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A mulher que sorria de braços abertos agora se encosta em um canto de parede quando descobre que somos jornalistas. Há pouco, nossa equipe havia entrado no restaurante Fogão a Lenha, de sua propriedade, e sido recebida por ela: “boa tarde, vamos almoçar?”. Sem esconder a decepção com a natureza da visita, adianta-se em dizer: “Não faço o que faço para aparecer”. Desde que inaugurou o estabelecimento, há dois anos e dois meses, localizado na Rua Gervásio Pires, no Centro do Recife, a empresária Luana Freitas divide, todos os dias, a comida que produz com pessoas sem-teto que vivem no entorno do Fogão a Lenha.

“Uma vez minha mãe estava chorando porque a gente não tinha comida para o dia seguinte. Eu disse ‘mainha, chora não, vou trabalhar para te ajudar. Eu tinha 10 anos”, lembra a empresária. Luana, que não sabia cozinhar, virou faxineira de um restaurante. Com o tempo, foi promovida a auxiliar de cozinha e a cargos administrativos. “Há três anos, decidi fazer o meu. Comecei com uma lanchonete na Rua do Hospício e com a ajuda de muita gente abri esse restaurante. As doações são minha forma de agradecer pelo que conquistei”, conta Luana.

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Às quatro da tarde, sob os olhares curiosos de alguns comerciantes vizinhos, Luana dispõe três travessas cheias de comida na porta do restaurante. Uma pequena fila começa a se formar timidamente. “Fizeram do lixo, um palácio. Esse terreno aqui era um lixo. A tendência pra quem faz o bem é receber mais do que bem. É de gente assim que estamos precisando nesse país, gente que entende a necessidade do outro ao invés de ficar com pena. Pena não faz ninguém levantar de lugar nenhum”, elogia o cliente Edvaldo Coutinho, atendente comercial. 

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A balconista Elaine Rodrigues sai do Curado para almoçar no Fogão a Lenha. “Venho comer aqui, com certeza essa atitude me incentiva a consumir no estabelecimento. Da primeira vez que vi, chorei na rua. Porque é raro ver uma atitude bonita e porque já trabalhei em restaurante. Jogam muita comida fora”, comenta. Em um post no Facebook da cliente do restaurante Daniela Neves, atitude de Luana vem rendendo outros comentários positivos e mais de 33 mil curtidas. “Eu não quis essa repercussão toda. A gente faz essas doações porque tem esperança em um mundo melhor. Não é só de comida que as pessoas precisam, mas é preciso compartilhar para o mundo, compartilhar a verdade de que amor ao próximo existe”, comenta.

Há empresários vizinhos que, contudo, reprovam a iniciativa do estabelecimento. Para alguns, é arriscado doar a comida. “Dizem que se alguém passar mal, eu vou ser responsabilizada. Mas em três anos de funcionamento, nunca recebi esse tipo de queixa. Eu tenho muito respeito pelo cliente. Quem chega para comer no meu restaurante é para comer comida nova. Então vou doar, porque não tenho o hábito de congelar comida. Da mesma forma que gosto de comer fresquinho, eu vou oferecer isso pro meu cliente. E o que sobra, não chamo de sobra, pois é a mesma comida que levo para minha casa”, explica a empresária. 

 Outros comerciantes ficam incomodados com a movimentação dos sem-teto na área. Luana lamenta: “me criticam pelo fato de eu sustentar ‘marginais’, ‘bandidos’, as pessoas não pensam: ‘ela está alimentando uma pessoa que estava com fome’. Aquelas pessoas precisam saber que Deus existe. Quantos não estão ali porque não tiveram amor, família, acolhimento ou a força de vontade que tive pra vencer? Quantos? Somos muito apontados. Sozinha você não consegue fazer a diferença”. 

 Há quem discorde. Aos 67 anos, Seu Manuel da Silva, tem uma fala confusa, mas reiteira o óbvio: “moro não rua porque não tenho onde morar”. Em frente ao restaurante, com uma embalagem de sorvete cheia de macarrão, verduras, arroz e carne, se prepara para retirar os talheres de um saco plástico vazio de tudo que possui.“Só aqui dão comida pra gente, vai fazer três anos. Se não fosse ela, eu ia esperar para comer na Igreja, às sete da noite. Ela é especial”.   

A milionária britânica Ariane Lak, que havia desaparecido há um ano e seis meses após uma viagem,  foi encontrada morando nas ruas da cidade italiana de Milão e afirmando viver como sem teto por vontade própria. 

O caso foi revelado pelo jornal Corriere Della Sera, que também afirmou que Ariane foi a Milão porque adorava a cidade e pretendia passear e visitar museus, entre outros programas turísticos, mas que desapareceu em março de 2016, quando deixou de dar notícias à família após encerrar sua permanência no hotel. 

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Laila, irmã de Ariane, ficou preocupada e acionou a polícia de Londres, que não teve sucesso nas buscas, e a Sociedade de Investigação do grupo SKP, que é formada por investigadores italianos. Mais de seis meses de buscas depois, Ariane foi encontrada na madrugada do último domingo (17), dormindo em cima de uma saída de ventilação e cercada de lixo. 

Segundo o Yahoo Itália, Ariane não soube dizer o que a levou àquela situação. “Talvez eu estivesse andando, fui assaltada, roubada, caí no chão e bati minha cabeça. Depois eu não tinha dinheiro, bagagem, celular, documentos”, afirmou. 

Problemas mentais 

De acordo com sua irmã Laila, Ariane tem transtorno esquizoafetivo, um transtorno que junta sintomas de esquizofrenia com doenças ligadas ao humor, como transtorno bipolar ou depressão. Ariane teria sido diagnosticada por volta dos 20 anos e cuidada pelos pais, que faleceram em 2012. 

Aparentemente, a doença tinha voltado a se manifestar um ano antes do desaparecimento, quando Ariane criou um novo perfil no Facebook onde afirmava ser a “princesa Ariane Lak, uma descendente da dinastia real iraniana do Qajar com milhões de seguidores pelo mundo”, além de, segundo sua irmã, recusar medicações por achar que estava sendo envenenada. As autoridades entregaram Ariane aos cuidados de sua irmã, que quer deixá-la afastada de curiosos e jornalistas. 

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Na inauguração do primeiro Centro Temporário de Acolhimento (CTA) para moradores de rua na capital paulista, nessa quarta-feira (11), o prefeito João Doria (PSDB) prometeu entregar um equipamento do tipo a cada mês até o fim da sua gestão: ao todo, serão 44 até 2020. A Prefeitura estima que 25 mil pessoas morem nas ruas da capital.

Com novidades como acolhimento 24 horas, canil e garagem para carroças, o local foi construído para atrair moradores de rua, que, ouvidos pelo Estado, queixam-se de horários restritos, presença de percevejos e falta de espaço para abrigar os cães em outros albergues municipais. O CTA foi inaugurado ainda sem a conclusão do canil, que poderá abrigar 11 cães a partir do fim de maio. Já foram recebidas doações de camas, rações e potes. O albergue tem capacidade para 164 pessoas: 102 homens e 62 mulheres, incluindo os quatro leitos para pessoas com mobilidade reduzida. Embora tenha o nome "temporário", o CTA não tem tempo de permanência fixo.

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Por uma semana, das 9 horas às 16 horas, os moradores têm curso de profissionalização para as 10.020 vagas do programa Trabalho Novo. Atualmente, participam do projeto mais de 20 empresas dos ramos alimentício ao farmacêutico, tendo contratado 477 moradores de rua. Até o fim de 2017, a expectativa da Prefeitura é obter 20 mil vagas de trabalho.

Queixas

Marcelo Gomes, de 45 anos, mora há três anos na rua. Na Mooca com dois cachorros, ele afirma que canil e curso resolverão parte dos problemas práticos. "Estou fazendo curso de informática e de DJ. Inclusive, sou o MC Zói e os Dogs, sabia? Mas quem vai me contratar pela experiência que tenho?"

Para Daniel Guerra, de 33 anos, o cenário de um abrigo "dá até medo" e "parece cadeia". Guerra aponta como um dos principais problemas dos abrigos a limitação de horário de entrada e de saída para quem quer fazer pernoite. "Quem trabalha à noite, por exemplo, como faz para dormir de dia?"

Ininterrupto

O secretário municipal da Assistência Social e do Desenvolvimento, Filipe Sabará, explica que há convênios com centros de acolhida em dois modelos: de 16 e de 24 horas. A gestão Doria avalia estratégias para unificar os centros de acolhida no horário ininterrupto. Sabará afirma ainda que há um estudo em andamento na pasta para calcular o impacto econômico de aditamento do contrato que estenderia de 16 para 24 horas o horário de funcionamento dos equipamentos. "Estamos trabalhando para que todos sejam 24 horas. Mas nem todos podem assim por questão de espaço físico e de vagas de cama", explica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um italiano morador de rua foi queimado vivo em Palermo durante a madrugada deste sábado (11), em um caso que provocou revolta em todo o país. A vítima foi identificada como Marcello Cimino, de 45 anos. O Corpo de Bombeiros fora acionado para averiguar uma denúncia de incêndio, mas, chegando ao local, encontrou o homem carbonizado.

A polícia trabalha com a hipótese de homicídio e prendeu um suspeito. Marcello Cimino, que não tinha moradia fixa, dormia dentro da paróquia São Francesco, na praça Cappuccini, embaixo de um batente de porta. Uma câmera fixa de vigilância registrou o momento em que uma pessoa se aproxima de onde Cimino dormia.

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Os bombeiros encontraram vestígios de líquido inflamável no local, o que reforça a ideia de um crime premeditado. A família do sem-teto contou que ele havia passado por momentos difíceis, como um divórcio e a perda de seu emprego, e que, por isso, tinha se isolado para "esquecer" o sofrimento.

"Quem fez isso não é humano", disse uma das filhas de Cimino. Vindo de uma família de sete filhos, o sem-teto tinha se separado há três anos. Deixou o apartamento da esposa na Via Vincenzo Barone para morar com sua mãe em uma casa popular. Depois, decidiu viver na rua. A família tentou fazê-lo voltar para casa, sem sucesso.

Para os sem-teto que vivem em Paris, é possível recarregar seus celulares, aquecer um prato de comida, ou beber um café em mais de 200 lojas, as quais abrem suas portas para ajudar a melhorar o dia a dia dessas pessoas.

Há mais de um ano, vê-se nas vitrines de cafés, restaurantes, farmácias, cabeleireiros e livrarias da capital francesa adesivos com três campainhas. Onde quer que estejam, eles sinalizam para os mais necessitados que são bem-vindos ao estabelecimento. Desde que descobriu esse sistema, um homem que se apresenta somente pelas iniciais "JS" diz ter conseguido "beber cafés e comer o que não foi vendido".

Para esse homem grisalho que vive nas ruas, junto com outras 140 mil pessoas sem moradia na França, o mais importante, porém, é "cumprimentar e ser respondido". DonAntonia Pastelaria, uma pastelaria portuguesa localizada no noroeste de Paris, foi visitada por ele recentemente. Há três meses, Virginie Gonçalves, uma das administradoras do local, colou um adesivo na vitrine e, "de vez em quando, recebe algum visitante".

"Podemos abrir nossas portas, oferecer um café, não custa nada", comenta Virginie. "Não tenho que pedir. Acontece de uma forma natural", observa "JS", descrevendo uma forma de acolhimento bem diferente, se comparada às más experiências que teve em outros locais. A associação que criou essa rede colaborativa, "Le Carillon", foi criada após os atentados terroristas em Paris em novembro de 2015, no qual 130 pessoas morreram.

"Sentimos a necessidade de ajudar, de sermos solidários", justificou Louis-Xavier Leca, um dos fundadores do projeto. O nome da iniciativa faz alusão ao som emitido por uma campainha quando um cliente entra em uma loja. Remete ainda a uma velha tradição parisiense, na qual os moradores de rua podiam recolher, em um antigo mercado central, os produtos que não haviam sido vendidos. Uma campainha anunciava o fim do expediente, momento em que os produtos ficavam liberados.

Uma rede de amigos

A rede presente em Paris busca estender suas atividades para outras localidades francesas e até fora do país, incluindo cidades como São Paulo e Milão. Em Seattle, nos Estados Unidos, pelo menos dez lojas já aderiram ao sistema.

Nas vitrines, pictogramas mostram os serviços oferecidos pelos comerciantes: um copo de água, acesso à Internet, um balcão de primeiros socorros, ou um corte de cabelo gratuito. A associação também distribui cupons para uma bebida, ou para um prato quente. Os lojistas escolhem os serviços que desejam oferecer. As pessoas sem lar podem localizá-los em um mapa distribuído gratuitamente.

"Isso é capaz de mudar a vida dessas pessoas", relata o coordenador da rede, Guillaume Holsteyn, ao dar um exemplo simples, mas indispensável: o ato de poder tomar um banho. "A ideia fundamental da associação é dar um pretexto para a criação de vínculos. Isso dá ânimo, recupera energias, é uma rede de amigos", garante. "De início, há um pouco de timidez e dúvida, mas, conforme as pessoas vão-se conhecendo, são criadas relações verdadeiras", comenta Bassel Al-Rifai, gerente do restaurante libanês At Homs.

Ele vê passar pessoas "de todo tipo: as que trabalham e não conseguem ter dinheiro suficiente, estudantes com poucos recursos, imigrantes, ou pessoas sem lar". "Espero lhes dar esperança, devolver um sorriso aos seus rostos", completa.

O Papa Francisco deu tratamento diferenciado a sem-teto de vários países europeus, os quais recebeu nesta sexta-feira, pedindo que não percam a dignidade, nem a capacidade de encontrar beleza, mesmo nas coisas mais tristes.

O papa argentino, que desde que foi eleito pontífice prometeu a transformação da Igreja em uma instituição pobre "para os pobres", recebeu sem-teto e pessoas em situações precárias que viajaram a Roma, procedentes de vários países europeus. Em seu discurso, Francisco disse aos pobres que nunca abram mão de seus sonhos e não percam a dignidade diante dos obstáculos.

"Dignidade, essa é a palavra! A capacidade de encontrar beleza mesmo nas coisas mais tristes e mais sofridas só um homem e uma mulher que têm dignidade podem fazer", afirmou. "Pobre sim, humilhado não, isso é dignidade!", disse Francisco, aclamado pelos presentes.

Depois de escutar as dilacerantes histórias de dois indigentes convidados, Francisco rezou em silêncio, enquanto alguns dos presentes se aproximaram para tocá-lo. Christian, um francês de 62 anos, que até a pouco vivia nas ruas de Paris, contou o quanto apreciou a cama do trem em que viajou para Roma, no qual o acompanharam outros 600 indigentes.

Caminhando com passos firmes, apesar de usar bengala, Christian disse ter ficado maravilhado com o Coliseu. "É lindo. Uma vez o vi em um filme", afirmou.

Christian vive com 500 euros por mês e ainda guarda na memória a primeira noite que passou na rua, em agosto de 2014, e seu relato deixa evidente que entre os mendigos é difícil fazer amigos.

"A gente não faz amigos entre os sem-teto, nos albergues há drogas, te roubam", contou. Finalmente, Christian conseguiu um quarto graças ao Exército de Salvação e disse que em breve irá viver com uma amiga. "Eu me viro bem", concluiu. Todos os rostos dos presentes tinham marcas da vida dura nas ruas.

"Eu nasci na merda. Minha mãe foi embora dizendo que ia comprar cigarros quando eu tinha quatro anos e meu pai morreu quando eu tinha sete", relatou Didier, de 52 anos, um homem de olhar sombrio, que vive nas ruas há oito anos.

"Fui operário de mudanças com contratos temporários durante quinze anos, depois começaram a contratar jovens". Agora, por fim, ele tem um quarto com sua própria chave em um albergue. "Agora, tenho segurança", comemorou.

Frente de Luta por Moradia (FLM) iniciou na madrugada desta segunda-feira (31) uma série de ocupações em imóveis de São Paulo. De acordo com a coordenação do movimento, até as 11h30, oito prédios e terrenos tinham sido ocupados por famílias, cuja pauta envolve de reivindicações por habitação na cidade a protesto contra a Proposta de Emenda a Constituição (PEC) 241, que tramita no Congresso Nacional.

Em ao menos dois pontos, a Polícia Militar acompanhava a situação; em outro, na Rua Apa, em Santa Cecília, região central da capital paulista, famílias foram retiradas de um edifício logo após o início da manifestação.

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Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que as ocupações ocorreram tanto em terrenos públicos quanto particulares. "Todas as áreas que forem da administração pública municipal serão objeto de pedido imediato de reintegração de posse", declarou. De acordo com a integrante do FLM Heloísa Silva, não há previsão para que as famílias deixem os locais.

Segundo o movimento, estão ocupados três imóveis na zona leste: na Rua Professor Wilson Reis dos Santos, em Guaianases; na Rua Antônio de França e Silva, em Sapopemba; e na Avenida Osvaldo do Vale Cordeiro, no Parque Savoy City. Na região central, foram tomados dois prédios: na Avenida Ipiranga, na República; e na Avenida 9 de Julho, na Bela Vista. Houve também ocupações na zona sul (Rua Ana Aslan, no Parque do Engenho) e na zona norte (Rua Doutor Alcides C. Bueno Filho, no Jardim Peri).

"É uma pauta permanente, em defesa da função social da propriedade e também em defesa do direito ao direito de moradia", disse Heloísa. Na Avenida Ipiranga, Ivanete Araújo, integrante do Movimento de Moradia na Luta por Justiça, disse também lutar "pela continuidade do Programa Minha Casa Minha Vida e contra a PEC 241".

Em seu site, a FLM comunicou a ação simultânea em vários pontos da capital. Citando as ocupações promovidas por estudantes principalmente no Paraná, a carta fala em união na luta por Justiça.

"Enquanto os estudantes ocupam as escolas e travam uma luta justa para salvar a educação. Nós, sem-tetos, ocupamos imóveis abandonados fora da lei para assegurar a justiça social e conquistar nossa moradia. Irmanamo-nos todos: estudantes, sem-tetos e trabalhadores na luta por justiça. Esta ação de ocupação de imóveis abandonados tem como fundamento a proteção de nossos filhos e de nossas famílias."

Um terreno de 38 mil metros quadrados em área de manancial nas margens da Represa Billings, no Balneário São Francisco, zona sul de São Paulo, foi invadido há duas semanas por um grupo sem-teto. Boa parte do terreno, em área de preservação ambiental permanente, já foi desmatada para a construção de 350 moradias. A última invasão registrada na região havia sido em abril de 2015.

O terreno pertence à Empresa Metropolitana de Água e Energia (Emae), estatal responsável pela represa. Na terça-feira, 26, à tarde, a empresa obteve na Justiça um mandado de reintegração de posse. "Os relatórios de visita no local demonstram a escalada e a rapidez da ação dos invasores, mesmo diante da presença ostensiva da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana. Evidente, portanto, o cabimento e a urgência da medida liminar pleiteada", afirmou o juiz Luiz Raphael Nardy Lencioni Valdez, da 6ª Vara Cível de Santo Amaro, na sentença.

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A maior parte do desmatamento aconteceu no último fim de semana. Começou na Estrada do Alvarenga, avenida que margeia aquela parte da Represa Billings, e avançou tanto na direção da represa quando no sentido oposto, abrindo uma clareira em uma das últimas áreas verdes da região, cercada por favelas. Com as clareiras abertas, os invasores lotearam o terreno, passaram fiação elétrica e estão erguendo barracos de madeira e lona.

A área invadida compõe a mata ciliar da represa, local sem previsão legal de ocupação. Pela legislação municipal, o terreno é uma Área de Preservação Permanente (APP). "A Emae esclarece que os invasores estão impedindo o acesso dos técnicos da empresa ao local, assim, não tem informações sobre o tamanho da área devastada e a quantidade de invasores", diz a empresa, por meio de nota.

Um dos coordenadores da ocupação, Celio Joel Tiago afirma que o local foi escolhido por causa de supostas dívidas da Emae com a Prefeitura - a empresa não consta no cadastro de consulta da dívida ativa do Município, disponível nos site da Secretaria de Finanças.

Tiago nega que tivesse impedido o acesso de técnicos na área. "Só a polícia esteve aqui", afirmou. O acesso da reportagem ao local, entretanto, só foi possível mediante negociação. Dois homens portando facões acompanharam a equipe e não deixaram que fotos das áreas de desmate fossem feitas. "Não tem decisão nenhuma da Justiça, vocês estão mal informados", disse, sobre a decisão de reintegração de posse.

"Estamos cadastrando todo mundo, medindo os terrenos, repartindo aqui de forma organizada. Já estamos levando as mulheres grávidas até o posto de saúde, cuidando das crianças e vamos ficar aqui", afirmou Tiago. Ele disse ser um dos coordenadores da Associação da Vila Esperança, entidade cujo presidente não disse o nome. "Vamos cadastrar todos aqui para incluir no Minha Casa Minha Vida", afirmou a liderança, mostrando fichas xerocadas, preenchidas à mão, com cópia de documentos das pessoas que estão no local.

O líder afirmou não ter vínculo com nenhum movimento de moradia tradicional. O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, confirmou a falta de ligação. "Ocupações são muito comuns naquela região, mas não são nossas", afirmou.

Agressivos

Há duas semanas, quando a invasão teve início, um grupo tentou erguer barracos em outro terreno, vizinho da área da Emae, que faz parte de um condomínio fechado, chamado Sete Praias. "Os seguranças disseram que teriam de ‘mandar bala’ neles, senão não iriam sair", disse uma das integrantes da direção do condomínio. "Eles foram muito agressivos, principalmente com as pessoas que moram ao lado do terreno, mas saíram da área do condomínio", afirmou.

A Prefeitura informou na quarta-feira (27) que faria uma reunião com membros da invasão e integrantes da Polícia Militar para definir a retirada dos moradores da área de preservação. Ainda não há data para que a ordem judicial seja cumprida.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um grupo de aproximadamente 500 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) tenta na manhã desta quarta-feira (16) invadir a sede do Ministério das Cidades, em Brasília, em protesto contra os cortes no programa Minha Casa Minha Vida anunciados pelo governo no âmbito do ajuste fiscal.

O MTST é um dos movimentos sociais com maior capacidade de mobilização atualmente no País e teve participação decisiva na manifestação em defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff que levou mais de 50 mil pessoas às ruas da cidade de São Paulo no dia 16 de dezembro.

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A tentativa de ocupação do ministério acontece três dias depois das grandes manifestações contra a presidente e o PT e na antevéspera de um novo ato em defesa de Dilma, marcado para sexta-feira, que pode ser decisivo para a permanência da petista, que é alvo de pedido de impeachment e de um processo no Tribunal Superior Eleitoral, no cargo.

Para o líder do movimento, Guilherme Boulos, a ocupação do ministério é uma resposta do MTST à política de cortes orçamentários do governo federal. "Este protesto é função dos cortes no Minha Casa Minha Vida 3", disse o dirigente.

Segundo ele, os sem-teto e outros movimentos que integram a Frente Brasil Sem Medo vão decidir até amanhã se vão participar dos novos protestos em defesa do mandato de Dilma, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contra a permanência do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara e por mudanças na política econômica do governo. O MTST, no entanto, confirmou presença no ato que vai reunir intelectuais, artistas e movimentos sindicais hoje na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) contra o impeachment de Dilma.

"Ao mesmo tempo que fazemos estas manifestações como a de hoje, o movimento vai estar nas ruas contra o que a gente entende que é um avanço da direita, as arbitrariedades e a seletividade, principalmente da Lava Jato, e esta escalada de retrocesso. Não sabemos ainda se vamos estar no ato do dia 18, mas estaremos hoje no ato da PUC em defesa da democracia", disse Boulos.

De acordo com funcionários do Ministério das Cidades, os sem-teto estão na frente da sede da pasta e foram contidos pela Tropa de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal.

O astro de Bollywood Salman Khan foi absolvido nesta quinta-feira por um tribunal de apelação indiano, depois de ter sido condenado por atropelar um sem-teto em 2002 e ter fugido.

A Alta Corte de Mumbai (oeste) considerou que Khan, de 49 anos, foi condenado erroneamente em maio pela morte desta pessoa em um julgamento de primeira instância, no qual foi condenado a cinco anos de prisão. Khan recorreu desta condenação.

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"O recurso é admitido e a decisão em primeira instância fica anulada. Salman Khan é absolvido de todas as acusações", disse o juiz Anil Ramchandra Joshi.

A acusação não chegou a "estabelecer para além de qualquer dúvida razoável" que Khan conduzisse seu veículo, um 4x4, sob os efeitos de álcool, quando atingiu um grupo de sem-teto em um subúrbio de Mumbai em setembro de 2002. Um deles morreu e os outros sete ficaram feridos.

Algumas testemunhas, entre elas os feridos, afirmaram no primeiro processo que o ator conduzia o veículo a grande velocidade quando ocorreu o atropelamento.

Mas o juiz Joshi considerou que o tribunal não deveria admitir o depoimento da principal testemunha, o guarda-costas do ator, Ravindra Patil, que afirmou que Khan estava ao volante e dirigia muito rápido.

Seu testemunho não era totalmente confiável e "tem várias anomalias", segundo o juiz.

"Infelizmente, não há outro testemunho para apoiar esta versão", disse o juiz referindo-se a Patil, que faleceu de tuberculose em 2007.

Salman Khan sempre negou estar ao volante do veículo, mas apenas ter abandonado o local do acidente. Khan atuou em uma centena de filmes desde seu primeiro sucesso "Maine Pyar Kiya", nos anos 1980.

O ator George Clooney visitou nesta quinta-feira um café de Edimburgo que emprega pessoas sem-teto e cujos lucros vão para a caridade.

O café foi tomado pelos fãs do também diretor e ativista de direitos de humanos.

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"É maravilhoso o que fazem, acho que é uma causa muito importante", afirmou aos jornalistas.

Clooney foi convidado para visitar o café da Rose Street, centro da capital, por seu fundador, Josh Littlejohn, dono de outros cinco estabelecimentos.

No café, cada cliente pode deixar pago uma bebida quente ou um alimento que depois serão servidos para moradores de rua e, além disso, os funcionários do local também são sem-teto.

Josh Littlejohn contou à imprensa que o ator doou 1.000 libras para sua organização de caridade.

Movimentos de sem-teto fazem nesta segunda-feira (5) mobilizações em ao menos 16 capitais em defesa do direito à moradia e pelo lançamento da terceira etapa do programa Minha Casa Minha Vida. Os atos fazem parte das comemorações do Dia Mundial dos sem-teto.

Em São Paulo, manifestantes vão se concentrar em cinco pontos, de onde sairão em passeata às 9 horas em direção à Praça da Sé, na região central, o que deve complicar o trânsito. Ali, pretendem montar acampamento.

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"Somos contra a atual política econômica e entendemos que a crise só será superada com o enfrentamento das questões estruturais que perpetuam a desigualdade em nosso País", afirmam, em comunicado conjunto, cinco movimentos nacionais. Eles ainda reivindicam a retomada de obras e projetos em andamento para habitação popular e o fim dos despejos e remoções de favelas e ocupações. Osasco e Ribeirão Preto também terão protestos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O papa Francisco criticou nesta quinta-feira (24) a "injustiça" da falta de moradia, ao se reunir em Washington com cerca de 200 pessoas sem-teto.

"Não encontramos nenhum tipo de justificativa social, moral, ou do tipo que for, para aceitar a falta de alojamento. São situações injustas, mas sabemos que Deus as está sofrendo conosco, está vivendo-as ao nosso lado. Não nos deixa sozinhos", disse o papa.

Logo depois de pronunciar um discurso diante da elite política americana no Congresso, o pontífice argentino se dirigiu ao centro beneficente de São Patrício, no centro de Washington.

Falando em ritmo lento e em espanhol, o pontífice argentino parecia medir suas palavras: "hoje quero me unir a vocês, preciso do apoio de vocês, da sua proximidade".

Francisco disse aos presentes, que eles lembravam-no de "uma pessoa de que gosto, que é e foi muito importante ao longo da minha vida (...) Vocês me lembram de São José".

O pontífice também buscou consolar o grupo. "Diante de situações injustas, dolorosas, a fé nos traz essa luz que dissipa a escuridão. Assim como José, a fé nos abre a presença silenciosa de Deus em toda vida, em toda pessoa, em toda situação. Ele está presente em cada um de vocês, em cada um de nós".

Depois, convidou-os a rezar com ele.

Desde que chegou aos Estados Unidos, na terça-feira, proveniente de Cuba, o papa buscou alternar seus compromissos oficiais - como a reunião na Casa Branca, no Congresso e uma missa de canonização - com encontros com pessoas carentes.

Hoje à tarde, Francisco segue para Nova York.

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Após a reintegração de posse do terreno localizado no bairro do Jiquiá  - próximo ao Tribunal Regional Federal (TRF), dezenas de ocupantes ainda permanecem no local. A presença da Polícia Militar não intimidou os manifestantes, que fecharam a BR-101 e afirmaram que vão paralisar a Abdias de Carvalho até conseguir uma resposta do Governo e Prefeitura do Recife.

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Uma das integrantes do grupo, Cristina Lima, afirmou que a luta agora é apenas deles e que o MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) não está mais no comando. "O movimento caiu fora desde cedo. Inclusive quem está aqui nem sequer foi cadastrado pelos órgãos. Eles fizeram os deles é deixaram a gente de fora", criticou. Ainda durante conversa, ela revelou que o MLB cobrou 10 reais de cada pessoa para autorizar a liberação do cadastramento.

Outra integrante do grupo confirmou a cobrança. "Quero pegar essa mulher do MLB, a gente pagou e agora sumiram. Não vamos sair do local nem tão cedo, queremos o direito de uma moradia digna", ameaçou a uma das manifestantes, que se disse moradora da comunidade do Vietnã, mas não quis revelar o nome.

Quanto à reintegração de posse, Thayna Silva criticou a ação da PM. "Foi tiro para todo lado. Adultos e crianças foram baleadas e muitas foram para no hospital. É um absurdo a forma como trataram a gente", concluiu.

Já o sargento Santana, da PM, relatou que só houve maior confronto no momento da resistência e manifestações contra a polícia. "Agimos como deve ser. Não usamos a violência, apenas trabalhamos para a reintegração", finalizou o PM que ainda ressaltou que três soldados foram feridos com pedras.

Após a terceira ocupação em menos de um mês, um grupo de sem-teto concordou em deixar um imóvel abandonado na região central do Rio por volta do meio-dia desta terça-feira, 28. Cerca de 50 pessoas invadiram o prédio de três andares na Rua do Rezende, na Lapa, no último sábado, 25, após passarem cerca de dois dias acampadas com colchões e pedaços de papelão na Praça da Cruz Vermelha, também na Lapa.

No dia 23 de abril, os sem-teto tentaram entrar em um imóvel pertencente ao governo federal na Rua Venezuela, no centro, mas foram impedidos pela Polícia Militar. O grupo passou cerca de 10 dias acampado na Cinelândia, no centro, após ser despejado do Edifício Hilton Santos, no Flamengo, no dia 14. Cerca de 300 pessoas ocuparam durante uma semana o imóvel, antiga sede do Clube de Regatas do Flamengo e arrendado pelo empresário Eike Batista para a construção de um hotel.

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A situação dos sem-teto segue indefinida mesmo após a Defensoria Pública do Estado e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social terem feito um mutirão de cadastramento do grupo. O objetivo era identificar se os sem-teto já recebem benefícios sociais como Bolsa Família e Aluguel Social, ou se já estão cadastrados em outros programas habitacionais.

Foram cadastradas 202 pessoas, das quais a maioria tem entre 39 e 59 anos. A Prefeitura também ofereceu 130 vagas em um abrigo em Santa Cruz (zona oeste), que foram recusadas pelo grupo.

A Justiça do Rio concedeu liminarmente (em caráter provisório), na tarde desta quinta-feira (09), mandado de reintegração de posse do edifício Hilton Santos, localizado no Flamengo (zona sul do Rio) e ocupado desde a última terça-feira, 07, por cerca de 85 invasores. O prédio pertence ao Clube de Regatas do Flamengo, mas está arrendado desde 2013 pela empresa Rex Hotel Ltda., do grupo EBX, cujo dono é o empresário Eike Batista.

Dois pedidos de reintegração de posse foram apresentados à Justiça, um pelo Flamengo, perante a 36ª Vara Cível, e outro pelo Rex Hotel Ltda, na 47ª Vara Cível. As duas Varas concederam a reintegração de posse, que ainda não tem data para ocorrer.

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Quando arrendou o prédio, Eike pretendia reformá-lo, transformando o edifício em um hotel de quatro estrelas. Mas, com problemas empresariais, desistiu do projeto, e o prédio de 24 andares em área nobre da zona sul do Rio, com vista para o morro do Pão de Açúcar, estava abandonado. Os invasores haviam sido despejados no último dia 26 de março de um terreno da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) e decidiram ocupá-lo.

Segundo as decisões judiciais, além da Polícia Militar e da Guarda Municipal, a reintegração de posse deve ser realizada com o apoio de agentes das secretarias municipais de Direitos Humanos e Assistência Social. Médicos e ambulâncias da prefeitura também serão acionados. Essa mobilização tem o objetivo de evitar qualquer tipo de confusão entre os envolvidos.

"O problema é nitidamente social, mas não se pode preterir o direito de propriedade em função de uma coletividade que deveria estar assistida pelo Estado, exercendo sua cidadania com dignidade, razão pela qual positivado o esbulho, acolho o pedido liminar", escreveu a juíza Martha Elisabeth Falcão Sobreira, da 47ª Vara Cível, na ação proposta pelo Rex Hotel.

O juiz Leonardo Alves Barroso, da 36ª Vara Cível, destacou que "a propriedade que cumpre uma função social deve ser protegida pelo Poder Judiciário e Público em geral para impedir que o desenvolvimento nacional seja atingindo por atitudes com fins, aparentemente, sociais, mas inadequados e irrazoáveis, supostamente, oportunistas".

O Papa Francisco convidou nesta quinta-feira 150 moradores de rua a visitar os museus do Vaticano e a Capela Sistina, uma iniciativa inédita do pontífice para demonstrar com gestos o desejo de abrir a Igreja aos pobres.

A visita, que também uma caminhada pelos jardins, foi organizada pelo esmoleiro do Vaticano, o polonês Konrad Krajewski.

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Os indigentes serão divididos em três grupos e poderão admirar as célebres obras de arte do Vaticano com a ajuda de um guia.

Os convidados especiais do papa também terão um privilégio particular: a visita acontecerá sem a multidão de turistas que passam diariamente pelos museus do Vaticano, que estão entre os mais visitados do mundo.

Diante dos célebres afrescos de Michelangelo na Capela Sistina, a sede do conclave, os moradores de rua devem fazer uma rápida oração.

Ao fim do passeio devem fazer uma refeição na cafeteria do museu.

Este é mais um gesto do papa argentino, que em dezembro de 2013, em seu aniversário, convidou três moradores de rua para um café da manhã na residência Santa Marta, onde ele mora dentro do Vaticano.

Francisco, que deseja dar dignidade aos moradores de rua que muitos desprezam, pediu a instalação de duchas gratuitas para os sem-teto perto das colunas de Bernini.

Também ordenou a distribuição de cobertores e guarda-chuvas para centenas de pessoas que vivem nas ruas próximas do Vaticano.

O sem-teto morto no domingo (1°) pela polícia de Los Angeles seria um criminoso de nacionalidade francesa, noticiou o jornal LA Times nesta terça-feira. A fonte identificou o homem, cuja morte a tiros foi filmada por um cinegrafista amador, como Charley Saturmin Robinet, de 39 anos.

Segundo o periódico, registros policiais indicam que Robinet foi condenado por assalto à mão armada a 15 anos de prisão. O chefe da polícia de Los Angeles, Charlie Beck, declarou na segunda-feira (2) que a vítima pegou a arma de um dos agentes, deflagrando a resposta a tiros das autoridades.

O incidente ocorreu em Skid Row, no sul da cidade, onde vivem duas mil pessoas - 75% delas negras - nas ruas, ou em miseráveis barracas de camping. O vídeo do assassinato logo se tornou viral na internet, provocando críticas generalizadas da ação policial.

Nesta terça-feira, dezenas de pessoas participaram de um protesto em frente à sede da polícia de Los Angeles para condenar o assassinato. As autoridades do estado e do consulado francês ainda não confirmaram esta nova informação e não quiserem dar declarações.

Mais de 200 famílias de sem-teto invadiram uma área com cerca de seis hectares no bairro George Oeterer, município de Iperó, na região de Sorocaba (SP). O terreno foi dividido em lotes e os ocupantes montaram barracos. A ocupação teve início há cerca de um mês, mas novas famílias continuam chegando. Embora tenha sido uma ação organizada, nenhum dos movimentos de sem-teto que atuam na região assumiu a ocupação. Em um dos barracos que estavam fechados foi pendurada uma bandeira da Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade (FNL), articulada pelo líder sem-terra José Rainha Júnior. Ele não foi encontrado.

De acordo com a prefeitura, o terreno é particular e o proprietário da área, Nicola Victor Carrieri, foi notificado para adotar as medidas judiciais, já que se trata de parcelamento irregular do solo. A prefeitura informou ainda que a mesma área já havia sido invadida este ano e foi objeto de ação de reintegração de posse movida por advogados de Carrieri. A Justiça mandou retirar os invasores, que atenderam a ordem judicial sem necessidade de intervenção policial. O município deu prazo até esta quarta-feira, 07, para que o proprietário tome providências, caso contrário será acionado por omissão.

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Uma equipe da assistência social da prefeitura esteve no local nesta segunda-feira, 05, e iniciou o cadastramento dos ocupantes. Os invasores denominaram o local Bairro Vitória e alguns já erguem casas de tijolos. Foi constatado que uma parcela possui imóvel em outros bairros e, ainda, que muitos participaram de ocupações anteriores. Em nota, a prefeitura informou que a ocupação irregular acarreta graves problemas sociais para o município, dificultando o planejamento e os investimentos em outros setores. No caso específico, a área fica muito próxima da linha férrea concedida à America Latina Logística (ALL), havendo risco para os ocupantes.

Há dois dias, basta a pequena Júlia Victória, de 2 anos, ver uma câmera para se esconder. "O que ela mais gostava de fazer era tirar foto", diz a mãe, a auxiliar de limpeza Leiliane Pereira, de 27 anos. A rejeição tem motivo. Júlia morava na invasão do Hotel Aquarius, na Avenida São João, e presenciou o confronto na reintegração de posse. Ela foi retirada às pressas, em meio a bombas de gás, de um lado, e objetos atirados pelas janelas, de outro. Ao sair, só o que via eram filmadoras e máquinas fotográficas.

Com os pais e o irmão, Júlia recebeu abrigo em outra ocupação da Frente de Luta por Moradia (FLM), na Rua Líbero Badaró, também no centro. No local, pedaços de pano foram estendidos como se fossem paredes: uma tentativa de garantir a privacidade. Para dormir, o casal e as crianças se espremem em dois colchões. Roupas, camas, fogão, geladeira, estantes e documentos ficaram para trás. Sobraram cinco ursos de pelúcia. "Se era para perder alguma coisa, que não fosse nada dos meninos", disse Leiliane.

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No novo endereço, as crianças são muitas. Há idosos e gestantes também. Porém, reclamações são poucas. "Tenho um teto para dormir. O dia de chorar foi ontem (a terça-feira, 16), agora é sorrir", disse Raquel Germano, grávida de 5 meses.

Revolta

A dor da vendedora de tapioca Eli Sarai, de 44 anos, é ver a filha o dia inteiro sentada no colchão e não poder fazer nada. Deficiente por causa de uma paralisia cerebral durante o parto, Jaquelaine Dias, de 17 anos, teve a cadeira de rodas quebrada na reintegração.

"Foi um cenário de guerra, pensei que a gente ia morrer", diz a mãe. Eli contou que a filha passou mal por causa das bombas de gás e foi retirada por moradores. Jaquelaine precisou ser levada nos braços. Após procurar atendimento na Santa Casa, no centro, a mãe teria voltado para recuperar a cadeira. "Os policiais me disseram que tinha sido jogada em um caminhão, toda quebrada."

Sem a cadeira de rodas, Eli tem dificuldade até para levar a filha, que não anda nem fala, ao banheiro. "Não sei como vai ser para dar banho. Com a nota fiscal, mostrou que o equipamento custou R$ 1,3 mil em 2012. "Um pastor doou parte do dinheiro e meus amigos fizeram um rifa para conseguir o resto." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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