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Manifestantes carregaram cartazes, cantaram e marcharam em um protesto pacífico nos Estados Unidos horas depois que a família de um homem negro morto pela polícia divulgou um vídeo mostrando os eventos que levaram ao tiro que o matou.

A marcha pelo bairro comercial da cidade de Charlotte ocorreu pela quarta noite desde a morte de Keith Lamont Scott no começo da semana. Depois que escureceu em Charlotte, dezenas de pessoas tomaram as ruas para pedir à polícia que divulgasse vídeos que pudessem esclarecer o que ocorreu. A polícia afirmou que Scott estava armado, mas testemunhas dizem que ele apenas carregava um livro.

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O grupo, que parecia similar ao das noites anteriores, carregava um cartaz que dizia "apenas divulguem as imagens". Mais cedo, filmagem feita pela esposa de Keith Lamont Scott divulgada pela família mostrou que ela repetidamente dizia aos policiais que o marido não estava armado e pedia a eles que não atirassem.

O vídeo de dois minutos divulgado pela família não mostra o tiroteio, mas o som de tiros pode ser ouvido. No vídeo, a esposa do assassinado, Rakeyia Scott, diz aos policiais que o marido tem traumatismo cranioencefálico. Em um momento, ela fala para o marido sair do carro em que estava para que a polícia não quebrasse os vidros. Ela ainda diz "não faça isso", mas não fica claro o que ela quis dizer.

Depois do tiroteio, Scott pode ser visto com o rosto no chão enquanto a esposa diz "é melhor que ele viva". Ela continua filmando e pergunta se uma ambulância poderia ser chamada. Os policiais se colocam ao lado de Scott. Não fica claro se eles estão procurando por armas ou tentando dar atendimento de primeiros socorros.

A polícia de Charlotte diz que há pelo menos duas câmeras - uma que estava presa ao corpo do policial e outra na viatura - que as mostram o disparo. A família assistiu às imagens e pede que elas sejam divulgadas ao público. Já a polícia acredita que a divulgação poderia inflamar ainda mais a situação.

A prefeita da cidade, Jennifer Roberts, disse acreditar que a filmagem deve ser divulgada, mas declarou que "a dúvida é em relação ao momento" para fazer isso. Fonte: Associated Press.

A campanha da candidata democrata à presidência dos Estados Unidos Hillary Clinton havia agendado uma visita dela à Charlotte no domingo mas cancelou o evento horas depois. A agenda foi adiada para a semana seguinte em meio a preocupações com segurança.

Tanto Hillary como seu rival republicano, Donald Trump, disseram que planejavam ir à cidade nos próximos dias. Charlotte foi o epicentro de violentos protestos depois da morte de um homem negro por policiais.

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A campanha de Hillary afirmou na sexta-feira que ela planejava voar para a cidade no domingo, mas mudou de posição mais tarde depois que a prefeita de Charlotte, Jennifer Roberts, pediu o adiamento para evitar sobrecarregar os recursos de segurança.

"Depois de uma maior discussão com líderes comunitários, decidimos adiar a viagem de domingo para não impactar os recursos da cidade", declarou Jennifer Palmieri, a diretora de comunicações da campanha de Hillary. "A candidata vai planejar uma viagem a Charlotte no próximo domingo se as circunstâncias permitirem", acrescentou. Fonte: Dow Jones Newswires.

Manifestantes protestaram na noite de ontem contra a morte de um homem negro pela polícia na maior cidade do Estado da Carolina do Norte.

Keith Lamont Scott, um negro de 43 anos, foi mortalmente ferido pelo policial Brentley Vinson, que também é negro, durante uma batida policial e uma estrada local da cidade. O incidente levou a uma onda de protestos e confrontos com a polícia até a manhã desta quarta-feira.

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Imagens da televisão norte-americana mostraram dezenas de manifestantes na rodovia interestadual 85, aparentemente saqueando caminhões e ateando fogo em seu conteúdo. Mais de uma dezena de policiais ficaram feridos. As autoridades utilizaram gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Charlotte fica próxima a Ferguson, que no ano passado também ferveu com uma série de protestos após mortes de civis por policiais.

Em coletiva de imprensa, o delegado Kerr Putney afirmou que Scott foi alvejado porque estava armado e representava uma ameaça. Ele também teria sido avisado várias vezes para largar a arma, o que não ocorreu. Pouco depois, uma mulher que reivindicou ser filha de Kerr publicou um vídeo no Facebook afirmando que seu pai, que tinha algum tipo de deficiência, carregava um livro consigo, não uma arma.

"Meu pai está morto", diz a mulher no vídeo, chorando. O delegado de polícia afirmou que Vinson, um dos que participaram da abordagem, estava com trajes identificáveis de policial e não tinha uma câmera presa ao corpo. Outros três oficiais que participaram da batida tinham câmeras, mas o conteúdo das gravações não seria imediatamente divulgado por causa da investigação em curso.

Segundo ele, Kerr teria saído de seu carro com a arma na mão. "É hora de mudar a narrativa, porque posso te dizer que os fatos deste incidente são um pouco diferentes do que aqueles que vemos circular, especialmente nas redes sociais", disse. Fonte: Associated Press.

Em meio à escalada da tensão racial nos Estados Unidos, cerca de duzentas pessoas foram presas nas capitais dos Estados norte-americanos de Minnesota, St. Paul, e Louisiana, Baton Rouge, durante protestos contra as recentes mortes de negros pela polícia.

Autoridades disseram que 21 policiais de St. Paul e seis funcionários da guarda estadual de Minnesota foram feridos nos protestos no sábado e no domingo.

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A polícia usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar mais de 200 pessoas que bloqueavam a estrada Interestadual 94, a maior rodovia que liga as cidades gêmeas de Minneapolis e St. Paul. Os manifestantes jogavam pedras, garrafas e fogos de artifício contra as forças de segurança.

Mais de 50 manifestantes foram presos neste confronto, que varou a madrugada. Cerca de outras 50 pessoas foram detidas em outras partes da cidade, por atos de vandalismo.

O chefe da polícia de St. Paul, Todd Axtell, classificou a violência contra a polícia de "uma desgraça". Os manifestantes alegam, no entanto, que os protestos foram pacíficos.

Entre os 99 presos na Louisiana está o proeminente ativista DeRay Mckesson, que faz parte do grupo Black Lives Matter, que denuncia a violência policial contra negros. As prisões ocorreram em diversos protestos com a morte de Alton Sterling, um negro de 37 anos, por dois policiais brancos. Fonte: Associated Press.

Entre 2013 e 2015, a polícia do Rio de Janeiro matou cinco vezes mais pessoas do que feriu. Só em 2015, para cada policial morto no Rio, a polícia matou 24,8 civis. Os dados fazem parte de relatório da organização Human Rights Watch sobre execuções extrajudiciais cometidas pela polícia fluminense, divulgado nesta quinta-feira, 7.

De acordo com a entidade, "o uso ilegal da força letal por policiais tem contribuído para o desmantelamento dos ambiciosos esforços do Estado para melhorar a segurança pública".

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O relatório O Bom Policial Tem Medo: Os Custos da Violência Policial no Rio de Janeiro lembra que mais de 8 mil pessoas foram mortas pela polícia do Rio entre 2005 e 2014. Em 2015, foram registradas 645 mortes por policiais. Trinta policiais foram ouvidos para preparar o documento, de 117 páginas.

"O Rio enfrenta um problema sério de criminalidade violenta, mas executar suspeitos não é a solução. Essas execuções colocam as comunidades contra a polícia e comprometem a segurança de todos", disse Maria Laura Canineu, diretora da Human Rights Watch no Brasil. "Não se pode esperar que o policiamento de proximidade funcione quando a polícia continua a executar membros das comunidades que deveria proteger."

A pesquisa reconhece que o número de mortes cometidas por policiais vem caindo, mas chama atenção para um aumento desses casos nos últimos anos. "Apesar de o número oficial de homicídios cometidos pela polícia, que alcançou mais de 1.300 em 2007, ter caído para cerca de 400 em 2013, o número voltou a crescer desde então, chegando a 645 em 2015 e 322 de janeiro a maio de 2016, de acordo com os últimos dados disponíveis."

O documento relata 64 mortes em que há "provas críveis" de que policiais tentaram encobrir "o uso ilegal da força letal".

"Essas mortes fomentam ciclos de violência que colocam em risco as vidas dos policiais que atuam em áreas com altos índices de criminalidade, destroem seu relacionamento com as comunidades e contribuem para elevados níveis de estresse, prejudicando sua capacidade de fazer bem o seu trabalho."

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Segurança do Rio não se pronunciou sobre o relatório da Human Rights Watch até ao final da manhã desta quinta-feira.

A Organização das Nações Unidas (ONU) acusa a polícia brasileira de ser a responsável por cinco mortes a cada dia no País, totalizando apenas em 2015 cerca de 2 mil incidentes. O alerta foi feito nesta quinta-feira (10) pelo Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, Zeid Bin Hussein. Essa é a segunda denúncia que as Nações Unidas apresentam sobre a violência policial no Brasil em apenas uma semana.

Zeid, nesta quinta-feira, fez seu balanço anual sobre a situação dos direitos humanos no mundo. Entre os cerca de 30 países citados pelo alto comissário, a situação brasileira teve seu destaque ao tratar do racismo contra pessoas afrodescendentes.

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"No Brasil, o governo tomou ações para lidar com os direitos sociais de pessoas afrodescendentes, especialmente no campo da educação", reconheceu Zeid. "Apesar disso, foi amplamente informado sobre a insegurança que muitos jovens afro-brasileiros sentem diante da violência policial e da impunidade", disse.

"Mais de 2 mil pessoas foram mortas pela polícia no Brasil no ano passado e eles eram, de forma desproporcional, de afrodescendência", acusou Zeid.

Segundo o relator, outra constatação preocupante também a morte de jovens afro-americanos nos Estados Unidos, com 300 casos em 2015. "Mais ações são necessárias em países onde esses casos são registrados, incluindo medidas para levar os autores à Justiça e garantir um remédio para a vítimas", defendeu Zeid.

Na última terça-feira (8) o relator da ONU para a prevenção da Tortura, Juan Mendez, também atacou o Brasil por não dar respostas à violência policial. Para ele, os homicídios cometidos por policiais não são a exceção, mas, sim, "a regra".

Rogério Sottili, secretário de Direitos Humanos, viajou até Genebra, na Suíça, nesta semana para dar uma resposta ao informe. "Existe um problema de impunidade muito grave no País", admitiu. "Há tortura no Brasil. Somos um País formado por violações de direitos humanos. Temos uma cultura de violência. Como mudar? Com um novo processo histórico com formação em direitos humanos", disse.

Para ele, parte da explicação é a construção histórica do Brasil. "É evidente que não mudaremos uma cultura de violência de pelo menos 500 anos de uma hora para outra. Mas tenho a convicção de que recentemente começamos a transformar essa cultura de discriminação e de violência em favor de uma cultura de direitos", disse.

Como tem feito nos últimos dez anos em reuniões da ONU, o governo listou os diversos programas e iniciativas que adotou, "indicando o caminho para a ruptura do ciclo de impunidade e violência no País". Entre os programas e instituições citadas estão o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura e a criação de um Mecanismo Nacional de Combate à Tortura.

O Brasil enfrenta um "problema gigantesco" de violência policial e de afro-brasileiros que não se sentem seguros. O alerta foi feito por Zeid Al Hussein, alto comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos. O tema tem feito parte da agenda da ONU no Brasil, com críticas frequentes número de pessoas mortas nas mãos da polícia.

Nesta segunda-feira, 1º, o número 1 das Nações Unidas para direitos humanos contou que esteve no Brasil no fim de 2015 e que um dos assuntos tratados em reuniões fechadas foi justamente a violência policial. "Falamos sobre isso em reuniões e tivemos contato com a sociedade civil, e brasileiros que sabiam muito do assunto", disse.

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"Os problemas são gigantes e as demanda no Brasil são substanciais, dada a condição econômica muito difícil e o contexto político", afirmou Zeid. "O Brasil está sob muita pressão, mas a necessidade de assegurar que a população afro-brasileira tenha seis direitos protegidos precisa ser mantida e todos os casos de violência precisam ser investigados", defendeu. "Aqueles suspeitos de conduzir ou cometer violações aos direitos humanos, sejam eles da polícia ou não, precisam ser punidos. Trata-se de algo muito sério", insistiu.

Valores

Zeid ainda criticou o fato de que, por anos, países como o Brasil foram elogiados ou apontados como exemplos apenas por causa das "taxas de crescimento econômico que registravam" . "Os economistas prevaleceram sobre os direitos humanos. Países são respeitados por seu PIB (Produto Interno Bruto), por seu déficit e desemprego. Mas quais são os valores que eles representam de fato?", questionou.

"Há uma forma de olhar os países considerando apenas a economia e isso não diz tudo. Precisamos olhar a outros direitos", disse. "Olhe para a Tunísia e o Egito. Eles estavam à caminho de cumprir as Metas do Milênio. Mas a dignidade de sua população não estava sendo respeitada. E aí tivemos revoltas em 2011", contou. "Em muitos casos de crescimento econômico, a dignidade das pessoas não estava sendo respeitada", alertou. "O desenvolvimento, sem um sistema de valores, não é suficiente."

Para ele, a situação é similar a de uma "castelo de cartas". "Com um golpe, tudo vem abaixo pois o Estado não existe de fato. Criam aparências de Estado, mas se ele existe mesmo é outra questão", disse.

No caso do Brasil, ele reconhece que "existe uma completa abertura e reconhecimento sobre a gravidade do problema". "Não há uma tentativa de ser defensivo e há um entendimento de que o Brasil enfrenta um teste severo nesta área e que a maioria dos brasileiros afrodescendentes sentem inseguros nas zonas urbanas e de que não tem a mesma proteção da polícia", disse.

"O primeiro passo para lidar com um problema é reconhecer que ele existe", completou.

Um homem procurado por um crime relacionado com drogas foi morto a tiros nesta segunda-feira (29) por um policial no estado da Carolina do Norte, onde dezenas de pessoas se aproximaram para protestar depois que familiares afirmaram que a vítima levou tiros pelas costas.

A polícia perseguia "um suspeito procurado por uma acusação relacionada com drogas e, durante a perseguição, o suspeito levou tiros de um agente e morreu", informou a jornalistas Cassandra Deck-Brown, chefe da polícia de Raleigh, capital da Carolina do Norte (sudeste dos EUA).

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"Uma arma de fogo foi encontrada muito perto do suspeito morto", informou Deck-Brown, que enviou suas condolências a "todos os envolvidos no incidente de hoje". Deck-Brown pediu "paciência", enquanto o escritório de investigações da Carolina do Norte e a própria polícia de Raleigh investigam os fatos. A polícia não identificou nem o agente, nem os suspeito.

Mas uma mulher negra, Rolanda Byrd, declarou à emissora local ABC 11 News que o morto era seu filho, Ariel Denkins, de 24 anos, que morreu ao levar tiros pelas costas disparados por um policial branco.

Mais de uma centena de pessoas se reuniram para protestar na região onde ocorreu o fato, perto do centro de Raleigh, noticiou o jornal News & Observer.

O fato ocorre depois de os Estados Unidos serem sacudidos por vários casos de policiais brancos que mataram jovens negros, o que desatou uma onda de violentos protestos em todo o país contra o suposto racismo de forças de segurança.

O ato que marcou os 40 anos do assassinato do jornalista Vladimir Herzog nos porões da ditadura militar se transformou nesse domingo (25) em um protesto contra a violência do Estado registrada mesmo após 30 anos de redemocratização do País. Ao discursar para uma Catedral da Sé lotada, em São Paulo, Ivo Herzog, filho do ex-diretor da TV Cultura, criticou o governo do Estado e o Ministério Público pelos recentes assassinatos cujas autorias são atribuídas a policiais militares.

"O que a Polícia Militar de São Paulo tem feito ao assassinar pessoas é algo inaceitável. É inaceitável também que o Ministério Público arquive processos contra esses policiais. A cultura da violência tem que mudar", disse Ivo Herzog, sob aplausos. Após o discurso, ele afirmou que "a cultura da violência policial tem que ser denunciada de todos os jeitos, e o lugar mais apropriado é aqui".

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Centenas de pessoas, entre elas ex-presos políticos, se aglomeraram ontem em frente à catedral para reeditar, no mesmo local e 40 anos depois, o ato inter-religioso ocorrido em 1975, uma semana após a morte do jornalista. Na ocasião, com a igreja cercada por 500 militares, cerca de 8 mil pessoas protestaram silenciosamente contra a versão oficial de suicídio no ato que hoje é considerado o início da derrocada do regime ditatorial do Brasil.

Ontem, pontualmente às 14h30, hora atribuída à morte de Herzog 40 anos antes nas dependências do DOI-Codi (Destacamento de Operações Internas - Centro de Operações de Defesa Interna), os versos de "Para não dizer que não falei das flores", de Geraldo Vandré, canção símbolo da luta contra a ditadura, começaram a ser entoados enquanto um público emocionado entrava na igreja.

Em seguida foi realizado um ato com a participação de representantes de oito religiões, nos moldes daquele ocorrido há quatro décadas. Oradores se revezaram em discursos que lembraram mortos e torturados pelo regime e ressaltavam a necessidade de continuar a luta contra violações dos direitos humanos.

O coral Luther King, que participou do ato em 1975, repetiu a execução da canção de protesto Calabouço, cantada, como há 40 anos, pelo compositor Sérgio Ricardo. "O ato foi à altura da indignação daquela época", disse ele, emocionado.

Outras músicas que marcaram a época também foram executadas sob forte emoção, como "O bêbado e a equilibrista", de João Bosco e Aldir Blanc, que faz referência ao choro da viúva do jornalista. "Foi um protesto mas feito também com música e alto astral", disse Clarice Herzog.

Para ela, o ato de 31 de outubro de 1975 foi uma declaração de "basta". "Foi uma tomada de consciência de que a gente deveria fazer alguma coisa. Tive que provar para a sociedade que Vlado foi assassinado e consegui", disse ela, lembrando que sua luta contribuiu para a revelação de outros casos semelhantes.

Quarenta anos depois, Clarice ainda critica a postura do Exército diante do caso. "Não houve punição. Os torturadores seguem trabalhando para o governo com os impostos que eu pago. O Exército deveria ter a coragem e honradez de declarar quem fez aquilo."

Audálio Dantas, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e um dos organizadores do ato de 1975, disse que quatro décadas não foram suficientes para que o assassinato de Herzog e outros casos fossem esquecidos. "As lembranças contribuem para que, de algum modo, essas coisas não aconteçam novamente."

As homenagens à data se estendem por esta segunda-feira, 26, com reinauguração da praça Vladimir Herzog, no centro. Em seguida haverá a solenidade de apresentação do relatório final da Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo, com homenagem a personagens da luta contra a ditadura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Centenas de pessoas, entre elas o diretor de cinema Quentin Tarantino, voltaram às ruas de Nova York neste sábado contra a violência policial nos Estados Unidos, após uma série de mortes de cidadãos afro-americanos por agentes brancos.

"Não estão-se ocupando com isso de modo algum. É por isso que estamos aqui fora", disse o cineasta ganhador de Oscar, enquanto caminhava com um grupo de ativistas pela Quinta Avenida perto da Washington Square, no sul de Manhattan.

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"Se estivessem se ocupando, esses policiais assassinos estariam na prisão, ou, pelo menos, sendo acusados na Justiça", acrescentou Tarantino, que já havia participado de um ato em protesto pelo mesmo tema, quinta-feira, na Times Square.

Organizados pelo grupo "RiseUpOctober", os eventos em Nova York buscam chamar a atenção da opinião púbica para a violência policial e pedem uma reforma do sistema de Justiça criminal.

Dezenas de pessoas de diferentes estados e que perderam um de seus familiares nas mãos das Polícia americana nos últimos 20 anos compareceram à manifestação.

"Isso é um grande progresso. É assombroso para mim, e espero que organizemos mais marchas em homenagem às vítimas da brutalidade policial", disse à AFP Precious Edwards, irmã de Dakota Bright, de 15 anos, morto pela polícia de Chicago (norte dos EUA), em novembro de 2012.

Depois de passarem pela Washington Square, os manifestantes seguiram para Bryant Park, no centro de Manhattan, destino final da marcha. Nas mãos, cartazes que diziam "Mãos ao alto, não atirem!", entre outros slogans.

As vítimas lembradas no ato vão desde um bebê de 11 meses até uma senhora negra de 92 anos, morta quando a polícia entrou por erro em sua casa, em uma operação antidrogas.

Entre os nomes lidos, estão o de Michael Brown, de 18, assassinado em Ferguson (Missouri, sul) em agosto de 2014. A morte de Brown ajudou a inspirar uma nova geração de ativistas de direitos civis, que exigem o fim da brutalidade policial.

Os manifestantes criticam a militarização e a discriminação da polícia, pedindo justiça para as vítimas - membros, sobretudo, das comunidades afro-americanas e latinas - e investigações independentes dos homicídios cometidos por oficiais.

Manifestantes irão participar de protestos em diversas cidades norte-americanas e pretendem trazer para a discussão não apenas a questão do Dia do Trabalho, mas também os direitos do imigrantes nos Estados Unidos e a violência policial - no momento em que o país passa por tensões devido a polêmica morte de Freddie Gray, um jovem negro morto pela polícia em Baltimore na última semana.

Atividades de cidades como Boston e Oakland, na Califórnia, afirmam que participarão das marchas em apoio ao movimento "Black Lives Matter" (As Vidas dos Negros Importam, na tradução do inglês), o slogan do movimento que surgiu após a morte de negros pela polícia em diversas cidades no país.

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"É importante apoiar movimentos que lutam pelas pessoas excluídas pelo sistema. Neste momento, os imigrantes e os afro-americanos sofrem pelos mesmos motivos, somos alvos do sistema", disse Miguel Paredes, coordenador da Coalizão para os Direitos dos Imigrantes em Los Angeles. Fonte: Associated Press.

O juiz Valentino Aparecido de Andrade, da 10ª Vara da Fazenda Pública da Capital, acolheu pedido da Defensoria Pública do Estado de São Paulo para restringir a ação violenta da Polícia Militar durante manifestações de rua. Em decisão liminar, ele obrigou a PM a criar, em 30 dias, um plano de ação para manifestações. A PM afirma que irá recorrer.

O manual, que será público, terá de excluir o uso de balas de borracha e ordenar o uso de munição química, como sprays de pimenta e gás lacrimogêneo. Todos os policiais militares que participarem dessas operações terão de ter seu nome e sua patente identificados. " O cidadão tem o direito de saber o nome do agente policial, assim de qualquer agente público com quem esteja a lidar", lembra o juiz, na sentença.

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O plano que a PM foi obrigada a cumprir terá de detalhar, de forma específica, quais serão os tipos de situação em que a multidão poderá ser dispersa e quais policiais poderão dar tal ordem. "Tudo de molde que se possa posteriormente controlar-se o ato administrativo praticado, inclusive por via judicial. Qualquer pessoa poderá ter acesso ao conhecimento de tais razões, bem assim do nome do policial militar que tenha determinado a ordem de dispersão", determinou a Justiça.

"Note-se que nenhuma dessas medidas estará a obstaculizar que a ré, por sua Polícia Militar, mantenha a ordem pública em face de protestos. Tais medidas buscam apenas garantir o legítimo exercício do direito fundamental de reunião, em sua convivência com o dever do Poder Público de garantir a ordem pública, observando-se a justa proporção entre tal direito e tal dever", escreveu o juiz Andrade, na sentença.

A ação, assinada por quatro defensores públicos, pedia que o uso de balas da borracha fosse banido. "Ela foi atendida parcialmente", destaca o coordenador do núcleo de diretos humanos da Defensoria, Rafael Lessa.

O processo, que até o momento tem cerca de 1,2 mil páginas, reuniu exemplos dos diversos abusos cometidos pela PM durante as manifestações de junho do ano passado. Foram casos em que a PM lançou bombas e atacou manifestantes que não estavam cometendo atos de vandalismo nem outros crimes.

"O que se viu, em 2013, foi uma absoluta e total falta de preparo da Polícia Militar, que, surpreendida pelo grande número de pessoas presentes aos protestos, assim reunidas em vias públicas, não soube agir, como revelou a acentuada mudança de padrão: no início, uma inércia total, omitindo-se no controle da situação, e depois agindo com demasiado grau de violência, direcionada não apenas contra os manifestantes, mas também contra quem estava no local apenas assistindo ou trabalhado, caso dos profissionais da imprensa", escreveu o juiz, depois de ler a ação.

Nenhum PM foi sequer identificado até hoje pela Corregedoria da PM por causa dos abusos já identificados por órgãos externos, como a Promotoria de Justiça Militar do Ministério Público Estadual. Os dois únicos processos relacionados aos protestos já apreciados pela Justiça Militar até hoje são referentes a oficiais que descumpriram ordens de dispersar a multidão (que foram absolvidos porque a Justiça entendeu que as ordens eram ilegais) e um coronel que saiu do plantão mais cedo -- este, condenado.

Antes de emitir a liminar, a Justiça solicitou parecer do Ministério Público Estadual sobre o caso. O promotor de Justiça Saad Mazloum, da 9ª Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social, primeiro tentou argumentar que a Defensoria não tinha competência para propor tal ação.

Ao analisar o pedido para criação das regras que garantissem o cumprimento da lei por parte da PM, Mazloum afirmou que "não se pode admitir é que, a partir de situações excepcionais, sejam padronizadas e burocratizadas as ações dos agentes da Polícia Militar, colocando em risco a ordem e a segurança públicas, e bem assim a vida e a segurança da população e dos próprios policiais militares".

A Procuradoria-Geral do Estado, que defende o governo nesses casos, também questionou a competência da Defensoria. O juiz Andrade, no entanto, afirmou que a Defensoria podia, sim, propor a ação.

Se a PM não elaborar o plano, será condenada ao pagamento diário de multa de R$ 100 mil. A decisão, liminar, ainda poderá ser revertida durante a análise do mérito da ação e o Estado de São Paulo também poder recorrer da sentença.

Em nota, a PM comentou o caso da seguinte forma: " A Polícia Militar de São Paulo atua dentro dos estritos limites da lei e segundo padrões reconhecidos internacionalmente. A decisão judicial é provisória e será enfrentada por recurso próprio".

SALVADOR (BA) -  A Polícia Militar da Bahia (PM-BA) repudiou, nesta quinta (27), a agressão de policiais militares contra civis em Candeias, Região Metropolitana de Salvador (RMS). Nesta quarta (26), um vídeo foi divulgado em redes sociais e no Youtube, exibindo o abuso de poder da PM-BA.

Em nota, a PM-BA afirma que em relação ao vídeo publicado, a Polícia Militar do estado repudia a agressão física cometida por um policial militar a um casal e afirma que não tolera este tipo de conduta e que a mesma não condiz com os princípios e valores que integram o processo de formação dos policiais militares.

A PM, através do Serviço de Inteligência, já iniciou diligências no sentido de identificar o policial militar e a Corregedoria Geral da PM já instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o fato. O título do vídeo é ‘Abuso da PM-BA em Candeias’  e algumas visualizações estão indisponíveis. 

 

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