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No dia em que completa um mês do massacre na Escola Estadual Raul Brasil, a Prefeitura de Suzano vai realizar neste sábado, 13, um evento com apresentações ao vivo de artistas para "promover a cultura de paz". Apesar da proposta de homenagem às vítimas, os pais dos alunos consideraram a escolha desrespeitosa.

A celebração, chamada de "Suzano pela Paz", acontecerá no parque Max Feffer, local onde foi realizado o velório coletivo das vítimas. "É um absurdo. Até acredito que no coração do prefeito há uma boa intenção, mas acho que foi mal assessorado. Se fosse uma missa ecumênica, com todo mundo de branco para falar de paz eu concordaria. Mas é um show. É para comemorar o quê?", questionou Fabio Vilela, de 40 anos, pai de um aluno de seis anos.

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O evento terá shows da Família Lima, Ana Vilela e Paulo César Baruk, entre outros.

Um vídeo publicado na página da prefeitura diz que a celebração será um "grande encontro de amor com grandes artistas e personalidades" e pede aos que comparecerem para que "demonstrem que o bem é sempre maior que o mal".

No vídeo, a prefeitura ainda convida a todos para que se vistam de branco. "Nós, os pais, estamos pensando em todo mundo ir de preto para essa festa. Para deixar bem claro que ninguém está feliz", disse Vilela.

O vídeo de um minuto e toda a publicidade da prefeitura sobre o evento não fazem menção ao massacre e às vítimas. No entanto, vídeos publicados no perfil da administração municipal trazem artistas chamando o público para o evento e se solidarizando com as vítimas.

"É uma falta de respeito com os pais e com familiares de vítimas que foram mortas. É uma falta de respeito comigo. Ninguém quer lembrar da tragédia. Poderia ser uma manifestação de outra forma, não com showzinho. Fica parecendo que é uma festa", disse Lilian Lima, 39, mãe de um aluno de 13 anos.

Apesar de a administração municipal informar que não teve gastos com o evento, as famílias consideram que houve um equívoco nas prioridades da prefeitura. Enquanto os pais buscam soluções para mais segurança na porta das escolas, cogitando até mesmo pagar por vigilância particular, a decisão de buscar patrocinadores para um evento artístico não agradou.

"Por que não pegam esses patrocinadores para investir em segurança, para contratar mais gente para a Santa Casa. Muitos alunos foram atendidos em Mogi, outros no Hospital das Clínicas ou em particulares. Na Santa Casa não tem médico, a gente é atendido muito mal. Podiam usar o dinheiro para isso, não para essa palhaçada", disse Lilian.

Procurada, a Prefeitura de Suzano não se posicionou sobre o evento.

Os dois atiradores que invadiram, no mês passado, a Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, e mataram oito pessoas adquiriram as armas por meio das redes sociais. A informação foi dada nesta quinta-feira (11) pelo Ministério Público e pela Polícia Civil, responsáveis pela investigação. Três pessoas foram presas na quarta (10) e quinta pela polícia de São Paulo, acusadas de ter negociado armas e munições com os atiradores.

“Essas pessoas têm, por hábito, o comércio de instrumentos ilegais, como armas de fogo com numeração suprimida, pinadas [raspada], por meio da internet. Nesse caso, eles sabiam o que estavam fazendo e para quem estavam vendendo”, disse o delegado de Suzano, Alexandre Dias. Segundo Dias, as armas foram adquiridas por meio do Facebook e do WhatsApp.

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O delegado disse que os três presos “negociaram a venda de armas e munições aos autores do crime”. Um deles, um mecânico de 47 anos, que foi detido em Suzano com um revólver e munição, é suspeito de ter negociado armas e munições com os atiradores.

Os outros dois, um vigilante particular e um comerciante, também são suspeitos de ter vendido armas e munição e foram presos hoje, em flagrante. “Um deles foi detido em sua residência, e lá foi localizada uma arma de fogo, de calibre 38, e munições, além de quatro aparelhos celulares. Na casa do outro, também foram encontrados três aparelhos celulares, sendo um deles é produto de roubo”, afirmou o delegado.

Todos os presos são maiores de idade. “A Justiça decretou prisão temporária após o pedido feito tanto pelo Ministério Público quanto pela Polícia Civil”, disse o promotor Rafael do Val.

Além dos três homens presos, foi apreendido um menor suspeito de participação no crime. Segundo o promotor de Justiça, esse menor pode ter sido o mentor intelectual do crime. O advogado do jovem, porém, nega que este tenha ligação com o crime. Outro menor, que pode ter tido “participação de menor importância, ao instigar o menor que está apreendido”, está sendo investigado. Ambos os casos estão sendo acompanhados pela Vara da Infância e Juventude.

Apologia

Segundo o promotor, as investigações buscam ainda pessoas que fizeram apologia ao crime nas redes sociais. “A investigação não vai parar por aí. Já estamos investigando aqueles que têm feito apologia desse tipo de fato, como aqueles que escrevem em redes sociais valorizando o que aconteceu. Já temos alguns identificados”, disse Rafael do Val.

“Vamos fazer tudo para encontrar todas as pessoas que, direta ou indiretamente, participaram desses fatos lamentáveis”, disse o delegado Seccional de Mogi das Cruzes, Jair Barbosa Ortiz. De acordo com o delegado, o objetivo é encontrar e punir as pessoas que fizeram apologia ao crime por meio das redes sociais ou por meio de um computador.

“Tanto a Polícia de São Paulo quanto o Ministério Público farão de tudo para localizar essas pessoas que estejam agindo de forma a aplaudir ou fazendo apologia do bárbaro crime ocorrido em Suzano”, acrescentou. “Todos serão investigados, inclusive aqueles que, embora não tenham participado diretamente do crime, aqui em Suzano, apoiaram de alguma forma, com aplausos, por exemplo, ou que fizeram qualquer apologia ao ocorrido”, ressaltou. “Ninguém está livre de ser investigado.”

Avaliação psicológica

Uma equipe multidisciplinar do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (Imesc), que é vinculado à Secretaria de Justiça e Cidadania de São Paulo, foi a Suzano nesta quinta-feira para fazer uma avaliação física e psicológica de 11 alunos feridos durante o ataque à Escola Raul Brasil. A perícia médico-legal e psiquiátrica dos estudantes será feita por meio de convênio celebrado com a Defensoria Pública do Estado, que prevê atendimento extrajudicial aos cidadãos.

A equipe do Imesc é composta por 11 profissionais – nove médicos, um psicólogo e um assistente social. Um psicólogo do Centro de Referência e Apoio à Vítima, da Secretaria da Justiça, também estará presente. Os peritos produzirão laudos sobre a avaliação integral do dano pessoal sofrido pelas vítimas.

O ataque

O ataque à escola, ocorrido na manhã do dia 13 de março deste ano, foi feito por dois ex-alunos da escola – um adolescente de 17 anos e um rapaz de 25 anos – encapuzados e armados. Antes de invadir a escola, eles mataram um comerciante, que era tio de um dos atiradores. Na escola, morreram cinco alunos e duas professoras, além dos atiradores. O ataque deixou 11 feridos.

Um adolescente de 17 anos acusado de participar do planejamento do ataque contra a Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, tem nesta quinta-feira (4) mais uma audiência no fórum do município, na Grande São Paulo. Na semana passada, ele acompanhou a primeira audiência de instrução do processo, quando foram ouvidas testemunhas de acusação e de defesa. O caso segue em segredo de Justiça.

O jovem é acusado pelo Ministério Público e pela Polícia Civil de ser um dos mentores do ataque. Ele foi apreendido no último dia 19 e está em uma unidade da Fundação Casa. Ele pode permanecer internado por até 45 dias, e, após esse prazo, a Justiça deverá se pronunciar a respeito de uma sentença definitiva, que pode durar no máximo três anos.

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O advogado Marcelo Feller, defensor do adolescente apreendido na semana passada, nega que o jovem tenha qualquer ligação com o crime. Ele diz que o rapaz realmente fantasiou atacar a escola com um dos autores do massacre, também de 17 anos, em 2015, quando ambos tinham entre 13 e 14 anos.

Porém, ainda segundo o advogado, os dois brigaram em outubro daquele ano, voltando a se falar somente em outubro de 2018. De acordo com o defensor, o adolescente apreendido não acreditava que o amigo pudesse realmente fazer o atentado.

O ataque

O atentado contra a escola, na manhã do dia 13 de março deste ano, foi provocado por dois ex-alunos - um de 17 anos e um de 25 - encapuzados e armados. Dez pessoas morreram: duas funcionárias da escola, cinco alunos, um comerciante que era tio de um dos atiradores e os dois atiradores. O atentado deixou ainda 11 feridos.

O único estudante que ainda estava internado após o crime recebeu alta médica na última terça-feira (2). O estudante, de 15 anos, estava na enfermaria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista.

Sem sentir segurança em deixar sua filha de 17 anos sozinha na Escola Raul Brasil, Débora de Andrade, de 35 anos, ficou na frente do portão durante todo o período de aula da menina na segunda-feira (1º). Há 21 dias, o massacre de Suzano deixou 10 mortos e os pais ainda fazem vigília e vão buscar as crianças mais cedo. Além disso, criticam a falta de psicólogos, policiais e professores. "Todo mundo ainda está em choque. Os alunos estão devastados e os professores, também. Muitos faltaram e os estudantes ficaram com aula vaga, sem supervisão", conta ela.

A estudante Thais de Oliveira Laurindo, de 17 anos, afirma que das seis aulas de segunda-feira, véspera de um feriado municipal, teve apenas duas, por falta de docentes. Os alunos foram liberados para ficar no pátio ou na quadra. "Mas eu ainda estou muito assustada com tudo o que houve. Olho para o pátio e lembro da tragédia, não queria nem sair da sala."

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A contadora Juliana Ribeiro, de 35 anos, mãe de duas alunas do 1.º e do 3.º ano, diz que a ausência dos professores deveria ser um alerta para a necessidade de mais cuidado com a saúde psicológica de todos os que viveram a tragédia. "Os funcionários estão sofrendo com o que aconteceu e não conseguem sozinhos dar suporte aos alunos. Por isso, seria importante a presença de profissionais de fora, que não vivenciaram o massacre, para ajudar nessa recuperação", diz.

Coordenadora da equipe de apoio psicológico à escola Raul Brasil, Marilene Proença, diretora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), afirma que a presença dos profissionais da área foi pensada para um auxílio de emergência, mas as equipes continuam atendendo no Centro de Atenção Psicossocial (Caps). "Continuamos trabalhando como equipe de apoio. Quem organiza todas as ações é a Secretaria Estadual de Educação."

Um grupo de pais se organiza pelas redes sociais para solicitar uma reunião com a diretoria. Em uma carta, eles reclamam de não ter acesso à informação sobre o que está sendo feito para melhorar a segurança e para dar suporte psicológico imediato aos alunos e funcionários. "Há crianças que estão comendo no banheiro na hora do recreio, com medo de ficar no pátio. Outras ficam planejando fuga", diz o texto.

Reforço

Procurada, a Secretaria Estadual de Educação informou que "funcionários das Diretorias de Ensino foram mobilizados para reforçar a equipe da escola, considerando a falta de professores que ainda não haviam retornado às atividades". "Essa é uma estratégia que seguirá acontecendo para evitar que estudantes fiquem com aulas vagas", ressaltou.

Na mesma nota oficial, afirmou que "técnicos do Centro de Referência e Apoio à Vítima, da Secretaria Estadual de Justiça, continuam na escola para atendimentos individuais e coletivos". Também há reuniões com grupos voluntários que devem atuar "em ações de apoio psicológico e formativo" até o mês de agosto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quatro policiais militares que se destacaram no atendimento às vítimas do ataque ocorrido na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, no último dia 13, foram homenageados na tarde desta quinta-feira (28).

A solenidade ocorreu no Palácio dos Bandeirantes, na zona oeste da capital, e contou com a presença do governador João Doria (PSDB) e do prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi (PR), que entregaram medalhas MMDC – Caetano de Campos aos PMs.

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"Todos nós sabemos que essa homenagem não traz as vidas perdidas de volta, mas reconhece o apoio daqueles que evitaram que a tragédia fosse maior, como os policiais militares que, em oito minutos, já estavam no local para prestar atendimento", destacou Doria, depois de entregar todas as medalhas e também fazer um minuto de silêncio às vítimas.

A Ordem do Mérito MMDC foi estabelecida em 2016 com o objetivo de homenagear pessoas que prestaram relevantes serviços à Educação e História ou que por algum motivo tenham contribuído para melhorias no processo educacional. O nome da medalha lembra os heróis da Revolução Constitucionalista de 1932, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (MMDC).

Policiais homenageados

O soldado Eduardo Andrade Santos, 34 anos, foi o primeiro a ser agraciado. De licença-médica desde janeiro, o profissional é vizinho da escola Raul Brasil e ao ouvir os tiros pegou sua arma e identificação, correu para a unidade e chegou a ficar frente a frente com um dos atiradores até a chegada da Foça Tática.

O segundo homenageado foi o sargento Anderson Luiz de Camargo, 44 anos, e o terceiro, o cabo Vantuir Rodrigues Diniz, 37 anos. Já a quarta condecoração foi entregue à cabo Ariana Aparecida da Silva Torres, 33 anos.

Ao longo da carreira, os quatro policiais já haviam sido homenageados por suas respectivas atuações na corporação.

Cada atirador deveria matar um desafeto antes de dar início ao massacre na Escola Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo. Para Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, o alvo seria um vizinho. Já o de G.T.M., de 17 anos: o próprio tio. A série de ataques fazia parte do plano traçado para o último dia 13, quando a dupla promoveu a chacina dentro do colégio.

Segundo as investigações, um eletricista de 25 anos estaria marcado para morrer após brigar com Luiz Henrique no início deste ano. Na manhã do crime, o atirador chegou a ir atrás dele, mas o possível ataque acabou não acontecendo.

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Como eram vizinhos, os dois se conheciam desde a infância. "Luiz Henrique vinha agredindo o próprio pai, pois ele o aconselhava a não fazer 'coisas erradas', tais como gastar dinheiro à toa", relata o homem em depoimento à Polícia Civil, obtido pela reportagem. "O depoente precisou intervir para separar a briga entre Luiz e seu pai, quando precisou agredir Luiz."

Depois disso, o atirador tinha "raiva" do vizinho, segundo o documento. Menos de uma semana antes do massacre, eles se cruzaram, por acaso, em um shopping - G.T.M. também estava no local. "Ambos não falaram com o depoente, apenas balançaram a cabeça quando o viram, em sinal negativo."

Às 8h10 do dia 13, cerca de 1h30 antes da tragédia na Raul Brasil, Luiz foi até a casa do eletricista e encontrou o portão trancado. O atirador começou a chamá-lo insistentemente. Ele, no entanto, não atendeu à porta e continuou dormindo. Luiz decidiu ir embora.

Familiares do homem relatam que, quando ele soube que o massacre foi promovido por Luiz, ficou "apavorado". Presumindo que também seria um alvo, fez um boletim de ocorrência e deixou a casa onde mora. "Resolveu comparecer nesta delegacia pois tem medo de que haja mais pessoas engajadas (no massacre)", diz o registro.

O depoimento fundamenta a tese da polícia de que os assassinos planejaram cometer dois homicídios antes de chegar à escola, armados com um revólver 38, uma machadinha e uma besta. O segundo ataque, de fato, aconteceu: Jorge Antônio de Moraes, de 51 anos, recebeu três tiros pelas costas, em uma revendedora de carros, a 750 metros de distância do colégio. Segundo testemunhas, o sobrinho dele, G.T.M., foi o responsável pelos disparos, mas Luiz estava do seu lado na execução.

Moraes era o proprietário da agência e empregou o adolescente. Ele também dava conselhos para o sobrinho, segundo pessoas próximas. À polícia, um familiar declarou que G.T.M. foi demitido após "fazer coisas erradas" na revendedora e "ficou revoltado". Depois, chegou a jurar o tio de morte.

Massacre

Para agentes que atuam no caso, o assassinato de Moraes pode ter evitado que o número de vítimas fosse maior - os primeiros PMs a chegarem à Raul Brasil, na verdade, haviam sido acionados para o caso na agência de carros. Ao todo, sete pessoas morreram no colégio, além dos dois atiradores.

Segundo a investigação, o ataque foi inspirado no massacre de Columbine, nos EUA, que terminou com 15 mortos em 1999 - a meta dos atiradores seria superar esse número. Jogos de videogame e fóruns de ódio na dark web, a parte mais escondida da internet, também teriam influenciado. Um jovem de 17 anos está internado desde a semana passada na Fundação Casa, sob acusação de ajudar no planejamento do atentado. A defesa nega sua participação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No próximo domingo (31), das 8h às 12h, o Conexão Vestibulares irá realizar, no bairro do Derby, área central do Recife, o aulão beneficente "Suzano: caso isolado?". O objetivo do encontro é promover uma reflexão sobre a importância da orientação acerca da pluralidade da formação humana. 

Para participar do evento, é preciso levar um quilo de alimento não-perecível e R$ 15, referente à taxa de material. "Quando pensamos no massacre de Suzano, não pensamos em uma ação aleatória, mas com todo um contexto social e cultural. Então o aulão se encaixa dentro do Enem [Exame Nacional do Ensino Médio], porque mostra a importânica de movimentos como o feminismo, movimento negro, e afirma a identidade plural humana", ressalta.

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Durante o encontro, assuntos como bulliyng e manifestações sociais serão contemplados na orientação. Mais informações sobre o aulão podem ser obtidas pelo telefone (81) 3034-2098.

Serviço

Aulão "Suzano: caso isolado?"

31 de março

8h às 12h

1kg de alimento não-perecível + R$ 15

Conexão Vestibulares (Rua Feliciano Gomes, 292, Derby - Recife)

(81) 3034-2098

A partir das 7h desta terça-feira (26), a Escola Estadual Raul Brasil estará aberta para os estudantes em horário regular, até as 18h, com atividades pedagógicas de acolhimento. Eles serão recebidos com apresentação da Orquestra Locomotiva, dinâmicas, leitura de cartas de apoio, exibição e debate de filmes. De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, ainda não há data para o retorno das aulas. A medida será definida pela direção da escola a partir do trabalho com os alunos e professores nesta semana.

As aulas foram suspensas no dia 13 deste mês, quando dois ex-alunos, de 17 e 25 anos, entraram na escola, encapuzados e armados, e promoveram um ataque que resultou, ao todo, na morte de dez pessoas – cinco estudantes e duas professoras. Os atiradores, que antes de invadir a escola mataram um empresário, também morreram na ação.

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As atividades de retorno estavam sendo planejadas por cerca de 50 professores e funcionários da escola desde a semana passada e foram finalizadas nessa segunda-feira (25). Eles contaram com o apoio da secretaria de Educação e da equipe do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral (Gepem), que reúne pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Representantes de sala e do grêmio estudantil da escola – totalizando 19 alunos – participaram de um encontro nessa segunda para alinhar com a Diretoria de Ensino de Suzano e a Escola de Formação de Professores da Secretaria Estadual de Educação as próximas ações na escola.

Alunos e professores de outras escolas da cidade também estiveram na Raul Brasil pra prestar solidariedade. A Escola Estadual Inah Jacy de Castro Aguiar, por exemplo, enviou cartas de estudantes com mensagens de apoio. Já os alunos e professores do Colégio Nossa Senhora do Sagrado Coração entregaram flores e cartazes para os professores atingidos pelo atentado.

Acompanhamento

Terão continuidade nos próximos dias, os atendimentos individuais e coletivos feitos por técnicos do Centro de Referência e Apoio à Vítima (Cravi), da Secretaria Estadual de Justiça. Os acolhimentos de saúde mental serão oferecidos em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e em quatro Centros de Apoio Psicossocial da prefeitura de Suzano. A secretaria de Educação informou que está em tramitação um convênio entre o governo estadual e a prefeitura para reforçar esse atendimento.

De acordo com a secretaria, diversas instituições se colocaram à disposição para contribuir tanto no âmbito pedagógico quanto no suporte psicológico de alunos e funcionários. Além da prefeitura, do Caps, do Cravi, da Unicamp e da Unesp, estavam a Universidade Braz Cubas, a Universidade Cruzeiro do Sul; o Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, a Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Suzano; a Neuroconecte; o Conselho Regional de Psicologia; a Defensoria Pública; e a Universidade Federal Mato Grosso do Sul (UFSM).

As aulas na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, no interior paulista, serão retomadas na próxima terça-feira (26). Na segunda-feira (25), a escola receberá novamente apenas os professores, que vão planejar as atividades e definir o material que será usado na continuidade do ano letivo.

As aulas foram suspensas no dia 13 deste mês, quando dois ex-alunos, de 17 e 25 anos, entraram na escola, encapuzados e armados, e promoveram um ataque que resultou na morte de sete pessoas – cinco estudantes e duas professoras. Os atiradores, que antes de invadir a escola mataram um empresário, também morreram na ação.

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Nesta sexta-feira (22), professores, gestores e a equipe pedagógica da Secretaria Estadual de Educação, além de instituições parceiras, reuniram-se para elaborar as diretrizes pedagógicas da retomada das atividades regulares na escola.

De acordo com a secretaria, diversas instituições se colocaram à disposição para dar continuidade aos trabalhos na escola, tanto no âmbito pedagógico quanto no suporte psicológico de alunos e funcionários.

Entre os parceiros estão o Centro de Apoio Psicossocial (Caps); o Centro de Referência e Apoio à Vítima (Cravi); a Universidade Braz Cubas;  a Universidade Cruzeiro do Sul; o Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, a Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Suzano; a Neuroconecte; o, Conselho Regional de Psicologia; a Defensoria Pública; a Secretaria Municipal de Educação de Suzano; a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Universidade Federal Mato Grosso do Sul (UFSM).

Dois alunos feridos no atentado ocorrido na Escola Estadual Professor Raul Brasil, no município de Suzano, no último dia 13, continuam internados na enfermaria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-USP), ambos com estado de saúde estável.

No último dia 13, dois ex-alunos da escola, de 17 e 25 anos, entraram no colégio armados, fizeram um ataque que resultou na morte de oito pessoas, sendo cinco estudantes, duas funcionárias e um empresário. Além dessas, os atiradores também morreram na ação.

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A escola foi reaberta aos alunos, mas as aulas não foram retomadas. Na manhã de dessa quarta-feira foi celebrado um culto ecumênico no pátio do colégio em homenagem às vítimas do atentado.

 

O engenheiro Vinicius Umezu foi à Escola Estadual Professor Raul Brasil na manhã de terça-feira (19) para dar apoio aos estudantes que participaram do primeiro dia de atividades abertas de acolhimento na instituição - alvo de ataques de dois atiradores na semana passada. Ele é um dos filhos da coordenadora escolar Marilena Umezu, de 59 anos, uma das oito vítimas fatais do massacre ocorrido em Suzano, cidade da Grande São Paulo.

"A nossa intenção foi dar um apoio, porque nós sentimos muito dó das crianças que estavam lá. Inclusive no velório da minha mãe, eu conversei com várias crianças tentando dar o maior apoio possível para que elas não desistam. Então eu acho que mostrando a nossa imagem, mostrando que nós, que perdemos a nossa mãe, estamos lá junto com eles, poderia dar uma força maior. A nossa maior esperança - e com certeza era da minha mãe também - é que as crianças continuem no caminho do bem.", disse.

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Umezu e demais familiares devem participar da missa de sétimo dia da coordenadora na noite desta quarta-feira (20). "O feedback está sendo totalmente positivo. Cada pessoa que a gente ganha um abraço faz um elogio diferente, conta de como era a minha mãe. Até o momento, a quantidade de manifestações de apoio, de toda parte, sempre elogiando, falando que a minha mãe era uma pessoa diferente. Então a minha família fica muito com esse tipo de apoio. É um momento difícil, nós sabemos que é. Foi uma tragédia, foi, mas a família - acho que até pela preparação que a minha mãe deu para nós - é forte para seguir lutando, não desistir. Porque eu acho que ela não ficaria feliz se, nesse momento, nós desistíssimos de tudo."

O engenheiro conta que a Raul Brasil foi a primeira escola em que Marilena trabalhou após ter se formado em Filosofia há menos de 10 anos. "Ela tinha só até a quinta série. Em 2005, ela resolveu fazer supletivo. Aí ela fez o ensino fundamental, o ensino médio e entrou na faculdade em 2007 e se formou no final de 2009, aí que começou a trabalhar, com quase 50 anos. Foi um evento para nós", conta.

"O sonho dela era estudar. Eu acho que essa situação de virar professora e chegar na coordenação - e agora ela estava fazendo outra faculdade, de Pedagogia - foi uma consequência. Mas o sonho dela era de terminar os estudos. Só que para isso, antes de pensar nela, ela pensou nos três filhos. E ela conseguiu, ela venceu."

Sobre o rapaz que teria participado do planejamento dos ataques, Umezu diz que espera que ele responda criminalmente. "Não deve ser tratado como criança. Acho que, com essa idade, já sabe muito bem o que está fazendo", disse. "Em nenhum momento até agora a gente teve raiva das pessoas que fizeram, raiva das famílias dessas pessoas. Mas o que eu particularmente penso é que criança ele não é. Então, a acho que deveriam olhar de uma maneira diferente."

O tiroteio na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano (SP), que chocou o país e ainda desperta perguntas sem respostas, completa nesta quarta-feira (20) uma semana. Em homenagem aos dez mortos e 11 feridos, haverá às 10h culto ecumênico no pátio do colégio. Lentamente, há um esforço para retornar à normalidade, as salas de aula estão abertas para os alunos que desejarem participar das sessões de acolhimento.

Estudantes e profissionais de outras escolas estaduais preparam cartazes com desenhos e cartas com mensagens e paz, amor, esperança, união, como forma de acolhimento aos que voltarão a frequentar a Raul Brasil.

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No último dia 13, durante o intervalo das aulas, por volta das 9h30 a tragédia começou. Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, entrou no colégio e deu início aos disparos. Em seguida, Luiz Henrique Castro, de 25 anos, entrou na escola e atacou os estudantes e funcionários com uma "besta" (arma do tipo medieval que parece arco e flecha) e uma machadinha.

A polícia calcula que o ataque durou alguns minutos e só parou porque os policiais entraram na escola e cercaram os atiradores. Pelas investigações, Guilherme atirou contra Luiz Henrique, matando-o, e depois suicidou-se. A cena que ficou é de tragédia: pelo chão as vítimas, sangue e objetos deixados no caminho.

Vítimas

Os dez mortos – uma coordenadora pedagógica, uma funcionária, seis estudantes e os dois atiradores – foram velados coletivamente. Os feridos foram levados para diferentes hospitais. Até ontem (19), havia ainda pacientes internados em São Paulo para onde foram levados os que precisavam de cuidados especiais.

Sobreviventes relataram ter vivido momentos de terror enquanto os atiradores estavam no colégio. Ainda sob trauma, muitos afirmam não conseguir esquecer o que passaram. Para apoiar os estudantes, professores e funcionários, foi organizado um esquema de atendimento psicossocial especializado com equipes do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) da prefeitura de Suzano, psicólogos e assistentes sociais.

A direção da Escola Estadual Professor Raul Brasil avalia em conjunto com a Secretaria de Educação de São Paulo sobre o melhor momento de retomar as aulas regulares. Paredes, portas e alguns detalhes da fachada do colégio estão sendo modificados. Muitas portas foram destruídas pelos tiros e golpes de machado.

Um terceiro suspeito foi apreendido ontem. A polícia investiga o envolvimento dele no planejamento do crime.

Indenizações

Um comitê executivo, criado pelo governo de São Paulo, vai coordenar o pagamento de indenizações para as famílias das vítimas. Na semana passada, o governador do estado, João Doria, disse que o valor da indenização será definido pela Procuradoria-Geral de São Paulo e deve ser de aproximadamente R$ 100 mil para cada família.

Segundo Doria, a indenização deve ser paga em até 30 dias. De acordo com ele, até 15 de abril, as famílias dos estudantes e das duas funcionárias da escola vão receber as indenizações.

Após o massacre que deixou 10 mortos na escola estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, na última quarta-feira (13), o uso de jogos violentos por crianças e adolescentes despertou a atenção dos pais pela possível influência negativa.

Os atiradores Guilherme Monteiro, 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, 25 anos, eram ex-alunos da escola e entraram na unidade armados com revólver, armas medievais e machados. Monteiro estava fantasiado de um personagem do jogo "Free Fire", e dentro do veículo usado pela dupla para chegar até a escola foram encontrados um caderno com anotações de táticas de combate em jogos, além de desenhos de armas e máscaras.

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De acordo com a psicóloga especialista em psicologia escolar e professora da Univeritas/UNG, Maria Lucia Marques, os pais devem acompanhar de perto não somente os jogos virtuais, mas tudo o que os filhos fazem na internet, visto que a relação de crianças e adolescentes com o universo online pode resultar em mudanças de comportamento.

"Hoje em dia, é muito comum observar os jovens entretidos com seus celulares, tabletes e computadores, que são ferramentas tecnológicas que emitem mensagens subjetivas na construção do universo psicológico, de modo que transcende os espaços virtuais para a percepção do que é real e do que deve ser mantido apenas na esfera da imaginação", afirma.

Maria Lucia explica que ao notar diferenças no comportamento dos filhos, os pais devem ser os primeiros a ajudá-los a se conscientizar sobre o uso dos games. Segundo a especialista, se os pais tiverem dificuldades nesse assunto é importante buscar ajuda profissional de psicólogos ou orientadores pedagógicos das escolas e não apenas se limitar a restringir o acesso à internet. "Essa é mais uma ação coercitiva de controle do que a real conscientização do próprio usuário. Dependendo da idade, essa é uma conduta que pode trazer alguns resultados, mas para adolescentes não representa uma alternativa com grande probabilidade de sucesso, pois existem meios de 'burlar' esses controles", orienta.

Para a psicóloga, outro ponto importante quando se trata da discussão sobre a política de jogos virtuais é o fato de as novas gerações terem cada mais dificuldade para distinguir realidade e ficção.

"As crianças e adolescentes se interessam por jogos perigosos exatamente pela dificuldade de compreender o que é o mundo real e o que é o universo tecnológico. Essa distinção é fundamental na concepção e preparação do jovem para a vida adulta", pondera a especialista, que acrescenta que os jovens sempre foram vulneráveis às influências de seus colegas.

"Existem muitas variáveis que devem ser consideradas antes de falar que eles estão tomando decisões negativas. Acredito que são decisões imaturas e típicas de quem ainda não consegue diferenciar aquilo que chamamos, anteriormente, de mundo real e mundo virtual, pois ainda estão em processo de formação de identidade", conclui.

A Escola Estadual Raul Brasil é reaberta pela primeira vez aos estudantes na manhã desta terça-feira (19) após o ataque que deixou 10 mortos e 11 feridos na Quarta-feira passada, dia 13.

Para recepcioná-los, a escola preparou um café da manhã com atividades de acolhimento e atendimentos especializados. A partir das 10h e até as 16h, serão oferecidas atividades esportivas, artísticas e rodas de conversas. A definição sobre a data de retomada das aulas será feita pela direção da escola nesta semana.

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Nesta terça-feira, continua o atendimento psicossocial especializado para funcionários, alunos e familiares. Equipes do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da prefeitura de Suzano, psicólogos da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) e da USP, entre outras instituições, estão prestando atendimento no local.

De acordo com o governo do Estado, a escola continua passando por melhorias por meio de pintura e reparos feitos pela Seduc para revitalizar o ambiente físico, com o apoio da comunidade escolar.

Nesta segunda-feira (18) alguns estudantes passaram pela escola para buscar seus pertences. Também foram à instituição de ensino 227 famílias, 30 professores e dez funcionários que participaram das atividades de acolhimento. Equipes multidisciplinares prestaram apoio psicológico.

Mais uma vítima do massacre recebeu alta. O estudante Leonardo Martinez Santos, de 16 anos, teve alta médica na noite desta segunda-feira. O jovem, que foi ferido no ataque, estava internado no HC Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes, cidade vizinha.

Três vítimas ainda permanecem internadas nos hospitais da Secretaria de Estado da Saúde - O Hospital das Clínicas, da capital e o Luzia de Pinho Melo.

A Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) recebeu um telefonema na segunda-feira (18) de um homem relatando que haveria um ataque, nesta terça-feira (19), na Rua do Lazer, que fica localizada entre dois blocos da Unicap, semelhante ao ocorrido em escola de Suzano, em São Paulo. A notícia se espalhou entre estudantes, que relatam estarem assustados. Há informação de ausência de chamada devido à baixa quantidade de alunos; e viaturas da Polícia Militar (PM) circulam nos arredores da universidade.

Através de nota, a Unicap informou ter acionado, preventivamente, autoridades competentes do Estado e reforçou sua segurança interna. “Após o ataque à escola em Suzano, algumas instituições de ensino do país estão recebendo ligações com supostas ameaças”, salientou a instituição por meio de nota.

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Uma quantidade incomum de viaturas da PM circula no entorno da Unicap, segundo estudantes. A assessoria da PM informou, entretanto, que a segurança nos arredores é a ordinária. A Polícia Civil disse não ter registro do caso.

Devido à apreensão causada nos estudantes, um professor concordou em adiar uma aula. “Foi cancelada. Os alunos ficaram com medo de ir dizendo que até a universidade se posicionar os próprios pais não estavam deixando ir. Aí o professor falou que entendia o lado da turma e que se a maioria não fosse ele remarcaria os trabalhos do dia”, comentou uma estudante do 1º período do curso de Direito. De acordo com a Unicap, não houve, de fato, cancelamento de aulas e os professores estão presentes.

Segundo as mensagens que circulam nas redes sociais, a pessoa que fez um telefonema se identificou como estudante do curso de arquitetura. Nas redes sociais, o assunto também tem repercutido. “É muito difícil um negócio desse ser verdade, mas como um ser humano brinca com uma coisa dessa?”, questiona um usuário do Twitter. “Espero que seja um boato e nada aconteça, mas é assustador”, escreve uma internauta. “Estou tentando condicionar minha mente desde já para não ter uma crise no meio da Unicap achando que alguma coisa vai acontecer”, publicou outra.

Suzano

Dois assassinos, de 25 e 17 anos, mataram sete pessoas na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano-SP, na quarta-feira (13). Um deles matou o próprio tio em uma loja de automóveis antes de seguir para a escola. Segundo a Polícia Civil, um dos atiradores matou o comparsa e se matou em seguida. Um menor de 17 anos suspeito de ajudar no planejamento foi apreendido na manhã desta terça-feira (19).

A polícia apreendeu um menor suspeito de ter participado da organização do atentado que levou ao massacre de seis estudantes e dois funcionários da Escola Estadual Raul Brasil, na última quarta-feira (13), na cidade de Suzano, em São Paulo.

Os dois autores do crime também morreram. Como se trata de um menor de idade, portanto inimputável, ele ficará à disposição da Justiça.

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O pedido de apreensão foi formulado pela polícia. Num primeiro momento, o Ministério Público foi contra, mas a polícia insistiu e agora obteve com a Justiça a tutela do Estado.

A Arquidiocese de São Paulo celebrou, no fim da tarde dessa segunda-feira (18), na Catedral da Sé, no centro da cidade, missa em memória dos mortos no ataque à Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano (SP), quarta-feira passada (13). A cerimônia, celebrada pelo arcebispo metropolitano de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, foi proposta pela Pastoral do Menor, por entidades de direitos humanos e pela própria arquidiocese. 

No sermão, dom Odilo fez uma reflexão sobre as razões que podem ter levado dois jovens a cometer o massacre, e destacou a presença do “vírus” da violência e do ódio no convívio social. “A sociedade está doente. Está doente de violência; o vírus da violência tomou conta. Está doente de ódio. O bacilo da violência pega. O ódio é contagiante. A sociedade está doente de desprezo pela dignidade do próximo e de si mesmo. Perdeu o rumo, os valores a partir dos quais é possível edificar a convivência, a paz, o respeito, e a dignidade”, disse o arcebispo.

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“O que está acontecendo de errado na sociedade para que o mundo fique doente de ódio, de violência, de injustiça, e desprezo pela vida? Caberia, sim, um bom exame de consciência, em vez de simplesmente procurar culpados. E, achado um culpado, nós nos considerarmos, portanto, todos justificados. Ele que pague, nós estamos todos isentos. Há muita coisa de errado no convívio social”, questionou dom Odilo.

Ele mencionou ainda as referências que estão sendo oferecidas aos jovens e indagou quais valores estão sendo transmitidos para eles "se alimentarem". "Do que se alimentavam esses dois jovens? Quem lhes dava alimento? É isso que é preciso procurar. Nossas crianças estão se alimentando bem para se afastar do bacilo do ódio, da vingança e da destruição?".

Presente à cerimônia, o especialista em direitos da criança e do adolescente, Ariel de Castro Alves, defendeu a busca pelo diálogo como forma de combater a violência. “A melhor prevenção é pelo diálogo e pela relação de confiança entre estudantes e educadores, para que os jovens alertem sobre as situações de violência atuais e futuras. Dessa forma, os pais, a polícia, os conselhos tutelares, as promotorias e varas da Infância e Juventude devem ser acionados”, disse Ariel, que é membro do Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana (Condepe) .

Nesta terça-feira (19), em Suzano, será celebrada a missa de sétimo dia dos mortos no ataque à escola.

Na manhã de quarta-feira passada, depois de matar um empresário, dois jovens invadiram a escola e atiraram a esmo em estudantes e profissionais que estavam no local. Cinco alunos e duas professoras foram mortos. Com a chegada de policiais, um dos atiradores atirou no companheiro e se matou em seguida. Onze pessoas ficaram feridas no tiroteio.

Uma troca de mensagens via Whatsapp, na qual quatro estudantes tramavam cometer atentados no Centro Educacional Gisno, escola pública no Plano Piloto, em Brasília, resultou no cancelamento das aulas matinais, prejudicando a rotina dos estudantes que cursam o ensino médio no colégio. A Polícia Civil informou que o caso será submetido à apreciação judicial e os menores poderão responder por ameaça e incitação ao crime.

As mensagens foram trocadas entre a noite desse domingo (17) e a madrugada desta segunda-feira (18). Nelas, os estudantes – três deles de 17 anos e um com 18 – combinam “fazer uma competiçãozinha de quem mata mais” na escola. Um deles diz aceitar “fazer parte da linha de frente no massacre”, e outro detalha como o atentado deveria ser executado.

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“Pelas janelas de trás (áreas de escoteiros), lançar bombas de gás lacrimogênio nas três primeiras salas, e efetuar disparos com revólver nas últimas a fim de colocar todos para correr. Depois dar a volta… eliminando todos que for possível, que estarão trancados por conta do portão”, recomenda uma das sete mensagens às quais a Agência Brasil teve acesso.

Em outra mensagem, um estudante disse já ter posicionado armas, bombas e munição em pontos estratégicos da escola.

Algumas das mensagens foram vazadas para um grupo maior de alunos e, em seguida, para a inteligência da Polícia Civil que, de imediato e com a ajuda de funcionários da escola, localizou um dos três menores, que depôs no início da madrugada de hoje.

Segundo o delegado chefe da Delegacia da Criança e do Adolecente (DCA-1), Vicente Paranahiba, foi feita uma vistoria na casa do estudante e nada foi encontrado. Ao acessarem o celular do menor, os policiais localizaram a conversa trocada com os outros três colegas, na qual o atentado estaria sendo tramado.

“Ele veio à delegacia acompanhado da irmã, que se apresentou como responsável. No depoimento, ele disse que a história não passou de uma brincadeira, e que não teria ‘coragem de fazer o que estava sendo tramado’. No entanto [durante a oitiva], ele teceu elogios ao atentado ocorrido em Suzano. Ao que parece, esses garotos foram negativamente influenciados pelo ocorrido em Suzano”, disse o delegado, referindo-se ao caso que resultou recentemente na morte de dez pessoas.

Problemas psiquiátricos

De acordo com a irmã, que acompanhou o estudante na condição de responsável por ele durante o depoimento feito nesta madrugada, o garoto apresenta problemas psiquiátricos, já tendo inclusive agredido a mãe, além de ter tentado suicídio. Ainda segundo a irmã, o garoto foi vítima de bullying, pratica que pode ter contribuído para aumentar sua agressividade.

Um outro estudante, ouvido já durante a manhã de hoje, também apresenta problemas comportamentais e familiares. “Um deles inclusive fez autoflagelação na mão, onde foi desenhada uma suástica”, acrescentou o delegado.

Estudantes

A Agência Brasil conversou com alguns estudantes do Gisno. Um deles, colega de sala do menor ouvido pela polícia nesta madrugada, confirma ter visto a autoflagelação, na qual foi feito um corte na forma de suástica na própria mão.

“Ele fala para todo mundo que é nazista, defende o Hitler, desenha suásticas e costuma andar com roupas militares e coturno”, disse o estudante, que cursa o 2° ano do ensino médio. Segundo esse estudante de 16 anos, morador do Riacho Fundo, cidade localizada a mais de 20 quilômetros da escola, o prejuízo para os alunos fica ainda maior pelo fato de muitos morarem longe e terem se deslocado até a escola sem saber que as aulas desta manhã foram canceladas.

O filho do pizzaiolo Gicélio Pereira da Silva recebeu as mensagens enviadas de madrugada e, com medo, decidiu não ir à escola. “Ele ficou com medo, e eu resolvi vir aqui para ver como está a situação. Graças a Deus meu filho é um garoto responsável e estudioso. A gente fica preocupado por ver o que tem acontecido por aí em decorrência desse culto à violência que temos visto por aí”, disse Gicélio.

“A meu ver os pais têm de acompanhar mais de perto o que seus filhos fazem, e mostrar que violência não é o caminho, mas um problema de nossa sociedade. Temos de parar de estimular tanta violência e tanto armamento”, acrescentou.

O professor Ricardo Andrade, que dá aulas de português para o 3° ano do ensino médio, disse ter testemunhado ameaças feitas por estudantes na escola que, segundo ele, “costuma receber alunos problemáticos vindos de outras escolas da rede pública”. “Já vi inclusive alunos ameaçando professores por meio de gestos que simulavam armas”, disse o professor.

Ele disse que muitos conflitos foram registrados na escola no ano passado, durante o período eleitoral. “Apesar de nunca ter manifestado qualquer posicionamento político, já fui ofendido por um estudante que me julgava simpatizante de uma corrente política, como se eu fosse condescendente com alguma corrupção”.

Até o final desta manhã, a polícia tentava localizar o terceiro menor de idade. Já o estudante maior de idade terá seu caso investigado pela 2ª Delegacia de Polícia.

A Agência Brasil tentou, sem sucesso, contatar a diretoria do Gisno.

Um aluno do Colégio Diocesano de Caruaru declarou, nas redes sociais, apoio ao massacre de Suzano. Em resposta, a instituição de ensino publicou nota esclarecendo os fatos, sem identificar a identidade do estudante, conforme preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente. No posicionamento oficial, a escola chamou as postagens de “inconvenientes e perigosas” e garantiu que comunicará o fato à Promotoria de Educação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), além de ter encaminhado os acontecimentos ao Conselho Tutelar competente, para serem tomadas as medidas cabíveis.

A diretoria da escola escreveu ainda que promoveu uma reunião no último sábado (16) para nomear uma Comissão Disciplinar para acompanhar os trâmites do caso, ao lado do Conselho Tutelar, sob fiscalização do Ministério Público, “garantindo o respeito aos direitos fundamentais do adolescente envolvido, mas no intuito de, se for a hipótese, aplicar as medidas administrativas e sócio educativas competentes”. O Diocesano também reforçou a orientação aos profissionais de vigilância, controle de ingresso dos alunos e educadores, para que se mantenham “atentos fatos, especialmente vinculados a comportamentos suspeitos no âmbito do espaço do educandário, mas respeitando os princípios educacionais e pedagógicos de eventuais abordagens”, conclui a nota.

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Massacre de Suzano

No última quarta (13), os ex-alunos Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique Castro, de 25 anos, invadiram a Escola Estadual Raul Brasil, na cidade de Suzano, interior de São Paulo, e mataram 10 pessoas, antes de tirarem a própria vida. Desde então, o caso está sendo repercutido pela imprensa como “Massacre de Suzano”. Segundo o último balanço divulgado pela assessoria de imprensa do Governo de São Paulo, quatro vítimas ainda estão hospitalizadas.

Planejar por meses ou anos um ato cruel, ter o sangue frio de atirar contra crianças e adolescentes indefesos de forma aleatória, e terminar o crime com suicídio. Para a maioria das pessoas que assistem a um massacre em escolas ou ouvem relatos de casos do tipo, como o ocorrido em Suzano na semana passada, é difícil não associar o atirador a um psicopata, de perfil cruel, frio e sádico.

Estudos científicos internacionais feitos com base na análise do perfil de dezenas de atiradores no mundo, no entanto, trazem conclusões intrigantes: na maioria dos casos, não havia sinal de psicopatia nos atiradores, o que leva os pesquisadores a acreditarem que experiências de vida, como traumas, abusos ou outros fatores sociais, possam desenvolver um comportamento agressivo em uma pessoa sem sinais de doença mental.

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"O que sabemos é que mesmo pessoas biologicamente saudáveis podem desenvolver problemas assim quando submetidas a condições adoecedoras, ou quando inseridas numa cultura doente, pelo fato de que nossas crenças, nosso modo de interpretar e compreender a realidade não é algo imutável, fixo, rígido", explica o doutor em Psicologia e professor do Instituto Federal de Goiás Timoteo Madaleno Vieira, autor de um artigo em que revisou dezenas de estudos internacionais sobre o perfil dos atiradores e concluiu que classificá-los sempre como psicopatas é simplista e incorreto.

"No senso comum, a ideia de um monstro, um psicopata tresloucado, é muito usada para dar a resposta que procuramos (para esses atos). Isso simplifica as coisas. Explicações assim falsificam a realidade e nos ajudam a evitar a percepção de que podemos ter responsabilidade na expansão desse fenômeno", diz.

Características comuns

Se os atiradores têm perfis psicológicos diferentes entre si e motivações diversas, eles reúnem, por outro lado, algumas características em comum: a grande maioria é homem, branca e obteve a arma usada no ataque em casa, utilizando armamento de posse dos próprios pais, segundo estudos do FBI e do psicólogo americano Peter Langman, um dos maiores estudiosos do assunto no mundo, que levantou dados sobre 150 ataques em escolas em dez países, incluindo o Brasil.

Análise feita pelo Estado na base de dados do pesquisador, disponível no site schoolshooters.info, mostra que, dos 150 atiradores analisados, 94% era do sexo masculino, 63%, branco, 42% não sobreviveram ao ataque - a maioria porque cometeu suicídio -, e 38% era menor de idade ao cometer o ataque homicida.

O psicólogo criou ainda uma tipologia para o perfil psicológico dos atiradores, os dividindo em três grupos: traumatizados, psicóticos e psicopatas (em tradução livre).

Os traumatizados tinham histórico de abuso por parentes ou famílias desestruturadas, com casos de violência ou dependência química. Os psicóticos apresentavam sinais de esquizofrenia ou algum transtorno de personalidade. Entre os sinais estavam alucinações, delírios ou paranoias. Por fim, os psicopatas tinham os sintomas clássicos do quadro, como narcisismo, ausência de empatia e sadismo.

Na análise dos 150 atiradores, o pesquisador conseguiu informação suficiente de 81 deles para traçar o perfil e chegou a conclusão de que 49% eram psicóticos, 32% eram psicopatas e 19% eram traumatizados.

Dificuldade

Segundo o estudioso, nem sempre é fácil para as famílias identificar esses perfis previamente. "Entre os atiradores traumatizados, os pais são os principais problemas na vida dos filhos. Para os outros perfis, não é que os pais estejam falhando. Muitas vezes eles escondem deliberadamente os seus pensamentos e sentimentos dos pais. Mesmo quando os atiradores estiveram em psicoterapia, ocultaram suas intenções violentas", disse ao Estado.

Há sinais, no entanto, demonstrados previamente pelos atiradores que podem servir de alerta para pais e docentes, como obsessão por armas ou mídias violentas, postagens sobre ataques, comportamento agressivo ou depressivo, entre outros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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