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Três intervenções em "rolezinhos" realizadas neste mês pela gestão João Doria (PSDB) no Parque do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, resultaram na apreensão de cerca de 1,2 mil litros de bebidas alcoólicas. A ação da Prefeitura inclui revista a mochilas de jovens e distribuição de material educativo.

A força-tarefa conta com a participação de cerca de cem guardas civis ligados à Secretaria de Segurança Urbana, além de integrantes de outras cinco pastas municipais e das polícias Civil e Militar do Estado. Segundo a Prefeitura, a quantidade de bebida apreendida tem diminuído gradativamente desde o início das ações.

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Na primeira ofensiva, a gestão Doria diz ter recolhido cerca de 650 litros de álcool. Já as apreensões seguintes somaram 301 e 247 litros, respectivamente. De acordo com a Prefeitura, a ação tem como objetivo evitar a venda ilegal de bebida alcoólica e o consumo de drogas por adolescentes nos parques.

No primeiro domingo do mês, equipes de saúde da Prefeitura dizem ter atendido três casos de coma alcoólico, além de uma agressão sofrida por um jovem que participava do "rolezinho" no Ibirapuera. Na semana seguinte, houve apenas um atendimento médico e um rapaz também foi detido por porte de lança-perfume na área externa do parque. Já no último fim de semana, a Prefeitura diz não ter registrado nenhum atendimento.

Além do Ibirapuera, uma ação semelhante foi promovida no sábado no Parque do Carmo, na zona leste. Terminou com 350 litros apreendidos.

Ao todo, a Prefeitura informou ter recolhido 1.568 litros de bebida desde o início da força-tarefa, no dia 5 de março.

Ampliação

Ontem, o prefeito João Doria afirmou que a força-tarefa será intensificada e também ampliada para outros parques, além de mercados, supermercados, bares e pontos de dose. "Mais de mil garrafas de bebidas foram apreendidas nas entradas", disse.

O prefeito, no entanto, não quis informar quais parques serão alvo da operação. "Não é prudente falar porque senão eles vão escapar e buscar outros", afirmou Doria.

Os investigadores são responsáveis por monitorar redes sociais de organizadores de "rolezinhos" e detectar migração de adolescentes para outros parques da cidade. "Como já estamos atentos, vamos fazer a fiscalização também nos demais parques", disse Doria.

Em nota, a Prefeitura afirma que "os adolescentes estão sendo orientados a aproveitar o espaço dos parques da melhor forma, por meio de atividades esportivas, culturais e de lazer". "Paralelamente, guardas civis metropolitanos e fiscais das prefeituras regionais fiscalizam o comércio ilegal de bebidas e o consumo por adolescentes", diz o comunicado.

Nas redes

A ação da Prefeitura no último fim de semana repercutiu nas redes sociais. Em grupos do Facebook dedicados a "rolezinhos" no Ibirapuera e no Parque do Carmo, adolescentes compartilharam reportagens sobre o ocorrido e fizeram piada da situação.

"Vamos fazer o próximo passar na TV também, kkkkk", postou uma jovem, com link para uma reportagem sobre a operação. "Cuidado, estão querendo achar quem organizou esse evento", escreveu um rapaz, marcando o encontrou ocorrido no Parque do Carmo.

Os jovens também compartilharam reportagens em que frequentadores dos eventos relataram supostos abusos cometidos por GCMs que atuaram em conjunto com os fiscais da Prefeitura. Nas mensagens, não há menção ao consumo de álcool, apenas à motivação de se reunir para "tirar foto" e "beijar".

A ação do poder público, contudo, não serviu como fator de desmotivação de novos "rolezinhos". Já há um marcado para o próximo domingo no Ibirapuera com 25 mil pessoas interessadas e 10 mil confirmações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depois de sair dos shoppings, por causa dos conflitos com a Polícia Militar e de decisões judiciais, os rolezinhos - encontros com grande quantidade de jovens da periferia - estão voltando, aos poucos, para os centros de compras. Os eventos são uma "resposta" dos organizadores à Prefeitura de São Paulo, que cortou o Funk SP e o Rolezinho da Cidadania, que consistia em shows feitos em lugares fechados para o mesmo público.

Só neste mês há ao menos três "rolezinhos" marcados nas redes sociais: no Parque Villa-Lobos, nesta terça-feira (15), com 1,1 mil pessoas confirmadas; no Metrô Itaquera, no sábado (19), com 720; e no Shopping Tatuapé, no dia 26, com 197 confirmações.

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O presidente da Associação Rolezinho - A Voz do Brasil, Darlan Mendes, responsável pelos eventos, diz que há dívidas a serem pagas até com shows oficiais já realizados. "Como a polícia vai bater na molecada da periferia se não dá uma opção? Não adianta proibir sem dar uma solução." Ele ressalta que o governo do Estado também poderia ajudar nos eventos. "Não vem só gente da capital, mas também de várias cidades da região metropolitana", diz.

Crise

A São Paulo Turismo (SPTuris), empresa responsável pelos projetos Funk SP e Rolezinho da Cidadania, diz que os programas foram afetados pela crise econômica. "O problema é que neste ano a arrecadação da Prefeitura teve uma queda considerável e o orçamento foi reduzido drasticamente em relação ao ano passado", diz o assessor da diretoria de Responsabilidade da SPTuris, André Cintra. "A estrutura que usamos é muito cara, porque esses eventos (informais) não tinham nenhum equipamento. Tem ambulância, banheiro químico, posto médico", enumera Cintra. Ele afirma que, com a mudança, o número de pancadões na cidade caiu de 700 para cerca de 300.

A Prefeitura informou ainda, em nota oficial, que os investimentos municipais nos últimos eventos, na Cidade Tiradentes e em Interlagos, foram, respectivamente, de R$ 187,3 mil e de R$ 174,1 mil, com média de público de 2 mil pessoas e artistas como Péricles, MC Léo da Baixada, MC Davi e Thulla Melo.

Retomada

A SPTuris ressaltou ainda que realizou sete rolezinhos neste ano. "Em um cenário de crise econômica que atinge o Brasil, com queda na arrecadação fiscal e inevitáveis ajustes orçamentários, o projeto teve de ser temporariamente interrompido. Um aditamento ao contrato, já efetivado, garantirá a retomada da programação ainda em novembro", diz o governo municipal.

O Estadão solicitou à Secretaria da Segurança Pública (SSP) o número de pancadões e rolezinhos em que atuou neste ano, mas a pasta diz que não faz o levantamento. Procurado, o Shopping Tatuapé afirma que "os jovens constituem um importante público" e a equipe do centro de compras "está habituada a recebê-los e conhece o seu comportamento". A administração nega que vá pedir o indeferimento de outros rolezinhos na Justiça. "Esse recurso não precisou ser utilizado."

Já o Shopping Metrô Itaquera afirma que "as equipes de segurança são capacitadas para zelar pela segurança dos clientes."

PARA LEMBRAR

Uma 'ameaça' ao Ibirapuera.

Como o Estado mostrou na quarta-feira, em relatório sobre a segurança do Ibirapuera, o inspetor da Guarda Civil Rubens Aparecido da Silva classificou como "ameaça" ao parque a concentração de minorias e o registro de rolezinhos e sugeriu fechar o local às 22h. Ele acabou transferido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após o estupro de duas jovens no Parque do Ibirapuera, os próximos rolezinhos marcados para ocorrer no local, via redes sociais, estão suspensos. A medida foi tomada em uma reunião na quinta-feira (21) com representantes da Prefeitura de São Paulo, da São Paulo Turismo (SPTuris) e da organização desses encontros. Além da suspensão, ficou definido que uma nova reunião será feita no dia 27 para estruturar um evento oficial no parque em fevereiro.

O prefeito Fernando Haddad (PT) ainda anunciou na quinta-feira, que dobrará o efetivo de guardas-civis nos fins de semana no parque. Mesmo com o reforço, ele destacou que a GCM tem "limites de atuação". "A Guarda Civil faz a segurança patrimonial. Quando acontece um evento (rolezinho) em que estavam previstas 2 mil pessoas e vão 12 mil, a Guarda estava com contingente para (monitorar) 2 mil", disse.

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Ele ressaltou que chamou os organizadores do evento "à responsabilidade" e pediu que seja feita comunicação prévia dessas ações à Prefeitura. "Não é só com o número de guardas que você vai resolver o problema. Jamais será suficiente (o reforço na segurança) se não houver uma organização prévia."

No dia do crime, havia 59 GCMs no Ibirapuera e foram relatados 10 roubos - 8 dentro do parque. Um dos estupros aconteceu na área conhecida como "bananal", que tem muita vegetação e não dispõe de câmeras de segurança. Na hora do crime, havia pouca iluminação no local. No mesmo dia, outra jovem, de 16 anos, também registrou uma ocorrência de estupro no parque. A Polícia Civil divulgou na quarta-feira, 20, um retrato falado do suspeito, descrito como "branco de pele morena", morador de Parelheiros, cujo apelido seria "Japa".

Abordagem policial

A jovem de 18 anos disse à família ter se sentido desconfortável com a abordagem de policiais. Segundo relato da mãe, que não quis se identificar, os agentes não consideraram o estado emocional da estudante ao registrar o crime no 27º Distrito Policial (Campo Belo).

A mãe da garota conta que a jovem estava muito abalada após o estupro, mas que não acompanhou o relato no distrito policial. "Ela contou que se sentiu muito mal, porque eles falavam: 'Você foi porque quis, né?'. Acho que ela só fazia assim (confirmava) com a cabeça. Eles desconsideraram o estado em que ela estava para achar que podia consentir alguma coisa."

De acordo com a mãe, a filha não costumava frequentar o Ibirapuera e foi ao parque para uma confraternização com amigas. Elas beberam e um rapaz de 19 anos se aproximou do grupo. Os dois conversaram por três horas, até que as amigas deixaram a vítima sozinha.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirma que a jovem não procurou a Corregedoria para falar sobre o tratamento no Distrito Policial, mas está à disposição para atendê-la e apurar os fatos. (Colaborou Juliana Diógenes)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quatro dias depois de ter assinado uma ficha de filiação à União da Juventude Socialista (UJS), organização ligada ao PCdoB, o estudante Vinicius Andrade, 17, anunciou nesta sexta-feira, 31, que está deixando o grupo. Ele é um dos líderes por trás dos "rolezinhos" de jovens por shoppings de São Paulo. "Decidi me afastar para não criar polêmica. Foi tudo um mal entendido", diz ele.

Sua conversão ao "socialismo" aconteceu na terça-feira, 28, durante seminário nacional da UJS que contou, entre outros, com a presença do presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, e do ex-ministro e vereador Orlando Silva, presidente estadual do partido. Na ocasião, o estudante disse ao site da UJS que a entidade, fundada em 1984 pelo hoje ministro do Esporte, Aldo Rebelo, também do PCdoB, o fez enxergar "a necessidade de construir uma nova sociedade".

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A novidade desagradou aos fãs de Vinicius, que conta com quase 100 mil seguidores no Facebook, e também repercutiu mal entre os demais 60 líderes do grupo que se articula para criar uma "associação rolezeira". Ainda sem nome, o agrupamento está na linha de frente das negociações entre a prefeitura de São Paulo e os donos de shoppings, que reclamam do "movimento".

"Se o Vinicius assinou mesmo a ficha de filiação, foi de forma inocente. Eles os outros organizadores estão sendo assediados por causa do poder de mobilização que têm. Fizemos um acordo de que ninguém vai fechar com nenhum partido político", afirma José Ricardo Alves Sousa, 27. Mais conhecido como Ricardo Sucesso, ele é produtor dos mais populares funkeiros da modalidade "funk ostentação". É também uma espécie de "líder dos líderes" rolezeiros.

"Sucesso" é o principal responsável pela transformação dos rolês de passatempo dominical em movimento para melhorar as condições de vida da periferia. Partiu dele a orientação de que, a partir de agora, ninguém mais vai falar com a imprensa. O silêncio, segundo o produtor, vai durar pelo menos até o fim das negociações entre shoppings e a prefeitura. Procurada, a UJS não se manifestou.

Os principais organizadores do movimento de "rolezinho" das zonas oeste, norte e sul de São Paulo se comprometeram a avisar os donos de shopping centers antes de divulgar novos eventos e adequar o número de participantes à capacidade dos locais. O anúncio foi feito por um grupo de jovens selecionados pela Prefeitura de São Paulo que se reuniu nesta quarta-feira (29), com o Ministério Público Estadual (MPE) e a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).

Por parte dos empresários, a Abrasce deixou claro que a situação será analisada caso a caso e que não poderá obrigar nenhum dos filiados a entrar num acordo. O Shopping Metrô Itaquera, na zona leste da capital paulista, que ficou marcado por uma confusão entre jovens e a Polícia Militar (PM) num "rolezinho" neste mês, foi o primeiro a anunciar que receberá os organizadores na próxima semana para planejar os eventos.

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"A gente está em conversa para fazer um rolê organizado com uma estrutura conforme o shopping. Rolê mais expandido a gente vai estar procurando o poder público para estar fazendo nas praças", disse o cantor de funk Jonathan David, mais conhecido como MC Chaveirinho, de 20 anos, considerado um dos líderes da zona leste.

Grupos fechados - Os organizadores dos encontros, que têm nas redes sociais até cem mil seguidores, ou fãs, como eles chamam, pretendem formar uma associação com representantes em cada região da cidade. Os convites para os eventos em shoppings serão limitados para grupos fechados, uma vez os eventos em praças e parques serão divulgados abertamente. "A gente vai precisar de segurança e ambulância. O governo que banque isso", diz MC Chaveirinho.

"A partir dessa conversa de hoje (esta quarta-feira), os jovens farão conversas diretamente com as lideranças dos shopping centers. Nós (MPE) vamos promover uma reunião envolvendo Prefeitura e Estado para garantir os espaços públicos com seguranças e programação cultural compatível com o gosto e a idade deles", afirmou o promotor de Justiça de Direitos Humanos Eduardo Valério. Já a Prefeitura da capital diz que pretende usar a capacidade de articulação desses jovens para campanhas e convocação de eventos, como doação de sangue e de brinquedos.

A Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura de São Paulo marcou para esta quarta-feira (29), um encontro com jovens que organizaram os encontros em shopping centers chamados de "rolezinhos", representantes desses centros comerciais e o Ministério Público Estadual (MPE).

A intenção do órgão é intermediar um acordo entre as partes para evitar as ações judiciais contra a organização desses eventos em shopping centers. Uma proposta informal é criar espaços nos estacionamento para receber os jovens. De acordo com a assessoria da pasta, há uma negociação com 30 jovens que teriam se destacado na convocação dos "rolezinhos" nas últimas semanas, com o maior número de seguidores nas redes sociais.

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A secretaria, no entanto, não divulgou nomes. Por parte do MPE, foi confirmada a presença do promotor Alfonso Presti, da 4ª Promotoria Criminal da Capital. A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) também participará da reunião.

O governado do Estado de São Paulo informou nesta quarta-feira, 22, que está levantando com diversas secretarias as opções disponíveis no Estado de espaços para lazer e que pretende apresentar os dados o mais rápido possível. Em resposta enviada por e-mail à reportagem, a assessoria de imprensa do Palácio dos Bandeirantes não confirmou a informação de que o governo teria assumido compromisso com a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) de disponibilizar espaços que possam receber os "rolezinhos".

Na manhã desta quarta-feira, o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, afirmou em coletiva de imprensa que o governo estadual estaria estudando espaços com infraestrutura adequada para a realização desses encontros de jovens, que têm se concentrado recentemente em centros comerciais.

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Sahyoun chegou a dizer que poderia haver uma agenda de shows e bailes, e que as autoridades informariam os locais escolhidos nas próximas semanas. "O Estado assumiu o compromisso de disponibilizar algumas áreas para que esses jovens pudessem ter, de forma programada e sistemática, um espaço para desenvolver suas atividades, extravasar suas alegrias, fazer seus bailes, e a gente poder manter os shoppings como um local para ser frequentado por todos eles, mas de forma individual, ou em pequenos grupos, para não criar constrangimento à população frequentadora", disse.

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do governo de São Paulo deixou claro que a Alshop não é porta-voz do Estado. Segundo a assessoria, em encontro com a entidade esta semana o governador Geraldo Alckmin disse que São Paulo possui "inúmeros equipamentos" de lazer disponíveis à população e "reiterou a posição de que o Estado não vai tratar o assunto (rolezinhos) como problema de polícia". A assessoria de comunicação do Palácio frisou também que a posição do governo é de que a segurança de estabelecimentos privados deve ser feita pelos próprios estabelecimentos privados.

O presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun, afirmou na manhã desta quarta-feira, 22, que os shopping centers que tiveram rolezinhos nas últimas semanas em São Paulo registraram queda de cerca de 25% no movimento. "Estamos recebendo reclamações de lojistas e de vendedores", disse em entrevista a jornalistas.

Sahyoun afirmou que, quando há convocação para um rolezinho, cada centro comercial tem autonomia para decidir o que fazer e a associação não aconselha os estabelecimentos a selecionar as pessoas que podem ingressar nos shoppings. "Somos contra (essa prática). A orientação que temos dado para todos os shoppings do País é que a entrada seja livre para todos", disse.

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Em caso de convocação de rolezinhos, Sahyoun defende o fechamento de portas a todos os consumidores, para evitar a entrada de multidões, apesar do prejuízo causado dos lojistas. "É uma opção para garantir a segurança do local", justificou.

Jovens

Sahyoun negou que haja segregação por parte dos shoppings nos casos de rolezinhos. Ele afirmou que os jovens de todas as classes sociais são bem-vindos nesses locais, desde que não estejam "em bando".

Segundo Sahyoun, a chegada de milhares de pessoas ao mesmo tempo nos centros comerciais compromete de forma significativa a segurança desses estabelecimentos. "Se ocorre uma correria e um incidente mais sério, o shopping será processado porque não proporcionou segurança aos consumidores. Temos que preservar a tranquilidade", disse. "Shopping não é lugar para baile funk."

Ele também rejeitou a ideia de que os centros comerciais tenham agido de forma preconceituosa. "Fatos isolados podem acontecer, mas não se pode generalizar a percepção de que os shoppings são racistas porque uma pessoa foi racista", disse, referindo-se aos casos em que alguns estabelecimentos selecionaram a entrada de jovens no local.

Nos últimos dias, o ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, tem acompanhado atentamente a evolução das ações pelo País envolvendo os chamados "rolezinhos". Em entrevista a blog do portal Estadão.com, o ministro diz que é preciso criar uma convivência pacífica entre os meninos que participam dos "rolezinhos" com a sociedade. Mas, ao mesmo tempo, sem que os shoppings tenham prejuízo.

"Se eu falar que tem uma resposta é bobagem", afirma. "O que fizemos na prática: tentamos emitir sinais. Tanto na fala pública quanto conversando com o Fernando (Haddad). Pedimos para o pessoal conversar com a direção dos shoppings. Também conversamos com alguns governadores já para tentar orientar as polícias para evitar isso que eu falei de jogar gasolina no fogo", explica Carvalho.

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E acrescenta: "Isso está sendo feito para tentar ver se é possível, na medida em que não haja nenhuma radicalização, estabelecer uma certa convivência. Porque se acontecerem vários rolés desses e não houver incidentes graves…um ou outro incidente vai ter. Mas se a gente conseguir fazer uma coisa razoável, em que os shoppings também se preparem com mais gente, com mais cuidado, para a molecada não sentir hostilidade, dá para isso passar. Essa é a minha expectativa. Tentamos trabalhar nessa perspectiva. Mandamos recado aos donos de shoppings e aos governadores para que tentemos trabalhar isso. Para criar um tipo de convivência", diz.

O ministro reconhece ser legítima a preocupação dos shoppings com eventuais prejuízos. "Já fecharam shoppings. Mas não vão poder fechar sempre porque o prejuízo vai ser muito grande. O ideal terá sido a gente conseguir, sem repressão, dar uma orientada com a molecada, para tentar dizer para o pessoal algo do tipo: olha, vamos fazer em turma aqui".

Gilberto Carvalho reconhece que tanto essa manifestação quanto a dos protestos que varreram o País em junho do ano passado são fenômenos absolutamente novos e de difícil compreensão. "O que me impressiona, e eu já falo com um olhar quase cansado, é como está tendo novidade", diz o ministro. "Nós estamos acostumados a lidar com os movimentos tradicionais. A gente fez escola nisso. Uma relação difícil, sempre tensa", lembra.

"Aí quando pinta junho, houve aquele susto. Aquela dificuldade. Nós procuramos dar uma resposta. Procuramos não definir logo, esperar para ver melhor. Aí, a presidente Dilma Rousseff tomou aquelas iniciativas, que acho que foram boas, de conversar, de lançar os programas. E, por si só, o movimento acabou se exaurindo um pouco até por conta da violência. Quando a violência ressaltou muito, provocou medo e as pessoas recuaram. Ficou praticamente só no Rio e alguma coisa em São Paulo. Aquela continuidade muito localizada na questão do Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral e aquela ação dos Black Blocs, mais clássica, mais dura. Nós nem entendemos aquilo direito, já surge mais uma novidade. Para mim, o fato de ter essas novidades significa exatamente que o processo de transformação da sociedade brasileira é maior, mais profundo, do que nos damos conta", avalia.

Na avaliação de Carvalho, a mobilidade social ocorrida no País nos últimos anos contribui para a compreensão do fenômeno dos "rolezinhos". "Essa molecada da periferia, de repente, viu a possibilidade de ir para o ProUni, de ter a Escola Técnica próxima de casa, tudo isso foi mexendo. Além disso, e aí é um pouco mais complexo, o nosso modelo estimula o consumo. Um erro nosso. Ao invés de estimular o transporte coletivo, incentivamos a comprar um carro. E nós estimulamos isso. Nós que eu digo é o governo isentando IPI. E por que? Porque a indústria automobilística é fundamental. E o modelo de consumo que a minha filha de oito anos vê todos os dias na televisão qual que é? Eu sou feliz se tenho a boneca tal, se eu tenho a não sei que lá Monster High. Essa molecada não é infensa a isso", explica.

"Então, essa molecada foi comprar o tênis da moda, o chapeuzinho…Você pode ver, os nomes são todos em inglês. E nós acabamos com as praças das cidades. A praça da Matriz não existe mais. Onde se fazia o footing, onde ficavam as moças e os rapazes. Hoje é isso que eles fazem nos shoppings. A gente fazia na juventude indo na Praça da Matriz. Isso acabou. Todo comércio de rua é cada vez mais o do shopping. O "ver vitrine" acabou. Lá em casa, quando eu era novo, em Londrina, era uma liturgia. A gente ia para a missa, domingo à noite, depois saía para comer pastel e a mãe ia ver vitrine com o meu pai. A gente ficava vendo os brinquedos, eles viam os sapatos. Nós criamos as praças públicas de hoje que são os shoppings", lembra o ministro.

"Então, surge essa molecada, doida pelo consumo, querendo se mostrar e tendo essa atração pelo consumo. Não é um cara politizado. Nem no sentido classista. Essa coisa da desigualdade racial teve porque a polícia bateu e o preconceito ficou evidente. E essa loucura de dar uma liminar. Já parou para pensar? Quer dizer, está vindo um moleque ali e o guarda vai ter que dizer se barra ou não barra? E se pedir a identidade, isso vai dizer o que? E como que ele vai fazer a triagem? Meu filho, por exemplo, anda mais ou menos nesse estilo", diz.

Para o ministro, o fenômeno também expõe o preconceito social das elites contra os jovens que puderam ascender socialmente. "Aí, acho que emergiu esse problema. Mas o princípio inicial não era esse. Era o de ocupar o espaço e fazer zoada. Ver a namorada e tal. Claro que isso traz um incômodo. Da mesma forma que os aeroportos lotados incomodam a classe média. Da mesmo forma que para eles é estranho certos ambientes serem frequentados agora por essa "gentalha"", avalia.

"Acho muito importante a gente ter a consciência que os shoppings são um incentivo ao consumo. Esses meninos são filhos dos shoppings. Não é que eles não iam aos shoppings. Eles iam de maneira mais individual. Porque aqueles bonés deles foram comprados aonde? Claro, muitos na 25 de março. Mas muitos não. Os tênis Mizuno, Adidas. O que não dá para entender muito é a carga do preconceito que veio forte. Eu sei que é um incômodo, num domingo à tarde para um shopping. Você pode espantar clientela porque aquela zoada faz barulho. As pessoas veem aquele bando de meninos negros e morenos e ficam meio assustadas. É o nosso preconceito. Evidentemente que temos que lidar com esse suposto incômodo. Mas esse incômodo não vai ser tratado adequadamente se não houver diálogo com essa molecada. E fazer algum tipo de acordo. Mas assim como em junho foi possível conversar, se a gente tiver paciência nós vamos achar um jeito de conversar", conclui.

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A segurança dos Shoppings Centers Recife e RioMar serão reforçados neste sábado (25) e domingo (26). É o que divulgou a Associação Pernambucana de Shoppings Centers nesta segunda-feira (20). A medida será tomada após a confirmação de mais de 1.500 pessoas nos dois eventos chamados de “rolezinhos”,  criados nas redes sociais.  

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O Diretor executivo da Associação Pernambucana de Shoppings Centers Raimundo de Almeida, explica que os centros comerciais estão preocupados, pois não sabem o que pode acontecer. “Não sabemos se é uma manifestação violenta e, portanto os estabelecimentos precisam estar preparados”.

Raimundo Almeida afirma que os representantes dos Shoppings estão preocupados com a segurança dos clientes. “Ficamos preocupados porque as famílias que estão dentro do shopping precisam se sentir seguras, por isso os estabelecimentos devem reforçar a sua segurança e se for necessários, acionar a polícia”, pontua.

Os dois eventos foram criados em apoio à atividade, que começou em São Paulo, como protesto contra projeto de lei que proibia bailes funks nas ruas da cidade, agora representa a luta contra a discriminação e a segregação social.  

O encontro de jovens da periferia em shoppings de grandes cidades, combinado pelas redes sociais, virou polêmica nacional e foi parar na justiça. Diante da repressão policial e da crítica de lojistas e empresários, senadores pedem bom senso para que os "rolezinhos" não gerem violência ou discriminação.

Na avaliação da presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH), Ana Rita (PT-ES), esse tipo de movimento é novo e exige análise cuidadosa. “É um negócio extremamente novo, nunca aconteceu no nosso país, está começando agora. Então, acho que a gente tem que conversar sobre isso. Merece uma reflexão”, disse a petista.

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De acordo com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) qualquer pessoa tem o direito de frequentar espaços públicos, desde que de forma pacífica. “Os shoppings devem assegurar o direito de toda e qualquer pessoa que tenha um comportamento civilizado e não de destruição ou de perturbação”, disse.

Para o senador Paulo Paim (PT-RS), as pessoas não podem ser proibidas de frequentar espaços abertos ao público em razão de sua aparência ou classe social. Ele defende o diálogo para resolver a situação de conflito. “Simplesmente proibir eu acho que é descabido. Por que vão proibir certos setores de ali andar? Agora, cuidar, conversar, dialogar, exigir a linha de uma conduta adequada com aquele ambiente eu não vejo problema nenhum. Não dá pra fazer disso uma guerra” afirmou o parlamentar.

Opinião semelhante tem a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB do Distrito Federal, Indira Quaresma, que alerta para o fato de a Constituição vedar o racismo e a discriminação. “Se as pessoas estão indo ao shopping, exercendo o direito de ir e vir, num lugar aberto ao público, ainda que cantando ou manifestando sua opinião de alguma forma, desde que não agridam ninguém, elas têm todo o direito de estar lá. Vamos fazer todo o possível para que esse direito de liberdade e de manifestação seja respeitado”, relatou a advogada.

Com informações da Agência Brasil.


Seguranças do Shopping Center Norte de São Paulo abordaram neste domingo (19) dez jovens que pretendiam fazer um rolezinho no centro comercial e os comunicaram, ainda no estacionamento, que poderiam ser multados, caso causassem problemas, ou fizessem algazarra. Os adolescentes desistiram de entrar no shopping. Eles foram os únicos que compareceram para um programado rolezinho no local.

De acordo com a assessoria de imprensa do Center Norte, o estabelecimento obteve na Justiça uma liminar que permite a abordagem de participantes dos rolezinhos e o aviso sobre a multa – que não teve o valor divulgado.

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Segundo o shopping, quando um rolezinho é marcado para ocorrer no estabelecimento, oficiais de Justiça vão ao local e, com auxílio de informações do setor de inteligência da polícia, identificam organizadores e demais participantes. Eles indicam as pessoas para os seguranças fazerem a abordagem.

O Center Norte ressalta que os jovens não seriam impedidos de entrar. No local, segundo a assessoria, é recorrente o encontro de dezenas de jovens que utilizam o estacionamento do estabelecimento para se divertir.

O shopping informou que buscou a Justiça para se prevenir. De acordo com a assessoria de imprensa, para o estabelecimento os rolezinhos são um movimento ainda desconhecido, e “a mídia tem mostrado que pode haver grupos infiltrados, roubos e demais irregularidades”. A polícia informou que não foi acionada ontem para nenhuma ocorrência relacionada a rolezinhos.

O Ministério Público do Estado (MPE) de São Paulo anunciou nesta sexta-feira (17) que intermediará o diálogo entre participantes de "rolezinhos" e shoppings centers. Em nota, o MPE diz que "articulará iniciativas junto a lojistas e o poder público, instando-os a oferecer opções culturais e de lazer aos jovens, sobretudo da periferia".

"De forma a atender a todos os estratos sociais, estimulando o democrático convívio de toda a população naqueles espaços de uso coletivo, independentemente de classes sociais, sempre preservando a ordem pública e a segurança de todos os cidadãos", afirma ainda o texto. Segundo a promotoria estadual, será aberto um inquérito civil público para investigar se ocorreu discriminação de jovens por parte dos shoppings ao barrar a entrada dos participantes dos "rolezinhos".

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Os polêmicos "rolezinhos" no Brasil também ganharam destaque na imprensa argentina. Na capa da edição online do La Nación, o jornal descreveu a situação como "um fenômeno que vincula jovens, shoppings e pobreza". A reportagem explicou que as irrupções de adolescentes de classe baixa nos centros comerciais convocadas pelas redes sociais preocupam os empresários e os políticos no ano da Copa do Mundo. O La Nación ressaltou que os "rolezinhos" existem há tempos, mas nunca com tanta força como agora.

O jornal argentino disse ainda que o fenômeno parece ter se instalado nos shoppings, mas a polícia quer erradicá-lo antes de junho, quando começam os jogos da Copa. Mencionando a imprensa brasileira, o La Nación ressaltou ainda que a presidente Dilma Rousseff condenou a repressão e os preconceitos, durante reunião ministerial. O jornal econômico Ámbito Financiero também deu destaque ao tema e intitulou em sua edição impressa que as festas de jovens pobres nos shopping viraram tema de Estado no Brasil.

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Em reportagem assinada pelas agências de notícias Ansa e AFP, o Ámbito destacou que o grande temor do governo brasileiro é que os "rolezinhos" sejam uma ponta de lança para o ressurgimento de um caos social, como o que ocorreu no ano passado, em meio a protestos de estudantes contra os reajustes de preços das passagens de ônibus. Ambos os jornais reiteram informação publicada no Brasil de que a presidente Dilma encomendou aos ministros de Justiça e de Cultura, relatórios mais detalhados sobre o fenômeno.

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