Muitas vezes, por falta de informação, estudantes desconhecem caminhos para realizar intercâmbio acadêmico de graça ou gastando muito pouco. A viagem ao exterior com o objetivo de aprender é uma boa oportunidade para quem deseja adquirir novas experiências, praticar conhecimentos e conhecer novas culturas.
Existem programas por meio de universidades públicas e privadas para estudantes matriculados. Já para estudantes do ensino médio da rede estadual de ensino em Pernmabuco, é possível tentar um intercâmbio por meio do Programa Ganhe o Mundo (PGM), da Secretaria de Educação e Esportes do Estado (SEE-PE). Há também a possibilidade de realizar um intercâmbio por conta própria através de uma agência especializada.
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O LeiaJá entrou em contato com universidades públicas estaduais para saber como é feito todo o processo de intercâmbio dos alunos e quais sãos os custos. Confira:
Universidade de Pernambuco (UPE)
De acordo com Karl Schurster, responsável pela assessoria de relações internacionais da UPE, o foco é o processo de internacionalização da universidade e para isso contam com parcerias por meio de Memorando de Entendimento (MOU). “Nossos acordos são voltados para que nossos alunos, professores e até servidores técnicos possam continuar sua formação no exterior”, diz.
A UPE tem mais de 200 convênios firmados com universidades ao redor do mundo. Schurster comenta que “esses convênios se baseiam no princípio da reciprocidade para os alunos de graduação. Ou seja, se eles não pagam para estudar em nossa universidade também não pagamos para estudar nas deles”. Ele ainda acrescenta que na graduação os estudantes da UPE podem estudar de um mês até mesmo dois anos no exterior e trazer os créditos para a universidade validar no Brasil.
Vale pontuar que a instituição de ensino também fornece opção de intercâmbio por meio do programa do Santander, sendo oferecidas três bolsas internacionais para que alunos possam estudar durante um período de seis meses em uma universidade na América Latina ou Península Ibérica. Além disso, o programa também oferece oportunidade de bolsas de estudos para estudantes de qualquer universidade.
“Temos um acordo de cooperação com a universidade de Torino e a Fiat, onde os nossos alunos de engenharia, em média três durante o ano, vão estudar lá e eles mandam mais três para o nosso País”, explica Karl Schurster. Ele também pontua que um dos acordos mais ativos é o da Universidade do Porto, em Portugal. “Esse nós temos enviado muitos alunos de várias áreas e nossos professores procuram muito esse convênio por conta da língua e da qualidade da Universidade”, garante.
Schurster diz que são enviados muitos estudantes do curso de medicina para fazer parte de aulas práticas médicas sem nenhum custo. “Naturalmente, o estudante paga suas passagens e hospedagem, mas não paga as propinas universitárias. Na pós-graduação esse processo é igual se o aluno for fazer uma curta temporada, mas se ele for tentar fazer o curso integral no exterior tem que pagar as taxas administrativas da universidade desejada”, finaliza.
Jairo Fernandes, ex aluno da UPE, realizou o intercâmbio acadêmico por meio do programa Santander para a universidade nacional de La Plata, na Argentina. “A universidade que escolhi disponibilizou uma lista de pessoas que são nativas e oferecem quartos ou casa inteira para estudantes de intercâmbio na cidade. Os gastos eram controlados por mim, a partir da disponibilização da bolsa pelo Santander. Então, foi um trabalho mais de cálculo e controle, já que o valor da bolsa era integral e antes de tudo começar fiz um câmbio e calculei uma média entre aluguel, transporte e alimentação para poder viver de forma tranquila na Argentina. Não tive muitos problemas com isso, tendo em vista que houve uma organização financeira”, relembra o intercambista.
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
Para os alunos matriculados na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), é possível realizar o intercâmbio por meio dos programas Brafagri e Santander de Bolsas Íbero-Americanas, que são parceiras com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Santander Universidades. As instituições custeiam a mobilidade acadêmica dos alunos selecionados.
Para participar do programa do Santander, é preciso que os candidatos estejam inscritos na página virtual da ação. A partir disso, todos os cadastrados serão contemplados com um curso de experiência internacional on-line, que consiste em um conteúdo dedicado àqueles que desejam vivenciar um intercâmbio por meio de dicas e orientações. As regras de participação estão disponíveis no edital. O programa está com inscrições abertas até o dia 23 de agosto e a prova de língua espanhola está prevista para 10 de setembro.
Quanto ao programa Brafagri, os estudantes interessados precisam realizar inscrições e passar por algumas etapas. Caso selecionado, será concedido ao aluno, pelo período efetivo de estadia na França, bolsa de graduação, no valor de 870 euros mensais; seguro-saúde de 90 euros mensais; auxílio instalação de 110 euros e auxílio deslocamento/passagem aérea de ida e volta em classe econômica promocional, para o traslado Brasil/França/Brasil, emitida pela Capes. O programa se encontra encerrado e o resultado já foi divulgado. Mais informações podem ser obtidas no último edital aberto.
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Já para os estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) que desejam realizar um intercâmbio gratuito, a instituição informou que desde o fim do Ciências Sem Fronteiras não há mais possibilidade, mas é possível realizar o processo por um baixo custo.
Madson Diniz, diretor executivo de Relações Internacionais da UFPE, separou uma lista com os países mais em conta, sendo esses boas opções para os estudantes realizarem um intercâmbio individual. Na lista, as alternativas são voltadas para alunos de qualquer universidade e que cursem graduação, mestrado ou doutorado. Confira:
Alemanha
Todas as universidades são gratuitas desde 2014 e em algumas universidades federais, cobra-se uma contribuição semestral e/ou taxas administrativas, na faixa de 50 euros.
Madson comentou que o estudante precisa pesquisar quais são as instituições estrangeiras que possuem convênio com a universidade em que o aluno estuda, para que assim sejam analisados os custos. “As universidade que têm um convênio mútuo facilitam o procedimento e o setor de relações internacionais pode mediar o contato. Ou então, por conta própria, o estudante pode entrar em contato com a universidade que se interessa, seja pela região ou pela área de estudo. Alguns países, como a Alemanha, Suécia e Noruega possuem órgão que tem o objetivo de difundir o intercâmbio acadêmico. Por exemplo, a Alemanha possui o DAAD, essa entidade oferece várias opções de intercâmbio para graduação, mestrado e doutorado”, explicou o diretor de Relações Internacionais.
Áustria
As universidades públicas ou federais da Áustria cobram cerca de 360 a 720 euros anualmente.
Noruega
Segundo o site Study In Norway, universidades e faculdades estatais da Noruega via de regra não cobram mensalidade dos alunos, incluindo estudantes estrangeiros.
Finlândia
De acordo com o site Study in Finland, alunos de cursos de PhD não pagam "tuition fees". O mais comum é que eles recebam salário ou bolsas de estudo enquanto atuam como pesquisadores. Para cursos de mestrado e graduação, porém, tanto as instituições públicas quanto as privadas cobram mensalidades desde o segundo semestre de 2017. Mesmo assim, em alguns casos, é possível ficar isento dessas taxas.
Suécia
Assim como na Finlândia, os estudantes estrangeiros na Suécia não precisam pagar mensalidade para programas de doutorado. O mais comum é que eles recebam salário ou, ao menos, uma bolsa de estudos. No entanto, no caso de programas de graduação ou mestrado, essas taxas podem ser aplicadas.
Islândia
O país tem sete universidades, quatro das quais são públicas. E, nelas, não são cobradas as "tuition fees" apenas uma taxa administrativa de registro, que custa cerca de US$ 600 por ano. Convertendo e tirando a média, dá cerca de R$ 270 por mês para estudar numa universidade islandesa. Por outro lado, o custo de vida no país pode ser proibitivo, mesmo considerando os preços baixos que se paga para estudar. Há, no entanto, pelo menos duas universidades que concedem bolsas de estudos a alunos internacionais. As bolsas, segundo o site Study in Iceland, são oferecidas também pelo ministério de Educação, Ciência e Cultura da Islândia, e variam a cada ano.
Mobilidade Virtual
A mobilidade virtual permite que estudantes cursem disciplinas ou cursos on-line concomitantemente com seus estudos. O programa é uma oportunidade de prática de segundo idioma, contato com novas culturas e internacionalização do currículo, sem despesas com viagens. A mobilidade virtual tem vindo a aumentar exponencialmente a capacidade de viagem e de trocas culturais abrindo horizontes de saberes e experiências que de outro modo seriam impossíveis de realizar para a maioria dos indivíduos. Importa assim lembrar, desde já, as consequências positivas dos contatos interculturais entre grupos e indivíduos e destacar a sua importância para o desenvolvimento do conhecimento, da economia e da cultura.
Madson comentou que geralmente a mobilidade virtual é gratuita e destaca-se a interatividade e comunicação entre professores e estudantes de diferentes nacionalidades e proveniências culturais que visam a formação acadêmica, mas também devem proporcionar momentos de contato cultural. "Para isso, devem ser proporcionados diferentes ambientes digitais onde a comunicação e a participação são encorajados, tais como plataformas de comunicação, videoconferências, wikis, blogues, e-mails e a possibilidade de participar em conferências e encontros científicos com ligação streaming”. finalizou.
Para participar do Programa Ganhe o Mundo (PGM), o estudante precisa ter alcançado a média mínima de sete pontos sem arredondamento, média bruta, no desempenho acadêmico escolar nas disciplinas de português e matemática, nos dois primeiros bimestres do ensino médio.
Manuela Freitas, ex-aluna da Escolas de Referência em Ensino Médio Joaquina Lira, situada na cidade de Aliança, em Pernambuco, realizou intercâmbio com destino ao Canadá, por meio do PGM, quando cursava o 2° ano, em 2014. Ela comentou que passou cinco meses. Após a inscrição, foi divulgado a seleção das pessoas que iriam realizar o curso de língua estrangeira. “No ano em que realizei o intercâmbio também foi aplicada uma prova para saber quem poderia viajar. Considerei uma prova simples, mas para isso precisei estudar bastante”, comentou a intercambista.
“O PGM fica responsável pela escolha da família em que o aluno ficará hospedado. Daí, cada participante precisa enviar uma carta para as famílias comentando um pouco sobre sua personalidade. Com isso, as famílias selecionam o intercambista de acordo com a carta enviada”, explica Manuela.
“Minha rotina de estudos foi tranquila no Canadá, procurei sempre revisar assuntos assim que chegava das aulas. Não tinham conteúdos relacionados ao Brasil, eram todos de lá”, acrescentou a intercambista. Quanto aos custos, Manuela explica que a família que recebe os intercambistas ganham um determinado valor do Governo para se manter, além de um valor que é passado para o estudante.
Lucas Vicente, instrutor da Língua Inglesa, exerceu suas atividades entre os anos de 2014 a 2019, no Programa Ganhe o Mundo. Ele explica que “os alunos sempre foram interativos no PGM para ter um acesso ao intercâmbio fora do país. O programa é um espaço para que os estudantes possam ter acesso ao inglês e ao espanhol. São muitas opções de destino como Argentina, Nova Zelândia, Estados Unidos, Austrália, Canadá, Chile, entre outros. É um programa bastante amplo e que, de fato, fornece oportunidades para estudantes da Rede Estadual”, comenta.
O LeiaJá também entrou em contato com o setor de Relações Internacionais da UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau Recife para saber como é feito o processo de intercâmbio da universidade privada. Thaisa Guimel, assistente do setor, explicou que todos os anos é aberto o período de inscrições do Programa de Bolsas Santander, onde os alunos do Grupo Ser se inscrevem, participam do processo seletivo (análise das documentações) e concorrem às bolsas de estudo.
Josias Santos, ex-aluno da UNINASSAU, realizou o intercâmbio por meio de um dos programas que o Santander forneceu em parceria com a universidade. Ele explica que quando foi selecionado para receber a bolsa, já estava ciente do valor que seria passado para ele. “Foi passado para mim R$ 15 mil, então, tive que decidir como seria a organização dos gastos. O principal critério da seleção foi a média global, então foi analisado todo o histórico acadêmico”, relembra.
O intercambista ainda ressalta que a vivência foi bem marcante, desde o ponto de vista acadêmico até humanitário. “Sair da zona de conforto e experimentar o novo foi bem desafiador e transformador. A família que me recebeu no Chile foi bem gentil. Hoje em dia até brinco dizendo que tenho uma família brasileira e outra chilena. Desenvolvemos uma relação tão boa que fui até convidado para retornar ao país para passar as férias e eles arcariam com os gastos. São coisas como essas que o dinheiro não paga e que irão me marcar para sempre”, relatou Josias.
Atualmente, a UNINASSAU está com inscrições abertas para alguns dos programas de intercâmbio que o Santander oferece. Confira:
Programa de Bolsas Santander Top España
Com inscrições abertas, a viagem será realizada em 2021, prevista para o mês de férias. O aluno selecionado irá cursar durante três semanas o curso de espanhol e cultura espanhola na Universidade de Salamanca, na Espanha. Será pago passagem, hospedagem, alimentação, curso, certificado, seguro e material didático.
Programa de Bolsas Santander Íbero Americanas
Apesar das inscrições estarem canceladas em decorrência da pandemia da Covid-19, os alunos que já foram selecionados irão passar um semestre dos seus cursos de graduação no exterior. Além disso, recebem uma bolsa auxílio no valor equivalente a 3 mil euros para custear as despesas (passagem, hospedagem, documentação , alimentação).
Intercambistas da UNINASSAU em Portugal
Foto: Divulgação/RelaçõesInternacionais/UNINASSAU
Os alunos interessados em participar e conhecer diversos outros meios que são oferecidos pela UNINASSAU para realização do intercâmbio devem entrar em contato com o setor de Relações Internacionais, através do e-mail relacoesinternacionais@sereducacional.com.
Os países e universidades de destino são Chile, na Universidade Del Desarrollo (UDD); Portugal, no Instituto Universitário da Maia (ISMAI); Argentina, pela Universidade Del Norte Santo Tomás de Aquino (UNSTA); e Alemanha, na Ludwigsburg University (exige alemão básico).
A UNINASSAU também disponibiliza bolsas parciais de intercâmbio, onde o aluno que atender aos pré-requisitos da bolsa não paga a mensalidade da IES Estrangeira. Porém, ele deve arcar com suas despesas pessoais como hospedagem, alimentação, passagem e documentações. Nesta modalidade, o intercâmbio é feito durante seis meses.
Além dessas possibilidades, o intercâmbio também pode ser feito diretamente com uma agência privada que ficará responsável por todo o processo. De acordo com Bruna Suassuna, da STB Intercâmbio, no Recife, o processo que deve ser feito é bem simples. A pessoa interessada procura uma agência de intercâmbio e junto ao consultormolda o programa e decide o país, cidade, escola, duração, carga horária, hospedagem, entre outros.
A STB ressaltou que o país mais em conta está o Canadá, com destino a cidade de Toronto. As atividades acadêmica seriam realizadas na Kaplan Internacional com a opção do curso General English. A taxa do material e o curso seria 1.028,00 dólares canadenses, o que resulta no Brasil em R$ 3.992,68. Confira todo o orçamento desenvolvido pela STB.