“Esse ano eles tiveram uma proposta diferente de chamar somente esportistas. Eles queriam chamar jovens inovadores, jovens que fazem algo pelo mundo. Sou coordenadora do Flores de Kahlo e já fiz assessoria de uma trupe de palhaços que faz trabalhos em hospitais. Assim a gente vai tentando fazer algo pelo mundo e as coisas, de vez em quando, vão sendo reconhecidas. É isso que motiva a sempre fazer mais e tentar mais, porque diante de um caos que a gente vive, a gente consegue ter força para continuar tentando, independente de por quem seja”, afirma Tainá Cavalcante (veja vídeo abaixo), estudante de Jornalismo da Universidade da Amazônia (Unama). Ela será a condutora número nove da tocha olímpica, no percurso pelas ruas de Belém, e vai carregá-la na avenida Almirante Barroso.
O maior símbolo dos Jogos Olímpicos passa por Belém nesta quarta-feira (15). “Durante 95 dias a tocha olímpica deve percorrer 20 mil quilômetros por terra e 10.000 milhas aéreas. Ao todo, serão 12 mil condutores fazendo o percurso em todas as 26 capitais e Distrito Federal”, explicou Paula Grassini, componente do comitê Rio 2016. “Em cada região, queremos mostrar o calor humano de nosso país para o mundo. Além de dar a oportunidade de anunciar a chegada dos jogos em todas as cidades, para que sintam a importância deste grande acontecimento”, completo
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Sobre os condutores da tocha, Paula explicou que foram escolhidos, além de atletas, pessoas de diferentes origens, profissões e histórias, “um retrato da diversidade brasileira”, disse. Em Belém, serão 162 condutores participando do revezamento. A lista completa deve ser divulgada pelo comitê até o final desta terça-feira. Uma lista parcial dos convidados foi divulgada durante a coletiva (disponível no final deste texto).
“A Prefeitura de Belém está organizando, junto com o governo, uma grande força-tarefa para o sucesso do evento”, garantiu Deivison Alves, secretário municipal de Esporte, Juventude e Lazer (Sejel). “Durante o trajeto, foi discutido com governo federal e o exército a questão da segurança, trânsito e todas as ações que devem ser realizadas ao longo do dia”, acrescentou.
A delegada geral adjunta da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup) Cristiane Ferreira informou sobre o efetivo de segurança que será montado. “Há dois meses realizamos várias reuniões no intuito de atuar na prevenção e no caso de necessidade da participação da segurança”, disse. “Teremos 730 homens no efetivo de segurança e 50 viaturas no trajeto, fora as que atuarão na área de trânsito. Estaremos, também, com uma equipe de inteligência trabalhando para conter qualquer tipo de manifestação que possa atrapalhar o percurso”, afirmou.
Trânsito - A operação de trânsito será coordenada pela Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) e envolverá diversos órgãos de segurança pública, como Guarda Municipal, Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran) e Polícia Militar. A Semob contará com um efetivo de 117 pessoas, com 57 agentes de trânsito, dez fiscais de transporte e 50 apoiadores operacionais, além de 20 viaturas e 19 motocicletas dando suporte ao evento.
Os bloqueios durarão apenas o tempo necessário que o corredor irá levar para concluir sua etapa, por isso não há como definir um tempo limite de interdição. Os agentes ficarão, ainda, responsáveis em reter temporariamente o fluxo de veículos conforme a tocha se aproxime. As linhas de ônibus também serão desviadas à medida que o comboio passar.
O trajeto da tocha olímpica percorrerá 32 quilômetros e partirá do Estádio Olímpico do Mangueirão, por volta das 12h. De lá, o comboio seguirá pela rodovia Augusto Montenegro, avenidas Almirante Barroso, Doutor Freitas, Senador Lemos, Júlio César, Brigadeiro Protásio e Duque de Caxias, rua Antônio Barreto, avenidas Visconde de Souza Franco e Pedro Álvares Cabral, travessa Dom Pedro I, retorno pela avenida Pedro Álvares Cabral, avenida Visconde de Souza Franco, rua Boaventura da Silva, avenidas Generalíssimo Deodoro, Nazaré, José Bonifácio e Governador José Malcher, contrafluxo na avenida Assis de Vasconcelos, rua Gama Abreu, avenida Presidente Vargas, rua Osvaldo Cruz, seguindo pelas avenidas Assis de Vasconcelos, Boulevard Castilho França e Portugal, ruas Padre Champagnat, ruas Doutor Assis e do Arsenal e encerrando no Portal da Amazônia.
Programação cultural - Antes da saída da tocha olímpica, haverá programação especial no Estádio Olímpico do Pará, com apresentação de danças folclóricas pelo grupo Os Baioaras, a partir das 8h30. Ao longo do percurso estão previstas outras apresentações, como a da Banda de Fanfarra e do grupo de carimbó da Escola Municipal Avertano Rocha. No Portal da Amazônia, onde será realizada a cerimônia de celebração, haverá apresentação do Grupo Folclórico Trilhas da Amazônia, Jorginho Gomes e Banda e Banda AR-15.
Conheça alguns condutores da tocha
Adriana Almeida Santos tem 14 anos e vive em Belém. A adolescente teve paralisia cerebral quando nasceu e foi diagnosticada aos 7 meses de vida. Aluna do 6ª ano do ensino fundamental, ela caminha até a escola todos os dias na companhia de um amigo e ainda frequenta o Centro de Referência em Inclusão Educacional próximo de sua casa para treinar corrida, arremesso de peso e salto a distância. Atualmente, Adriana é atleta paralímpica e já ganhou medalhas. Também integra a rede de adolescentes da Plataforma dos Centros Urbanos (PCU).
Alberto Oliveira é professor de Educação Física e mestre em Educação nos Estados Unidos. Foi técnico de atletismo por mais de 40 anos. Entre os atletas que treinou esteve Agberto Conceição Guimarães, 4º colocado nos Jogos Olímpicos de Moscou 1980.
Cláudia Fonteles Cardoso de Oliveira costumava levar seu filho para o treino de atletismo, em Belém, nas costas, já que sua rua era praticamente de lama e a criança usava próteses de madeira nas duas pernas. O menino era Alan Fonteles, campeão paralímpico dos 200m rasos dos Jogos Olímpicos Londres 2012. Claudia conduzirá a chama Olímpica a convite do Bradesco.
Daniela Tanaka foi a única mulher a representar o Brasil no Circuito Internacional de Karatê da Confederação Brasileira de Cultura e Artes Marciais (CBMA). A lutadora já soma mais de 60 medalhas de ouro. Daniela é campeã paraense, conquistou também o título brasileiro e o tetracampeonato mundial em 2015.
Denílson Oliveira nasceu em um bairro pobre de São Paulo e, como muitos outros meninos no Brasil, tinha o sonho de se tornar um jogador de futebol. Aos 17 anos, ele começou sua carreira profissional no São Paulo e seu talento e habilidade, o levaram a uma carreira de sucesso. Em 1998, transferiu-se para o Betis e começou sua carreira internacional.
Gaby Amarantos, cantora do bairro do Jurunas, em Belém, iniciou sua carreira na Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus, onde participava do coral. Chamava atenção por sua voz grave, mas suave. Conhecida por sua exuberância e por seu figurino extravagante, foi uma das responsáveis pelo surgimento e difusão do tecnobrega, ritmo que virou febre na Região Norte do Brasil. Gaby vai conduzir a tocha a convite da Coca-Cola.
Luana Faro foi a primeira ginasta paraense a participar dos Jogos Olímpicos, ela foi reserva da equipe brasileira em Pequim 2008.
Lyoto Machida, filho de pai japonês e de mãe brasileira, Lyoto é um dos mais conhecidos lutadores de MMA do país, com renome internacional. Formado em Educação Física pela Universidade do Estado do Pará (Uepa), iniciou sua carreira no caratê. É ex-campeão da categoria meio pesado do UFC e possui notáveis vitórias sobre diversos atletas respeitados. No esporte é conhecido como "The Dragon".
Marcelo Veloso Franca, administrador de empresas, mantém no estado do Pará um projeto da concessionária de energia de troca de geladeiras antigas por novas.
Fafá de Belém, cantora que ganhou reconhecimento nacional quando, em 1975, a música "Filho da Bahia", cantada por ela, foi introduzida na trilha sonora da telenovela “Gabriela”, da Rede Globo. É a cantora mais importante e de maior popularidade nascida na Amazônia. Ela foi convidada pelo Bradesco.
Nazareno da Silva Alves, encantado com a paixão do paraense por sua cultura alimentar tradicional, percebeu que tinha grande possibilidade de desenvolver o turismo gastronômico. Iniciou seu primeiro estabelecimento em 2004, em um pequeno pátio de sua casa. Hoje tem dois restaurantes em Belém e comanda uma central de processamento com capacidade de 20 toneladas de venda de açaí por mês. Conduz a Tocha a convite da Nissan.
Nhoket Kaiapo, nascido na Aldeia Mekrangnonti, Terra Indígena Mekrangnontire, localizada no sudeste do estado do Pará, no município de Altamira, lidera 1.400 índios Kaiapó distribuídos em aldeias ao longo de dois territórios da TI Baú e TI Mekrangnotire. Reside na aldeia Kubenkare. Foi preparado pelos avós desde a infância para se tornar um cacique. Trabalha pela defesa e preservação do território.
Ronaldo Lobato, nascido em Belém do Pará, praticante do atletismo desde os 14 anos de idade, é um importante nome do atletismo na região. O início de sua carreira esportiva começou nos Jogos Estudantis Paraenses com o primeiro lugar nas modalidades de salto em distância e salto triplo. Foi nos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) que conseguiu projeção nacional e foi convocado para o Mundial de Atletismo Universitário em Madrid, na Espanha.
Suzete Fraiha participou dos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, na modalidade atletismo. Professora de Educação Física, desenvolve suas atividades como técnica de atletismo no projeto social do Estádio Olímpico do Pará. Foi quem descobriu e trabalhou na preparação do atleta paralímpico Alan Fonteles. Suzete compõe a equipe da Federação Paraense de Atletismo, no projeto do Museu Itinerante do Atletismo.
Tainá Cavalcante é uma das coordenadoras do "Flores de Kahlo", um grupo de jovens que visa transformar a realidade ao seu redor, fazendo ações de filantropia, responsabilidade social e empreendedorismo social. O grupo é inspirado em Frida Kahlo, com ideais libertários e vertentes artísticas em todas as ações. Foi selecionada pela Nissan.
Ulysses Pereira. Pela academia de Ulysses Pereira, em Belém, já passaram grandes nomes do boxe nacional. Popó foi o mais famoso deles. Já foi técnico da Seleção Brasileira de boxe entre 1995 e 2001, com participação em três Jogos Pan-Americanos e nos Jogos Olímpicos Atlanta 1996 e Sydney 2000. Além de tocar o Projeto Social Atleta Olímpico, existente há quase 20 anos, treina atletas de MMA. Foi convidado pela Coca-Cola para conduzir a tocha olímpica.
Com informações da Agência Belém.
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