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Ao contrário do usual, a Bienal de São Paulo do escocês Charles Esche e seu time de seis curadores que atuam de forma igualitária e sem hierarquias, não ocupará linearmente o prédio de Oscar Niemeyer com obras ou artistas separados por paredes divisórias. O projeto do curador-arquiteto Oren Sagiv propõe a compartimentação do espaço em três áreas, como se fossem três diferentes exposições ou experiências, que estão sendo moldadas de acordo com as obras ou projetos ainda em processo de execução por artistas pelo Brasil e mundo a fora. A abertura do evento acontece a 6 de setembro.

A ideia é que os visitantes fiquem menos cansados, mais orientados e que haja uma maior intimidade entre o público e a história contada em cada projeto. Segundo Esche, é como dividir um livro em capítulos. E, de acordo com a curadora israelense Galit Eilat, que tem todos os gráficos arquitetônicos em seu laptop e é quem está todo o tempo ligada eletronicamente com os artistas, as áreas próximas à rampa, nos três andares, formará um espaço independente e haverá obras ocupando verticalmente os três andares. Algumas paredes ganharão cores, tudo em sintonia e harmonia com os artistas. As próprias paredes e os trabalhos, de forma orgânica e tranquila, deverão indicar ao visitante o caminho a seguir e facilitarão a observação das obras.

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Também ao contrário do usual, o grupo de curadores não despacha todos os dias nos escritórios do prédio da Bienal. Depois de terem viajado o Brasil de norte a sul, de terem descoberto artistas desconhecidos através de encontros e conversas organizadas em cada estado, e sem recorrer a galerias estabelecidas, o time pode se reunir na Casa do Povo, uma escola fundada por judeus no Bom Retiro, na casa alugada onde três deles se hospedam, no Sumaré, em parques onde podem "sentir" a cidade ou num prédio da Faap no centro, próximo a Praça do Patriarca onde alguns artistas fazem residência.

Partindo da constatação de que o mapa das artes mudou totalmente em eras pós globalizadas, que não são Paris ou Nova York que ditam a arte para o mundo, mas que a criatividade e a imaginação podem estar em lugares como África, Indonésia, Líbano, Egito ou outros tantos, Charles Esche é da opinião que as Bienais, para sobreviver, têm de inventar uma nova razão de viver.

Não é preciso se preocupar em mostrar o melhor do mundo. São hoje, a seu ver, apenas uma ferramenta para contar uma história, mostrar a temperatura do momento e a diversidade de linguagem entre os artistas. Têm de ser um retrato do contemporâneo e não podem olhar para trás. E os artistas, não importa de que canto do mundo venham, têm de mostrar como lidam com tópicos ligados ao ambiente em que vivem. Esche acredita também que a arte, embora não seja política, pode ter uma influência positiva sobre a política, provocando a imaginação, fazendo com que tanto a direita como a esquerda se emancipem, possam fazer algo novo e deixem de se apegar ao passado. "A arte deve refletir a ideia de um momento de transformação no mundo."

O trabalho da pernambucana Ana Lira, entre alguns dos nomes anunciados em primeira mão pela reportagem, como os dos brasileiros Marta Neves e Eder Oliveira, dos libaneses Walid Raad, Tony Chakar e da egípcia Anna Boghngian, discorrerá sobre a fugacidade da política. Seu trabalho constará de uma série de fotografias de cartazes com o rosto de políticos espalhados pelas ruas do Recife, alguns desbotados pelo sol, outros grafitados ou com os olhos arrancados em interferências feitas por passantes. Impressas em material transparente, as fotografias de Ana Lira mostram como tudo é mutável e pode desaparecer na paisagem urbana, estarão expostas em paredes também transparentes. Para Esche, uma arte como essa, trabalhada em cima de acontecimentos, e a fotografia sendo usada para fazer arqueologia, pode conceitualmente colocar os políticos em seus devidos lugares.

O trabalhos da egípcia Anna Bognghian, descoberta por Galit Eilat numa viagem a Cartagena, giram em torno da vida dos ribeirinhos às margens dos grandes rios e sua relação com a vida em metrópoles como Cairo, Nova Délhi e São Paulo.

Atualmente excursionando e registrando através de desenhos pelo Rio Amazonas, Anna já fez o Nilo, no Egito, e o Ganges, na Índia. Para falar de democracia, a artista usa como metáfora a colmeia das abelhas onde a abelha rainha impõe um sistema monárquico.

Já o libanês Walid Raad faz um questionamento em cima da arte no mundo árabe, onde, à base do dinheiro, estão sendo criadas coleções milionárias e grandes fundos de pensão voltados para a arte. Estaria sendo criada na região, em torno desse fenômeno, uma tessitura entre o real e o fictício, e sendo imposta uma história onde ela não existe. Raad cria objetos com forte impacto visual que podem ser considerados pinturas e que usam a proporção e a sombra como elementos de apoio.

Já é possível adiantar que os 70 projetos que vão compor a Bienal abrigarão 250 obras, entre pinturas, desenhos, objetos ou vídeos, de 100 artistas de diferentes gerações, alguns deles trabalhando em conjunto. Dos 50% dos trabalhos feitos especialmente para a Bienal, 25% são de brasileiros e estão em fase de execução, o que aumenta o clima de expectativa e surpresa até mesmo para os curadores. A ideia é compor a Bienal com artistas menos atrelados ao sistema monetário. As diferentes proveniências dos artistas brasileiros devem aportar para a Bienal uma narrativa nacional, talvez desconhecida até dos brasileiros.

De boa paz com o mundo, o escocês Charles Esche, que torce pelo "sim" no referendo marcado para setembro próximo que decidirá sobre a independência de seu país do Reino Unido, "pois é preciso acabar com essa coisa de império britânico", tenta não ultrapassar os limites do orçamento de que dispõe a Bienal. À vontade no Brasil e desde sempre um amante do futebol, anda à cata de entradas para os jogos da Copa. Pergunto se o curador contemporâneo não seria de certo modo também um artista. Sua resposta é não. Nem apenas um mero organizador. Seria uma pessoa que atua entre o público e o artista para manter a discussão sobre o papel social da arte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O espetáculo cômico Arte, que traz Vladimir Brichta, Marcelo Flores e Claudio Gabriel no elenco, chega ao Recife para duas apresentações no Teatro Rio Mar, Zona Sul do Recife. As sessões serão realizadas nesta sexta-feira (16), às 21h30, e no sábado (17), às 21h. Com texto da premiada autora francesa Yasmina Reza, a montagem faz uma análise da amizade através da ótica masculina. Os ingressos custam R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia). A direção é de Emílio de Mello, que também assina a tradução do texto. 

Considerado um dos dez melhores espetáculos de 2012 pelo O Globo, a peça gira em torno da amizade de três homens e seus pontos de vista sobre a arte, comportamento, trabalho e relacionamento. Vladimir Brichta atua também como produtor e Marcelo Flores é um dos idealizadores do projeto ao lado de Emílio. A montagem original, de 1994, foi encenada pela primeira vez no Brasil em 1998, com direção de Mauro Rasi e tendo Pedro Paulo Rangel, Paulo Goulart e Paulo Gorgulho no elenco.

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Serviço

Espetáculo Arte

Teatro RioMar (Av. República do Líbano, 251 – Pina)

Sexta (16) | 21h30

Sábado (17) | 21h

R$ 50 e R$ 25 (meia)

 

(81) 3207 1144

"Le sauvetage", um óleo pintado em 1932 pelo espanhol Pablo Picasso, foi arrematado por 31,525 milhões de dólares nessa quarta-feira (7) no leilão de arte impressionista e moderna da Casa Sotheby's em Nova York, dobrando a estimativa de entre 14 e 18 milhões.

Outra obra de Picasso, "Tête de Marie-Thérèse", avaliada em entre 15 e 20 milhões de dólares, não encontrou comprador.

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"La Seánce du matin", do francês Henri Matisse, uma das estrelas da noite, foi arrematada por apenas 19,205 milhões de dólares, abaixo da estimativa de 20 milhões e longe dos 30 milhões esperados pela Sotheby's.

"Le pont japonais", de Claude Monet, obteve 15,845 milhões de dólares, dentro da previsão de entre 12 e 18 milhões.

Na terça-feira, "Nympheas", outra obra de Monet, foi arrematado por 27,045 milhões de dólares na Casa Christie's, na abertura da temporada de leilões de arte de primavera em Nova York. O quadro estava avaliado em entre 25 e 35 milhões.

"Portrait de femme (Dora Maar)", de Picasso, obteve 22,565 milhões de dólares, sendo arrematado abaixo da previsão de entre 25 e 35 milhões. Já uma obra do italiano Amadeo Modigliani, "Jeune homme roux assis", recebeu 17,637 milhões de dólares, bem acima da estimativa de 12 milhões.

Outro destaque da terça foi "Strandszene", do russo Vasili Kandinsky, arrematado por 17,189 milhões de dólares, dentro da previsão de entre 16 e 22 milhões.

Sobrepõem-se camadas na instalação Entre os Olhos o Deserto (1997), de Miguel Rio Branco. Imagens são projetadas em uma sala ao som da Gymnopédie n.º 1, de Erik Satie, criando uma composição fugidia e triste sobre paredes construídas e objetos como radiadores, uma roda de ferro e peças escultóricas. "As pessoas têm uma tendência de me levar para a fotografia, quando, na verdade, comecei com a pintura", diz o artista.

Desconfortável, ele cita o cinema como outro meio importantíssimo em sua produção, desde a década de 1960. Há um "sentido de construção, de edição", afirma Miguel Rio Branco, que perpassa todo seu trabalho. Sua obra se faz de conexões entre várias áreas. E é essa característica que toma a dianteira da mostra Teoria da Cor, que ele inaugura nesta sábado, 26, a partir das 11 horas, na Estação Pinacoteca.

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Telas, fotografias, assemblages, imagens repintadas, instalações - algumas, já históricas como Diálogos com Amaú (1983), sobre um índio surdo-mudo, e Negativo Sujo (1978) - ocupam todo um andar do museu, mas o artista não considera que se trate de uma exposição retrospectiva. Para falar sobre seu trabalho, Miguel Rio Branco gosta de lembrar uma história dos anos 1980, quando realizou uma pequena exposição na galeria da agência Magnum, em Paris. Na ocasião, conta, o fotógrafo norte-americano Dennis Stock viu suas obras e afirmou: "Seu problema é que você quer fazer música com fotografia". "Para mim, foi um grande elogio. Porque há a questão das variações no meu trabalho, dar uma dinâmica entre as imagens, que é mais importante que as imagens somente."

Outra instalação, Out of Nowhere, é justamente a expressão dessa ideia. Obra pontual, está em uma das primeiras salas da exposição do artista na Estação Pinacoteca porque reúne os vários sentidos de sua poética.

A atmosfera sombria domina o espaço com imagens do universo característico da produção de Miguel Rio Branco - fotografias do mundo do boxe, de mulheres da zona do meretrício, por exemplo - pregadas sobre pedaços de pano preto. Elas formam conjuntos de composições de raiz pictórica no espaço, mas há ainda espelhos aos pés dessas espécies de painéis.

"Out of Nowhere foi feito para a Bienal de Havana de 1994. É um trabalho que tem toda a questão de não ter a fotografia ligada a um tema ou a um tempo", afirma Miguel Rio Branco. "Os espelhos têm uma relação com o tempo e na primeira versão, eram os achados em Havana", conta o artista, chamando a atenção para o fato de a obra, também com trilha sonora e com luz rebaixada, ter seu sentido completado pelo movimento do espectador pela sala.

É verdade que o vermelho predomina na entrada da exposição, mas Teoria da Cor - título homônimo dado pelo artista Matheus Rocha Pitta a uma fotografia de Rio Branco de um bambolê colorido numa composição terrosa - não é apenas uma ode à pintura (apesar de se ver claramente a vontade de pontuá-la como vertente fundamental para o artista). Com curadoria do próprio Miguel Rio Branco, a mostra vai "costurando" um percurso "dinâmico".

As imagens são sempre fortes em seu trabalho - um insatisfeito e crítico por natureza (Dog Man é um díptico que coloca um mendigo e um cachorro com um cachorro doente lado a lado). Diálogos com Amaú (um dos destaques do pavilhão dedicado ao artista no Instituto Inhotim) é uma obra sobre "invasões da sociedade" e um sentido de indignação vai perpassando a exposição. E não fica apenas em São Paulo, como está no Rio também, onde ele retoma a instalação Gritos Surdos em mostra na Casa França-Brasil. "É um trabalho sobre poder, conectado com a opressão e com a morte", diz Miguel Rio Branco, que também lançará este ano, pela editora Cosac Naify, o livro Maldicidades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Paixão de Cristo do Recife que acontece à 47 anos, começa sua edição de 2014 nesta quarta (16) a partir das 20h. José Pimentel, à frente da direção e do texto da montagem, e também o ator que interpreta Jesus, contou para a equipe da TV LeiaJá sua emoção de estar pela 37º vez no palco interpretando Jesus. O ator contou que não se emociona, mas afirmou: "temos que emocionar a plateia. Tá todo mundo gostando, essa é a minha emoção."

Reinaldo de Oliveira, que interpreta Heródes disse que "É um prazer nós podermos transmitir a emoção que vem de dentro de nós pra todos". São 100 atores e 300 figurantes, que além de atuar ainda têm que dançar. A parte coreografada do espetáculo é de responsabilidade da artista Lili Rocha. "Apresentamos ao ar livre, para uma massa... é um prazer", afirmou Lili.

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Confira na matéria completa em vídeo mais informações sobre o espetáculo. As apresentações gratuitas acontecem todos os dias até este domingo no Marco Zero, a partir das 20h. 

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"Sou um minimalista sentimental", diz o artista francês Christian Boltanski. Em 2012, quando exibiu Chance na Casa França-Brasil do Rio, a obra, que o havia representado na Bienal de Veneza de 2011, tratava de uma engrenagem sobre destino e acaso. Agora, em São Paulo, ele coloca outra questão essencial de suas criações, o tema da vida e morte na instalação inédita 19.924.458 +/-, que será inaugurada nesta terça-feira, 8, à noite no Sesc Pompeia.

No espaço de convivência da instituição, 950 torres feitas de papelão e listas telefônicas traduzem a metrópole e sua população. Entre os milhares de nomes impressos, já não sabemos quem vive e quem já deixou de existir. Mais ainda, um flash de luz a cada dois minutos e 40 segundos indica que uma pessoa nasceu na cidade e um apagão a cada seis minutos expressa que alguém morreu em São Paulo. Depoimentos de imigrantes, projetados de 25 das torres da instalação, como totens sonoros, completam a obra.

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No sábado, 5, à tarde, com vista para o mar de prédios da metrópole, no Terraço Itália, o artista afirmou que não quis reproduzir São Paulo na instalação, mas criar um retrato da "fragilidade da vida". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Antecipações do happening, da arte conceitual, da land art e da instalação são algumas definições que a curadora alemã Heike van den Valentyn dá para as criações dos integrantes do grupo Zero, fundado em 1958 na Alemanha por Otto Piene e Heinz Mack. Expressão de vanguarda no pós-Guerra, nascido das Exposições Noturnas que os dois artistas promoveram em seu ateliê em Düsseldorf a partir de abril de 1957 - mostras que seriam apenas "uma vernissage à noite, sem que o evento se estendesse mais" -, o Zero concatenou as inquietações de criadores europeus e latino-americanos da época interessados, remete a palavra do título, nas "puras possibilidades de recomeço, tal como na contagem regressiva da decolagem de foguetes". "Zero é uma zona imensurável na qual um estado anterior se converte em um novO", explicou, então, Otto Piene.

São obras de depuração da cor, de uso da luz (e do néon) como material - e também, entre coisas banais, o papelão e o isopor -, de exercício da arte cinética e de vontade de trazer o espectador as que se podem ver na mostra Zero, abrigada em 12 salas da Pinacoteca do Estado. A exposição, com curadoria de Heike van den Valentyn, já passou pelo Museu Oscar Niemeyer de Curitiba e pela Fundação Iberê Camargo até chegar a São Paulo. Tem como mote não apenas apresentar criações dos integrantes do grupo, encerrado em 1966, entre eles, Yves Klein, Jean Tinguely, Piero Manzoni, Armando e Günther Uecker, mas também traçar paralelismos com a América do Sul.

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"Foram três anos de pesquisas", conta Heike, historiadora de arte de Colônia e responsável por exposições sobre o Zero já apresentadas entre 2006 e 2008. Para essa versão específica, a mostra não apenas conta com obras dos três únicos latinos que integraram o grupo, o brasileiro Almir Mavignier (representado pelo trabalho serigráfico Forma, de 1963), o argentino Lucio Fontana (que comparece com tela e escultura em bronze de sua série Conceito Espacial) e o venezuelano Jesús Rafael Soto (com peças escultóricas dos anos 1950 e 60 de vibração óptica).

Mais ainda, são apresentadas relações das questões do Zero com o Bicho - Relógio do Sol (1960), de Lygia Clark, pinturas de Hércules Barsotti e criações de Abraham Palatnik, entre elas, um belo aparelho cinético de 1965 do brasileiro.

Gego, venezuelana de origem alemã, e Gyula Kosice, argentino nascido na Eslováquia, também estão presentes na exposição.

Ao todo, a mostra é formada por 57 trabalhos. Pode parecer pouco, mas, na verdade, a montagem é pontuada por recriações históricas de instalações, entre elas, O Sol se Aproximou, com três esculturas cinéticas metálicas vazadas, criadas nos anos 1960 por Otto Peine - na qual uma sala escura é tomada por formas leves luminosas, em movimento. "Há a ideia da terceira dimensão aqui, do cósmico", diz a curadora. Outras, ainda, são o espaço de espelhos do suíço Christian Megert e a Chuva de Luz (1966) de Uecker. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma natureza morta de Paul Gauguin, roubada de um rico colecionador privado na Grã-Bretanha em 1970, decorou por 40 anos a cozinha de um metalúrgico siciliano antes de ser recuperado pelas autoridades. O trabalhador comprou a pintura junto com uma outra de menor valor de outro artista francês, Pierre Bonnard, por cerca de US$ 100 em 1975 em um leilão de ferrovias estatais da Itália onde se ofereciam objetos perdidos, disse o comandante Massimiliano Quagliarella, que faz parte de uma unidade especializada em roubo de obras de arte da polícia italiana. As autoridades do país estimam que o valor da natureza morta seja de até 30 milhões de euros.

"A pintura mostra frutas e parecia apropriada para decorar uma sala de jantar", disse Quagliarella sobre o porque a pintura estava nesse lugar na casa do trabalhador. Acredita-se que a pintura "viajou" de Paris a Turin de trem antes que o metalúrgico comprá-la, disse o general Mariano Mossa. Quando o trabalhador se aposentou e mudou-se para a Sicília, seu filho, que estudou arquitetura, se deu conta de um detalhe revelador na tela: um cachorro deitando em um canto, uma das marcas de Gaugin.

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O filho entrou em contato com um especialista em arte para que ele fizesse uma avaliação. O profissional chegou a conclusão de que provavelmente se tratava de um Gauguin e chamou a polícia italiana. A pintura mostra duas tigelas sobre uma mesa cheias de uvas brilhantes, maçãs e outras frutas. Sobre a tela está pintado de preto um número 89, uma indicação que ela foi pintada em 1889.

A pintura seguirá sob custódia das autoridades porque a polícia necessita de receber uma notificação oficial de que foi roubada, disse Quagliarella. A polícia de Londres está em contato com seus homólogos na Itália, porém disseram nesta quarta-feira que não havia sido ainda possível encontrar os arquivos do roubo em 1970. A polícia italiana disse que encontrou uma fotografia da pintura em um leilão realizado em Londres em 28 de junho de 1961.

Chris Marinello, da organização Recuperação Internacional de Arte, que ajuda a encontrar obras de arte roubadas, disse que a história do Gauguin é interessante, porém não única. Em 2006, a duquesa de Argyll perdeu uma tiara, um broche de diamantes e outras joias no aeroporto de Glasgow. Seis anos depois, eles foram leiloados pelo aeroportos em meio a outros objetos perdidos cujos donos não foram encontrados. Após várias negociações, eles foram devolvidos à duquesa.

Marinello diz que poderia haver uma batalha pelas pinturas recuperadas e afirmou que o metalúrgico aposentado poderia ter direitos sobre elas de acordo com a lei italiana, se puder demonstrar que as comprou de boa-fé. "Seguramente, esta história vai continuar", disse Marinello.

Entre os dias 12 e 19 de abril, ocorre em Caruaru, no Agreste pernambucano, a I Bienal do Barro, realizada no Brasil. Como tema “Água mole, pedra dura”, o evento foi idealizado pelo artista Carlos Mélo e acontecerá em dois espaços, na antiga Fábrica Caruá, onde atualmente funciona a Fundação de Cultura do município, abrigando o “Núcleo Conteporâneo”. Além do SESC Caruaru, com o “Núcleo Histórico”, onde acontecerão oficinas.

Cerca de 16 caruaruenses terão seus trabalhos, oito obras cada, expostos na mostra. O público terá ainda a possibilidade de conhecer as peças de artistas contemporâneos, pernambucanos, brasileiros e de outros países, que utilizam-se do barro como ponto de partida ou matéria-prima.

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Além dos objetos de barro, o evento terá vídeos, performances, fotografias, intervenções urbanas, projetos de pesquisa e investigações conceituais. Já confirmaram presença Daniel Mungel (RJ), José Paulo (PE), Ivan Grilo (SP) e Jared Domício (CE). A curadoria é do carioca Raphael Fonseca.

Em Caruaru, as figuras de barro ganharam importância com o artesão Mestre Vitalino, que exportou suas peças para todo o mundo e fez do Alto do Moura, lugarejo onde residia, um celeiro de arte.

Ao mesmo tempo, o Museu de Arte Moderna inaugura na segunda-feira, 31, em sua Sala Paulo Figueiredo, a exposição poder provisório, com curadoria de Eder Chiodetto. A mostra, que também fica em cartaz até 15 de junho, é formada por 86 obras do acervo da instituição, que têm como raiz a fotografia e uma motivação política.

As peças criam uma linha, quase à altura do olho, na qual se misturam técnicas, o documental e o conceitual, trabalhos coloridos e em preto e branco, surrealismo e fotojornalismo (incorporando até mesmo os registros da Mídia Ninja nas manifestações de 2013), por exemplo. São criações realizadas nos últimos 50 anos, mas, logo de início, as imagens que recebem os visitantes são dois registros do ataque às Torres Gêmeas em Nova York, em 11 de setembro de 2001, feitos pelo fotojornalista Alcir da Silva. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Somente aos poucos, entre muitas formas circulares coloridas, reconhecemos a representação de uma mulher e de uma criança na pintura Maternidade em Círculos (1908), de Belmiro de Almeida. A obra é uma quase abstração realizada antes do modernismo, ou "a matriz da vontade construtiva no Brasil", diz o curador Paulo Herkenhoff. Entretanto, mesmo sendo uma espécie de embrião do exercício de transformação da linguagem figurativa no início do século 20, o óleo sobre tela está na última sala da exposição Vontade Construtiva na Coleção Fadel, que será inaugurada na segunda-feira, 31, no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo.

O percurso da abstração, ou melhor, os meandros do construtivismo no Brasil, são apresentados de trás para frente (ou da década de 1980 a 1908) na mostra que é uma variação, maior, da exibição homônima apresentada no ano passado na inauguração do Museu de Arte do Rio (MAR), do qual Herkenhoff é diretor.

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A pintura de Belmiro de Almeida está no fundo do espaço expositivo, próxima de O Lago (1928), na qual a artista Tarsila do Amaral delineia uma perspectiva diferente com a montanha no fundo da composição que talvez se refira, diz o curador, à Lagoa Rodrigo de Freitas, do Rio. Da modernista, ainda, vê-se uma pureza formal impressionante na obra Nu Cubista Ou O Modelo (1923), feita de tons claros e azuis, e o cubismo na tela A Boneca (1928). E até que o visitante chegue a essa "esplêndida sala", ele terá passado por criações de pura geometria, exemplares do concretismo e do neoconcretismo - como um belo Objeto Ativo de 1969, de Willys de Castro, ou paredes obras de Sergio Camargo, Antonio Maluf e de Lygia Pape - e 18 têmperas de Volpi, entre tantos outros grandes artistas da arte brasileira.

Se Vontade Construtiva fosse apenas uma grande reunião de obras e conjuntos de trabalhos exemplares do concretismo e do neoconcretismo, já seria, por tal, motivo de celebração, mas a exposição é mais que isso, aborda caminhos da arte - ou cultura - brasileira. Com 216 pinturas, esculturas e peças gráficas, a mostra chega a São Paulo com aquisições novas, como a série de serigrafias de 1974/75 de Mary Vieira. A Coleção Hecilda e Sergio Fadel - com peças de desde o século 17 -, abrange, hoje, diz o curador, o maior acervo privado de abstração geométrica no Brasil.

Temperos

O conceito da exposição está calcado no termo "vontade construtiva" do título, referência a uma reflexão da década de 1960 do artista carioca Hélio Oiticica. "Na época da Nova Objetividade Brasileira (1967), em que Oiticica discute algumas marcas da cultura brasileira, uma delas seria a vontade construtiva, que não era só a experiência geométrica dos anos 1950, mas seus desdobramentos na década de 60, como ainda a modernidade e a arquitetura", afirma Paulo Herkenhoff.

No Brasil, o construtivismo é mais que pesquisa formal ou "lógica matemática" - ele é "temperado" por particulares manifestações, vê-se na exposição. Como a "geometria doce" de Mira Schendel, representada logo no início da mostra com obras dos anos 1960 e 1980. Ou as "fantasmagorias" da "geometria de fluxos" da pintora e escultora Tomie Ohtake. Há ainda, na entrada, uma pintura de 1987 de Eduardo Sued, peças escultóricas de José Resende e Waltercio Caldas ao lado de relevos e colunas de mármore de Sergio Camargo. Gerações se misturam e as absorções da empreitada construtiva são diversas.

A partir da primeira sala, o percurso da mostra, "inverso", vai se dando do neoconcretismo até o início do século 20. Artistas como Ione Saldanha, Hélio Oiticica e Lygia Pape têm paredes individuais e as pinturas de Alfredo Volpi formam uma espécie de linha que conecta os tempos porque "ele é uma unanimidade", diz Herkenhoff.

Até se chegar ao modernismo, as histórias dos grupos concretos Frente (Rio) e Ruptura (São Paulo) também são mencionadas, assim como o Ateliê Abstração, que tinha como mestre Samson Flexor (e uma de suas alunas foi, curiosamente, a professora de literatura Leyla Perrone-Moisés). Até os mares planos das pinturas de Pancetti dos anos 1940 começam a ser vistos de outra maneira, falam, também, da "consciência da superfície", de um raciocínio formal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em 1952, Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976) criou cinco painéis sob encomenda do jornalista Samuel Wainer, que queria adornar a redação de seu jornal, Última Hora, fundado um ano antes. As telas têm 1,55 metro de altura por 2,40 de comprimento e tratam de assuntos presentes nas páginas do jornal, como as festas populares, a criminalidade e o futebol. E nunca haviam sido exibidas ao grande público.

Quatro dos cinco óleos da série Composição Rio pertencem desde 1971 à Light, companhia distribuidora de eletricidade do Rio, que semana que vem as coloca em exposição em seu centro cultural, no centro. Wainer as vendeu quando passava por um aperto financeiro que o levou a fechar a UH. Mas elas sempre ficaram em locais de circulação restrita.

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A recém-inaugurada Sala Di Cavalcanti era usada para reuniões apenas. Os painéis não tinham destaque nem havia cuidado com a sua preservação e segurança (são avaliados em milhões de reais). Agora, ganharam vitrines de vidro blindado, ambiente com temperatura controlada, sistema anti-incêndio sem uso de água e iluminação não danosa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Principal vitrine da produção autoral independente no País, a Mostra Aurora, menina dos olhos da Mostra de Tiradentes, desembarca pela segunda vez na cidade com uma programação de curtas e longas que inclui os vencedores do evento ocorrido em janeiro, em Minas. A programação prossegue até dia 30 no Cinesesc com exibições e debates. Um deles homenageia o crítico Jean-Claude Bernardet, cada vez mais investido na função de ator.

A Mostra Aurora vive um momento delicado. O discurso radical contra o mercado visa resguardar o cinema de autor, mas o problema é que nem tudo na Mostra Aurora possui a mesma qualidade estética e seu modo de fazer arrisca cair numa fórmula como qualquer outra. A rejeição em bloco do mercado ignora que ele tem um nicho para o cinema experimental. Alain Resnais produziu para o mercado até o fim. E foi um grande revolucionário da linguagem. Entre os programas imperdíveis estão - A Vizinhança do Tigre, de Afonso Uchoa, vencedor da Mostra Aurora, Amador, de Cristiano Burlan, e Branco Sai Preto Fica, de Adirley Queirós. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Uma cortina com dezenas de letras, feitas de acrílico transparente, recebe o visitante. A luz e a brisa que entram pela janela fazem com que elas se movimentem - e criem suaves reflexos pelo chão. Até aí nada muito diferente do tipo de experiência lúdica que se costuma ter no Museu da Língua Portuguesa. Mas, logo atrás dessa cortina, está a tela Mulheres, pintada por Di Cavalcanti em 1973. É a mostra Narrativas Poéticas, que abre nesta terça-feira, 25, ao público e que reúne 58 obras que fazem parte da Coleção Santander Brasil.

Pela primeira vez desde sua criação, há oito anos, o museu abre espaço para uma exposição de artes plásticas. A interatividade, sempre presente por ali, agora aparece de forma bem mais sutil. "Essa exposição tem uma interação que vai se dar por meio do despertar da emoção, do potencializar das sensações", analisa Helena Severo, curadora-geral da mostra.

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No caso, tais sensações são reforçadas pela presença de trechos de poemas escritos por nomes como Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto e Vinicius de Moraes. Esse diálogo entre imagem e palavra tem como objetivo convidar o público a se deter por mais tempo diante das pinturas, gravuras e esculturas expostas.

"Quando a pessoa parar para ler o poema, ela já vai ver a pintura ao lado com um tempo diferente; a função dele é tornar possível essa apreciação mais profunda", observa Antonio Cicero, que fez parte da equipe curatorial, ao lado de Eucanaã Ferraz e Franklin Pedroso.

Entre os trabalhos, estão criações de nomes importantes para a arte brasileira, como Tomie Ohtake, Iberê Camargo, Emanoel Araujo, Alfredo Volpi e Carybé. Há também obras de contemporâneos - entre elas, uma pintura de Renata de Bonis e uma fotografia de Fernanda Rappa.

Esse recorte da coleção já passou por Porto Alegre, Brasília e Belo Horizonte, atraindo, no total, cerca de cem mil visitantes. Mas, em cada cidade, ele ganhou contornos diferentes.

Na versão paulistana, a expografia, assinada por Marcello Dantas e Suzane Queiroz, inclui um nicho criado especialmente para abrigar a escultura Tocadora de Guitarra (1923), de Victor Brecheret. A peça de bronze fundido é cercada por oito divisórias brancas, em que são colocados versos como os de Arnaldo Antunes: "Olha para o ventre/ Dentro/ De onde olha/ O olho/ De onde olham/ Todos/ Juntos para o mundo".

A intenção da curadoria não é usar os poemas para descrever as obras - e nem usar as obras para ilustrar os poemas. Mas, em alguns casos, é possível estabelecer relações entre os dois elementos. É o caso de Mar Azul, escrito por Ferreira Gullar e colocado entre uma xilogravura de Fayga Ostrower e um óleo sobre tela de Manabu Mabe. Nos dois trabalhos, predominam tons azulados.

Outro exemplo é a obra de Cássio Vasconcelos, uma série fotográfica composta por três partes. Nela, o artista registra a construção de arranha-céus espelhados. Como as imagens foram feitas em diferentes períodos do dia, o edifício assume cores variadas. Perto dela, está o poema Inspiração, de Mario de Andrade, que diz: "São Paulo! Comoção da minha vida".

Além de ocupar as paredes e as janelas do local, alguns versos são projetados pelo chão - e acompanham áudios narrados pelos próprios autores, como Augusto de Campos. Assim, é difícil esquecer que se está no Museu da Língua Portuguesa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um homem e uma mulher entrados em seus 70 ou 80 anos. Relaxados numa praia, sob o abrigo de um gigantesco guarda-sol. A posição dos corpos é típica de um amor adolescente: ele, com a cabeça no colo da companheira, tem semblante perdido; ela contempla o companheiro. As varizes, os pelos, as unhas mal cortadas, as manchas senis, os vincos na pele, todas as características físicas são reproduzidas com extrema perfeição e sofisticação técnica nessa escultura dupla de dois metros de altura do artista australiano Ron Mueck. É a mais corpulenta da mostra a ser aberta ao público nesta quinta-feira (20), no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio.

Casal Debaixo do Guarda-sol, a despeito das dimensões, não é necessariamente a mais impactante entre as nove obras trazidas ao Rio. A poucos metros está Mulher com as Compras, de 1,13 metro. Uma mulher de olhar vazio carrega nas mãos sacolas de supermercado e traz o filho bebê sob o casaco pesado. Sua matéria é de resina, fibra de vidro, silicone e acrílico, mas a expressão de cansaço é idêntica à das mães de carne, sangue e osso.

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Não tivessem dimensões não-humanas, as esculturas de Mueck passariam por pessoas que vemos nas ruas. Se o espectador as observa por muito tempo, a impressão é que logo vão piscar. "É muito bonito ver a interação do público com as obras. É a humanidade diante da humanidade. É o que faz com que a arte de Mueck seja única", diz Hervé Chandès, diretor da Fundação Cartier para a Arte Contemporânea, que veio para a abertura.

Foi a fundação que montou a exposição, em seu moderno prédio parisiense, projetado pelo arquiteto Jean Nouvel. Os visitantes chegaram a quase 400 mil. Em seguida, o conjunto foi para a Fundação PROA, em Buenos Aires, e o sucesso se repetiu: 200 mil pessoas em três meses. "A expectativa deles era de apenas 50 mil. A gente está esperando entre 200 mil e 220 mil até junho. O trabalho dele é muito instigante, tem um boca a boca importante", acredita o presidente do MAM, Carlos Alberto Chateaubriand.

Ainda que desconhecido no Brasil, Mueck chega ao MAM com status de exposição do ano, promessa de recorde de visitação - este é de 1999, quando Picasso atraiu 280 mil pessoa em quatro meses.

A escala, a ambiência, as intenções das figuras, tudo isso é material da arte de Mueck. O rapaz e a moça da escultura Jovem Casal (feita especialmente para a ocasião, mesmo caso do Casal Debaixo do Guarda-sol e de Mulher com as Compras e do filme Natureza Morta, incluído na exposição) têm uma dinâmica curiosa: embora a expressão deles seja pacífica, ele segura firmemente o punho da namorada. O que teria acontecido? "Nada em Mueck é por acaso. Não são manequins", comenta a curadora Grazia Quaroni.

Só recentemente ele passou a criar seres acompanhados - a solidão é uma marca de sua produção até aqui. Cada detalhe é amplo em significado: a depilação mal feita da mãe com o bebê nos leva a crer que ela não tem tempo para si; a palidez extrema do senhor nu num barco enorme em Homem em um Barco sugere que ele está perto da morte. A Mulher com Galhos, gorda, nua e arranhada, mistura, paradoxalmente, força e vulnerabilidade. Com centenas de fios de barba implantados um a um, a Máscara II, do rosto do artista, é a única escultura oca.

Mueck nasceu em 1958 em Melbourne e se radicou em Londres. Sua família fabricava brinquedos e ele não teve formação artística. Criou bonecos para a TV e o cinema e entrou para o mundo das artes quando chamou a atenção do milionário colecionador britânico Charles Saatchi, nos anos 90. Hoje, suas esculturas maiores valem dezenas de milhões de dólares. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A arte sempre teve seu campo de ação voltado à informalidade. Não é difícil encontrar atores do meio cultural que assumam ser “autodidata”. Um músico que aprendeu a tocar sozinho, artesãos cujo trabalho vem de tradições familiares, etc. Tal característica é marcante no que diz respeito ao meio artístico, a qual são atribuídos respeito e admiração. Contudo, em muitos aspectos desse mercado, um ensino técnico é necessário. 

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Nos últimos anos, é clara a necessidade de investir na qualificação de profissionais ligados ao setor cultural. Em muitos casos, a pessoa entra no mercado sem saber o básico daquilo que precisa para oferecer uma boa qualidade ao que oferta. Pensando nisso, iniciativas vêm sendo aplicadas com o objetivo de capacitar os interessados em trabalhar nessa área. Com o apoio de leis de incentivo e de editais, essas ações visam, principalmente, trazer o conteúdo técnico e profissionalizante para a população de baixa renda, promovendo uma inserção no mercado de trabalho e contribuindo para a formação dessas pessoas. 

Na Zona Norte do Recife, um curso vem oferecendo capacitações para músicos da região. O Radar Zona Norte tem como pré-requisitos para o aluno ser morador da região, ter uma banda e estudar ou ter concluído o ensino em escola pública. O projeto é financiado através de lei de incentivo, pelo Funcultura, e é gratuito. Segundo Guilherme Bota (foto à esquerda), gestor do curso, a iniciativa surgiu com a necessidade de profissionalizar e qualificar esses profissionais para atuarem na área. “De uns 10 anos pra cá surgiu uma demanda bem maior, com o carnaval, os festivais no Estado, os eventos da Fundarpe”, comenta.

A programação do curso traz aulas de formação de roadie (profissional responsável pela manutenção dos palcos), elaboração de projetos, eletrônica para áudio e aulas de “como montar sua banda”. “O aluno que sai do curso está habilitado para trabalhar, e dependendo da força de vontade ele pode crescer muito no ramo”, comenta Guilherme Bota. As aulas começaram no último dia 10 e vão até 5 de abril, com realização no Sesc Casa Amarela. 

Guilherme, que também é produtor e trabalhou com nomes da música pernambucana, como Cordel do Fogo Encantado e João do Morro, comenta que a importância das capacitações para a cultura local é muito grande. “Eu vejo as pessoas se queixando que não têm muitos profissionais capacitados para trabalhar, e através do curso os alunos podem levar a experiência para os palcos”, afirma. O produtor também denuncia a má qualidade dos profissionais contratados para atuar em festivais da Prefeitura do Recife. “Muitas vezes a gestão coloca qualquer pessoa para trabalhar, por indicação política, e muitas vezes essa pessoa não está capacitada para estar lá”, finaliza.

Uma das alunas do Radar Zona Norte, Mayra Vitorino, 25 anos, encontrou a oportunidade pela internet. Após passar por bandas de artistas como Antúlio Madureira e Arlindo dos Oito Baixos, como vocalista, ela agora pretende começar sua própria banda. “A oportunidade veio bem a calhar porque estou querendo voltar a ter uma banda. O curso vai ensinar como me sustentar no mercado cultural, como vender minha arte e me sustentar”, comenta. 

Moradora de Água Fria, bairro da periferia do Recife, Mayra acredita que a iniciativa é muito importante para a formação dos profissionais da área. “Essas capacitações profissionais são fundamentais para a cultura local. Tem muita gente precisando, por mais que tenha experiência, como é o caso de muita gente no curso, é sempre essencial aprender mais com profissionais capacitados”, afirma a cantora.

Empreendedorismo

A Secretaria da Mulher (SecMulher) da Prefeitura da Cidade do Recife lançou o segundo curso do programa Mulher, Trabalho e Renda. Com o objetivo de promover uma melhor formação em artesanato e mostrar os caminhos do empreendedorismo, o curso “Artesãs tecendo a cidadania” terá início no próximo dia 17. Ao todo, 150 recifenses participarão das oficinas. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria da Mulher, a capacitação é uma oportunidade para as artesãs se tornarem empreendedoras, podendo participar de feiras para expor seus trabalhos e produzir renda. 

Oportunidades no interior do Estado

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) abriu cursos de formação técnica na área cultural. Com inscrições abertas, as atividades visam qualificar os produtores e agentes culturais do Estado e oferecer uma nova visão de como viver a partir da arte. Ao todo, 463 vagas em 10 capacitações são oferecidas em 11 municípios de Pernambuco, o que mostra a necessidade de levar esse tipo de iniciativa para o interior. Há oportunidades em cursos como o de ilustrador e o de assistente de produção cultural. Para ter acesso a todas as capacitações oferecidas, clique AQUI

“Por meio da profissionalização da cultura, a potencializamos enquanto mecanismo de desenvolvimento social, reforçando laços identitários e tradições ao mesmo passo em que criamos condições para que o profissional na área cultural possa viver de maneira digna de seu trabalho, de sua arte”, comenta Denizá Barbosa, um dos gestores do Pronatec. 

Ao entrar na exposição Food: Reflexões sobre a Mãe Terra, Agricultura e Nutrição, aberta a partir desta quarta-feira (19) o visitante desavisado pode ter a impressão de que a Comedoria do Sesc Pinheiros mudou de andar. Afinal, há pão sobre a mesa, xícaras de café suspensas por cabos, feijão em redes plásticas e até um minimercado logo à entrada. Mas são obras assinadas respectivamente pela romena Mircea Cantor, o jamaicano Nari Ward e os brasileiros Ernesto Neto e Eduardo Srur, quatro dos 16 artistas presentes na mostra com instalações, fotografias e vídeos. Todos os trabalhos foram selecionados pela curadora suíça (de origem armênia) Adelina von Fürstenberg com o objetivo de analisar o papel da comida num planeta exausto de uma troca injusta: fornecer alimentos em troca da agrotóxicos e poluentes.

Filosofia

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Diretora da Art for the World, organização não governamental associada ao Departamento de Informação Pública das Nações Unidas, a curadora associa arte e gastronomia não apenas pelo modo semelhante como ambas lidam com os verbos misturar, fermentar e improvisar. Isso justifica a presença de artistas que oferecem ao público obras abertas, que pedem a interação do espectador, como a do italiano Stefano Boccalini, de 51 anos, apropriadamente chamada de DébitoCrédito (2013) e inspirada num ensaio do filósofo Maurizio Lazzarato, A Fábrica do Homem Endividado.

Lazzarato defende que essa relação débito/crédito define o capitalismo contemporâneo, ao conduzir países como a Grécia ao buraco financeiro. A interpretação de Boccalini junta as duas palavras, débito e crédito, feitas de pão e prontas para consumo do público, que pode escolher entre uma ou outra. Já a instalação ao lado, Estrangeiros (2011), de Mircea Cantor, também tem pães, mas não pode ser consumida. Os pães trazem facas enfiadas. Do corte da massa surge uma montanha de sal, metáfora do sangue dos migrantes que erram pelo planeta em busca de abrigo (o pão, simbolicamente, deveria representar hospitalidade). Como se vê, trata-se de uma parábola sobre o exílio, política como outras instalações da mostra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um cavalo se mistura a um dragão em uma xilogravura criada em 1949 pelo artista Marcelo Grassmann - tratava-se de uma espécie de prelúdio das figuras mitológicas e fantásticas que depois povoariam e se tornariam a marca inconfundível da obra de um dos mais importantes mestres da gravura brasileira, morto em junho do ano passado. O privilégio de acompanhar através de uma linha cronológica não apenas a "criação de um imaginário", como "a construção da imagem" no trabalho de um criador se faz presente na mostra Marcelo Grassmann: Gravuras do Acervo da Pinacoteca, inaugurada no último sábado, 15, na Estação Pinacoteca. É um exercício fascinante - e pode-se dizer, até didático - para o espectador.

A exposição, com curadoria de Carlos Martins, apresenta uma seleção de 85 gravuras de Grassmann (1925-2013) das 387 obras do artista que o governo do Estado de São Paulo adquiriu em 1969 para o museu. A compra tornou-se importante não apenas pela quantidade de peças - exatamente 102 xilogravuras, 127 gravuras em metal, 102 litografias e 56 provas de estado -, mas por abarcar o percurso criativo do gravador entre 1944 e 69 (praticamente toda sua produção do período, ele próprio afirmou). "Quis dar ênfase à aquisição do conjunto", diz o curador.

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Segundo ele, Renina Katz é outra criadora muito bem representada na coleção de gravuras da Pinacoteca do Estado, com 806 peças (entretanto, doadas à instituição).

Gravador autodidata, reconhecido, especialmente, por sua obra em metal, Marcelo Grassmann iniciou sua experiência gráfica com a xilogravura. Como se vê na exposição, na qual Carlos Martins agrupou conjuntos temáticos em linha cronológica, o início da produção do artista é marcado pelo expressionismo. "Os primeiros trabalhos dos anos 1940 são resultado das marcas de goivas que desbastam a madeira com liberdade e veemência", define o curador.

Zeloso

Mas o gravador estritamente figurativo, que ficou também conhecido por ser um desenhista primoroso, já tinha naquela época uma preocupação em "buscar mais precisão nos traços e composições mais elaboradas", afirma Martins. A "linha mais precisa" é criada com experimentações com o buril, e percebe-se ainda, no fim da década de 40, a aparição nas obras em matriz de madeira dos primeiros passos do imaginário fantástico de um "zeloso investigador dos mistérios e sombras que habitam a alma humana". A introspecção expressionista vai aos poucos ganhando o dado "romântico" na obra de Grassmann, que tem como uma das questões recorrentes a do "ideal do herói".

Mesmo em se tratando da produção de um artista tão consagrado, é possível descobrir, em uma pesquisa única como esta mostra, informações novas sobre sua obra. Como a importância da litografia em seu trabalho. O ápice dessa experiência técnica ocorre, de fato, em 1954, em Viena, período representado na exposição por oito gravuras. Surgem nelas, por exemplo, o fundo sombrio que depois predominariam, assim como "elementos para imprimir ao seu imaginário um diferencial marcante, com figuras diabólicas, animais horripilantes, composições intrincadas", descreve o curador. "Daí em diante, ele só faz gravuras em metal, cria uma linguagem sofisticadíssima", define ainda Carlos Martins. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A competência da direção artística de uma companhia de dança se torna visível para o público sobretudo em duas instâncias: repertório e no modo como seus bailarinos dançam. Nos dois quesitos, Iracity Cardoso vem demonstrando que todos os seus ricos anos de experiência como bailarina e diretora de grupos oficiais a transformaram em uma profissional admirável.

Quem acompanhou a temporada com a qual o Balé da Cidade de São Paulo (BCSP) celebrou o aniversário da sua cidade no Theatro Municipal, pôde conferir a qualidade de um elenco que sabe o que fazer em cena. Não se trata somente de cumprir bem a tarefa. Além de bem ensaiados, esses bailarinos temperam com a dose certa de elegância o acabamento preciso de seus gestos. Há tempos não se via esse tipo de desempenho por lá e, graças a um belo trabalho de cada um dos envolvidos, o BCSP recuperou o seu carisma.

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Comandando desde o ano passado a cia da qual já foi bailarina e assistente de direção, Iracity Cardoso iniciou uma série de remontagens de obras que marcaram os 45 anos que o Balé da Cidade completou em 2013. Uma delas, Cantares, que está fazendo 30 anos, abriu a noite. Nela, Oscar Araiz demonstra a artesania que o tornou um coreógrafo reconhecido internacionalmente. Com música de Ravel (Rapsódia Espanhola), trata-se de uma das quatro partes de Ibéria, criação sua de 1982 para o Ballet du Grand Théâtre de Genève, companhia que dirigiu e, ao deixá-la, foi substituído por Iracity. São nove mulheres em uma espécie de cartão-postal do feminino na cultura hispânica, numa coreografia que esbanja sintonia entre dança e música.

Em seguida, a plateia recebe Abrupto (2013), de Alex Soares, ex-bailarino do BCSP, que iniciou a carreira de coreógrafo lá mesmo, em 2006, em workshops para estimular o surgimento de novos coreógrafos. Membro do restrito grupo dos que sabem criar para elencos numerosos, Alex vem burilando um vocabulário seu, mas permanece preso a temas complexos. Nesse momento de sua trajetória, a falta de um olhar parceiro, que o ajudasse a editar com rigor o que ainda fica muito retórico, é o que pede urgência. Seu incontestável talento coreográfico, cuja fragilidade continua sendo a inconsistência dramatúrgica, muito possivelmente explodiria as potencialidades que permanecem em estado de anúncio.

A força da escolha que reuniu os dois primeiros trabalhos, se esfacelou com Cantata, a estreia da noite, uma peça que Mauro Bigonzetti compôs em 2001 para o Ballet Gulbenkian, companhia portuguesa extinta em 2005, que Iracity Cardoso dirigiu. Não é a primeira de Bigonzetti para o Balé da Cidade. Em 2003, este italiano com carreira ligada à Compagnia Aterballetto produziu a irrelevante Zona Minada. Mas o que mais preocupa não é Cantata ter sido incorporada ao repertório - uma produção daquelas tidas como "boas para fechar um programa" por ter música que gruda, personagens rasos, pantomima pífia e humor rasteiro.

As sirenes de atenção foram ligadas porque está prevista uma nova contribuição sua em agosto. Cabe torcer para que a seleção do que vai integrar o repertório, tão fundamental para o rendimento artístico, não seja vitimada por sucessivos tropeços comprometedores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A casa de leilões londrina Christie's anunciou nesta terça-feira (4) a retirada de 85 obras do pintor espanhol Joan Miró de um leilão porque são alvos de um litígio em Portugal e sua venda causa "incertezas legais".

"As incertezas legais criadas por esta disputa em curso significam que não podemos colocar as obras à venda com toda a segurança", declarou a Christie's em um comunicado, horas antes do início do leilão.

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