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O governo brasileiro compareceu ao debate do Comitê de Desaparecimentos Forçados, da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, nesta segunda-feira (13). É a primeira vez que a organização examina a situação do desaparecimento forçado no Brasil, colocando pressão sobre o país em temas como a violência policial, presença de milícias e sobre a forma com a qual o Estado lida com as vítimas da ditadura. O exame ocorre uma semana antes da ida do presidente para a abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque.

Na ocasião, o governo de Jair Bolsonaro usou o debate para garantir que a democracia brasileira vive "sua plenitude" e atacou o que chama de "relativização da vida", numa referência ao aborto, segundo a coluna de Jamil Chade. Para apresentar o que tem sido feito no país, o Brasil destacou uma delegação de 20 pessoas, incluindo o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, Ministério da Justiça e Itamaraty.

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Mas, em sua apresentação diante dos membros do Comitê, a secretária nacional de Proteção Global (SNPG), Mariana Neris, fez questão de insistir em apontar para a situação nacional. Segundo ela, a democracia "vive sua plenitude" e a defesa dos direitos humanos é um dos pilares do estado. A declaração vem num momento em que o país é alvo de desconfiança internacional.

Na semana passada, a ONU fez um apelo para que o estado de direito fosse preservado no país, enquanto o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos alerta para os ataques contra instituições, entre elas o STF. O Comitê irá examinar a situação brasileira nos próximos dias e apontar para problemas que terão de ser lidado no que se refere ao combate ao desaparecimento forçado.

A declaração chama atenção, também, por ser similar à dada pelo tucano Aécio Neves, em 2016, quatro meses antes do impeachment de Dilma Rousseff. Em entrevista a jornais e agências de notícias internacionais, o então presidente nacional do PSDB disse que “na verdade, se há algo sólido hoje no Brasil são as nossas instituições democráticas. O Brasil vive um momento, sim, de inquietação política, mas com as nossas instituições funcionando na sua plenitude”.

A rede de televisão americana PBS teve acesso, nesta segunda (12), a imagens completas e versões do caso da morte de Michael Chad Breinholt, que algemado com as mãos para trás foi assassinado por um policial dentro de uma delegacia no estado de Utah, Estados Unidos, em 2019. As últimas palavras ouvidas antes da morte foram pronunciadas pelo oficial: 'você está prestes a morrer'.

O caso

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Breinholt, de 31 anos, havia sido preso após ir alcoolizado ao trabalho de sua namorada e dizer que tomou várias pílulas e queria se matar. Um colega chamou a polícia para segurança do rapaz e para cuidados médicos. Os oficiais, Matt Lane e Taylor Atkin, atenderam o caso e pela taxa de álcool de Chad, 0.162, o triplo do permitido 0.050, o algemaram e levaram a delegacia.  

Vídeos mostram Breinholt sendo colocado na viatura e na delegacia passando por averiguação durante duas horas. Nesse período os policiais prestaram pouca atenção no rapaz, que em alguns momentos chorava e pedia ajuda, se jogando no chão. 

Em outros momentos, os policiais ameaçavam acusa-lo de outros crimes como fornecer um nome falso ou destruir propriedade policial, depois que Breinholt começou a mastigar um cordão do bafômetro. 

Novatos, os dois policiais pediram a ajuda de um terceiro para preencher um mandado eletrônico. Tyler Longman não devia estar na delegacia, mas foi em pronta ajuda. Após ter pedido negado para ser levado a uma clínica de reabilitação para consumidores de drogas, a que estava constantemente sendo ajudado, escutou de Longman que não iria para uma clínica. “Estou levando você para a cadeia”.

Foi a partir daí que tudo começou, ainda bêbado, Breinholt fez piada de que havia uma arma no meio das suas calças, algo que fez os policiais rirem. Logo depois, disse ter uma arma no sapato e começou a tirar de um dos pés. Algemado com as mãos nas costas, acabou se atracando com os dois policiais novatos quando foram pegar seu sapato. 

Longman, que estava fora da sala de espera, escutou apenas as palavras “ele está com a minha arma”, vindo de Taylor Atkin, e entrou puxando sua arma, agarrando a cabeça de Breinholt e gritando, “você está prestes a morrer meu amigo”, enquanto dava o tiro fatal. Toda a ação durou apenas seis segundos.

Investigação

É o terceiro caso de tiroteio policial que o oficial Longman causa a morte de suspeitos. As duas primeiras passaram por investigação e foram taxadas como necessárias, mas o caso de Breinholt segue em avaliação, porém demorada.

A mãe de Michael Breinholt, Susan Nesse, viu as imagens gravadas no dia 23 de agosto de 2019 e pediu justiça pelo filho. Ele (o policial que atirou) parou para pensar sobre isso, ele pensou até nas palavras para dizer”, afirmou a PBS. 

Susan Nesse e sua família ficaram em choque quando souberam que não era o primeiro caso suspeito de Longman. “Chad ainda estaria aqui se algo tivesse acontecido a esse policial na primeira vez, ou até na segunda”, disse o irmão Chase Breinholt. “Por que ele ainda está carregando uma arma?”, concluiu.

Quase dois anos após a morte de Breinholt, um dos questionamentos feito pela família é se Longman finalmente enfrentará acusações pelo ação.

O procurador distrital do Condado de Salt Lake, Sim Gill, tomará a decisão, como faz com todos os tiroteios policiais em sua jurisdição. Não está claro quando isso acontecerá ou por que a revisão legal demorou tanto já que há apenas um caso de tiroteio policial mais antigo que ainda está pendente.

Na primeira avaliação do caso, o comitê de revisão de incidentes de West Valley City determinou que Longman não violou a política e que ele está de volta ao trabalho após uma licença administrativa, que é o protocolo padrão após um tiroteio policial. Suas ações também são defendidas pela Ordem Fraternal da Polícia de Utah.

Veja vídeo de trecho do caso:

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O diretório estadual do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em Pernambuco distribuiu 10 outdoors com o mote “CPI Quem Deu a Ordem” em pontos de grande movimentação no Recife e Região Metropolitana. A mensagem diz respeito a uma mobilização em apoio à criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), pela Assembleia Legislativa de Pernambuco, para investigar a ação policial em protesto contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e que resultou em violência no último dia 29, no Recife. Na ocasião, dois homens, alheios ao protesto, foram gravemente feridos à bala e acabaram perdendo a visão.

As placas contém a hashtag "#CpiQuemDeuAOrdem: Juntos pela apuração dos fatos de 29 de maio" e estão localizadas nos bairros do Pina (2), Boa Viagem, Imbiribeira, Encruzilhada, Casa Forte, Afogados, Estância, Santo Amaro e Salgadinho (Olinda). A CPI teria o intuito de cobrar do governador Paulo Câmara (PSB) respostas sobre a ordem dada à Polícia Militar e justificativa para o emprego do Batalhão de Choque em um ato pacífico.

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Na Casa, já foram protocoladas duas moções de apoio à instalação da CPI por iniciativa do partido, liderada pelo Coronel Meira.

"Estamos cobrando do Governador Paulo Câmara a resposta que a sociedade Pernambucana vem questionando. Desde o dia do acontecimento que o Governador vem se esquivando, se omitindo e tentando empurrar a responsabilidade para terceiros, o que é totalmente inadmissível", explica o coronel.

A  CPI é liderada na Alepe pelo deputado estadual Coronel Alberto Feitosa (PSC). "Um coisa tão simples e rápida de se resolver e o Governador fica empurrando com a barriga. Queremos ouvir os responsáveis e o próprio Governador Paulo Câmara sobre 'quem deu ordem' do fatídico dia 29 de maio, no qual, infelizmente, deixou vítimas e ao mesmo tempo criminalizou a Polícia Militar que estava cumprindo ordens, fato que gerou desconforto na tropa", reforçou Feitosa.

Para a instalação da CPI, basta que um terço dos deputados Estaduais (17 membros) assinem o requerimento que está aberto na Assembleia Legislativa de Pernambuco, no qual já conta com 13 assinaturas.

A Ouvidoria das Polícias colheu depoimentos dos familiares de dois jovens negros assassinados pela Polícia Militar de São Paulo, no último dia 9, em Santo Amaro, zona sul da capital paulista. Segundo os relatos e provas colhidas, uma das vítimas, Felipe Barbosa da Silva, de 23 anos, ligou para a esposa minutos antes e compartilhou a localização em tempo real, ciente de que seria alvejado pelos agentes.

“Moiô, moiô, eles vão matar a gente”, escreveu o homem. “Moiô” é uma gíria para “molhou”, que significa que a situação deu errado. As informações são de Leonardo Martins, do UOL. Ainda segundo a reportagem, Silva finalizou a chamada dizendo que amava sua filha, de apenas um ano de idade. A ligação foi feita às 19h20 do dia 9 de junho e durou 50 segundos.

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Antes de desligar, ainda pediu que ela avisasse a família de Vinícius Alves Procópio, segunda vítima, de 19 anos. Os policiais dizem que perseguiram o veículo pelas ruas do bairro após eles terem cometido um roubo e fugido. Foi dentro do carro que as mortes aconteceram. As imagens do momento do assassinato viralizaram nas redes sociais no último domingo (13). Elas mostram os dois policiais atirando ininterruptamente contra Felipe e Vinícius.

A perícia apontou que ambos os corpos tinham mais de 20 perfurações por tiros. Eles não tinham antecedentes criminais. Segundo a esposa, Felipe trabalhava como entregador de aplicativos e não possuía arma de fogo. Ela disse ainda ter sido ameaçada pelos PMs presentes para deixar o local dos tiros.

Familiares de Vinícius, que era monitor de perua escolar, falaram à Ouvidoria que, ao chegarem ao local das mortes, não viram nenhuma ambulância para socorrer os dois jovens. Havia apenas um veículo do Corpo de Bombeiros que prestava socorro a uma pessoa que estava em um carro com o qual o veículo dos dois jovens colidiu, segundo a família. Eles disseram que os corpos foram retirados dos veículos “como se nada fossem e atirados no meio-fio da via”.

Os policiais acusaram os jovens de terem participado de um assalto e tentado fugir pelas ruas do bairro, quando bateram em um carro e, em seguida, em um poste. Segundo relato dos PMs, ao serem abordados, um dos jovens teria tentado disparar uma arma de fogo contra os policiais, que afirmam ter revidado com dezenas de tiros. Segundo as investigações, já foi concluído que os homens não efetuaram disparos e está sendo avaliada a existência de fraude processual, pois as armas podem ter sido plantadas.

Os três PMs que participaram da ação - os dois que dispararam e um terceiro que dirigia o veículo policial - foram presos preventivamente pela Justiça Militar. No boletim de ocorrência, consta que foi encontrado um cartucho da munição 380 milímetros na roupa de Felipe. O registro também afirma que a perícia encontrou, no porta-luvas do carro, um título de eleitor e um cartão bancário no nome de uma mulher.

Sem conclusão da investigação, a delegada responsável pelo caso afirmou no boletim de ocorrência que “não se verifica aparente ilegalidade na conduta dos PMs”. Ela também cita, em defesa aos agentes, o “excludente de ilicitude”, dizendo que os PMs reagiram para “para salvar suas próprias vidas” e “usaram moderadamente dos meios necessários”.

O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios da Polícia Civil e pela Corregedoria da Polícia Militar.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020, mais recente levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com dados do ano de 2019, 74,4% das vítimas de homicídio no Brasil eram pessoas negras. Entre as pessoas mortas por policiais, o índice de negros é ainda maior: 79,1%. Não há dados oficiais nacionais sobre homicídios ou sobre mortes provocadas por policiais.

A vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PCdoB) publicou um vídeo nas redes sociais, neste sábado (29), após cenas de violência policial contra manifestantes do ato #29M no Recife viralizarem na internet. Segundo Luciana, a ação da Polícia Militar (PM) não foi autorizada pelo Governo do Estado e está sendo apurada.

No vídeo, a vice-governadora afirma que o Governo do Estado não deu autorização para as ações da PM contra os manifestantes e disse condenar tais atitudes. “Isso não foi autorizado pelo Governo do Estado. O governador Paulo Câmara tem se pautado pela democracia, pelo diálogo e nesse sentido, aqui eu falo também como militante que sou, acostumada a estar nas manifestações populares do nosso Estado, do nosso país. Nós condenamos esse tipo de atitude”.

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Luciana afirmou, também, que as ações policiais já estão sendo apuradas e que haverá responsabilização dos envolvidos na repressão aos manifestantes. “Os atos de violência, que repudiamos desde já, estão sendo apurados e terão consequências”. Por fim, a vice-governadora encerrou sua postagem com a hashtag #ForaBolsonaro. 

Milhares de pessoas protestaram nesta quinta-feira (13) em várias cidades do país contra o racismo e a violência policial, uma semana após uma operação contra o tráfico de drogas que deixou 28 mortos em uma favela do Rio de Janeiro.

Sob o lema "Nem de bala, nem de fome, nem de Covid. O povo negro quer viver!", os manifestantes, que usavam máscara, reivindicaram com cartazes e palavras de ordem o fim do racismo estrutural, no dia em que se comemora a assinatura da Lei Áurea.

No Centro do Rio, milhares de pessoas saíram em passeata, ainda consternadas com a operação policial sangrenta na Favela do Jacarezinho, alvo de uma enxurrada de críticas e um pedido da ONU para que sejam investigadas denúncias de execuções sumárias.

"Justiça para o Jacarezinho", "Contra o genocídio: rebelar-se é justo", diziam cartazes. "O que nós vemos é que os negros são os que mais morrem, os que mais morrem por armas de fogo, a maioria dos desempregados e a minoria da população vacinada. É uma política de genocídio, de morte", desabafou a manifestante Dara de Carvalho. "Estamos aqui hoje para pedir o fim do genocídio negro, pedindo vacina, emprego e igualdade de direitos", disse Alexandro dos Santos.

Atos semelhantes, convocados pela ONG Coalizão Negra por Direitos, aconteceram em várias cidades do país, como São Paulo, onde cerca de 500 manifestantes se concentraram na Avenida Paulista. Vários deles exibiam cartazes pedindo "Fora, Bolsonaro!". O presidente é acusado de racismo por vários setores e chegou ao poder com um discurso duro contra a criminalidade.

Considerada a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, a ação policial na favela do Jacarezinho, zona norte da capital fluminense, nessa quinta-feira (6), deixou 25 mortos e mais uma mancha no histórico de despreparo da segurança pública carioca. O caso, que segue enfrentando grande repercussão e críticas, chegou com força à mídia internacional, que não poupou palavras ao descrever e relembrar episódios de violência policial no Brasil.

No novo triste episódio, segundo a Polícia Civil, 24 suspeitos de integrar o crime organizado foram mortos durante o conflito com traficantes. As identidades ou circunstâncias das mortes ainda não foram reveladas, embora a corporação fale em baixas conflituais, o que entra em conflito com os relatos da população, que menciona execução e abuso policial.

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Também perdeu a vida durante o confronto o policial civil André Leonardo de Mello Frias, da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod). Outros dois agentes foram baleados e dois passageiros do metrô ficaram feridos após serem atingidos dentro de uma composição.

Repercussão internacional

O massacre na favela carioca teve repercussão imediata no exterior. Na mídia britânica, as manchetes que mais repercutiram foram do The Guardian e The Independent. Na Argentina, o La Nación também noticiou o ocorrido. Veículos franceses como o Le Monde Diplomatique ou catarianos, como o Al Jazeera, integraram a cobertura internacional sobre o caso. Em todas as publicações, classificações como “carnificina”, “violência policial”, “banho de sangue” dão o tom necropolítico que descreve a ação policial no Rio de Janeiro.

A publicação francesa se baseia em texto da agência de notícias AFP e fala em "banho de sangue", trecho em destaque na reportagem. O Le Monde cita depoimentos de moradores da região sobre corpos em poças de sangue no chão e outros sendo levados para veículos blindados das forças de segurança, assim como depoimentos que falam em execução.

“Moradores relataram ter visto cadáveres caídos na calçada em poças de sangue e vários corpos retirados de um veículo blindado da polícia, disse uma autoridade da comunidade local, pedindo por razões de segurança que seu nome não fosse publicado”, diz o texto.

O The Guardian foi o primeiro veículo internacional a noticiar o massacre. Com tom altamente crítico, o britânico menciona “comemorações” da Polícia Civil e chama de “carnificina” o ocorrido, citando falas polêmicas de figuras brasileiras sobre a operação.

“Policiais e suas animadoras de torcida nos tabloides cariocas celebraram a missão como um ataque essencial às gangues de traficantes que há décadas usam as favelas como suas bases. “Seria ótimo se a polícia pudesse lançar duas operações como essa todos os dias para libertar o Rio de Janeiro dos traficantes, ou pelo menos reduzir seu poder”, disse o apresentador do Balanço Geral, um popular programa policial de televisão, aos telespectadores saudando o que ele chamado de ataque ‘cirúrgico’”, escreveu o jornal.

Na rede de notícias Al Jazeera, do Catar, a reportagem traz o termo “carnificina” no título (foto de capa). "A mídia brasileira aplaudiu amplamente a operação, dizendo que foi uma repressão justificada ao tráfico de drogas e outros crimes violentos na comunidade."

Após diversas publicações sobre o assunto, o espanhol La Nación dedicou um dos textos para falar dos relatos de abuso policial durante a operação. Na foto, se destaca o registro da fotógrafa Silvia Izquierdo, da AP, que mostra uma jovem do Jacarezinho gritando em direção aos policiais durante o conflito.

“Ecos de um tiroteio sangrento de várias horas em uma favela do Rio de Janeiro duraram até sexta-feira: as autoridades disseram que a operação policial matou com sucesso duas dúzias de criminosos, e moradores e ativistas denunciaram abusos dos direitos humanos. Pouco depois do amanhecer de quinta-feira, dezenas de policiais civis do estado invadiram o Jacarezinho. Eles procuravam traficantes de drogas de uma das organizações criminosas mais conhecidas do país, o Comando Vermelho, e os corpos se amontoaram rapidamente”, relatou o veículo.

Milhares de franceses protestam neste sábado nas ruas do país contra um projeto de lei sobre segurança, considerado uma mordaça por seus críticos, em um país impactado por um novo caso de violência policial que deixou o governo em uma situação difícil.

Os protestos se concentram em três artigos do projeto de lei de Segurança Global que foi aprovado na Assembleia Nacional na semana passada, que enquadram a divulgação de imagens da polícia, o uso de drones, assim como imagens das forças de segurança feitas pelos cidadãos com seus telefones celulares.

Milhares de pessoas protestaram durante a manhã nas cidades de Lille (norte) e Montpellier (sudeste). Em Paris, centenas de manifestantes começaram a se reunir no início da tarde na Praça da República, de onde caminharão por pouco mais de dois quilômetros até a Praça da Bastilha.

As organizações que convocaram os protestos afirmam que o "projeto de lei pretende restringir a liberdade de imprensa, a liberdade de informar e de ser informado, a liberdade de expressão, as liberdades públicas fundamentais de nossa República".

O artigo 24 - o que mais chamou atenção - pune com um ano de prisão e multa de até 45.000 euros (54.000 dólares) a divulgação "mal-intencionada" de imagens das forças de segurança. O governo alega que o dispositivo pretende proteger a polícia de mensagens de ódio e pedidos de morte nas redes sociais, com revelações sobre detalhes de sua vida privada.

Mas os críticos afirmam que muitos casos de violência policial ficariam impunes se não fossem gravados pelas câmeras dos jornalistas ou pelos telefones dos cidadãos.

Também alegam que é uma medida inútil, pois o arsenal jurídico atual é suficiente para reprimir os delitos e o direito francês "pune os atos, não as intenções".

Dois casos de violência policial esta semana atiçaram o debate e transformaram uma decisão política em uma autêntica crise para o governo do presidente Emmanuel Macron.

Na segunda-feira, durante uma ação de organizações pró-imigrantes, a polícia desalojou com violência um acampamento improvisado em uma praça do centro de Paris, ao mesmo tempo que perseguiram jornalistas que estavam com câmeras e smartphones.

- Espancamento -

Na quinta-feira, câmeras de segurança registraram o espancamento de um produtor musical negro por três policiais.

A imprensa, as redes sociais e alguns atletas famosos denunciaram a violência policial.

"Imagens que nos envergonham", afirmou na sexta-feira o presidente Macron, que pediu ao governo que apresente rapidamente propostas para "lutar com mais eficácia contra todas as discriminações".

No dia da divulgação das imagens, ele pediu ao ministro do Interior, Gérald Darmanin, que aplicasse sanções aos policiais envolvidos.

Diante da indignação provocada pelo artigo 24, o primeiro-ministro Jean Castex tentou encontrar uma alternativa com a criação de uma "comissão independente responsável por apresentar um novo texto", mas a iniciativa irritou os parlamentares de todos os partidos, que consideraram a medida uma forma de "menosprezo".

A coordenação dos protestos deseja "a retirada dos artigos 21, 22 e 24" do projeto de lei e a "retirada do novo sistema nacional de manutenção da ordem" publicado em setembro, que durante as manifestações obriga a dispersão dos jornalistas quando as forças de segurança determinarem, o que impede a cobertura do desenvolvimento dos eventos, com frequência turbulentos.

A imprensa francesa e estrangeira denunciam uma "guinada na segurança" e a "violação de direitos". Entre as vozes críticas estão os defensores dos direitos humanos e os relatores de direitos humanos da ONU. O debate chegou ao Parlamento Europeu.

Além das tradicionais estruturas de esquerda, sindicais ou da sociedade civil, muitas personalidades também se uniram aos protestos, assim como os 'coletes amarelos', grupo que sacudiu o país com suas manifestações em 2018 e 2019.

A morte de um adolescente com deficiência na África do Sul, depois de ter sido supostamente baleado pela polícia, gerou manifestações violentas na periferia de Joanesburgo, nesta quinta-feira (27).

A polícia interveio disparando gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e balas de borracha para dispersar as centenas de manifestantes indignados no Eldorado Park, sul de Joanesburgo.

Os habitantes queimaram pneus e ergueram barricadas nas ruas. Também atiraram pedras na polícia e danificaram uma delegacia local.

Essas manifestações ocorreram após a morte, na quarta-feira à noite, de um adolescente de 16 anos identificado como Nathaniel Julius.

O jovem havia saído para comprar biscoitos antes de se encontrar com outros garotos, quando uma patrulha da polícia abordou o grupo.

O adolescente era incapaz de responder as perguntas da polícia devido à sua condição, explicou sua irmã Petunia Julius à televisão local Newzroom Afrika.

"Eles o mataram diretamente", sem tiro de advertência, às 20h30 no horário local, contou.

Julius morreu mais tarde no hospital, acrescentou.

O órgão de controle da polícia está investigando essa morte.

A juíza federal Maria Izabel Gomes Sant'Anna vislumbrou omissão da gestão Damares Alves em relação aos dados de violência policial, que não foram publicados no último relatório do Disque 100, elaborado pelo Ministério dos Direitos Humanos. Ao acatar pedido do Ministério Público Federal, a magistrada ordenou o governo a apresentar as informações em até cinco dias - o que foi atendido pelo governo.

O relatório foi publicado nesta semana acompanhado de uma nota técnica que justifica a demora na divulgação dos dados. Segundo a pasta, foram identificadas inconsistências nas informações, que precisaram passar por uma investigação aprofundada para posterior divulgação dos dados.

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"Nunca houve determinação para não apresentação ou retirada de dados relativos à violência policial no Balanço Anual 2019. Pelo contrário, o que se tem buscado é justamente apresentar a informação mais transparente e confiável possível", escreveu o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.

No ano passado, o Disque 100 registrou 1.486 ocorrências, representando uma queda de 9,22% em relação ao ano passado (1.637). No entanto, é o segundo maior saldo de denúncias desde 2011 - último ano cujos dados foram divulgados no relatório.

Damares havia sido notificada pela Procuradoria em documento assinado pelo subprocurador-geral da República Domingos Silveira, coordenador da 7ª Câmara de Controle Externo da Atividade Policial e Sistema Prisional do Ministério Público Federal. Em resposta, o Ministério alegou que os dados não constaram no relatório devido a 'inconsistências'.

A juíza Maria Izabel, contudo, apontou que o ministério não informa isto em nenhum momento do relatório. "Se o problema fosse metodológico, meramente para corrigir inconsistências, a exclusão temporária dos dados deveria valer para todo o relatório, e não apenas para as partes que tratam da violência policial".

Maria Izabel afirmou que a conduta de omissão da gestão Damares 'vai de encontro às determinações da Corte Interamericana de Direitos Humanos, podendo gerar, inclusive, nova responsabilização internacional da República Federativa do Brasil'.

A juíza destacou em decisão o aumento no número de casos de violência policial entre 2016 a 2018 que registraram, respectivamente, 1.009, 1.319 e 1.637 denúncias desta natureza. As vítimas dessa violência, segundo os dados dos relatórios anteriores, são majoritariamente pretos e pardos.

"Impende destacar que a Baixada Fluminense é notoriamente atingida pela violência e que grande parte de sua população encontra-se em situação de vulnerabilidade social, o que justifica a adoção de providências concretas no sentido de se elucidar eventuais violações de direitos humanos ocorridas", escreveu Maria Izabel, que atua como juíza federal substituta em Nova Iguaçu.

O sumiço dos dados de violência policial também entraram na mira de outras duas ações civis públicas, encabeçadas pela oposição. Uma delas, encabeçada por deputados do PT, foi apresentada perante à Justiça Federal de Brasília, que declinou competência para julgar o processo após a decisão liminar da Justiça de Nova Iguaçu. A segunda foi movida pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que aguarda manifestação do MPF.

COM A PALAVRA, A ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

Até a publicação desta matéria, a reportagem ainda aguardava resposta, por e-mail, da Advocacia-Geral da União. O espaço está aberto a manifestações.

COM A PALAVRA, O MINISTÉRIO DA MULHER, DA FAMÍLIA E DOS DIREITOS HUMANOS

Até a publicação desta matéiria, a reportagem ainda aguardava resposta, por e-mail, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. O espaço está aberto a manifestações.

Viralizou nas redes sociais neste sábado (13) um vídeo de agentes da Polícia Militar de São Paulo agredindo um jovem com grande violência no Jaçanã.

As fortes imagens foram registradas por um cinegrafista amador durante a madrugada. Na filmagem, é possível ver cinco policiais se revezando para bater diversas vezes na vítima, principalmente com golpes de cassetete. 

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Segundo informações da Ponte, o jovem torturado seria um morador da comunidade, de 27 anos. Ele alega que não estava fazendo nada de errado e que estava apenas aguardando a namorada. Já a PM contou em um primeiro momento que os soldados estavam fazendo um patrulhamento na região quando suspeitaram do rapaz, que resistiu à abordagem e acabou ocasionando uma queda. Após a divulgação das imagens, no entanto, o registro do caso foi atualizado.

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Em outra ação, em Barueri, na noite da última sexta-feira (12), policiais militares também foram flagrados em vídeo agredindo um homem que estava sentado em uma calçada com um celular na mão. 

De acordo com o G1, uma viatura da PM se aproximou do rapaz e um dos policiais o imobilizou com uma gravata, por motivos ainda não esclarecidos. Mesmo após a rendição, os agentes decidiram espancar a vítima, já algemada. Vizinhos que tentaram intervir para interromper o espancamento também acabaram sendo agredidos. 

Após as ocorrências de abuso registradas em vídeos, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, general João Camilo Pires de Campos, afirmou que os excessos verificados são lamentáveis e não condizem com as práticas da PM, motivo pelo qual os policiais envolvidos já foram afastados e responderão a inquéritos militares.

Da Sputnik Brasil

De joelhos, usando máscaras, com cartazes nas mãos e mantendo distância entre si, manifestantes fazem um ato na tarde deste sábado (13) em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista. Eles protestam contra a violência policial e do Estado e lembram as vítimas do novo coronavírus. Eles também se manifestam contra o racismo.

Nos 500 cartazes que foram distribuídos para quem compareceu ao ato, os manifestantes estampam imagens das vítimas do novo coronavírus e da ditadura militar, além de pessoas que morreram recentemente após ação policial.

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O ato é organizado pelo Grupo de Ação, agremiação que se diz apartidária e reúne ativistas, artistas, advogados, professores, comunicadores e profissionais da saúde.

O governo federal excluiu os dados sobre violência policial no relatório anual do Disque 100, serviço telefônico ligado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos para denúncias de violações de direitos humanos. O subprocurador-geral da República, Domingos Silveira, coordenador da 7.ª Câmara de Controle Externo da Atividade Policial e Sistema Prisional do Ministério Público Federal (MPF), afirmou ao Estadão que a exclusão é "absolutamente descabida". Segundo ele, o órgão do MPF irá oficiar hoje a pasta chefiada pela ministra Damares Alves pedindo explicações.

Silveira já foi responsável pela supervisão do Disque 100 em 2011, quando esteve à frente da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, à qual o serviço estava ligado. Destacou que os dados de violência policial nunca deixaram de ser divulgados.

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"O Disque 100 é o call center de denúncia de direitos humanos. É uma forma de medir, com dados globais, a sensibilidade da sociedade em relação às violências, incluindo a policial. É descabido quando se levantam elementos de ordem formal, consistência (para não divulgar dados). Um papel de órgãos de ouvidoria não é de verificar; isso cabe à corregedoria, Polícia, MP e Justiça", disse.

O coordenador da Câmara de Controle Externo da Atividade Policial criticou a argumentação do ministério para a imprensa de que a retirada dos dados se deu por "inconsistências". Segundo Silveira, se o problema fosse metodológico, para corrigir inconsistências, a exclusão temporária dos dados deveria valer para todo o relatório, e não apenas sobre as partes que tratam de violência policial.

Segundo o subprocurador-geral, a violência policial se torna ainda mais grave quando as informações sobre ela são "obscurecida". "Quando se tem a notícia através de canal oficial, que é o Disque 100, e essa notícia é silenciada, temos o próprio governo contribuindo para a violência policial. É muito grave."

A exclusão dos dados, segundo ele, é ainda mais preocupante em um momento no qual o mundo inteiro debate intensamente o tema da violência policial, na esteira dos protestos contra o racismo iniciados nos EUA após a morte de George Floyd, homem negro, por um policial branco. "O mais triste é que essa é a resposta aos Estados brasileiros num momento em que o mundo está refletindo sobre como atenuar a violência policial, que é uma chaga no planeta. A resposta do Estado brasileiro foi esconder", criticou.

Denúncias em alta

O relatório anual do Disque 100 vinha mostrando aumentos nas denúncias de violência policial. Em 2016, houve 1.009 registros. Em 2017, o número aumentou 30%, para 1.319. Os dados em 2018 apontaram nova elevação, de 24%, para 1.637. Os dados do Disque 100 são usados para orientar o desenvolvimento de políticas públicas, bem como verificar a eficácia das políticas em andamento. "É um espaço onde se ouve o gemido da dor da população que sofre as diversas violências. Por isso, ele tem sido avaliado para comparar a situação de um lugar para o outro. É um indicador nacional para a violência", disse o subprocurador-geral.

As denúncias motivam apuração de má conduta de policiais no Brasil. Após serem recebidas, devem ser enviadas para rede de apoio e verificação. "Cada denúncia deve ser comunicada ao MP e à corregedoria da PM. Isso faz com que órgãos se movimentem. Não se pode jogar sombra sobre esses dados", diz Silveira. O Ministério foi procurado, mas não se manifestou.

O estado de Nova York adotou um pacote de medidas nesta sexta-feira para acabar com a violência policial contra negros, após protestos que abalaram o país desde a morte de George Floyd.

O governador de Nova York, Andrew Cuomo, ratificou em sua entrevista coletiva diária 10 novas leis aprovadas pelo legislativo estadual, com maioria democrata nas duas casas.

Uma das medidas aprovadas proíbe a manobra de asfixia e tem o nome de Eric Garner, um negro que foi sufocado pela polícia de Nova York em 2014.

A mesma manobra, aplicada a Floyd, já foi proibida na Califórnia e em cidades como Minneapolis, Houston, Dallas, Denver e Washington DC.

Outra medida aprovada pelo estado de Nova York, fortemente criticada pelos sindicatos policiais, anula a cláusula 50a, que protegia os policiais acusados de abuso.

Esta cláusula mantinha em sigilo todos os registros profissionais de todos os policiais, incluindo suas sanções disciplinares, e impedia o público de saber se havia cometido abuso no passado. Esses dados podiam ser acessados somente por ordem judicial.

Após a morte de Floyd, a polícia de Minneapolis revelou que o policial que o sufocou até a morte depois de pressionar o pescoço da vítima com o joelho por quase nove minutos em 25 de maio, Derek Chauvin, teve 18 queixas contra ele por abuso nos últimos anos 20 anos. Os detalhes não foram divulgados.

Cuomo também anunciou um decreto que obrigará os 500 departamentos de polícia do estado a adotarem "um plano de reforma" que "reinvente e modernize" a aplicação da lei, elaborada em conjunto com as comunidades que servem. Esses planos devem abordar questões que estão no centro dos protestos contra o racismo e a brutalidade policial, como uso excessivo da força, gestão de multidões, discriminação e tratamento transparente de reclamações públicas.

Os departamentos que não adotarem um plano até 1º de abril de 2021 perderão o financiamento do estado, disse Cuomo na coletiva, que também contou com a presença de líderes democratas negros da legislatura de Nova York e do reverendo Al Sharpton, líder da luta contra racismo por mais de meio século.

Todas essas medidas "representam uma mudança substancial", disse Sharpton. "Precisamos monitorar para garantir que sejam cumpridas", acrescentou.

Milhares de pessoas se reuniram nesta terça-feira (2) em frente ao Tribunal de Paris contra a violência policial, em meio a um contexto de distúrbios pelo mesmo tema nos Estados Unidos.

Os manifestantes foram convocados pelo comitê de apoio à família de Adama Traoré, um negro de 24 anos que morreu após ser preso em 2016.

"Hoje não é apenas o combate da família Traoré, é o combate de todos vocês. Hoje, quando lutamos por Georges Floyd, lutamos por Adama Traoré", disse Assa Traoré, irmã de Adama.

A convocação coincidiu com os protesto nos Estados Unidos após a morte de George Floyd. "O que acontece nos Estados Unidos é o mesmo que acontece na França", disse a ativista.

Em 19 de julho de 2016, Adama Traoré morreu em uma delegacia nos arredores de Paris, cerca de duas horas depois de ser preso.

O caso tornou-se um símbolo de violência policial no país.

Na semana passada, a perícia descartou a responsabilidade dos policiais, mas nesta terça-feira, uma perito contratado pela família de Traoré indicou que ele sofreu socos na barriga, técnica de detenção utilizada pelos agentes.

A prefeitura proibiu manifestações devido à crise do coronavírus, que não permite concentrações de mais de 10 pessoas, e também ao risco de "tumultos".

burx-pid/fjb/jvb/mar/jc

Eduardo Suplicy não cansa de surpreender os que acompanham sua perfomance em manifestações políticas. Neste domingo (26), o vereador de São Paulo foi clicado participando da manifestação contra a violência policial no Rio de Janeiro vestindo apenas uma sunga vermelha, na praia de Ipanema (RJ).

Desta vez, no entanto, o motivo da vestimenta não foi proposital, uma vez que Suplicy estava na praia e foi do mar direto para a manifestação, sem trocar o "figurino".

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#AsFavelasExigemPaz - O ato que pegou Eduardo Suplicy "de surpresa" reuniu moradores de favelas e militantes com o lema "Parem de nos matar".

Entre outras demandas, o ato pediu o fim das políticas públicas de ocupações e intervenções policiais e militares nas áreas residenciais "que continuam nos matando e aos nossos familiares e amigos".

O ato lmebrou da morte do gari "Nera" na segunda-feira de Páscoa. William Mendonça dos Santos foi morto com dois tiros na favela do Vidigal, Zona Sul do Rio. Moradores acusam a polícia militar pelo crime.

As mortes do músico Evaldo Rosa dos Santos e do catador de papel Luciano Macedo, executados pelo exército com 80 tiros na Estrada do Cambotá em Guadalupe, Zona Oeste, também foram usadas como exemplo da violência das ocupações.

Foto: Reprodução/Twitter/@catia_Seabra

Vídeos divulgados nas redes sociais na noite desta quinta-feira (4) mostram o momento no qual um grupo de policiais militares chega na Escola Estadual Professor Frederico Brotero, na cidade de Guarulhos, em São Paulo, para conter protesto realizado por estudantes. Durante a ação, os policiais armados não permitem que os alunos saiam do espaço. Um deles chega a empurrar uma estudante que tentava passar por ele. Um professor que tentava acalmar a situação se coloca entre os militares e os estudantes.

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Nas redes sociais, alunos afirmaram que os protestos foram realizados em três turnos durante uma “greve” idealizada para destituir o diretor. Segundo a comunidade escolar, ele não atenderia aos pedidos dos estudantes, instituindo uma nova gestão que não dialogava com os alunos, chegando até mesmo a fechar o portão da escola antes da hora limite para tal.

Em resposta ao jornal Folha de S. Paulo, a PM de São Paulo disse que não comentaria o assunto e afirmou que nenhum aluno foi levado à delegacia. A Secretaria de Educação do estado afirmou que vai apurar o episódio.

Uma pesquisa do Instituto Datafolha mostra que metade dos brasileiros tem medo de ser vítima de algum tipo de violência policial. A pesquisa feita em junho mostra que os moradores da região Nordeste do país são os que mais temem a polícia. Entre as polícias Civil e Militar, os números são bem próximos: 49% têm medo de sofrer violência por parte da PM e 46% declararam ter medo dos policiais civis. Outro dado mostrado na pesquisa é o de adultos que têm medo de sair de casa depois do anoitecer: 60%.

No início do mês, a Associação dos Docentes da Unifesp (Adunifesp-Ssind) emitiu uma nota de repúdio após uma audiência pública, convocada pelo Conselho Estadual da Condição Humana, para discutir o Plano Estadual de Educação em Direitos Humanos. Na ocasião, policiais militares compareceram ao evento fardados e armados para defender sua posição perante a proposta, entre elas, mudar a nomenclatura “Ditadura Militar de 1964” para “Revolução de 1964” e retirar a discussão de gênero das escolas.

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Manifestações de 2013

No fim de 2016, a Justiça condenou o estado de São Paulo a pagar R$ 8 milhões de indenização por uso de violência policial para conter manifestantes que pediam a redução do valor da passagem do transporte público na capital paulista. Na sentença, o juiz Valentino Aparecido de Andrade declarou que "o elemento que causou a violência nos protestos foi o despreparo da Polícia Militar”.

Com quatro jornalistas mortos este ano, o Brasil é o segundo país do mundo que mais matou esses profissionais em 2016, ficando atrás apenas do México, que contabiliza 12 mortes, e empatado com o Iraque (4 mortes).

Até o dia de hoje (13), a organização Repórteres Sem Fronteiras (Reporters Sans Frontieres - RSF) mapeou 47 mortes de jornalistas no mundo em 2016. A Síria contabiliza 7 mortes este ano; o Iêmen, cinco; a Líbia, três; e o Afeganistão e a Somália, duas. Países como Ucrânia, Turquia, Sudão do Sul e outros registraram uma morte.

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A violência contra os jornalistas, a independência da mídia, o meio ambiente e a autocensura, o enquadramento legal, a transparência, a infraestrutura e a extorsão são critérios usados pela organização independente RSF para determinar o Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa. O Brasil ocupa a 104ª posição entre 180 países avaliados.

Publicado anualmente desde 2002, o ranking leva em conta o grau de liberdade de que gozam os jornalistas, através de uma série de indicadores.

Segundo a RSF, a ausência de mecanismos de proteção nacional para jornalistas em perigo, somada à corrupção desenfreada no país, tornam a tarefa dos jornalistas ainda mais difícil. “O panorama da mídia continua altamente concentrado, especialmente em torno de grandes famílias industriais, muitas vezes perto da classe política”, avalia a organização.

Mortos 22 jornalistas no Brasil desde 2012

O Brasil já soma pelo menos 22 jornalistas assassinados por razões diretamente relacionadas com o seu trabalho, desde os últimos Jogos Olímpicos em 2012. Na maioria dos casos registrados pela RSF, os jornalistas, radialistas, blogueiros e outros profissionais da mídia que foram assassinados trabalhavam cobrindo e investigando temas relacionados à corrupção, à ordem pública e ao crime organizado, em especial nas pequenas e médias cidades do país.

“Este aumento do número de assassinatos, perceptível a partir de 2010, infelizmente não é a única ameaça iminente contra a integridade física dos jornalistas. Os principais eventos de 2013 foram marcados por um clima de violência generalizada. Repórteres que cobriam os protestos tornaram-se alvos de rotina das forças de segurança, fisicamente atacados ou arbitrariamente colocados sob custódia. Essa tendência continuou durante as manifestações que acompanharam a Copa do Mundo realizada no país [Brasil] em 2014”, afirma a RSF.

De acordo com dados da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), entre maio de 2013 e setembro de 2016 foram contabilizados 300 casos de agressões a jornalistas durante a cobertura das manifestações. Policiais, guardas municipais, guardas legislativos e seguranças privados foram responsáveis por 224 violações.

Além de agressões com cassetete, foram registrados casos de ataques com bombas de gás, bombas de efeito moral, balas de borracha, spray de pimenta e atropelamentos com viaturas e motocicletas. Também houve registros de ameaças, destruição de equipamento e detenção. Além dos 224 ataques à imprensa protagonizados por agentes de segurança, houve 75 ocasiões em que os agressores foram manifestantes.

Polarização política reforça insegurança

Segundo a RSF, a forte polarização política do país também tem contribuído para reforçar a insegurança dos jornalistas durante os protestos nas ruas de grandes cidades, pois os profissionais são insultados por manifestantes, que os associam diretamente às linhas editoriais dos principais meios de comunicação que eles representam.

O Brasil, entre 2015 e 2016, caiu 5 posições no Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa, ficando na 104ª posição. A melhor colocação obtida na série histórica aconteceu em 2002, quando o Brasil ficou em 54º colocado entre 134 países. Apesar da queda, o Brasil ficou melhor colocado que países como o México (149ª), a Venezuela (139ª), a Colômbia (134ª) e o Paraguai (111ª).

A Finlândia foi o país melhor colocado do ranking, seguido por Países Baixos, Noruega, Dinamarca e Nova Zelândia. Nos últimos lugares, estão a Síria, na 177ª posição; seguida por Turcomenistão (178ª); Coreia do Norte (179ª); e Eritreia (180ª).

A tendência apresentada pelo mapa este ano mostra um clima generalizado de medo e tensão. Tendo em conta os índices regionais, a Europa continua a ser a área onde a mídia é a mais livre. O Norte da África e o Oriente Médio continuam a ser as regiões onde os jornalistas estão mais sujeitos à violência.

Moradores de Charlotte, no Estado da Carolina do Norte, pediram a renúncia da prefeita e de outros dirigentes, afirmando que eles fracassaram em forçar uma mudança nas instituições da cidade, que vive uma semana de protestos desde a morte de um homem negro por um policial.

Em uma reunião realizada ontem na prefeitura, dezenas de residentes compartilharam suas opiniões sobre a morte de Kevin Lamont Scott, no último dia 20. Muitos pediram a renúncia a prefeita Jennifer Roberts e do delegado de polícia Kerr Putney, além de outros membros do conselho local.

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"Os ânimos continuarão exaltados até as pessoas receberem justiça", afirmou o reverendo Milton Williams, o último orador em mais de três horas de falas. "Nossa cidade está em tumulto, e vocês não enfrentaram isso."

Muitos dos presentes carregavam placas para expressar sua ira. Um deles pedia a revogação de uma lei que impede a divulgação das imagens feitas pela polícia sem uma ordem judicial. Nos EUA, as autoridades são obrigadas a carregar uma câmera em abordagens a civis.

A família de Scott e grupos de ativistas denunciaram que a delegacia local divulgou apenas cerca de três minutos de filmagens de duas câmeras, e pediram que as autoridades divulguem toda a gravação, assim como o áudio.

"Nós temos nenhuma razão para acreditar em vocês, e vocês nos dão ainda menos motivos", afirmou Khasha Harris, uma das presentes.

Um dos membros do conselho, afirmou que o órgão deveria escutar as reclamações e enfrentar as questões colocadas.

"Essa inquietação está sendo cozinhadas por décadas", afirmou outro membro. "Na semana passada, ela ferveu e agora está ficando ainda mais quente".Fonte: Associated Press.

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