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O machismo que marca a sociedade brasileira e causa diversos problemas às mulheres em seus cotidianos se faz presente também no meio político, causando um distanciamento feminino dos espaços de disputa direta de poder. Essa é uma realidade refletida em números: de acordo com dados da Câmara dos Deputados, a casa legislativa conta com apenas 77 mulheres em um total de 513 deputados. 

Neste 8 de março, data que marca a celebração do Dia Internacional da Mulher, o LeiaJá ouviu mulheres engajadas na política para entender quais são os obstáculos que se apresentam no caminho daquelas que trilham uma carreira na vida pública e o que é necessário para mudar esse quadro e aumentar a presença de mulheres em postos de comando do meio político. 

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Izabel Urquiza (PSC) disputou as eleições para a Prefeitura de Olinda mais de uma vez e no ano de 2016 chegou perto de passar para o segundo turno contra o candidato (e atual prefeito) Professor Lupércio. A política já está presente em sua família há bastante tempo: sua mãe, Jacilda Urquisa, foi a primeira prefeita eleita no município. Quando perguntada sobre as razões que distanciam as mulheres da política, Izabel aponta as obrigações com o trabalho doméstico, muitas vezes incompatíveis com a rotina de uma pessoa que está em campanha ou ocupa um cargo eletivo. 

“A política exige muito da pessoa no sentido de que você não tem sábado, não tem domingo, não tem feriado, não tem noite, e isso para as mulheres é uma questão muito mais complicada, conciliar as atribuições políticas com as atribuições de casa e com as atribuições profissionais exige muito mais da mulher do que do homem. Apesar dos avanços, a gente ainda constata que as mulheres sempre tiveram mais atribuições, mas não se eximiram das tarefas de casa. Eu acho que isso faz com que muitas mulheres não tenham condições de entrar na política competindo em condições de igualdade”, declarou ela. 

Para além disso, Izabel também aponta dificuldades impostas pelas estruturas partidárias que, via de regra, beneficiam os homens em detrimento das candidaturas femininas. “As candidaturas masculinas conseguem uma articulação maior para financiamento da campanha, mesmo agora com a verba partidária, se analisar os recursos que são gastos com candidaturas masculinas, há uma disparidade muito grande. Há um movimento de mulheres compondo chapas majoritárias, mas sempre como vice. Uma mulher na cabeça de chapa é mais raro. A candidatura de Priscila Krause, por exemplo, foi uma dificuldade grande de conseguir um vice, na maioria das vezes eles querem ter o protagonismo e não colocar a mulher como protagonista”, afirmou Izabel. 

Quando questionada sobre o que falta para que as mulheres tenham mais espaço, mais recursos em suas campanhas e apoio do eleitorado feminino, Izabel aponta para a necessidade de maior estruturação das candidaturas femininas dentro das estruturas partidárias. “A gente quando vai entrar numa campanha política tem que ter a disposição da pessoa. Ninguém é candidato de si mesmo, então tem que ter o reconhecimento e a musculatura política de partidos e de pessoas envolvidas que estejam acreditando naquela candidatura, e tem também o aporte financeiro”, disse a ex-candidata. 

Izabel continua, afirmando que a falta de visibilidade para as candidaturas de mulheres diminui o conhecimento das eleitoras a respeito das ideias dessas mulheres e, consequentemente, as chances de sucesso eleitoral. 

“Quando vai para a mídia, sempre vão candidaturas masculinas. Não acho que a mulher não vota em mulher, as pessoas votam naquilo que elas veem. Se ela não vê mulheres na política, se não tem oportunidade de avaliar que aquelas mulheres defendem causas em que elas acreditam, vai votar fazendo uma política muito clientelista”, declarou Izabel. 

A deputada federal Marília Arraes (PT-PE) tentou viabilizar sua candidatura ao Governo do Estado de Pernambuco no último pleito, mas já nos últimos momentos uma movimentação interna do partido decidiu pela retirada de sua candidatura e apoio à reeleição do atual governador Paulo Câmara (PSB). Membro de uma família com tradição na política do Estado e com anos de carreira política no currículo, a deputada não hesita ao afirmar que o machismo do meio político teve peso na decisão da cúpula de seu partido. “Sem dúvida foi um episódio extremamente machista. Se fosse um homem no meu lugar no mínimo teria tido um tratamento diferente. É injusto dizer que as mulheres não querem estar na política, existem vários fatores.”, declarou a deputada.

Quando perguntada sobre as razões que levam ao distanciamento feminino dos espaços de disputa de poder e representação política, Marília faz uma análise da maneira desigual como a sociedade cria homens e mulheres desde a infância. “A sociedade faz as mulheres acharem que só serão felizes se casarem, mantiverem o casamento, forem bonitas, gera diferenças de anseios. Para o homem ser bem-sucedido a sociedade acha que ele tem que ter dinheiro, mulheres. Para a mulher, ela pode ter uma carreira, mas se o casamento acaba ou fica pouco com os filhos apontam que não foi bem-sucedida”, afirma a deputada. 

Além disso, Marília também aponta para uma hostilidade do mundo político, majoritariamente masculino, em relação às mulheres. “Quando comecei meu primeiro mandato nem mesmo tinha banheiro feminino na câmara. E na câmara federal temos dificuldade de nos integrar nas atividades mesmo eleitas com mais votos porque é de fato um ambiente masculino”, disse ela. A deputada segue o raciocínio contando que passa por situações de preconceito político no exercício do mandato frequentemente. 

“A gente passa todos os dias. Desde ser barrada todo dia na câmara porque tem espaços que só deputados podem passar, e os seguranças discretamente liberam e depois veem se está com broche ou crachá e as mulheres primeiro barra para depois olhar. Até coisas mais sérias de dificuldades partidárias. Homens mais velhos de histórias consolidadas que não aceitam uma mulher com mais destaque e popularidade que eles e não as apoiam. Eu sou mulher jovem, apesar de privilegiada, mas em todas as esferas as mulheres sofrem preconceitos”, disse ela. 

Sheyla Lima, de 55 anos, trabalha há 36 anos no Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e também é a primeira presidenta do Sindicato dos trabalhadores de TI em Pernambuco (SINDPD-PE). O que a motivou a entrar para o movimento sindical foi o fato de trabalhar em uma categoria majoritariamente masculina e “a necessidade de ter uma representação das mulheres, que geralmente por conta das triplas jornadas não têm condições e disponibilidade de fazer movimento de classe”, de acordo com ela. 

As lutas das trabalhadoras, de acordo com Sheyla, geraram muitos ganhos importantes ao longo dos anos e houve avanço na própria estrutura sindical do Brasil, mas ainda com muitas marcas do machismo. “Para sermos ouvidas foi e é muita luta diária, recebemos 25% a menos que os homens, mesmo com o nível de escolaridade das mulheres sendo maior. Para ter o respeito muitas vezes é preciso gritar. Para sermos ouvidas, ter nossas pautas respeitadas e abraçadas, por muitas vezes só através de grandes debates, discussões, votação e briga”, disse ela. 

Dani Portela é historiadora, advogada, militante feminista e concorreu nas últimas eleições ao Governo do Estado de Pernambuco pelo PSOL. Filha de um ex-preso político da ditadura militar brasileira, ela conta que já tinha uma atuação política em outras frentes, não partidárias, mas que isso mudou a partir do ano de 2016. 

“Meu pai falece aos 86 anos sofrendo de insônia e se repetia um pesadelo que tinha vindo de uma vivência real, de gritos de uma mulher. Ele escutou isso ao longo de uma noite toda e no final ele escutou o choro de uma criança. Essa mulher e essa criança morreram e quem estava nessa prisão era o Coronel Brilhante Ustra. Em 2016 meu pai contraiu Chikungunya e entrou em coma no dia da votação do impeachment da ex-presidenta Dilma. Me peguei sentindo um misto de alívio por meu pai ter desacordado justamente naquele momento sem ter assistido o então deputado Jair Messias Bolsonaro subir no plenário e reverenciar o Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra que não foi só o pavor de Dilma Rousseff, foi o pavor na vida de muitas pessoas. Naquele leito de hospital prometi ao meu pai que eu tinha que mudar meu papel de atuação política, eu decido virar uma página e colocar o meu nome, o meu corpo, minha luta e a minha história nessa disputa”, contou ela. 

Dani aponta para dificuldades na estruturação e financiamento das campanhas das mulheres, apoio dos partidos e distribuição de tempo de TV, além do machismo estrutural da sociedade brasileira como razões que dificultam o acesso das mulheres aos espaços de poder e decisão política. Como consequência dessa lógica, segundo ela, há uma redução da atenção dos governantes para a criação de políticas públicas que atendam às necessidades das mulheres. 

“Aqui no Recife, de 39 vereadores, você tem seis mulheres. Essa caneta precisa estar na nossa mão pela alternância de poder. As mulheres precisam ocupar espaços de poder e decisão não só na política, mas profissionalmente falando. A gente precisa pensar que o feminismo acima de tudo uma grande busca por igualdade, para que a gente possa pensar numa sociedade que seja mais justa, porque uma sociedade melhor para a mulher é melhor para todas as pessoas”, declarou ela. 

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Luciana Santos (PCdoB) foi prefeita de Olinda e atualmente é vice-governadora do Estado de Pernambuco. O interesse dela por política surgiu do convívio com seu pai, que foi preso político, e de sua participação no movimento estudantil durante a universidade, quando decidiu se filiar ao partido. “O ex-presidente do partido sugeriu que eu fosse candidata a vereadora em Olinda. Era uma candidatura para construir o partido, a gente não imaginava que eu pudesse me eleger, mas fiquei como primeira suplente, viram que eu tinha vocação e nunca mais saí”, contou ela. 

Em sua trajetória, Luciana já ter sofrido com machismo no meio político. “Nos primeiros momentos para ser escutada, respeitada, para escutarem suas opiniões na política no início não é fácil. Foi um processo, uma trajetória longa de afirmação das opiniões, das ideias ditas. Nada explícito, mas é natural que você perceba posições sendo ignoradas”, afirmou Luciana, que avalia essa situação como não sendo exclusiva do meio político. “Eu penso que não só na política isso acontece em todas as áreas a mulher tem que se esforçar em dobro”, disse ela. 

O problema, na avaliação da vice-governadora, também está presente nas organizações internas dos partidos e, por mais que exista uma lei que busca reduzir a desigualdade de gênero na política, Luciana avalia que essa iniciativa não tem bastado. “Instâncias partidárias e as instituições são feitas de gente, por mais avançado que seja o programa de um partido, o machismo é cultural e histórico. Quando se faz marcos legais para promover a participação das mulheres, na prática, em Pernambuco só tivemos cinco mulheres deputadas federais na história. Quando se formam as chapas, isso se rebate porque o machismo contamina essas instituições. Passou a ser obrigatória a participação, o fundo eleitoral, o tempo de tv, mas há uma dificuldade para tirar do papel essa legislação. Essa política afirmativa tem sido insuficiente”, afirmou ela. 

De acordo com a cientista política Priscila Lapa, o distanciamento das mulheres do meio político se dá, em grande parte, por uma questão cultural fortemente estabelecida de um processo histórico de definição de papéis. “Política é um espaço de exercício de poder, é como se esse papel fosse naturalmente atribuído aos homens, isso não fomentou nos quadros políticos a participação das mulheres. Isso se reflete não só no número de candidaturas, mas no número de mulheres que chefiam mulheres. Tem um viés de cultura comportamental. A gente não passa a imagem de que as mulheres podem ter carreiras de chefia, de poder. Essa é uma das principais barreiras, se você não forma pessoas para uma tarefa elas não vão se ver ali”, explicou ela. 

Além disso, o modo como se formam não somente as chapas e lideranças políticas também tem interferência nesse processo. “A formação dos partidos tem clãs, famílias, isso causa esvaziamento ideológico e acaba não dando espaço às mulheres. Geralmente quando a mulher tá na política é como herança de um homem na família, mas o acesso das mulheres não é pela mesma via dos homens, de ocupar os espaços. Não é algo que é conquistado com essa mesma naturalidade”, explicou a cientista política. 

A associação da figura feminina com assuntos ligados ao cuidado e não a uma posição de liderança é outra questão que, na visão de Priscila, gera o preconceito no ambiente político, uma vez que além de ser dominada por homens, a disputa política exige da mulher características que a sociedade enxerga como tipicamente masculinas. 

“Normalmente a mulher vai cuidar da saúde, educação, assistência social. Desenvolvimento, infraestrutura, são áreas vistas como masculinas em que as mulheres não se saem bem. As mulheres tão se tornando candidatas competitivas mesmo com problemas. É como se ela tivesse que provar competência duas vezes, conseguir ser racional, falar grosso, firme. Quando se tem essa presunção de que não vai dar certo, se acha que ela vai ser engolida. Os papéis que tem que ser exercidos na política tem que corresponder aos papéis que precisam ser exercidos na sociedade”, declarou a especialista. 

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Relatos de sindicatos de professores afirmam que uma professora do Instituto Federal de Goiás (IFG) foi presa na manhã desta segunda-feira (15) dentro do campus de Águas Lindas de Goiás, no interior da cidade do centro-oeste brasileiro.

A princípio, boatos afirmavam que a “professora e coordenadora” Camila Marques foi presa por “doutrinação” e, logo depois, que ela havia sido levada à delegacia por “desacato”. Nenhuma das duas informações foi oficializada. Segundo o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasfere), Camila foi levada para prestar depoimento na Polícia Civil acompanhada de um advogado.

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Em pouco tempo, coletivos prestaram solidariedade à docente. “Cercamos de solidariedade a companheira Camila, lutadora aguerrida e sempre pronta a defender os direitos dos trabalhadores”, afirmou em publicação nas redes sociais o Sinasefe. O LeiaJa.com entrou em contato com a Polícia Civil do estado, que afirmou não ter informações sobre o assunto. A Polícia Federal e o campi Águas Lindas ainda não deram retorno sobre a prisão da docente.

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De acordo com a ONU Mulheres Brasil, os espaços de grupos de apoio e organização sindical, apesar de significarem um importante centro de luta e empoderamento feminino pela dignidade trabalhista e econômica, ainda é, por vezes, inacessível a algumas mulheres. A falta de tempo e estrutura causadas pelo machismo, além da tripla jornada de trabalho das mulheres economicamente ativas, as afastam desses espaços de militância e reivindicação de direitos sociais no trabalho. 

O LeiaJa.com buscou histórias inspiradoras de mulheres pernambucanas que conseguiram passar por todas essas barreiras sociais impostas pelo gênero e não somente participam dos sindicatos de suas categorias de trabalho, como chegaram a postos de liderança como coordenação geral e presidência, ganhando reconhecimento e respeito. 

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“Não esperavam que uma mulher fizesse tanta transformação”

Dulcilene Morais é presidenta do Marreta (Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores da Construção Civil e Pesada de Pernambuco) e afirma que o machismo está presente no movimento sindical primeiramente por estar entranhado na sociedade brasileira: “O movimento sindical como a sociedade é machista, porque o machismo é cultural na questão do patriarcado, que prega que mulher tem que ficar em casa lavando prato e limpando menino”, opina Dulcilene. 

De acordo com ela, por volta de 1988, teve início a luta pela presença feminina no sindicato, que a levou ao pioneirismo como mulher ocupando a presidência. “Quando entrei no movimento sindical, começou o movimento da CUT para colocar as mulheres nas direções dos sindicatos, mas não esperavam que uma mulher fizesse tanta transformação. Implementamos café e almoço na obra, políticas de segurança nas construtoras que tratavam os trabalhadores como algo descartável e nós forçamos a aplicar normas a partir da patrulha sindical nas obras. Também implantamos sala de aula em obras a primeira do país. Foi uma série de questões que mostramos que se o trabalhador tem direito e as oligarquias perseguem nosso sindicato, pois não aceitamos ser tratados como resto de material da obra, temos que ser tratados com respeito”, conta a sindicalista. Outra conquista do Marreta diz respeito à equiparação salarial e equidade de gênero nos quadros profissionais das empresas de construção. Segundo Dulcineide, foi preciso recorrer ao Ministério Público para garantir que as engenheiras ganhassem os mesmos salários que os engenheiros homens.

Sobre questões como dupla jornada e necessidades estruturais que permitam às mulheres uma atuação forte nos sindicatos, Dulcineide afirma que patrões e maridos são barreiras muito presentes. “Elas têm o tabu em casa que às vezes o marido não quer deixar, às vezes a empresa não quer liberar a mulher, mas a gente garantiu que elas poderão participar nas mesas de comissão em igualdade de direitos em relação aos homens. Os sindicatos têm que ter estrutura de creche, por exemplo, para a mulher ficar tranquila tendo onde deixar seu filho para poder vir para a luta com mais vontade. Elas vêm até com mais vontade que os homens na minha avaliação, tomam consciência de que têm que lutar pelos seus direitos", diz. 

O setor da construção é, geralmente, visto como um segmento de trabalho para homens. Quando perguntada sobre como é presidir um sindicato desse ramo sendo mulher, Dulcineide afirma que o machismo é forte sim, mas que não é só em sua área de atuação que ele existe: “Temos outras mulheres em sindicatos de construção civil, mas o machismo também está presente em categorias tipicamente femininas que são presididos por homens e não mulheres, isso é um reflexo da realidade social”, finaliza a presidente do Marreta.

Pauta de luta trabalhista 

A Coordenadora Geral do Sindicato Municipal dos Profissionais de Ensino da Rede Oficial do Recife (Simpere), Simone Fontana, afirma que a diretoria de seu sindicato tem maioria feminina como reflexo da categoria do ensino que é, em maioria, composta por mulheres. No entanto, ela reconhece as dificuldades que as mulheres enfrentam nos sindicatos.

“As dificuldades são muitas, pois mulheres têm trabalhos de cuidado com família, filhos, idosos”, explica Simone. Para ela, garantir que as mulheres estejam inseridas no contexto sindical deve ser uma pauta de luta trabalhista e é preciso que os próprios sindicatos tenham uma estrutura de acolhimento para possibilitar essa participação: “A atuação sindical é difícil para mulheres se a estrutura do sindicato não tem essa visão e não garante esse suporte. Nós somos importantes e não devemos ficar restritas nem na hora da luta e nem na organização familiar, pois os ataques atingem as mulheres, como reforma da previdência, restrição de pensões, aposentadoria especial e PEC dos gastos públicos", opina a integrante do Simpere. 

“Me disseram que sindicalista não tinha direito a licença maternidade” 

Suzineide Rodrigues é a presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, mas enfrentou diversas dificuldades até chegar a este posto. “Quando entrei no sindicato em 1991 senti na pele o que é ser mulher com filho pequeno num sindicato em que sua jornada não tem horário. Nenhuma outra mulher lá era mãe e quando precisei tirar licença, me disseram que sindicalista não tira licença maternidade”. Segundo ela, a situação só mudou quando outra sindicalista se tornou mãe e foi iniciado o debate para fazer valer a lei que confere às mulheres o direito de cuidar de seus filhos recém-nascidos.

Suzineide diz que foi difícil conseguir introduzir a pauta de discussão feminista dentro do sindicato e enfrentou muita resistência. "Em nossa trajetória houve muita luta para conseguir visibilidade e para ter uma mulher presidenta. Só com 79 anos de sindicato a gente conseguiu ter a primeira, teve um racha na diretoria e a presidenta venceu por dois votos de diferença apenas”. De acordo com Suzineide, o enfrentamento trouxe bons frutos para as bancárias. “Conseguimos auxílio creche em convenção coletiva, as mães bancárias recebem um valor para ajudar a pagar. No sindicato a gente flexibiliza o horário, paga hora extra de babá, bota creche quando tem curso, para ajudar pessoas que têm filhos. A gente também desbravou o debate sobre violência contra a mulher e sobre paridade”.

Até sua consolidação como presidente do Sindicato, Suzineide enfrentou resistências. “A ideia de ter mulheres vai bem na base, mas é difícil para nós subirmos aos postos de poder. Quando estamos nesse cargo, os homens não são tão diretamente machistas de dizer que não temos competência, mas se a gente não mostrar muito pulso de liderança no trabalho em equipe, dificulta", complementa. 

O PSDB define neste domingo, 31, o novo presidente do seu diretório municipal em São Paulo. A nova direção terá papel fundamental em uma das eleições mais aguardadas pela sigla em São Paulo, a disputa pela Prefeitura da capital, no ano que vem. Com o desgaste de seu maior rival, o PT, a ideia é tentar levar a legenda mais perto de suas bases, com o objetivo de tirar a pecha de que o PSDB é um partido mais voltado para as elites. Nesta linha, começou a ganhar força nos últimos dias a candidatura do deputado estadual Ramalho da Construção.

Conhecido por sua militância no meio sindical, Ramalho é presidente do núcleo sindical do PSDB nacional, e foi um dos responsáveis pela mobilização do setor, na campanha presidencial de Aécio Neves. Além de Ramalho, disputam a presidência da legenda na Capital o vereador Mario Covas Neto, o Zuzinha, filho do falecido governador Mário Covas, o deputado federal Ricardo Trípoli e Fábio Lepique, ex-assessor do governador Geraldo Alckmin.

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Fontes ligadas ao partido disseram que a candidatura de Ramalho é bem competitiva e que ele tem chances de vencer a disputa na convenção deste Domingo. Se isso se concretizar, curiosamente esta será a primeira vez que o partido terá um sindicalista na direção de um diretório. Algo comumente visto no partido adversário, o PT, que teve vários sindicalistas na base de sua formação, capitaneados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,.

Prefeitura

A ideia de oxigenar o partido com vistas às eleições municipais do ano que vem é um debate que vem tomando conta do PSDB paulistano há algum tempo. Nas últimas eleições, por exemplo, a cabeça de chapa da legenda foi disputada apenas por dois nomes: o atual governador Geraldo Alckmin e o senador eleito por São Paulo José Serra. Na avaliação dos correligionários, como a disputa do ano que vem será uma das mais acirradas da história, é preciso oferecer uma nova opção ao eleitorado.

Um dos postulantes à cabeça de chapa do PSDB na sucessão municipal do ano que vem é o vereador tucano Andrea Matarazzo, que já vem trabalhando com as bases do partido neste sentido. Outros nomes cotados são o do senador Aloysio Nunes Ferreira, de José Aníbal, primeiro suplente do senador José Serra e do deputado federal Bruno Covas. Até mesmo o nome do senador Serra aparece como um dos cotados, apesar dele declarar que não quer nem ouvir falar em disputar a prefeitura da Capital em 2016.

O Instituto Lula afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que não fará comentários sobre a reportagem publicada pela revista Veja na edição deste fim de semana. O texto aponta que o ex-gerente de comunicação da Petrobras Geovane de Morais teria adotado um esquema de desvios de recursos da estatal com anuência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para desviar recursos para campanhas eleitorais do PT na Bahia.

>>Recursos da Petrobras era desviado para PT, diz revista

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De acordo com a reportagem, Morais teria firmado contratos falsos de prestação de serviços com firmas ligadas ao Partido dos Trabalhadores. Duas dessas empresas teriam atuado na campanha de Jaques Wagner ao governo da Bahia. Wagner hoje é o ministro da Defesa. Segundo o relato da ex-gerente da Petrobras Venina Velosa da Fonseca a seu advogado, todas as despesas de comunicação da Petrobras na época precisavam ser aprovadas pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República.

Documento redigido pelo advogado da ex-gerente da Petrobras Venina Velosa da Fonseca, e obtido pela revista Veja, afirma que o sindicalista Geovane de Morais teria atuado no desvio de recursos da estatal para o PT da Bahia. Segundo a revista, Morais, que trabalhava na gerência de comunicação da Petrobras, é aliado de petistas.

Ele teria simulado a contratação de serviços de empresas ligadas a petistas que eram acertados e pagos sem nenhum contrato formal. Duas dessas empresas teriam prestado serviços à campanha do atual ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT), ao governo da Bahia.

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Para fazer os contratos sem formalização, Morais teria contado com a "proteção" do então presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, e do Palácio do Planalto, segundo a Veja. De acordo com o relato de Venina a seu advogado, todos os gastos de comunicação da Petrobras tinham que ser aprovados pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República antes de executados.

A reportagem afirma ainda que Morais teria fechado em 2008 um negócio com a empresa Muranno Brasil, que teria recebido US$ 13 milhões da estatal para divulgar a marca em provas da Fórmula Indy.

De acordo com a revista, o doleiro Alberto Youssef teria afirmado que a Muranno pagou a propina ao esquema, mas teve seus pagamentos suspensos. Por isso, o dono da empresa, Ricardo Marcelo Villani, teria ameaçado denunciar o esquema de corrupção. O caso chegou ao Planalto, e o então presidente Lula teria dado a ordem para comprar o silêncio do empresário, informa a reportagem. A missão teria sido repassada ao ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, que acionou Youssef, que foi buscar dinheiro com as empresas envolvidas no escândalo.

De acordo com a revista, Villani admitiu à Polícia Federal que tratou dos pagamentos cancelados com Paulo Roberto e que, depois desta conversa, teria recebido quase R$ 2 milhões. Villani, no entanto, negou a chantagem. "Não sei de esquema nenhum", declarou o empresário à publicação semanal. Gabrielli disse que iniciou processo contra o funcionário e demitiu Morais. O ministro da Defesa, Jaques Wagner, informou que defende a "ampla apuração dos fatos". Não consta da reportagem uma resposta do ex-presidente Lula.

O fazendeiro Décio José Barroso Nunes, conhecido por Delsão, acusado de ser mandante do assassinato do sindicalista José Dutra da Costa, o Dezinho, em novembro de 2000, no município de Rondon do Pará, será julgado pelo Tribunal de Júri, numa sessão que deve se estender por toda esta terça-feira, 29. Delsão queria ser julgado na própria cidade onde possui inúmeras fazendas, negócios e influência política, mas a pedido do Ministério Público o julgamento foi transferido para Belém.

Segundo a denúncia da promotoria, o motivo do crime foi a atuação do sindicalista em defesa de trabalhadores rurais. Dezinho era presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará e denunciava a prática de trabalho escravo em fazendas da região, além de apoiar famílias de trabalhadores sem terra e a desapropriação de latifúndios improdutivos. O MP diz que Delsão via na atuação do sindicalista um empecilho ao sucesso de seus negócios.

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O advogado Nildo León, que atua como assistente de acusação em conjunto com o promotor de justiça Fraklin Lobato, chegou a pedir o adiamento da sessão, alegando que precisava de mais tempo para estudar o processo, mas o juiz Raimundo Moisés Alves Flexa indeferiu. "Ele já atuou no júri de outros dois envolvidos no mesmo crime e já conhece o processo", justificou Flexa. O advogado criminalista Roberto Lauria, defensor do fazendeiro, afirmou que vai provar que não existem provas para condená-lo.

O pistoleiro Welligton de Jesus da Silva, preso logo após o crime, foi o primeiro julgado e condenado, em abril de 2007. A pena a ele aplicada foi de 27 anos de reclusão em regime fechado. Silva recebeu autorização da justiça para passar um feriado com a família e desapareceu do Pará. Os intermediários do assassinato, Igoismar Mariano e Rogério Dias, tiveram suas prisões decretadas "mas nunca houve interesse da polícia em prendê-los", segundo afirmam familiares da vítima.

Em outubro de 2013, o fazendeiro Lourival de Souza Costa e seu capataz, Domício Souza Neto, foram absolvidos das acusações de envolvimento no crime. O júri considerou que não haviam provas concretas de participação da dupla no homicídio. O promotor Franklin Lobato atribuiu o resultado do julgamento à "morosidade do processo e a falhas de investigação".

Faleceu esta quinta-feira (25) o ex-vereador do Recife, Gilberto Luna, 78 anos. O político estava internado no Hospital Esperança, desde o dia 4 deste mês. Segundo o boletim divulgado pela unidade de saúde, a causa da morte foi falência múltipla dos órgãos. O horário do velório, que será realizado  na Câmara Municipal do Recife, ainda não foi divulgado.

Gilberto Luna nasceu no dia 4 de fevereiro de 1935, na cidade de Belo Jardim, Agreste do Estado, exerceu seis mandatos  como vereador do Recife a partir de 1982 e teve ampla atuação sindical junto a categoria dos taxistas do Estado. Durante mais de 30 anos exerceu funções no Sindicato dos Taxistas de Pernambuco, atualmente era vice-presidente da instituição.  Ele era casado e teve cinco filhos, um dos quais é o vereador do Recife, Aerto Luna (PRP).

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O presidente da Câmara Municipal, Vicente André Gomes (PSB), se solidariza com a família, parentes e amigos. “Lamentamos o ocorrido. O Recife perde um grande homem de muita representatividade e dedicação à causa dos motoristas. Inclusive a sua partida, se dá no Dia de São Cristóvão, padroeiro destes profissionais”, ressaltou. 

O presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Altino de Melo Prazeres Júnior, disse que, se o governo do Estado quiser cobrar alguém pelos danos causados ao metrô durante o protesto pela redução da tarifa que aconteceu nesta quinta-feira, 6, que mande a conta para a Polícia Militar (PM). "O protesto naquele horário (por volta das 20h30) e naquele local (Avenida Paulista) seguia tranquilo até a chegada da polícia, que jogou bombas nos manifestantes", disse.

Prazeres Júnior foi detido para averiguação durante o protesto, após se identificar como presidente do Sindicato dos Metroviários. Ele ficou até as 3 horas desta sexta-feira na carceragem do 78.° Distrito Policial (Jardins), quando foi liberado sem nenhuma acusação. Prazeres Júnior fez duras críticas à atuação da PM na repressão do protesto, que classificou ter sido feita "com fígado" pelos policiais. "O protesto, como algo coletivo, foi pacífico. Ocorreram alguns excessos. A ação da PM, também de forma coletiva, foi truculenta. O papel da PM não é criar tumultos. É evitar que os tumultos ocorram, assim como os seguranças do metrô são treinados para fazer."

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O presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo se solidarizou com os agentes de segurança do metrô que ficaram feridos ao tentar evitar que o patrimônio público fosse depredado. Prazeres Júnior afirmou também que o sindicato colabora com o Movimento Passe Livre, mas não exerce uma liderança. Nesta quinta-feira, de acordo com o presidente do Sindicato dos Metroviários, oito representantes da entidade estavam na manifestação. Eles procuraram abrigo dentro do Shopping Pátio Paulista quando a PM avançou na Praça Oswaldo Cruz, mas ele ficou de fora.

A detenção aconteceu após Prazeres Júnior procurar o comando dos policiais para verificar se havia condições de segurança para os colegas saírem. Apesar de se mostrar indignado com a detenção, o presidente do sindicato disse que os policiais foram simpáticos com ele e não truculentos. Prazeres Júnior não analisou, por enquanto, se processará o governo de São Paulo.

Os irmãos e empresários Claudomiro César Santana e Cássio Antônio Santana, da empresa de saúde baiana Mastermed, foram presos na manhã desta quinta-feira, em condomínios de luxo de Salvador, acusados de serem os mandantes do assassinato do ex-tesoureiro do Sindicato dos Rodoviários da Bahia, Paulo Colombiano e de sua mulher, Catarina Galindo, em 29 de junho de 2010. Outras três pessoas, que trabalham na segurança de empresas da família Santana, também foram detidas.

Segundo a polícia, Colombiano foi assassinado por tentar investigar os pagamentos realizados pelo sindicato à Mastermed, que somavam R$ 106 milhões desde 2005. Um dos seguranças detidos teria confessado participação no crime, mas os autores dos tiros dados contra o casal, que chegava em casa quando foi assassinado, ainda não foram identificados.

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A polícia informa que as investigações seguem sendo feitas e que não está descartada a hipótese de participação de outras pessoas no crime, incluindo integrantes do próprio sindicato. Além das prisões, a operação, que contou com a participação de 120 policiais, cumpriu 14 mandados de busca e apreensão de computadores e documentos.

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