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Uma produção filmada em ordem cronológica, sem que os atores ou equipe de produção tivessem acesso a todo o roteiro, com direito a instruções contraditórias para confundir o elenco: "Roma" foi laboratório para Alfonso Cuarón reinventar seu estilo de fazer cinema.

Era um projeto muito pessoal, íntimo, tanto que é praticamente uma fotografia de sua infância no número 21 da rua Tepejí, no bairro Roma Sul, na Cidade do México.

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Ele não imaginou que esta produção em preto e branco, produzida em seu país natal e por uma equipe técnica mexicana, falada em espanhol e no dialeto mixteco, teria tanto êxito na temporada de premiações no cinema mundial, incluindo dez indicações ao Oscar. No evento de gala do cinema americano, que será realizado no próximo domingo, o próprio Cuarón concorre nas categorias de produção, roteiro, fotografia e direção.

"(O objetivo) Era participar de um processo que não superasse o fazer, reinventando-o e aprendendo com o processo, era fundamental isso", disse à AFP o cineasta de 57 anos, vencedor do Oscar em 2014 por "Gravidade".

A intenção do mexicano era trabalhar de uma forma que nunca havia feito. Por isso a decisão de filmar cronologicamente, algo muito incomum na produção de um longa-metragem, e de não apresentar à equipe o roteiro completo.

"Um caos" criado de propósito

"Roma" conta a história da babá de Cuarón, uma jovem de origem indígena que engravida após as primeiras experiências sexuais e que é interpretada pela novata Yalitza Aparicio, indicada ao Oscar na categoria melhor atriz.

O filme também aborda a história da mãe do cineasta, que encara um processo de separação, e os conflitos domésticos e estrutura social do México da década de 1970.

O elenco também participou muito do processo de reinvenção: o primeiro requisito era que os atores tivessem traços físicos parecidos com os personagens que deveriam interpretar, deixando em segundo plano a experiência profissional.

A maior parte dos atores de "Roma" era de estreantes num set de filmagem, como Aparicio.

Cada manhã, durante os 108 dias de gravações, o período mais longo de trabalho de sua carreira, Cuarón dava instruções diferentes para a equipe, e assim, "quando começava a filmar era um caos, como um engarrafamento, pois assim é a vida, que não é organizada", disse numa entrevista recentemente.

Essa situação aconteceu na cena em que a mãe pede às crianças para escreverem cartas para pai que pensam estar viajando a trabalho.

"Eu disse à Marina (de Tavira), que interpreta a mãe: 'o filho mais velho é o que mais sente falta do pai, é o mais próximo dele, por isso garanta que ele escreva uma boa carta'. Em seguida, secretamente, disse ao ator mirim: 'na hora que tua mãe começar a falar contigo, levanta e sai'".

O mesmo aconteceu quando o bebê de Cleo, a empregada doméstica, nasce morto.

Aparicio "não sabia o que estava para acontecer", contou Cuarón. "Quando o médico pergunta para ela se quer ver a criança, ela disse que sim, foi uma reação honesta", apesar de que na história real, Libo, a babá do diretor, ter se recusado a vê-lo. "Cedi a um momento de verdade nessa história".

"Não quero que seja assim"

Marina de Tavira, indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante por seu papel de Sofía, disse à AFP que vivenciou "todo um processo de ajuste", mas que não conhecer o roteiro completo "ajudou muito para não recorrer a um processo técnico de criação de um personagem, levando a algo muito próximo de uma consequência da realidade, ao mergulhar nesse mar que Alfonso propôs".

Cuarón destacou que dentro de sua carreira, este nível de improviso foi algo que o cativou. "Havia feito pequenas coisas, mas nunca neste nível, e isso é algo que me intriga, é algo que continuarei experimentando".

Um processo similar aconteceu também com o desenho de produção.

Quando Eugenio Caballero, vencedor do Oscar por "O labirinto do fauno", foi chamado por Cuarón para participar do trabalho, a primeira coisa que fez foi pedir ao diretor o roteiro. "Ele me disse: 'não, está escrito, mas não quero que seja assim'", recordou Caballero.

Após longas conversas com o cineasta, Caballero recriou a casa da família de Cuarón nos anos 1970. Ser detalhista era o ponto chave.

"O que havia na mesa, que tipo de vendedor ambulante passava pela rua, o que lhe chamava atenção pelo som", explicou à AFP. "Como era o cheiro de um local, de alguma planta, esse tipo de coisa, e assim construímos o filme".

"Roma" pode romper no domingo (24) uma tradição na cerimônia do Oscar: nunca uma produção em um idioma diferente do inglês venceu o maior prêmio da noite, o de melhor filme.

O drama autobiográfico do mexicano e já vencedor do Oscar Alfonso Cuarón é um dos favoritos, mas os prêmios dos sindicatos da indústria, que servem como termômetro, não coincidiram e os analistas afirmam que a disputa está em aberto.

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O filme, que já venceu diversos prêmios, lidera as pesquisas ao lado de "Green Book", ambientado no período de segregação racial no sul dos Estados Unidos. A revista Rolling Stone e os sites especializados Gold Derby e IMDB apontam o favoritismo para o filme de Cuarón.

Neste caso, um filme independente, feito no México e por mexicanos, filmado em preto e branco e falado em espanhol e um dialeto indígena, mudaria para sempre a história do Oscar.

"Roma", que chega à premiação da Academia com 10 indicações, conta a história das duas mulheres que marcaram a infância de Cuarón: sua mãe, durante o processo de separação do marido, e uma jovem empregada doméstica de origem indígena, grávida após suas primeiras experiências sexuais.

Através das duas personagens - interpretadas pelas indicadas Marina de Tavira e Yalitza Aparicio respectivamente -, o filme apresenta um panorama profundo dos conflitos e hierarquias sociais do turbulento México dos anos 70.

- Frear a Netflix -

Brian Lowry, redator sênior de entretenimento da CNN, escreveu que "Green Book" será escolhido o melhor filme, mas que "Roma" deveria ser o vencedor do prêmio. "Deixou uma impressão mais profunda que praticamente qualquer outra coisa este ano, mas joga contra ser uma produção estrangeira e distribuída pela Netflix".

A gigante do streaming, que disputa pela primeira vez as principais categorias do Oscar, é criticada pelos estúdios tradicionais por privilegiar a distribuição na internet, com exibições muito limitadas nas salas de cinema.

"'Roma' poderia estar à frente sem importar quem é a distribuidora", afirmou à AFP Peter Debruge, crítico da revista Variety. "Mas a Netflix foi a empresa que apostou, que arriscou com este filme".

Outros apostam em "Green Book", que venceu o Globo de Ouro e o prêmio do sindicato dos produtores, por ser um filme "mais palatável" e que pode frear, justamente, o avanço da Netflix na indústria.

O filme segue a amizade entre o famoso pianista negro Donald Shirley e seu motorista branco Tony 'Lip', estabelecida durante uma viagem pelo sul dos Estados Unidos em plena época da segregação.

"Algumas pessoas descreveram como 'um filme de brancos'", disse à AFP Tim Gray, também da Variety, em relação às críticas da família de Shirley.

"Mas o filme nunca teve a intenção de explorar relações raciais, é um filme sobre a amizade de um par estranho, como em 'Máquina Mortífera' ou '48 Horas'".

- A péssima recordação de Branca de Neve -

Na disputa pela estatueta de melhor ator a interpretação de Rami Malek como Freddie Mercury em "Bohemian Rhapsody" parece ter mais chances que a transformação de Christian Bale em "Vice".

"Com Rami Malek, você assiste um papel que realmente se conectou com o público. Não ficaria surpreso com sua vitória", afirma Debruge.

Glenn Close é a favorita vencer a categoria de melhor atriz por seu papel em "A Esposa". A categoria também tem entre as indicadas Yalitza Aparicio, a protagonista de "Roma", uma professora sem nenhuma experiência anterior de atuação, e a estrela pop Lady Gaga ("Nasce uma Estrela").

Regina King ("Se a Rua Beale Falasse") e Mahershala Ali ("Green Book") são considerados os prováveis vencedores nas categorias coadjuvantes.

A organização desta edição do Oscar enfrentou diversos fiascos, que incluem ideias como a criação de uma ambígua categoria de filme popular ou o anúncio de categorias importantes durante intervalos comerciais, ambas abortadas após fortes críticas.

A premiação não terá um apresentador pela primeira vez em 30 anos, depois que o comediante Kevin Hart desistiu do papel por recusar-se a pedir desculpas por tuites homofóbicos que publicou há vários anos.

A última cerimônia sem apresentador, em 1989, é recordada pelo desastroso dueto musical entre Rob Lowe e a personagem Branca de Neve durante a abertura da premiação.

Críticos de cinema de Hollywood celebraram na noite de domingo (13) o filme "Roma", drama do cineasta mexicano Alfonso Cuarón inspirado em sua própria infância. O filme em preto e branco ganhou o Critics' Choice Award de melhor filme e melhor filme estrangeiro, assim como melhor direção e fotografia.

"Esse bando de mexicanos é tão ruim quanto às vezes são pintados", declarou o cineasta em uma clara referência ao discurso do presidente Donald Trump sobre imigração.

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Christian Bale ganhou o prêmio de Melhor Ator e Melhor Ator de Comédia por "Vice", enquanto Glenn Close ("A Esposa") e Lady Gaga ("Uma Estrela Nasce") compartilharam a estatueta de atriz.

Mahershala Ali ("Green Book: o Guia") e Regina King ("Se Street Pudesse Falar") foram premiados como os melhores coadjuvantes. "A favorita" ganhou como melhor elenco e Olivia Colman, como melhor atriz de comédia.

"Homem Aranha no Aranhaverso" levou o prêmio de melhor animação. "Missão: Impossívele - Efeito Fallout" ganhou como melhor filme de ação.

Lady Gaga também levou um prêmio de melhor canção com "Shallow" e Justin Hurwitz ganhou com a melhor trilha sonora por "O primeiro homem na lua".

Considerado um dos termômetros para o Oscar, os prêmios dos críticos foram entregues neste domingo em Santa Mônica, na Califórnia, e também celebraram o melhor da televisão.

"The Americans" e "The Marvelous Mrs. Maisel" ganharam os prêmios de melhor drama e comédia, respectivamente.

O mexicano Alfonso Cuarón conquistou, neste domingo (6), dois Globos de Ouro com "Roma", o aclamado drama inspirado em sua infância.

O filme em preto e branco levou as estatuetas de melhor filme em língua estrangeira e melhor direção, e se posiciona com mais força na corrida para a premiação do Oscar.

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"O cinema constrói pontes para outras culturas e, enquanto cruzamos estas pontes, esta experiência e estas novas formas, precisamos entender que, embora pareçam estranhas, são familiares. Precisamos entender que temos muito em comum", disse o mexicano na cerimônia realizada em Beverly Hills.

A grande surpresa da noite foi "Bohemian Rhapsody", uma homenagem à vida do lendário Freddie Mercury e a sua banda Queen, que ganhou na categoria de melhor drama, o prêmio mais importante da noite, e de melhor ator de drama, com Rami Malek.

"Obrigado a Freddie Mercury por me dar a alegria da vida. Isso é para você!", disse Malek al recibir la estatuilla.

"Nasce uma estrela", o drama musical dirigido e protagonizado por Bradley Cooper junto com Lady Gaga, e favorito para melhor drama, ficou apenas com uma estatueta, a de melhor canção original.

"Como mulher na música, posso dizer que é muito difícil ser levada a sério", afirmou a cantora, que também foi indicada na categoria de melhor atriz, prêmio este que ficou com Glenn Close ("A esposa").

"Somos mulheres e mães. Temos nossos filhos e nossos maridos (...), mas temos que encontrar a realização pessoal, temos que seguir nossos sonhos", disse Glenn Close em um emocionado discurso.

O grande vencedor, com três estatuetas, foi "Green Book - o guia". O filme recria uma viagem ao sul dos Estados Unidos nos tempos segregacionistas na década de 1960 do pianista negro de música clássica Don Shirley (Mahershala Ali) e seu motorista Tony Vallelonga (Viggo Mortensen).

Conquistou os Globos de melhor roteiro, melhor comédio e melhor ator coadjuvente para Ali.

"Don Shirley era um grande homem e um gênio menosprezado que não podia tocar a música que queria simplesmente pela cor de sua pele", afirmou Nick Vallelonga, filho de Tony Vallelonga.

"Continuamos vivendo em tempos de divisão, e este filme é para isso, é para todos. Se eles conseguiram encontrar um terreno comum aqui, todos podemos", completou.

- Diversidade -

Christian Bale ganhou como melhor ator de comédia e agradeceu a Satanás pela "inspiração" para interpretar o ex-vice-presidente Dick Cheney em "Vice". Olivia Colman levou o prêmio de melhor atriz de comédia por "A favorita".

Já Regina King venceu na categoria de melhor atriz coadjuvante por seu papel em "If Beale Street Could Talk", que conta a história de uma jovem afro-americana que, com o apoio da família, tenta limpar o nome do marido, injustamente acusado, e provar sua inocência antes do nascimento do filho do casal.

Ao receber o prêmio, King lembrou o movimento Time's Up, que pede mais igualdade na indústria.

"A razão, pela qual fazemos isso, é porque entendemos que nossos microfones são grandes e falamos por todo mundo", afirmou. "E quero dizer que vou usar minha plataforma para anunciar que, nos próximos dois anos, tudo o que produzir - vou fazer uma promessa que será difícil - será 50% mulheres", acrescentou.

Acompanhado de Sandra Oh, a primeira asiática a apresentar este evento, o anfitrião Andy Samberg prestou uma homenagem à diversidade nos filmes indicados, destacando, por exemplo, "Pantera Negra", "If Beale Street Could Talk" e "Podres de ricos", com atores negros e asiáticos.

"Não estão indicados esta noite, porque tiveram ressonância em audiência que Hollywood normalmente ignora. Estão aqui, porque contaram histórias que tocaram a todos, e isso é algo maravilhoso", afirmou.

No tapete vermelho, muitos atores usavam pulseiras do movimento Time's Up, que nasceu há um ano neste mesmo local com um protestos de artistas vertidos de preto.

"Homem-Aranha no Aranhaverso", que apresenta um novo Homem-Aranha negro e latino, ganhou o prêmio de "melhor animação".

"The Americans" se despediu com o troféu de melhor série dramática, enquanto "The Kominsky Method" recebeu prêmios por melhor série de comédia e por melhor ator: o duas vezes ganhador do Oscar Michael Douglas.

"Devo tudo isso ao senhor Chuck Lorre" que "acha que ficar velho é engraçado", brincou o ator, de 74 anos, que tem quatro Globos de Ouro, incluindo um honorário.

Ele dedicou o prêmio ao pai, de 102 anos, o lendário Kirk Douglas.

"Nasce uma estrela", com a cantora Lady Gaga, e "Roma", um filme do diretor mexicano Alfonso Cuarón, são os favoritos neste domingo (6) para Globo de Ouro, que inaugura a temporada de premiações em Hollywood e, por vezes, traçam o caminho para o Oscar.

Os prêmios serão entregues por uma miríade de estrelas durante um jantar de gala realizado no luxuoso hotel Hilton em Beverly Hills, um show de três horas televisionado a partir das 17h00 (23h00 no horário de Brasília) e animado pelos atores Sandra Oh ("Gray's Anatomy", "Killing Eve") e Andy Samberg.

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Cobiçado, o Globo de Ouro tradicionalmente serve como uma ferramenta de previsão para o Oscar. Mas é um termômetro bastante incerto.

As previsões são difíceis porque, ao contrário do Oscar ou outros eventos, não são profissionais do cinema que votam, mas as poucas centenas de membros da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA).

"O Globo de Ouro é imprevisível, e é isso que o torna tão divertido. Mas este ano, os indicados nas principais categorias, todos têm muito mérito, então tudo é possível", disse à AFP Paul Dergarabedian, analista para a empresa especializada Comscore.

Embora "Vice", um retrato do vice-presidente americano Dick Cheney, lidere o caminho com seis indicações, a maioria dos especialistas em Hollywood apostam em "Nasce uma estrela" e sua dupla de atores (Lady Gaga e Bradley Cooper), que têm boas chances de vitória.

As versões anteriores (1954 e 1976) deste filme datado inicialmente de 1937 receberam vários Globos de Ouro e os críticos acreditam que este não fugirá da regra. Não descartam, no entanto, "uma grande surpresa" vinda de "Pantera Negra" ou "Infiltrado na Klan".

O Globo de Ouro de melhor filme em língua estrangeira deve ir para "Roma", do mexicano Alfonso Cuarón (vencedor do Oscar por "Gravidade" em 2014), que também compete na categoria de "melhor diretor".

"Cuarón recebeu uma avalanche de elogios por 'Roma', e se há um favorito nesta edição do Globo de Ouro, é ele", diz Dergarabedian.

Os que disputam com o cineasta mexicano o prêmio de melhor diretor são Spike Lee ("Infiltrado na Klan"), Peter Farrelly ("Green Book"), Adam McKay ("Vice") e Cooper, que fez sua estreia atrás das câmeras com "Nasce uma Estrela", dirigindo a si próprio.

Para os especialistas entrevistados pelo site de previsão de prêmios Gold Derby, "Nasce uma Estrela" é uma certeza para o melhor filme de drama, mas Cuarón levará para casa o prêmio de melhor diretor.

- Disputa acirrada para comédia ou musical -

Diferentemente do Oscar, os Globos de Ouro têm categorias paralelas para filmes de drama e de comédia ou musical - o que significa duas vezes mais prêmios, e uma chance para os que votam no Oscar considerarem uma gama maior de desempenhos.

Gaga poderia ser duas vezes vencedora, com indicações nas categorias de melhor atriz de filme de drama e de melhor canção original, com o hit do filme, "Shallow".

"Nasce uma Estrela" conta a história de um roqueiro (Cooper) que descobre uma cantora e compositora (Gaga) e a impulsiona para o estrelato, enquanto ele está sucumbindo ao álcool e a seus demônios interiores.

Para o prêmio de melhor ator de filme de drama, Cooper é um dos favoritos ao lado de Rami Malek, que interpreta o vocalista do Queen, Freddie Mercury, no filme biográfico "Bohemian Rhapsody".

O leque nas categorias de comédia ou musical é mais amplo.

Além de "Vice", os principais concorrentes incluem a comédia real "The Favorite", a comédia dramática sobre direitos civis "Green Book" e a sequência da Disney "O Retorno de Mary Poppins".

O ator galês Christian Bale, quase irreconhecível como Cheney, é o favorito ao prêmio de melhor ator de comédia ou musical, mesmo que as críticas contraditórias que o filme recebeu tenham prejudicado suas chances gerais de premiação.

Mas ele enfrenta a forte concorrência de Viggo Mortensen, que contracena com Mahershala Ali em "Green Book" - a história de um pianista negro nos Estados Unidos dos anos 1960 que contrata um segurança ítalo-americano como motorista para uma turnê pelo Sul racialmente dividido.

Na categoria de melhor atriz de filme de comédia ou musical, Olivia Colman, que interpreta Queen Anne em "The Favorite", disputa com Emily Blunt, que encarna a mágica babá britânica.

- Novos rostos nas categorias de TV -

O Globo de Ouro também homenageia o melhor da televisão, e pode parecer um pouco redundante após o Emmy de setembro, repetindo muitos dos seus indicados.

O vencedor do Emmy "O Assassinato de Gianni Versace: American Crime Story", por exemplo, lidera o número de indicações no Globo de Ouro, com quatro.

Mas o Globo de Ouro também olha para os programas que foram ao ar tarde demais para a disputa do Emmy.

A minissérie da HBO "Sharp Objects", o drama da Amazon "Homecoming", estrelado por Julia Roberts, e a comédia "The Kominsky Method", da Netflix, foram indicados.

O mexicano Alfonso Cuarón é o grande favorito para ganhar o Leão de Ouro do Festival de Cinema de Veneza neste sábado (8), com "Roma", um intenso retrato em preto e branco e muito pessoal do México dos anos 1970.

Sem celebridades, o filme mais intimista do cineasta mexicano se inspira em sua própria família, nos amores e desamores de criados e patrões, um documento emocionante e comovente sobre as diferenças sociais e raciais de seu país.

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Depois do hollywoodiano "Gravidade", vencedor em 2013 de sete prêmios Oscar, o cineasta mexicano volta a filmar em espanhol para narrar a América Latina que conhece, onde contrastes sociais convivem em um universo repleto de sentimentos, reflexões e diferenças culturais que se cruzam e se alimentam.

Na lista de favoritos desde o início, "Roma", nome do bairro onde cresceu, recebeu a nota máxima (5) de cinco dos dez críticos internacionais - os outros cinco lhe deram 4,5 - consultados pela Ciak, a revista oficial da Mostra.

Contra ele poderia pesar o fato de que o presidente do júri é outro mexicano, o cineasta Guillermo del Toro, amigo de Cuarón.

"Aqui julgamos a qualidade das obras, independentemente do país de origem, ou do nome do diretor", alertou Del Toro, que ganhou o Leão de Ouro no ano passado com "A forma da água".

A eventual vitória de Cuarón relança também o debate sobre o Netflix, gigante audiovisual que produziu e distribuiu o filme, e abre caminho para outro Oscar do diretor mexicano.

Realizado com técnicos mexicanos, o longa poderia concorrer como Melhor Filme Estrangeiro em Hollywood, um troféu que o mexicano ainda não tem.

Cuarón já recebeu, neste sábado, o prêmio SIGNIS da Associação Mundial Católica da Comunicação por "Roma", indicaram os organizadores.

Classificado por vários críticos italianos como uma "obra-prima", "épico" e "deslumbrante", o filme é dedicado a Libo, a babá de Cuarón. Sua personagem, a doméstica de origem indígena Cleo, é interpretada magistralmente por Yalitza Aparicio.

"Ela foi minha babá na infância e depois se tornou parte da família, e nós viramos parte de sua família", afirmou o diretor.

Outros filmes estão na lista de possíveis vencedores, entre eles "The Favourite", do grego Yorgos Lanthimos, um filme sobre o poder e as mulheres, baseado em fatos reais, do século XVIII na corte da Inglaterra, com três grandes atrizes: Emma Stone, Olivia Colman e Rachel Weisz.

Também disputa o primeiro faroeste do francês Jacques Audiard, uma reflexão sobre a fraternidade com Joaquin Phoenix, John C. Reilly e Jake Gyllenhaal.

E uma surpresa não pode ser descartada com o francês Olivier Assayas e seu drama cômico "Vidas Duplas", sobre um editor (Guillaume Canet) que enfrenta a novidade dos "e-books".

- Latino-americanos premiados -

O filme guatemalteco "José", do diretor e roteirista sino-americano Li Cheng, uma chocante história de amor homossexual em uma Guatemala pobre, foi premiado com o "Leão Queer" pela Associação para a Visibilidade do Mundo Homossexual.

O prêmio acontece em um momento importante no país, devido ao debate interno provocado por um projeto de lei que demanda o reconhecimento da identidade de gênero da população transexual.

Já o documentário do cineasta sérvio Emir Kusturica, sobre a vida do ex-guerrilheiro uruguaio José Mujica, com o título "Pepe, uma vida suprema", uma coprodução argentino-uruguaia, foi premiado pelo Conselho Internacional de Cinema e Televisão da Unesco.

Mujica se tornou, involuntariamente, a estrela do festival de cinema de Veneza, provocando aplausos por sua simplicidade e seu desejo de ser uma referência ética para o mundo depois de sua passagem na segunda-feira pelo tapete veneziano.

O cineasta mexicano Alfonso Cuarón causou sensação no Festival de Veneza com um filme muito pessoal, ambientado no México dos anos 1970 e inspirado em sua família, nos amores e desamores de criados e patrões, em uma homenagem à força das mulheres.

"É um filme sobre a minha própria memória", declarou o cineasta durante encontro com jornalistas após receber os aplausos na projeção à imprensa de seu novo filme na mostra competitiva de Veneza.

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Filmado em preto e branco, produzido pela Netflix, o cineasta mexicano volta a filmar em espanhol depois de muitos anos para abordar uma América Latina que ele conhece, na qual convive com os contrastes sociais, mas também com um universo cheio de sentimentos, reflexões, diferenças culturais que se cruzam e se alimentam.

Depois do hollywoodiano "Gravidade", ganhador de sete Oscars, o cineasta consegue capturar o espectador com a história de sua infância e das duas mulheres que o marcaram: Cleo, a empregada doméstica de origem indígena que fica grávida após suas primeiras experiências sexuais, interpretada por Yalitza Aparicio, e a da dona da casa, a mãe, interpretada pela atriz Marina de Tavira, a quem o marido está prestes a trocar por outro amor.

Ambientado na Cidade do México, precisamente no bairro de classe média alta Roma, que dá nome ao filme, as imagens do cotidiano, do preparo do café da manhã, das conversas, das brincadeiras, dos ruídos, dos animais, as passadas pelo pátio, a lavagem de roupa, os momentos em frente à TV desfilam lentamente quase como na vida real.

- Recriar os anos 1970 -

Para narrar um mundo íntimo e confortável que está prestes a se transformar, mudando para sempre a vida destas duas mulheres em meio a um país sacudido por terremotos, protestos estudantis e repressão, Cuarón reconstruiu fielmente, com riqueza de detalhes, a casa onde morou na infância.

"Recuperei móveis, quadros (...) Recriei a vida real, momentos vividos há 50 anos. Fazia parte do processo", confessa.

O cineasta conseguiu recriar, inclusive, o massacre de Corpus Christi, uma matança de estudantes em uma quinta-feira de junho de 1971, uma tragédia que abala Cleo, que a assiste, horrorizada, da vitrine de uma loja de móveis.

"Uso o preto e o branco digital, contemporâneo", explicou. O formato permite a Cuarón "falar do passado", sustenta.

"É que é um filme sobre a memória", insistiu Cuarón no encontro com a imprensa, no qual falou em espanhol e agradeceu à Netflix pelo apoio dado.

"Assim o filme não vai se perder no tempo", disse, ao considerar que permanecer na plataforma evita que termine como outras obras importantes autores que trabalharam em preto e branco e que não chegaram a ser distribuídas nas salas de cinema.

Depois de estrear em 2001, com o filme "E sua mãe também" e após ter dirigido o campeão de bilheteria Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban (2004), Cuarón passou a fazer parte da limitada lista de grandes autores latino-americanos maleáveis, capazes de dirigir tanto grandes produções americanas como a história muito latino-americana em disputa em Veneza.

"Não é um filme nostálgico", advertiu o diretor, que nunca revelou o roteiro aos atores, os quais se basearam apenas em indicações do cineasta, fruto de longas conversas com a equipe técnica.

"Quando o processo da memória começou a se desenvolver (...) descobri Cleo, a mulher que pertence à classe baixa, indígena, sua complexidade, um ponto de vista que não tinha", assegura.

As atrizes verão, ainda, pela primeira vez nesta quinta-feira o filme inteiro em sua exibição oficial no Palácio do Cinema veneziano.

"Para nós representa uma oportunidade de que se valorize nossa linguagem, nossa identidade, nossa cultura", afirmou Aparicio, que fala em alguns momentos em mixteco.

Este ano o México é um dos grandes protagonistas do festival veneziano, com outro filme na mostra competitiva de 4 de setembro, "Nuestro tiempo", do diretor Carlos Reygadas, autor de "Luz depois das trevas", filme que lhe rendeu o prêmio de melhor direção no Festival de Cannes de 2012.

O diretor mexicano Alfonso Cuarón, que recebeu um Oscar neste ano pelo filme Gravidade, e a atriz Chiara Mastroianni proclamarão nesta quarta-feira a abertura oficial do 67º Festival de Cannes, anunciaram à AFP os organizadores. A cerimônia de abertura começará às 17h15 GMT (14h15 de Brasília), com o ator francês Lambert Wilson como mestre de cerimônias.

Cuarón, de 52 anos, é considerado um dos cineastas mexicanos mais talentosos de sua geração, junto a Guillermo del Toro e Alejandro González Iñárritu. "Gravidade", grande sucesso mundial protagonizado por George Clooney e Sandra Bullock, recebeu no início de março sete prêmios Oscar.

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Mastroianni, de 41 anos, é filha do ator italiano Marcello Mastroianni, falecido em 1996, e da atriz francesa Catherine Deneuve. O pôster oficial do Festival presta homenagem neste ano a Marcello Mastroianni, com uma foto do protagonista de "8 ½", de Fellini.

Chiara e Marcello Mastroianni subiram juntos as escadas do Palácio dos Festivais de Cannes em 1996 para a apresentação do filme "Tres vidas y una sola muerte", do chileno Raúl Ruiz.

Com uma carreira cinematográfica exemplar e coroada pelo recente Gravidade, no momento, é quase impossível duvidar do talento de Alfonso Cuarón. Já J. J. Abrams é um realizador competente, mas com alguns deslizes aqui e ali, podendo ser considerado um gênio de entretenimento, mas nem sempre tão preciso quanto o primeiro. Apesar dos problemas, é inevitável não se criar expectativas ao se saber que os dois nomes se uniram na produção e criação de umasérie televisiva, que tomou forma com o título Believe.

No dia 19 deste mês, às 20h, estreia na Warner Channel Believe a série do diretor Alfonso Cuarón (Gravidade) em coprodução com J. J Abrams (Lost, Fringe, Almost Human). O mexicano é responsável pela criação e pelo roteiro.

Believe é uma série dramática que gira em torno de Bo (Johnny Sequoyah), uma pré-adolescente órfã que possui superpoderes como telecinese, levitação e a habilidade de controlar a natureza. A garota sofre assédio de pessoas mal-intencionadas, que querem explorar seus poderes sobrenaturais.

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Cuarón levou nesse domingo (2) o Oscar de Melhor Diretor por Gravidade. Ele também já faturou prêmio no Globo de Ouro, Directors Guild Awards e do Bafta Awards.

O mexicano Alfonso Cuarón ganhou uma vantagem decisiva em sua corrida ao Oscar ao receber o prêmio de melhor diretor do Sindicato de Diretores (DGA) por seu filme "Gravidade". "É realmente uma honra que recebo com humildade", declarou o cineasta ao receber o prêmio.

O diretor mexicano de 52 anos venceu seu colegas Paul Greengrass ('Capitão Phillips'), David O. Russell ('Trapaça'), Steve McQueen ('12 anos de escravidão') e Martin Scorsese ('O lobo de Wall Street').

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O cineasta mexicano Alfonso Cuarón se mostrou surpreso nesta quarta-feira que seu filme Gravidade tenha sido tão bem recebido entre os críticos e os mestres da sétima arte, mas acha prematura pensar em indicações ao Oscar. "Não esperávamos uma resposta deste tipo", admitiu o diretor do filme protagonizado por Sandra Bullock e George Clooney e que está batendo recordes de bilheteria.

Gravidade tem recebido críticas que o comparam até mesmo ao épico 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick. Também foi aplaudido por diretor como Steven Spielberg, Quentin Tarantino e James Cameron, que recentemente assegurou que "É o melhor filme sobre o espaço jamais feito".

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Cuarón disse também que, desde que o filme estreou, só ficou nervoso em duas ocasiões: durante uma apresentação especial para astronautas, e quando começou a receber ligações e e-mails de colegas entusiasmados. "Já não posso pedir mais nada", afirmou o diretor de 52 anos.

Indagado sobre a possibilidade de Gravidade ganhar mais de uma estatueta do Oscar, Cuarón foi prudente: "É verdade que tenho sonhado com isso, mas não, ainda é prematuro".

Os atores americanos George Clooney e Sandra Bullock, que protagonizam o filme 'Gravity', do mexicano Alfonso Cuarón, como dois astronautas perdidos no espaço, revelaram em Veneza que rodar o longa foi um 'desafio emocional e físico'.

"Rodamos em condições extremas, entre cabos e quase sempre sozinha. Tinha que suportar porque valia a pena contar a história do filme. Na verdade, foi uma experiência física e emocional incrível", afirmou Bullock.

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"Gravity", que abre oficialmente a 70ª edição do Festival de Veneza, representa o retorno de Cuarón ao cinema de ficção científica, depois de "Filhos da Esperança" (2005). O filme, apresentado fora da disputa, custou 80 milhões de dólares e foi produzido pelo americano David Heyman, o mesmo da série "Harry Potter".

Críticos e jornalistas em Veneza receberam muito bem o filme estrelado por Clooney e Bullock e aplaudiram após sua projeção em Lido, ilha da célebre laguna onde o festival é realizado a casa ano.

Apresentado fora de competição, "Gravity" conta a história de um astronauta em fim de carreira (George Clooney) e de uma especialista em engenharia médica (Sandra Bullock), largados no espaço, sem esperanças de serem resgatados após a destruição de sua nave espacial.

Fazendo com que o espectador passe simultaneamente do interior do capacete de cada astronauta ao exterior, no espaço sideral, o diretor consegue criar as sensações de asfixia e ansiedade sentidas pelos protagonistas, o que é reforçado pelo 3D.

Para interpretar a brilhante doutora Ryan Stone em sua primeira missão no espaço, Bullock teve que abrir mão de seu corpo, utilizá-lo sempre lentamente - "como uma máquina", disse -, enquanto sentimentos, desafios, dores e adversidades se acumulavam. "O que me agrada nestas situações adversas é que nos recordam como a vida é valiosa", disse a atriz, de 49 anos. "Meu irmão é amigo de um astronauta e pediu que ele me ligasse do espaço para perguntá-lo sobre como o corpo reage sem gravidade. Conversamos por celular, isto foi incrível".

Para Clooney, trabalhar em uma espécie de caixa de luz em meio à vastidão do espaço representou, sobretudo, um desafio técnico. "Tinha que evitar reagir de maneira instintiva à queda de objetos a alta velocidade, falar velozmente e ao mesmo tempo movimentar lentamente. Foi um trabalho extraordinário", contou o ator, que chegou a Veneza com a própria embarcação.

As duas estrelas de Hollywood, premiadas com o Oscar, demonstraram segurança e fizeram várias piadas. Clooney, sempre questionado sobre temas políticos, foi perguntado sobre uma possível intervenção dos Estados Unidos na Síria, mas evitou falar sobre o tema. Mas o ator confirmou a aquisição de um satélite. "Adquiri um satélite que está situado entre o Sudão e o Sudão do Sul para vigiar as atrocidades que são cometidas na região e tentar por todos os meios controlá-las", declarou o ator, com seriedade, ao falar sobre seu compromisso com as iniciativas de paz na África.

"Gravity", filme do mexicano Alfonso Cuarón com George Clooney e Sandra Bullock, abrirá o 70º Festival de Veneza, que acontecerá de 28 de agosto a 7 de setembro, anunciou a organização da mostra.

O filme de Cuarón, apresentado como "um dos diretores mais apreciados de sua geração", será exibido em 3D no dia 28 de agosto na grande sala do palácio de cinema no Lido de Veneza.

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"Gravity", que será apresentado fora de competição, é um 'thriller' no qual Bullock e Clooney interpretam astronautas em uma missão de rotina que de repente se encontram desconectados do mundo, após um acidente com a nave espacial.

Cuarón recebeu dois prêmios em 2001 em Veneza por "Y tu mamá también": melhor roteiro e prêmio de jovem esperança masculina para os atores Gael García Bernal e Diego Luna.

O diretor italiano Bernardo Bertolucci presidirá o júri da mostra.

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