Quentin Tarantino não decepcionou: seu aguardado filme, "Era uma vez em Hollywood", com um elenco estrelado encabeçado por Brad Pitt e Leonardo DiCaprio, foi recebido nesta terça-feira (21) com uma longa ovação e críticas entusiasmadas no Festival de Cannes.
Era o momento mais aguardado da mostra iniciada há uma semana: Tarantino, Pitt e DiCaprio pisaram no tapete vermelho da La Croisette recebidos como heróis, aclamados pelo público que os aguardava desde as primeiras horas da manhã.
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O cineasta e os dois atores, pela primeira vez juntos em um filme, posaram, elegantes em seus smokings, ao lado da colega de elenco, a atriz Margot Robbie, vestindo um conjunto de lantejoulas com calça preta e top branco, arrematado por uma flor rosa.
O filme, que compete pela Palma de Ouro, é "feito de lembranças, um pouco como 'Roma', que foi um filme de memórias para (Alfonso) Cuarón", disse no tapete vermelho Tarantino, ao lado da esposa, a cantora israelense Daniella Pick.
A película de 2h45, rodada em 35 mm, é ambientada na Los Angeles de 1969. Conta a história de Rick Dalton (DiCaprio), astro de westerns da televisão, seu dublê nas cenas de ação (Pitt) e a vizinha dele, a atriz Sharon Tate (Robbie). Al Pacino, Dakota Fanning, Bruce Lee e Steve McQueen também integram o elenco.
Ao final da projeção, o público ficou de pé e aplaudiu Tarantino por vários minutos, 25 anos depois dele ter recebido a Palma de Ouro por "Pulp Fiction - Tempo de Violência". Pitt estava visivelmente emocionado, enquanto a atriz britânica Tilda Swinton, que não atua no filme, tampouco pôde conter as lágrimas.
"Nos vemos na La Croisette!", disse Tarantino ao público, após agradecer o apoio dos espectadores.
- "Brilhante" -
Parte da crítica internacional fez suas primeiras avaliações de que este é um dos melhores filmes de Tarantino em anos.
Um crítico do jornal britânico The Guardian o qualificou como "uma brilhante comédia de humor negro".
O site especializado Deadline avaliou que Tarantino "nasceu para fazer este filme", "glorioso" e "divertidíssimo".
Cannes "mudou a vida" do diretor americano, de 56 anos. "Vim primeiro com 'Cães de Aluguel', como pequeno cineasta independente, e depois dei a volta ao mundo".
Também no tapete vermelho, Pitt se desmanchou em elogios a Tarantino. "É um prazer trabalhar com ele, não pode ser comparado a ninguém (...) Conhece de forma exaustiva o cinema" e o filme para ele é "uma carta de amor a Hollywood, a Los Angeles".
No filme, "interpretamos dois atores que tentam encontrar seu lugar em um mundo que está mudando", afirmou DiCaprio, cuja namorada, a atriz argentina Camila Morrone, também assistiu à projeção.
Tarantino pediu na véspera que os espectadores não revelassem o conteúdo do filme.
"Gosto do cinema. Vocês gostam do cinema. Uma história está a ponto de ser descoberta pela primeira vez (...) Os atores e a equipe trabalharam duro para criar algo original, e só peço que cada um evite revelar qualquer coisa que impeça futuros espectadores de viver a mesma experiência com o filme", escreveu em uma carta publicada em sua conta no Twitter.
- Palma dupla? -
A história de Tarantino em Cannes é repleta de cenas memoráveis, a começar pela Palma de Ouro entregue por Clint Eastwood há 25 anos por "Pulp Fiction". Ao receber o prêmio, entre aplausos e assobios, o cineasta americano levantou o dedo médio para uma mulher que gritou, "Que merda! Não, mas que merda!".
Dez anos depois, o cineasta voltou à La Croisette para apresentar "Kill Bill vol.2" fora da competição.
Com "Bastardos Inglórios", voltou a disputar a Palma de Ouro em 2009, mas desta vez o prêmio ficou com o austríaco Michael Haneke por "A Fita Branca".
No entanto, ele aprontou uma das suas no tapete vermelho, ao dançar com a atriz francesa Mélanie Laurent. Em 2014, também arriscou uns passos com Uma Thurman pelos 20 anos de "Pulp Fiction".
No próximo sábado, o diretor pode passar a fazer parte do seleto grupo de cineastas com duas Palmas de Ouro, somando-se a Bille August, Francis Ford Coppola, Luc e Jean-Pierre Dardenne, Michael Haneke, Shohei Imamura, Emir Kusturica e Ken Loach.
Pedro Almodóvar e Terrence Malick, entre outros cineastas, também disputam o prêmio máximo do festival.