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, também participaram do evento.

O Brasil assume neste sábado o comando das negociações na Rio+20, prometendo pulso firme para garantir que todos os impasses diplomáticos serão resolvidos antes do início da cúpula de alto nível, no dia 20, quando ministros e chefes de Estado deverão aprovar o documento final da conferência. Ao mesmo tempo, a presidente Dilma Rousseff aproveitará a reunião do G-20 no México, nos dias 18 e 19, para insistir com os líderes dos países que representam as 20 maiores economias do mundo sobre a importância de um resultado positivo na Rio+20.

"A responsabilidade (agora) é do Brasil", disse nesta sexta-feira o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, chefe da delegação brasileira. Todas as mesas de negociação a partir de agora, segundo ele, serão convocadas e coordenadas por diplomatas brasileiros.

##RECOMENDA##

A sexta-feira foi o último dia de reunião do Comitê Preparatório (PrepCom), que deveria, a princípio, ter produzido o rascunho final do documento. Divergências entre países ricos e pobres, porém, prevaleceram sobre vários temas - em especial, no que diz respeito aos chamados "meios de implementação", que tratam da transferência de recursos financeiros e tecnológicos para países em desenvolvimento, como forma de auxiliar na transição para um modelo de economia verde.

A proximidade entre a reunião do G-20 e a da Rio+20 será usada pelo governo brasileiro para garantir um resultado ambicioso na conferência do Rio.

Nas conversas que tem mantido com outros chefes de Estado, a presidente Dilma tem destacado que a crise internacional não pode atrapalhar o resultado do texto final da reunião. Portanto, enquanto as delegações negociam no Rio a redação do documento que será aprovado após a reunião de chefes de Estado, entre os dias 20 e 22, a presidente Dilma será informada no México dos desdobramentos e poderá convencer os líderes do G-20 a buscar um consenso no Rio.

A arquitetura de negociação entre este sábado e terça-feira deverá ser semelhante à usada nos três dias da PrepCom, diz Figueiredo, com grupos de trabalho dedicados à discussão de temas específicos e consultas informais entre representantes-chave. O novo prazo para fechar o documento é o dia 19.

"Na prática vamos imprimir uma dinâmica um pouco diferente", disse o diplomata. Segundo ele, só será discutido agora o que é imprescindível, sem preocupação com detalhes que muitas vezes consomem horas de negociação. "Não importa se o verbo não é o ideal ou se a frase não ficou bonita. Não é mais hora para isso", disse. "Não temos intenção de levar nenhum tema aberto aos chefes de Estado."

O texto que está em negociação trata de vários temas ambientais, sociais e econômicos considerados essenciais para colocar o planeta no rumo do desenvolvimento sustentável, como gestão da água, redução da pobreza, segurança alimentar, energias limpas e modelos econômicos verdes.

O grande dilema é como financiar a implementação desses modelos, para que as eventuais decisões da conferência não fiquem apenas no papel - como ocorreu com vários dos compromissos firmados na Eco-92. Uma cerimônia nesta sexta-feira marcou o aniversário do encontro, na época chamado de Cúpula da Terra.

"Isso pede uma celebração, mas, francamente, não há muito o que comemorar", lamentou o canadense Maurice Strong, de 83 anos, que foi o secretário-geral da Rio-92.

O senador Fernando Collor, presidente em 1992, também participou do evento. "Com o Brasil no comando das negociações tenho certeza de que podemos alcançar o consenso necessário", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Para o conselheiro da agência para análise de políticas públicas da Embaixada da Suécia, Mikael Román, que falou na sexta-feira durante o Rio Clima, evento paralelo à Rio+20 na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), as discussões sobre o clima têm sido muito burocráticas. O cientista político propõe um novo olhar, focado no desenvolvimento.

"Precisamos de mitos positivos, mostrar para as pessoas e governos que um desenvolvimento baseado numa matriz verde pode gerar empregos, melhorar a educação", explica. "Não nego a urgência do clima, mas talvez ele não seja o objeto principal e sim um instrumento para se chegar a um desenvolvimento melhor."

##RECOMENDA##

No mesmo encontro, o diretor executivo do Greenpeace no Brasil, Marcelo Furtado, defendeu uma mudança radical nos investimentos em energia no Brasil. Segundo ele, o país pode ter uma matriz enérgica 92% limpa em 50 anos caso passe a investir pesado em energias renováveis. "Em 20, 30 anos o Brasil vai ter que aceitar metas de diminuição das emissões de carbono assim como fazem os Estados Unidos e a Europa e vamos nos perguntar quem decidiu investir em energias fósseis quando o mundo apontava em outra direção."

O diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, disse na sexta-feira que está confiante na transformação do órgão em uma agência independente até o fim da Rio+20 na próxima sexta-feira (22). A alteração é um dos principais pontos de impasse entre os negociadores, conforme revelou na quinta-feira o secretário executivo da delegação brasileira na Rio+20, embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado.

Para Steiner, o fortalecimento do Pnuma é um dos "resultados potenciais" da Rio+20. "Espero que sim (que o Pnuma se torne uma agência independente), porque a maioria dos países tem a prioridade de fazer qualquer coisa para reforçar a capacidade de governança ambiental internacional", disse, depois de palestra no estande do programa no Parque dos Atletas, na Barra da Tijuca.

##RECOMENDA##

Segundo ele, não há país que seja "contra a evolução" do Pnuma, "mas há perspectivas diferentes". O diretor espera a ajuda do Brasil na questão. "Mas não é uma posição nacional que vai determinar a da comunidade internacional. É uma negociação, penso que é papel principal do Brasil, neste momento, dar liderança e facilitar um consenso. O governo brasileiro mandou um sinal de que está aberto para ajudar neste papel."

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando