Tópicos | Campos Neto

O senador pelo estado do Ceará, Cid Gomes (PDT) criticou nesta terça-feira (25), a atuação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante audiência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

O parlamentar pediu para que o atual dirigente da instituição renunciasse ao cargo, e também entregou um boné do Santander ao gestor, que atuou como membro do conselho executivo do banco no país até 2018.  Cid disse que Campos Neto tem ligação com o ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL). "A política, por mais que o senhor não deseje, está presente nessas questões. O senhor fez manifestações públicas em defesa do presidente Bolsonaro, vestindo camisinha amarela, declaração pública e notória", afirmou.

##RECOMENDA##

Nas eleições do ano passado, o gestor do BC votou em um colégio do estado de São Paulo usando uma camisa da seleção brasileira, um dos símbolos adotados por apoiadores do bolsonarismo ao longo dos últimos anos.

Em seguida, o parlamentar criticou a taxa de juros e entregou a Campos Neto um boné com a logomarca do banco Santander. “Com todo respeito, presidente, me perdoe, mas, nessa hora, eu queria lhe fazer uma sugestão. Pegue seu bonezinho e peça para sair”, disse o senador.

Cid Gomes ainda chegou a utilizar um quadro e giz para criticar a taxa básica, a Selic. “A inflação do Brasil em 2022 foi de 5,8%. A nossa taxa de juro terminou o ano com 13,75%”, disse. “Sabe onde é que vai incidir esses 13,75%? Na nossa dívida. Na dívida do governo federal que, em março, [tinha] R$ 7,3 trilhões”, completou.

A declaração de Cid Gomes foi feita durante audiência para discutir a meta de inflação e a taxa de juros praticada pelo BC. O índice é alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de governistas. O Economista não respondeu as acusações do senador.

O que é necessário para reduzir a taxa básica de juros (Selic), e consequentemente diminuir o seu impacto sobre os mais pobres e aumentar a oferta de emprego, tem sido o questionamento dos senadores da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), que nesta terça-feira (25) ouvem explicações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Isso porque desde setembro de 2022, a taxa tem se mantido em 13,75%.

O gestor, nomeado no governo Bolsonaro, afirmou que "nunca se subiu tanto os juros em ano eleitoral". Segundo ele, "nunca na história desse país, nem na história do mundo, foi feito um movimento de aumento de juros tão grande no período eleitoral", como em 2022, devido à previsão de crescimento da inflação. 

##RECOMENDA##

— Mostrando que o Banco Central, mesmo no período eleitoral, entendeu que a inflação ia subir, entendeu antes de grande parte dos outros países, mas fez uma subida muito grande no ano eleitoral.

Presidente da CAE, o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO) abriu a reunião lembrando que o nosso Banco Central dispõe de autonomia, não de independência.

— Se tivesse independência, o Banco Central poderia estabelecer, ele próprio, a meta de inflação a ser alcançada. Não é o caso, nossa meta de inflação é definida pelo Conselho Monetário Nacional, controlado pelo Executivo. Cabe ao Banco Central perseguir tal meta. E sua autonomia se resume a decidir como aplicar os instrumentos a sua disposição.

O presidente do Banco Central tratou de questões referentes ao regime de metas; processo de autonomia; inflação no mundo e no Brasil; atividade econômica; política fiscal; taxas de juros, mercado de capitais; e "agenda inclusiva".

Causa da taxa de juros

Segundo Roberto Campos Neto, entre as causas para os juros altos estão a "baixíssima taxa de recuperação de crédito pelos bancos" (alta inadimplência); "baixa taxa de poupança"; "dívida bruta acima da média"; "percepção de risco"; e "alta proporção de crédito direcionado" (em vez de crédito geral, a partir do mercado de capitais).  

Ele explicou que, para definir a taxa de juros, o BC considera a inflação, a capacidade de crescimento do país e as expectativas inflacionárias.

— A gente olha a inflação corrente, ou seja, como está a inflação hoje em dia, quais são as características da inflação corrente, ou seja, a gente olha a inflação, o que tem acontecido na inflação, qual é o aspecto qualitativo da inflação, qual é o tipo de inflação que a gente está vendo, o que dá para extrair da inflação corrente em termos de expectativa futura. A gente olha o hiato do produto, que é basicamente a capacidade de o país crescer sem gerar inflação. Então, eu tenho espaço para crescer sem gerar inflação? Eu não tenho espaço? Como é que funciona isso? E a gente olha as expectativas de inflação. Então, na parte de expectativas de inflação, o que a gente faz é tentar ver qual é a expectativa de inflação à frente, e a expectativa de inflação é muito importante no sistema de metas, porque as pessoas reajustam o preço baseadas nas expectativas. Então, a gente tem que ter certeza de que as expectativas de inflação estão dentro da meta, estão ancoradas.

Fluxo cambial

Campos também tratou da revisão das estatísticas de câmbio, a partir do requerimento do senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) que questionou o erro ocorrido na série de câmbio contratado nas estatísticas do setor externo do Banco Central, no período de outubro de 2021 a dezembro de 2022, referente ao total de US$ 14,5 bilhões. O erro na compilação dos dados do fluxo cambial (ou seja, o volume de dólares que entram e saem do país) foi constatado em janeiro de 2023, já durante o novo governo.

— Foi feita uma mudança no Banco Central e aí a gente criou alguns códigos novos e aí teve um código novo, que é o 34021 que que por um erro não foi colocado na rotina compilação da estatística, então ele ficou de fora por um tempo. Esse erro foi recuperado, foi ajustado. Aqui a gente mostra que apesar do efeito financeiro ter sido grande, o efeito estatístico não foi tão grande e a gente tomou várias medidas para que isso acontecesse novamente. Então a gente tem as revisões das rotinas e a gente criou etapas adicionais — expôs Campos.

*Da Agência Senado

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira, 21, que a economia não gira em torno da Selic. Ao ouvir de um empresário na Lide Brazil Conference que o elevado patamar da taxa de juros atrapalha o Brasil a crescer, Campos Neto respondeu que só 20% do crédito é ligado à Selic; o restante é ligado a taxas longas. "Obviamente, o Banco Central quer cair o juro", disse.

"Se a gente não conseguir fazer um movimento na Selic com credibilidade, a taxa longa não cai", justificou. "O que move o Brasil não é a taxa de juros de um dia, é a taxa de juros de três, cinco, dez anos. Para fazer que a queda da Selic gere um movimento de queda prolongada de juros, precisa ter credibilidade. O Banco Central está esperando o melhor momento para fazer para que isso tenha um ganho real para as pessoas. A economia não gira na Selic".

##RECOMENDA##

Para justificar a necessidade de se manter a Selic no patamar em que se encontra, Campos Neto comparou a política monetária a uma tubulação de água que se encontra entupida. Ou seja, para se atingir o fluxo de água desejado numa tubulação entupida, e neste caso pelo elevado porcentual de crédito, o BC precisa elevar a pressão da água.

"Uma das coisas que explicam a tubulação de política monetária entupida é o elevado porcentual de crédito direcionado", disse, explicando que quando isso ocorre e a política monetária muda, o BC não tem influência sobre este porcentual.

Então, de acordo com ele, para se ter o efeito desejado o BC aumenta a pressão de juro na "tubulação congestionada". "É o efeito que a gente chama também da meia entrada. Se você tem a meia entrada, a principal tem que ser mais cara para compensar", disse acrescentando que enquanto no Brasil há 40% de direcionamento de crédito, em outros países o índice é de, em média, 4%. "Isso explica, em parte, o porquê de às vezes o nosso juro ser mais alto. É porque um componente de crédito subsidiado mais alto faz com que nossa política monetária tenha menos efeito".

Campos Neto insistiu que, estruturalmente, a taxa de juro tem que ser maior quando o componente de crédito subsidiado é também maior. "Isso não é porque eu acho A ou B é correto ou errado. Isso é um estudo que sai da relação entre potência da política monetária e o espaço que a gente tem", afirmou.

Sobre os argumentos de que a taxa de juro real no Brasil é muito alta, o presidente do BC diz que se for comparar a taxa real de um país que já aumentou a taxa nominal com países que ainda estão subindo a sua taxa nominal de juro, o resultado da comparação das taxas reais será distorcido.

"Então, a gente precisa medir contra o núcleo da inflação, dado que nossa inflação cheia tem a contaminação da desoneração dos preços de comunicação, gasolina e energia elétrica. Isso afetou a inflação cheia. Mas ela é alta, mas não está muito distante das dos outros", disse Campos Neto.

O presidente do Banco Central fez um discurso amparado em números, no qual defendeu com veemência o sistema de metas de inflação e a autonomia do BC. "O anseio pela queda de juros é político, mas nosso trabalho é técnico", afirmou Campos Neto.

O dirigente lembrou que a Argentina aumentou sua meta e a taxa de juros caiu, mas a inflação disparou. Segundo Campos Neto, se o Banco Central não tivesse aumentado a taxa de juros na eleição, hoje a Selic seria de 18,75%. "Quando a inflação sai do controle, as empresas e o ricos se adaptam, mas os pobres não. Inflação é desigualdade e aumento de pobreza. Quem tem menos recursos não consegue se proteger", afirmou.

O economista frisou que, se for feito um ajuste de juros "sem as condições", o resultado pode ser "desastroso" para o crédito. "Países que abandonaram o sistema de meta entraram num sistema inflacionário muito alto", completou.

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira, 21, que a autoridade monetária está trabalhando em um projeto que visa a um avanço na indústria de fundos, como foi feito na indústria bancária. O banqueiro central fez essa afirmação ao responder uma pergunta da ex-ministra da Agricultura do governo Dilma, a empresária e pecuarista Kátia Abreu, sobre o efeito dos depósitos voluntários na dívida. Segundo Campos Neto, os depósitos voluntários são um instrumento que dão muita flexibilidade ao BC.

"A gente tem mais ou menos R$ 70 bilhões feitos em depósitos voluntários", disse o presidente do BC, acrescentando que uma das perguntas que mais fazem a ele neste assunto é sobre o efeito deste instrumento sobre a dívida.

##RECOMENDA##

"O efeito na dívida é que você diminui a dívida bruta porque hoje temos um problema na contabilidade do Banco Central. É como se você tivesse um ativo e um passivo que você conta diferente dependendo do método. Então, como temos uma dívida que foi emitida para comprar reservas e uma coisa é contabilizada de um jeito e outra, contabilizada de outro jeito, temos uma distorção entre o que é minha dívida liquida e o que é minha dívida bruta", explicou Campos Neto.

De acordo com ele, essa distorção é mais ou menos o montante das reservas. "Quando fazemos depósito voluntário, puxamos de um livro para outro e se faz um matchentre ativo e passivo, o que faz com que a dívida bruta diminua", disse o banqueiro central.

Ele argumentou que não se avançou nos depósitos voluntários porque o BC quer também fazer depósito voluntário com os fundos. Esse plano se justifica no fato de grande parte das compromissadas estar na indústria de fundos e não na indústria bancária. "Estamos fazendo um projeto para isso", disse Campos Neto.

Isso, de acordo com Campos Neto, não vai melhorar a dívida do Brasil em si. Só melhora o número da Dívida Bruta que hoje tem uma distorção por uma questão contábil, segundo o banqueiro central.

Campos Neto participou nesta sexta-feira do evento Lide Brasil Conference London, evento que o Grupo de Líderes Empresariais (Lide) realiza desde quinta-feira, 20, em Londres.

A transparência das contas públicas sem retrocessos em ganhos institucionais recentes nessa área no país foi defendida pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, nesta quarta-feira (15).

Ao discursar na sessão solene do Congresso Nacional que marcou os 130 anos do Tribunal de Contas da União (TCU), Campos Neto afirmou que a parceria do BC com a Corte de Contas é fundamental.  Em meio às polêmicas com o governo federal sobre a taxa de juros e a meta de inflação, Campos Neto também defendeu que o país tenha “disciplina fiscal” e concilie pautas econômicas e sociais.

##RECOMENDA##

“Hoje, o que a gente precisa concentrar é em ter uma disciplina fiscal, entendendo que precisamos ter um olho mais especial no social. Quanto mais transparente e eficiente o público for, mais aptos seremos de captar recursos privados”, avaliou.

Ao presidir a cerimônia, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) destacou a importância do papel do TCU. Segundo ele, a atuação do Tribunal tem se revelado essencial para a consolidação da democracia brasileira, ao permitir que a sociedade tenha acesso às informações sobre a gestão dos recursos públicos, ajudando a identificar e corrigir irregularidades e aprimorando a transparência e a prestação de contas.

“O órgão é também um dos maiores colaboradores deste Poder Legislativo no processo de implementação de políticas públicas e na busca por soluções para os desafios enfrentados pelo nosso país”, lembrou.

Também participaram da homenagem ao TCU, o presidente do órgão, Bruno Dantas, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli e parlamentares de vários partidos.

A cúpula do PT endureceu o discurso contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Em reunião realizada nesta segunda-feira, 13, o Diretório Nacional do partido aprovou uma resolução que orienta as bancadas petistas na Câmara e no Senado a convocar Campos Neto para que ele preste esclarecimentos ao Congresso sobre o motivo de manter os juros altos.

Como mostrou o Estadão, dirigentes do PT não apenas endossam a pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o Banco Central para reduzir a taxa básica de juros (Selic), hoje em 13,75% ao ano, como avaliam que é preciso pregar a reorientação da política monetária e da meta de inflação.

##RECOMENDA##

Há na Câmara, atualmente, um requerimento de autoria do deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) com um convite para Campos Neto ir ao Congresso. A presidente do PT, deputada Gleisi Hofmann (PR), disse, porém, que o partido optou pela convocação, após acalorado debate sobre o assunto.

"Se ele pode dar entrevista ao Roda Viva, por que não pode prestar esclarecimentos sobre essa política de juros exorbitantes ao Congresso?", perguntou Gleisi, numa referência à participação do presidente do BC na noite de ontem no programa da TV Cultura. "Nós também estamos pedindo a revisão dessa meta fiscal porque isso é um absurdo. Temos de desmistificar o fiscal. Não é possível que o fiscal seja algo que vá na direção contrária ao crescimento econômico", disse.

Gleisi afirmou que, embora o BC tenha autonomia, ninguém é "imexível" no cargo. "Nós queremos que ele (Campos Neto) vá ao Congresso para explicar o que está acontecendo e tentar justificar essa política, que acho injustificável, e ter sensibilidade para mudar sua posição. Nós queremos ter crescimento e emprego no Brasil, não recessão", disse ela.

Polêmica

Durante a reunião do Diretório Nacional, houve uma polêmica referente à possibilidade de convocação do presidente do BC, uma vez que a instituição tem autonomia. "Há um decreto de 2021 que coloca Campos Neto como ministro. Com status de ministro, ele é passível de convocação. Não dá para o Congresso abrir mão de inquiri-lo", afirmou Gleisi.

O líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), disse preferir um convite. "O ideal é que ele vá se explicar no plenário, não em comissão, já que o tema interessa a todos", disse. "Aí baixa a tensão e joga água fria nisso. Não vale a pena polemizar."

O convite é um processo mais simples. Na convocação, a autoridade é obrigada a comparecer. O diretório do PT sugeriu essa forma mais dura às bancadas. Depois de apresentado o requerimento, a proposta precisa ser aprovada em alguma comissão da Câmara ou no Senado.

Após deputados governistas anunciarem que vão protocolar requerimentos para convidar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a explicar na Câmara a política de juros da instituição, o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) disse que fará o mesmo no Senado.

"Esse cara precisa ter um pouquinho de independência, de bom senso. Ele não é presidente do PL, não é ministro do Bolsonaro, ele é o presidente do Banco Central. Independência não é ter lado. Ele está tendo lado, um lado ruim para o Brasil. A impressão que dá é que ele está querendo prejudicar o governo Lula mesmo", disse Kajuru, que trocou recentemente o Podemos pelo PSB e agora integra a base governista no Senado.

##RECOMENDA##

Na Câmara, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) e o líder do PSOL, Guilherme Boulos (SP), disseram que apresentarão pedidos para convidar Campos Neto a dar explicações. Pela lei da autonomia do BC, o presidente da autoridade monetária não pode ser convocado pelo Congresso, apenas convidado.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira, 19, que nove milhões de pessoas abriram contas bancárias para usarem o Pix e voltou a dizer que até mesmo pessoas que pedem esmolas nas ruas usam a ferramenta. "Conseguimos monitorar isso. Milhares de novos negócios foram abertos graças ao Pix. O uso do Pix como meio de pagamento é maior do que esperávamos", afirmou, em palestra na a UCLA Anderson School of Management. "Estamos observando que podemos fazer muito mais com a infraestrutura do Pix", acrescentou.

Campos Neto fez uma apresentação sobre a evolução do ecossistema brasileiro de fintechs e a agenda digital do Banco Central.

##RECOMENDA##

Ele citou utilidades como o Pix-Saque e o Pix-Troco e voltou a dizer que o BC está abrindo os protocolos da plataforma gratuitamente para que outros países - sobretudo sul-americanos - adotem sistemas similares. "Queremos uma trilha comum de Pix em outros países para fazer transferências internacionais", completou.

O presidente do BC disse que o modelo de open finance desenhado pela autarquia - integrado com o Pix - deve ser o mais rápido do mundo. "Tudo está ficando conectado agora", afirmou. "E agora queremos tokenizar o sistema por meio da moeda digital (CBDC)", completou.

Agregador financeiro

Campos Neto repetiu que a instituição trabalha para construir uma carteira digital com todos os produtos e serviços financeiros integrados, por meio da qual os consumidores poderão acessar seus ativos - físicos ou virtuais - em diversos bancos e corretoras no mesmo aplicativo. "Hoje já há uma integração entre o Pix com outros produtos. A nossa ideia é chegar a agregador financeiro", afirmou. "Quero incentivar que bancos custodiem ativos digitais, por meio da tokenização", reafirmou.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira, 11, que a autarquia deve liberar em novembro os protocolos do Pix para que outros países possam copiar gratuitamente o sistema de pagamentos instantâneo. "Agora, em novembro, a gente vai abrir tudo que a gente fez no Pix, em termos de protocolo, para todos os bancos centrais que quiserem copiar, de graça", afirmou.

A declaração de Campos Neto foi feita em evento organizado pela CFA Society Brazil, em São Paulo.

##RECOMENDA##

Ativos digitais

O presidente do Banco Central disse também que a autarquia quer incentivar bancos a atuarem como custodiantes de ativos digitais. "Exatamente para você não ter um problema de concentração de custódia e porque gente acha que vai aumentar a eficiência dos bancos na hora em que eles passarem a ver ativos e passivos na forma de token", comentou.

Antes, o presidente do BC havia dito que o perigo em torno do sistema de criptoativos é a concentração de custódia, como no caso das exchanges de criptomoedas FTX e Binance.

Ele acrescentou que o objetivo do BC é de atrair ativos digitais para o País e não "colocá-los para fora", como outros países fariam.

Fora de sua agenda oficial, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou na tarde desta sexta-feira, 20, de um show privado organizado para o presidente Jair Bolsonaro em Porto Feliz, interior de São Paulo, logo depois do encontro da cúpula do governo com o empresário americano Elon Musk. Em vídeo transmitido nas redes sociais de Bolsonaro, Campos Neto é visto cantarolando música que dizia "Maria passa na frente, pisa na cabeça da serpente", entoada por dois cantores sertanejos não identificados.

A apresentação privada organizada para o presidente da República contou com integrantes do "QG do bolsonarismo". Ao lado da banda, estavam, além de Bolsonaro, o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, que deve ser o vice na chapa governista candidata à reeleição, e o empresário Luciano Hang, dono da Havan. Perto de Campos Neto estava o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Célio Faria Jr. A agenda oficial do chefe do BC para esta sexta-feira, no entanto, prevê apenas despachos internos em São Paulo, sem especificar que ele estaria com Bolsonaro.

##RECOMENDA##

Antes da música de cunho religioso, a banda apresentou uma canção em ritmo sertanejo produzida especialmente para o chefe do Executivo. "É o capitão do povo, que vai vencer de novo. Ele é de Deus, e pode confiar, defende a família e não vai te enganar. Igual a ele nunca existiu. É a salvação do nosso Brasil", entoaram os músicos, arrancando risos de Bolsonaro e Braga Netto.

Bolsonaro se reuniu nesta manhã com Elon Musk e empresários. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deu aval à Starlink, companhia do americano, para operar satélites de órbita baixa no Brasil, mas a operação ainda não foi iniciada. Além de Bolsonaro, Musk esteve com o ministro das Comunicações, Fábio Faria, e com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.

O presidente Jair Bolsonaro e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, vão se reunir nesta sexta-feira (4), entre 10h e 10h30, no Palácio do Planalto. O encontro consta da agenda de Bolsonaro, mas não foi registrado entre os compromissos de Campos Neto.

A agenda de Campos Neto informa apenas a realização de despachos internos em São Paulo nesta sexta. Procurada, a assessoria de imprensa do Banco Central não esclareceu a divergência nas informações.

##RECOMENDA##

O Banco Central informou na manhã deste sábado (7) que o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, testou positivo para Covid-19. De acordo com o órgão, ele está assintomático e cumprirá quarentena em casa, mantendo suas atividades em trabalho remoto.

Em agenda divulgada ontem, está prevista a participação de Campos Neto na segunda-feira (10) em reunião do Economic Consultative Committee (ECC), promovida pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS). O encontro é fechado à imprensa já ocorreria por meio de videoconferência.

##RECOMENDA##

O procurador-geral da República, Augusto Aras, se manifestou nesta terça-feira, 30, ao Supremo Tribunal Federal, pelo arquivamento da notícia-crime que solicitava a investigação do banqueiro André Esteves e o presidente do Banco Central Roberto Campos Neto por suposto crime de insider trading.

O pedido de apuração, feito pela Associação Brasileira de Imprensa, está relacionado a áudio em que o dono do BTG afirmou que Campos Neto teria lhe consultado, por telefone, sobre o limite para redução da taxa de juros, a Selic.

##RECOMENDA##

Na avaliação de Aras, 'não há indícios mínimos' de que Esteves e Campos Netos 'se utilizaram de informações relevantes, ainda não amplamente conhecidas, para fins de auferimento de lucro ou outra vantagem mediante sua operacionalização junto ao mercado de capitais'.

"Não existe nenhum elemento indicativo de que o suposto diálogo informal, já desmentido pelos noticiantes, tivesse potencial de ofender a integridade, a eficiência e o regular funcionamento do mercado de valores mobiliários", escreveu ainda o PGR em parecer datado desta terça-feira, 30.

O documento foi enviado à ministra Rosa Weber, relatora do caso no Supremo. No último dia 11 a vice-presidente da corte máxima enviou a notícia-crime à PGR - procedimento de praxe para que o Ministério Público Federal, titular da ação penal, se manifeste sobre o caso.

Em seu parecer, Aras reproduziu as alegações apresentadas por Esteves e Campos Neto nos autos da petição que tramita no STF. O banqueiro alegou clandestinidade da gravação e sustentou que não houve conversa informal com o presidente do Banco Central, mas 'reunião por videoconferência entre membros da diretoria do Bacen e representantes de instituições financeiras'. Já Campos Neto, levantou dúvidas sobre a integridade e autenticidade da gravação e negou a existência suposta consulta informal imputada a ele.

Na gravação que está no centro do pedido de investigações, Esteves afirmou: "E eu me lembro que os juros estavam assim em uns 3,5% e o Roberto me ligou para perguntar: 'Pô, André, o que você está achando disso, onde você acha que está o lower bound? (menor taxa básica de juros possível)'. Eu falei assim: 'olha, Roberto, eu não sei onde que está, mas eu estou vendo pelo retrovisor, porque a gente já passou por ele. Acho que, em algum momento, a gente se achou inglês demais e levamos esse juros para 2%, o que eu acho que é um pouquinho fora de apreço. Acho que a gente não comporta ainda esse juros'.

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, destacou nesta terça-feira, 16, que o Pix superou todas as expectativas no primeiro ano de sua existência. Campos Neto lembrou que, na época do lançamento do Pix, disse que o novo sistema de pagamentos instantâneos transformaria o sistema de pagamentos brasileiro.

"A realidade superou as expectativas. O uso do Pix aumenta mês após mês. A velocidade de adoção é a mais rápida do mundo", disse, destacando que o sistema também já superou meios de pagamento tradicionais, como TED, DOC e Boleto, em número de transações.

##RECOMENDA##

Além disso, o presidente do BC destacou que o Pix é importante vetor de inclusão financeiro e foi especialmente relevante durante a pandemia de Covid-19.

Campos Neto afirmou ainda as melhorias do Pix este ano, como cobrança com vencimento e os novos mecanismos de segurança, e citou as novas funcionalidades que estão por vir, como o Pix Saque e o Pix Troco, que vão entrar em vigor no dia 29 de novembro.

"O Pix ainda não atingiu todo o seu potencial, como o uso de QR Code", disse, acrescentando que é preciso adaptação do sistema de empresas. "Há novas funcionalidades previstas para os próximos anos, como pagamento off-line", afirmou, citando também que, no médio prazo, o Pix deve ser interligado a sistemas de pagamentos de outros países.

As declarações foram dadas em participação no evento (R)evolução Pix, em comemoração de um ano do sistema de pagamentos, por meio de vídeo gravado.

O Banco Central informou nesta segunda-feira, 1º, que o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, não participará mais presencialmente dos eventos da COP-26 devido a uma "lesão muscular acentuada" ocorrida durante a prática de esporte. Por isso, ele não viajará para Glasgow, na Escócia. De acordo com o BC, Campos Neto se recupera bem e seguirá orientação médica no Brasil até seu restabelecimento.

Ainda assim, o presidente do BC fará palestra virtual sobre a "Agenda de Sustentabilidade" da autoridade monetária nesta quarta-feira (3), às 11h, com transmissão pelo canal do Ministério do Meio Ambiente no You Tube.

##RECOMENDA##

De acordo com o BC, a diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Fernanda Guardado, substituirá Campos Neto presencialmente no evento "Finance Day Presidency Event: A Financial System for Net Zero" promovido pela UNFCCC, também na quarta-feira, às 7h15.

A publicação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) foi antecipada para as 7h de quarta-feira justamente para que Campos Neto pudesse participar desse evento já sem as amarras do período de silêncio do colegiado.

O BC informou ainda que a participação do órgão no "Finance Day Presidency Event: 4th High-level Ministerial Dialogue on Long-Term Climate Finance Zero", previsto para as 12h55 de quarta-feira, ainda "será objeto de definição e posterior informação".

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli decidiu arquivar pedidos de investigação contra o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre companhias existentes no nome dos dois em offshores - paraísos fiscais. Os negócios dos dois principais membros da equipe econômica foram divulgados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos conhecido como Pandora Papers.

Campos Neto e Guedes ou suas defesas já foram a público dizer que não estão em situação de irregularidade e que a existência das empresas no exterior foi informada aos órgãos competentes - no caso, a Receita Federal e o próprio BC. O pedido de abertura de uma investigação partiu do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e do PDT. Um processo separado com um pedido similar foi aberto pela Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (Abed).

##RECOMENDA##

O desejo era o de que a Suprema Corte requisitasse ao procurador-geral da República, Augusto Aras, a abertura das investigações. Nos documentos sobre o caso (um sobre Guedes e outro sobre Campos Neto), Toffoli escreveu que "a Procuradoria-Geral da República, detém, privativamente, a atribuição de promover a ação penal pública em face dos alegados crimes praticados por autoridades com foro por prerrogativa de função, caso de ministros de Estado".

Assim, para o ministro, esta é uma "atribuição exclusiva" da PGR e que "tampouco cabe ao Judiciário que 'solicite a abertura de investigação'". Toffoli escreveu ainda que não cabe ao STF exercer juízo de valor sobre fatos "alegadamente criminosos". "Não há como o Judiciário substituir a atividade", apontou num trecho dos documentos.

Os despachos salientam que os requerentes podem "apresentar a notícia crime" contra o ministro e o presidente do BC "diretamente à Procuradoria-Geral da República, não cabendo ao Judiciário imiscuir-se na atuação daquele órgão ou substituir o cidadão nesse encaminhamento." Aras determinou no início da semana a abertura de uma "investigação preliminar" sobre o caso.

Guedes - Ainda que a legislação brasileira permita a existência de investimentos fora do País, é clara ao proibir que não pode haver conflitos de interesses privados no caso de exercício de função pública. Ontem, em live com investidores, o ministro da Economia comentou espontaneamente sobre o caso pela primeira vez e disse que perdeu dinheiro quando entrou para o governo, afirmação que já fez algumas vezes no passado a jornalistas antes do Pandora Papers vir à tona.

"As offshores são legais, foram declaradas, não houve movimentação para trazer dinheiro do exterior, nem envio de dinheiro para o exterior desde que eu enviei o dinheiro, em 2014 ou 2015", disse Guedes ontem. "Perdi muito dinheiro vindo aqui (governo), exatamente para evitar problemas. Tudo que estava nas minhas mãos eu vendi a preço de investimento. Perdi muito mais do que o valor dessa companhia que está declarada no exterior. Ninguém fez nada de errado. Qualquer dinheiro que esteja lá tem gestores independentes, em jurisdições que não têm influência de minhas ações", continuou Guedes.

Depois da decisão do STF, sua defesa enviou uma nota à imprensa dizendo que o arquivamento da ação perante o STF "é mais uma demonstração inequívoca de que não há ilegalidade em manter um veículo de investimento no exterior". Os advogados do ministro também ressaltaram que tudo foi declarado à Receita e demais órgãos competentes, muito antes de Guedes ingressar no governo. "Os documentos apresentados pela defesa à PGR demonstram de forma clara que o ministro se afastou da gestão da empresa e que jamais se beneficiou, de qualquer forma, do cargo que ocupa, seguindo, sempre, as determinações da Comissão de Ética Pública, do Código de Conduta da Alta Administração Federal e da Lei de Conflito de Interesses."

Apesar disso, Guedes foi convocado pela Câmara dos Deputados a dar satisfações sobre o caso no plenário. A derrota do governo foi grande, já que a aprovação contou com 310 votos pelo chamamento - 142 contra. Como se trata de uma convocação, e não um convite, o ministro será obrigado a prestar esclarecimentos numa audiência, que ainda não teve uma data definida. A ausência sem justificativa seria crime de responsabilidade. O presidente do BC não se pronunciou até o momento.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi convocado a prestar esclarecimentos no plenário da Câmara sobre a sociedade que mantém em uma offshore em paraíso fiscal. O requerimento de convocação, apresentado pela oposição, foi aprovado por 310 votos favoráveis contra 142.

Guedes já tinha sido convocado por outras duas comissões da Câmara para falar sobre o assunto, as comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público e a de Fiscalização Financeira e Controle. Agora, no entanto, terá de comparecer a uma sessão no plenário da Casa, que ainda não tem data marcada, mas poderá ser realizada já na próxima semana.

##RECOMENDA##

Os parlamentares querem ouvir explicações do ministro sobre uma offshore em seu nome que segue aberta nas Ilhas Virgens Britânicas.

Além das convocações, no Senado, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) também aprovou convite para ouvir tanto Guedes quanto o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que também possui offshores. Mas, como se trata de convite, os dois podem recusar a participação na audiência.

No início da sessão da Câmara, o líder do governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR), tentou transformar o requerimento de convocação em convite. Mas o plenário acabou confirmando a convocação do ministro, que agora será obrigado a comparecer.

Na terça-feira, os advogados de Guedes informaram que irão protocolar uma petição à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) com esclarecimentos sobre a existência dessa offshore. Em nota, a defesa do ministro afirmou que Guedes "jamais atuou ou se posicionou de forma a colidir interesses públicos com privados".

Pressionados pela divulgação das empresas que mantêm em paraísos fiscais, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, terão que ir ao Congresso falar sobre o assunto. Nesta terça-feira (5), dois movimentos, um na Câmara e outro no Senado, cobram dos dois explicações sobre o caso.

Na Câmara, a Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público aprovou a convocação de Guedes para explicar suas movimentações financeiras no exterior por meio de offshore em paraíso fiscal. Por ser convocação, o ministro terá de comparecer à audiência, que ainda terá a data definida.

##RECOMENDA##

No Senado, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) quer ouvir tanto Guedes quanto Campos Neto. Neste caso, porém, foi aprovado apenas um convite aos dois, o que permite às autoridades recusar a participação na audiência. Se confirmarem, eles serão questionados pelos senadores da Comissão no dia 19 de outubro.

A notícia sobre as offshores de Guedes e Campos Neto foi publicada no último domingo pelos sites da Revista Piauí e Poder360, que integram o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ). De acordo com os documentos, que ficaram conhecidos como Pandora Papers, são 330 políticos, funcionários públicos de alto escalão, empresários e artistas de 91 países e territórios que têm ou tinham empresas offshore, ou seja, fora de seu domicílio fiscal e abertas em locais conhecidos como paraísos fiscais, que cobram pouco ou nenhum imposto sobre os valores.

Nesta segunda-feira (4), o procurador-geral da República, Augusto Aras, abriu um procedimento de apuração preliminar contra Guedes e Campos Neto. Tecnicamente, o procedimento é uma espécie de "pré-inquérito" que pode levar à abertura de uma investigação propriamente dita ou levar o caso a ser arquivado. Guedes e Campos Neto dizem ter declarado a existência das firmas em seus nomes à Receita Federal, conforme os termos da legislação brasileira. No entanto, especialistas acreditam que a existência das empresas em nome de Guedes e Campos Neto pode ferir o Código de Conduta da Alta Administração Federal e a Lei de Conflito de Interesses.

Também ontem, o episódio já havia gerado reação no Congresso. A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados começou a coletar assinaturas para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o assunto e a oposição disse que vai acionar o Ministério Público Federal para investigar possível conflito de interesses de Guedes e do presidente do Banco Central neste caso.

A Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco) afirmou, nesta terça-feira (5), que as offshores do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, "denotam conflito de interesse, ferem a moralidade pública e tornam escandalosa a permanência de ambos no governo".

Em nota de posicionamento distribuída nesta terça, a entidade que reúne 32 sindicatos e mais de 37 mil servidores públicos fiscais tributários filiados disse que a divulgação dos documentos do 'Pandora Papers' evidencia outra artimanha dos super-ricos para não pagar impostos como o restante da população brasileira.

##RECOMENDA##

"Guedes e Campos Neto lucram no exterior com dólar alto enquanto a situação econômica do País se degrada", destaca a nota. "Com a denúncia tornada pública por vários veículos da imprensa, se guardassem algum vestígio ético, ambos deveriam deixar imediatamente as funções públicas que exercem", acrescenta.

Para a Federação, a lista divulgada causa espanto ao relatar que 66 dos maiores devedores de impostos no Brasil mantêm offshores. "São mais de R$ 16,6 bilhões sonegados, enquanto brasileiros fazem filas para conseguir ossos e restos de carne para escapar da fome. Vários dos empresários pregam moralidade, patriotismo e se gabam dos empregos gerados enquanto mantêm fortunas em paraísos fiscais no exterior e não pagam tributos no País".

No documento, a Fenafisco diz reiterar a necessidade de uma reforma tributária ampla, social e justa, com a tributação dos super-ricos e isenção das camadas mais pobres da sociedade. "Não é suportável para o Brasil seguir com as atuais regras fiscais que penalizam os mais pobres com sobrecarga de impostos, enquanto os super-ricos têm mais de 70% de sua fortuna blindadas de tributação, sonegam impostos e ainda escondem dinheiro em paraísos fiscais".

No domingo, 3, o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) publicou informações que denunciam a existência de empresas "offshore" no nome de Guedes e de Campos Neto. De acordo com os documentos, são 330 políticos, funcionários públicos de alto escalão, empresários e artistas de 91 países e territórios que têm ou tinham empresas offshore, ou seja, fora de seu domicílio fiscal e abertas em locais conhecidos como paraísos fiscais, que cobram pouco ou nenhum imposto sobre os valores.

Na segunda-feira, 4, o procurador-geral da República, Augusto Aras, abriu um procedimento de apuração preliminar contra Guedes e Campos Neto. Tecnicamente, o procedimento é uma espécie de 'pré-inquérito' que pode levar à abertura de uma investigação propriamente dita ou levar o caso a ser arquivado. Guedes e Campos Neto dizem ter declarado a existência das firmas em seus nomes à Receita Federal, conforme os termos da legislação brasileira. No entanto, especialistas acreditam que a existência das empresas em nome de Guedes e Campos Neto pode ferir o Código de Conduta da Alta Administração Federal e a Lei de Conflito de Interesses.

O episódio também gerou reação no Congresso. A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados está coletando assinaturas para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o assunto.

A oposição também vai acionar o Ministério Público Federal para investigar possível conflito de interesses de Guedes e do presidente do Banco Central neste caso.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, abriu nesta segunda-feira, 4, um procedimento de apuração preliminar sobre a atividade de offshores (empresas internacionais) em nome do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. A existência dessas empresas foi revelada nesta segunda-feira, 3, pelo o Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo (ICIJ).

De acordo com o consórcio, Guedes é dono da Dreadnoughts, sediada nas Ilhas Virgens - um paraíso fiscal que não cobra imposto de empreendimentos de outros países. A offshore permanece ativa mesmo após Guedes assumir a pasta da Economia, em janeiro de 2019. Já Campos Netto afirmou ter fechado sua empresa no exterior, a Cor Assets, no ano passado, 15 meses depois de assumir o BC. Ambos dizem ter declarado a existência das firmas em seus nomes à Receita Federal.

##RECOMENDA##

Tecnicamente, o procedimento aberto pela PGR é uma "notícia de fato", uma espécie de "pré-inquérito" que pode levar mais à frente a abertura de uma investigação propriamente dita - ou ser arquivada. Aras não tinha prazo para abri-la, mas decidiu agir de ofício (sem que houvesse um pedido formal) um dia após a publicação da reportagem. Agora, o primeiro passo será enviar um ofício a Guedes e a Campos Neto para solicitar informações, o que até esta segunda-feira ainda não havia sido feito.

A legislação brasileira permite a existência de contas, empresas e negócios no exterior, desde que a origem das receitas seja lícita e tenha sido declarada à Receita Federal e ao Banco Central. No caso de Guedes, por exemplo, a existência de empresa ativa durante o seu período à frente da Economia não configura, necessariamente, conduta criminosa.

Entretanto, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, a eventual atuação empresarial no exterior de autoridades responsáveis pela política econômica-monetária do País atentam diretamente contra o Código de Conduta da Alta Administração Federal, cuja finalidade é, dentre outros compromissos, "minimizar a possibilidade de conflito entre o interesse privado e o dever funcional das autoridades públicas da Administração Pública Federal".

"É vedado o investimento em bens cujo valor ou cotação possa ser afetado por decisão ou política governamental a respeito da qual a autoridade pública tenha informações privilegiadas, em razão do cargo ou função, inclusive investimentos de renda variável ou em commodities, contratos futuros e moedas para fim especulativo, excetuadas aplicações em modalidades de investimento que a CEP (Comissão de Ética Pública) venha a especificar", diz o Código de Conduta editado pela Presidência da República.

Em julho de 2020, o Conselho Monetário Nacional (CNM), do qual Guedes e Campos Netto fazem parte, decidiu aumentar para US$ 1 milhão o valor mínimo para declaração de recursos e bens no exterior. Antes, pessoas e empresas que tinham ativos acima de R$ 100 mil fora do país eram obrigadas a fazer o registro no Banco Central. Além do ministro da Economia e do presidente do BC, o conselho é composto pelo secretário especial de Tesouro e Orçamento. Especialistas ouvidos pelo Estadão afirmam que, caso os órgãos competentes confirmem as informações de que os dois controlam offshores e elas estejam ativas, pode configurar conflito de interesse.

"Não é crime ter offshore, mas, no caso de Guedes, que é o ministro da Economia, cujas atitudes no cargo podem atender a interesses pessoais, há claro conflito de interesses e vai contra o código de conduta da Presidência da República", afirmou Marlene Matos, presidente da Comissão Nacional de Direito Administrativo da Associação Brasileira de Advogados.

Everardo Maciel, ex-secretário da Receita Federal e colunista do Estadão, afirma que, para além do possível conflito de interesse exposto a partir das denúncias do consórcio, as atividades de Guedes e Campos Netto no exterior podem levar a efeitos econômicos, como a perda de confiança dos investidores no mercado nacional e o enfraquecimento.

Maciel ainda afirma que, caso seja comprovada a denúncia do consórcio de jornalistas, o ministro e o presidente do BC podem ter descumprido o princípio da moralidade tipificado no artigo 37 da Constituição. Esse item é um dos fundamentos essenciais da administração pública brasileira por cobrar dos seus agentes probidade e boa-fé nas ações. O descumprimento das leis constitucionais é crime de responsabilidade e pode levar à abertura de processo de impeachment contra ministros de Estado.

"No exercício de uma função pública, isso pode configurar uma contradição em termos do próprio discurso. O senhor ministro da Economia diz 'invistam no Brasil que é bom', mas ele próprio tem contas no exterior. A autoridade econômica do País é uma pessoa que orienta a sociedade e precisa dar o exemplo", afirmou Maciel. "Essa postura enfraquece a autoridade. Houve imprudência".

Procurado pela reportagem, Guedes não retornou aos contatos. À revista piauí, um dos veículos de imprensa que fazem parte do ICIJ, o ministro afirmou ter se desvinculado de toda sua atuação no mercado privado após assumir o cargo no governo.

Campos Neto, por sua vez, enviou nota ao Estadão na qual diz não ter enviado dinheiro às suas empresas após sua nomeação no Banco Central.

LEIA ABAIXO A ÍNTEGRA DA NOTA:

"Todo meu patrimônio foi construído com rendimentos obtidos ao longo de 22 anos de trabalho no mercado financeiro, inclusive em funções executivas no exterior. As empresas foram constituídas há mais de 14 anos. A integralidade desse patrimônio, no País e no exterior, está declarada à Comissão de Ética Pública (CEP/PR), à Receita Federal e ao Banco Central, com recolhimento de toda a tributação devida e a tempestiva observância de todas as regras legais e comandos éticos aplicáveis aos agentes públicos. Não houve nenhuma remessa de recursos às empresas após minha nomeação para função pública. Desde então, por questões de compliance, não participo da gestão ou faço investimentos com recursos das empresas. Por exigência legal, todas essas informações foram prestadas também ao Senado Federal."

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando