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O Banco Central do Brasil decidiu manter o calendário de feriados bancários e anunciou que as agências bancárias ficarão fechadas no período de Carnaval deste ano. A decisão será cumprida mesmo que o Governo do Estado de Pernambuco tenha revogado o ponto facultativo referente ao período de Carnaval 2022.   

Neste período os clientes poderão utilizar os canais digitas, para fazer pagamento de contas e realizar agendamento de pagamento nos caixas eletrônicos, internet banking e pelo atendimento telefônico dos bancos. 

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Sendo assim, na segunda (28) e terça (1) não terá atendimento ao público nas agências. Os bancos voltam a abrir na quarta (2) de 12h, e fechará no horário normal de  fechamento  das agências. Para locais que os bancos fecham antes das 15h, o atendimento será antecipado, com horário mínimo de 3 horas de funcionamento.  Tags: 

Na última quinta (13), uma manifestação promovida por profissionais pernambucanos da área de eventos foi realizada a fim de questionar junto ao governo estadual as novas restrições para a realização de shows e festas, que entram em vigor nesta sexta (14). O Carnaval 2022 também foi tema de uma reunião, feita entre representantes da classe e do poder público, e a sinalização de uma ‘folia segura’ acabou entrando em pauta com previsão de definição ainda para este mês de janeiro. 

Após caminharem do Marco Zero, no Bairro do Recife, até o Palácio do Campo das Princesas, durante a manifestação, uma pequena comissão formada pelos cantores Nena Queiroga e Almir Rouche, o diretor regional da Associação Brasileira dos Produtores de Eventos (Abrape), Vadner Bernardo, o produtor Geraldo Bandeira e dois profissionais representando os motoristas de trios elétricos e os seguranças de eventos, foi recebida pelos  subsecretário da Casa Civil de Pernambuco, Eduardo Figueiredo, e pelo presidente da Empetur, Antonio Neves. O grupo apresentou suas demandas e, entre elas, a possibilidade da realização de eventos durante o período carnavalesco.

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De posse de dados atuais fornecidos pela Secretaria Estadual de Saúde, relativos ao atual cenário epidemiológico do Estado, os representantes do governo afirmaram existir a possibilidade do ‘Carnaval Seguro’, liberação de eventos durante o período momesco para público negativado e vacinado, sendo obrigatório a apresentação do passaporte de vacinação completo e teste negativo de Covid. O subsecretário e o presidente da Empetur afirmaram também que essa possibilidade vem sendo estudada e uma definição sobre o tema será tomada no final deste mês de janeiro. 

*Com informações da assessoria de imprensa.

Na manhã desta quinta (13), produtores, seguranças, técnicos, músicos e artistas, entre outros trabalhadores do entretenimento, reuniram-se na Praça do Marco Zero, área central do Recife, para um ato em que pediam pela continuidade de festas e shows no Estado sem restrições. Alguns artistas como as cantoras Nena Queiroga e Bia Villa-Chan, e o músico Rominho, da banda Som da Terra, também se juntaram ao movimento e falaram sobre outro tópico bastante polêmico nesta discussão: a camarotização do Carnaval em 2022. 

Após o cancelamento do Carnaval de rua em Olinda e no Recife, a possibilidade da realização de prévias fechadas e camarotes começou a ser motivo de discussão e polêmica nas redes sociais. Chamado de ‘Carnaval de Rico’, o possível evento restrito a um público pagante recebeu muitas críticas e posicionamentos contrários. O cantor pernambucano Chinaina, por exemplo, manifestou-se contra a folia privada e anunciou que não participaria de nenhuma festa particular por não se sentir confortável.

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Presente na manifestação desta quinta (13), no Recife, a cantora Bia Villa-Chan falou, em entrevista exclusiva ao LeiaJá, sobre a dificuldade que os profissionais da cultura vem enfrentando, sobretudo no que diz respeito à realização do Carnaval. “A gente tá vendo muitas críticas para o Carnaval mas sem uma solução. Por trás de todo artista existe uma cadeia produtiva muito grande. Pra eu estar lá em cima do palco existem 20 famílias que dependem de mim, isso sem falar no pessoal da cultura popular, maracatus, afoxés, caboclinhos então a gente precisa de uma solução”.

Para Bia Villa-Chan, o momento é de "união". Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens 

A artista diz sentir-se segura para estar nos palcos. Imunizada com as três doses e defensora ferrenha da vacina, ela acredita que o momento demanda debate para que seja tomada a melhor definição não só para os trabalhadores do segmento como para a manutenção da cultura pernambucana.

“O Carnaval de Pernambuco é um espelho pro mundo de Carnaval democratico. A pessoa que tem um milhão na conta  brinca da mesma forma que o pobre que não tem nenhum dinheiro e eu acho que a gente não pode descaracterizar o nosso Carnaval até porque nessas festas privadas os artistas pernambucanos que de fato fazem a folia não tocam. A nossa cultura é grife pro mundo, qual é a cultura no mundo que tem o afoxé, o frevo, o caboclinho? E eles não usam essa grife. Esse é o momento que a gente tem que olhar pra frente, é um momento de tirar muito aprendizado, acho que eles aprenderam que a gente também tem que estar nessas grades, a gente precisa de união pra gente consegue atravessar essa crise”, disse Bia. 

“União” também foi a palavra usada por outra artista que costuma dominar o período carnavalesco em Pernambuco, Nena Queiroga. A cantora se mostrou muito preocupada com a falta de diálogo com o poder público no sentido de encontrar uma solução que possa atender aos artistas e aos foliões sem prejuízo para a saúde coletiva. “(O Carnaval) não pode ser separado, isso é muito importante. Todo mundo tem que ter Carnaval, então a gente vai colocar sugestões de lugares menores com barreiras sanitárias, nas comunidades, ao invés dos grandes lugares com milhões de pessoas, a gente tem que pensar junto. Em cada ponte vamos botar barreiras sanitárias? Fazer carnavais nas comunidades? A gente tem artista suficiente pra isso”.

Rominho, da Banda Som da Terra, complementou a fala da colega e disse acreditar que dialogando é possível chegar a um "meio termo”. “A gente não quer expor as pessoas, nem a gente como artista, a gente quer, se possível, fazer uma coisa com segurança. Agora, que a gente tenha uma resposta imediata para que a gente possa vislumbrar o que a gente pode fazer ainda, dentro do possível. A gente sabe que estamos vivendo um momento difícil novamente, mas acreditamos que haja um meio termo para que  a gente possa também desenvolver nosso trabalho”. 

 

No final da tarde desta terça-feira (11), a equipe do Olinda Beer informou que a edição deste ano teve que ser adiada. Em uma publicação nas redes sociais, a organização informou que ficou difícil de realizar a prévia carnavelesca deste ano, após o Governo de Pernambuco divulgar novas normas de combate à Covid-19 e dos casos acelerados de H3N2.

"De acordo com o novo decreto do Governo do Estado de Pernambuco, a realização do festival Olinda se tornou inviável. Lamentamos a decisão, mas a cumpriremos. Os valores dos ingressos serão válidos para a nova data que será divulgada em breve", diz o comunicado.

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Sucesso há mais de 20 anos, o Olinda Beer batia recorde de público em suas edições. Em novembro do ano passado, os organizadores da festa divulgaram Ivete Sangalo como a primeira atração deste ano. Estavam confirmados para o mês que vem, na área externa do Centro de Convenções, nomes como Claudia Leitte, Thiaguinho, Bell Marques, Priscilla Sena, Léo Santana, Os Barões da Pisadinha e Wesley Safadão. Os ingressos estavam sendo vendidos a partir de R$ 80.

Uma das exigências estabelecidas pelo Estado, que fez o Olinda Beer recuar temporariamente da festa, foi o número máximo de frequentadores nos eventos: 50% a capacidade de espaços ou três mil pessoas em locais abertos e de mil pessoas, em locais fechados. Além da exigência de comprovação de duas doses da vacina para os eventos, será preciso, a partir da próxima sexta-feira (14), apresentar um teste negativo para Covid-19. O passaporte vacinal terá que ser mostrado para acesso aos serviços de alimentação, cinemas, teatros e museus.

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Após o cancelamento do Carnaval de Rua em Olinda e no Recife, em virtude da pandemia do coronavírus e do surto de Influenza neste ano de 2022, uma polêmica formou-se a respeito da realização de festas e camarotes privados no período carnavalesco. A princípio, tais eventos estão mantidos mas, de acordo com o secretário de Turismo de Pernambuco, Rodrigo Novaes, eles devem seguir os protocolos sanitários estabelecidos pelas autoridades. Uma nova atualização quanto a realização dessas festas deve ser anunciada até o final deste mês de janeiro. 

Durante coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça (11), na sede do Governo do Estado, no centro do Recife, o secretário Rodrigo Novaes falou sobre a realização de prévias e camarotes no período do Carnaval 2022. Segundo ele, “a decisão sobre eventos deve se dar até o final do mês de janeiro”. 

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Até lá, festas privadas são permitidas desde que atendam às novas restrições, como  público máximo de três mil pessoas, ou ocupação de 50% do espaço, além da apresentação do passaporte vacinal e de teste negativo de Covid-19. “Nós temos a preocupação em preservar a saúde e diminuir a contaminação. A gente acredita muito nesse processo de testagem como uma prerrogativa que teremos ambientes mais seguros e nós intensificamos a fiscalização com o Procon e com a vigilância sanitária para ter efetivamente uma  fiscalização de que esses protocolos serão seguidos, seja por produtores ou pelas pessoas que promovem os eventos”, disse Novaes. 

Após o cancelamento oficial do Carnaval 2022 em Olinda, anunciado na última quarta (5) pelo prefeito da cidade Professor Lupércio, bem como a suspensão da festa no Recife, divulgada no mesmo dia, uma polêmica em torno da Folia de Momo deste ano instaurou-se na internet. A comercialização de diversos camarotes e festas privadas, que prometem - aos que podem pagar - a garantia de carnavalizar no período, tem gerado críticas quanto à elitização do evento e aos riscos inerentes ao modelo. 

A folia aberta, na rua, tornou-se um dos grandes trunfos dos Carnavais brasileiros. Em Pernambuco, Recife e Olinda despontam como dois dos destinos mais procurados por foliões de todo o mundo, ávidos pela brincadeira chamada com muito orgulho por muitos de “democrática”.

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Em Olinda, por exemplo, 3,6 milhões de pessoas brincaram no último Carnaval, em 2020, pelas ladeiras históricas da cidade, fato exaltado pelo próprio prefeito, Professor Lupércio, na ocasião do anúncio do cancelamento da folia este ano. “Sabemos muito bem que o Carnaval de Olinda, sem desmerecer nenhum município, e sem qualquer soberba, mas todos sabem que passam por aqui mais de 80 países, é um Carnaval conhecido mundialmente, que gera emprego direto e indireto. Circulam por aqui mais de quatro milhões de pessoas, é um dos mais democráticos até porque com dinheiro ou sem dinheiro aqui se brinca”, disse em entrevista coletiva à imprensa. 

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No entanto, ao que tudo indica, apenas os foliões com dinheiro terão a possibilidade de brincar em 2022. O cenário epidemiológico atual que, além da pandemia do coronavírus ainda conta com uma epidemia de influenza, impossibilita a realização de um evento do porte do Carnaval de rua. Porém, as festas privadas continuam liberadas para públicos de até 7.500 pessoas - com apresentação de esquema vacinal completo e/ou testagem negativa para Covid-19 - o que tem gerado desconforto e críticas da população.

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‘Carnaval de rico’

Os Carnavais privados sempre existiram, nos grandes bailes realizados em clubes e nos camarotes que promovem a festa para grupos seletos. Esses últimos, sob o argumento de oferecerem uma “experiência” ao folião, promovem benesses como spa, customização de fantasias, cabelo e maquiagem e praça de alimentação, além de shows com artistas badalados da música brasileira e internacional, não necessariamente de cunho carnavalesco. A diferenciação no estilo de festa e nos serviços prestados costumam gerar críticas e, naturalmente, um separatismo entre o ‘folião comum’ e o ‘folião gourmet’.

Os camarotes oferecem boates, lounges e outros serviços que prometem uma "experiênci" ao folião. Foto: Arthur Souza/LeiaJáImagens/Arquivo

Segundo o cientista social, antropólogo e presidente do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural de Pernambuco, Cássio Raniere, esses espaços geram uma “‘fetichização’ da cultura do consumo amplamente difundida” em nossa sociedade” que por sua natureza é “sustentada pela desigualdade que marcadamente se apresenta nas diferenças reproduzidas em torno do gênero, da classe e da cor da pele”, disse em entrevista exclusiva ao LeiaJá.

O antropólogo complementa: “Os camarotes, que tendem a reunir uma parcela menor da população, são espaços de distinção social que reproduzem os aspectos da desigualdade, por onde o poder se materializa, através do consumo e, claro, em desfrutar do conforto e privilégios destinados aos poucos que podem pagar. Evidente que existem diversos tipos de camarotes, com públicos e serviços diversos, contudo, a adesão é de uma maioria com renda familiar acima da média, sendo comum a população, com menor potencial de compra, acessar estes espaços, através da antecipação do ‘sonho’ oferecida pelas operadoras de crédito”.

Cássio Raniere Ribeiro da Silva é Cientista Social, Antropólogo e Presidente do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural de Pernambuco. Foto: Cortesia

Sendo assim, apesar do Carnaval de rua ser entendido como grande trunfo da folia brasileira, os espaços exclusivos ainda causam certo fascínio e se mantêm quase inabaláveis a despeito das críticas e opiniões divergentes. A ‘camarotização’ do Carnaval, sobretudo no Recife e em Olinda, vem sendo motivo de polêmica há muitos anos, porém, os camarotes continuam lotando a cada ciclo carnavalesco, o que parece que se repetirá em 2022, a despeito dos riscos epidemiológicos vigentes. 

Cássio frisa o cenário. “Agora, mesmo com as novas variantes da SARS-CoV-2 em circulação, a H3N2 e as duplas infecções, o carnaval se anuncia ainda mais ‘camarotizado’, puxado pela iniciativa privada, que vem oferecendo uma cartela de shows e benefícios desde o ano passado. Com a desvalorização do real, a alta da inflação e o desemprego, os serviços culturais tenderam a ficar mais caros e o consumo reduzido a uma parcela da sociedade que não sentiu ou pouco sentiu o impacto econômico que estamos passando”.

Esse movimento, mais uma vez, tem gerado muitas críticas nas redes sociais e a folia de 2022 tem sido apontada como “carnaval de rico”. A preocupação com o desvirtuamento da gênese da festa e a impossibilidade dos menos abastados brincarem parece ainda mais gritante do que em anos anteriores. No entanto, para o antropólogo, a alta camarotização deste ciclo carnavalesco não impedirá sua vivência aos menos afortunados “Provavelmente, a população, acostumada à folia nas ruas, não vai deixar de realizar suas comemorações, seja em casa, na praia ou nos bairros em que reside, em grande medida alavancadas pela ideia de segurança trazida pela vacinação”. 

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Além disso, Cássio também acredita que esta passagem não deve imprimir marcas permanentes na cultura do Carnaval como a conhecemos. “ Ao analisar bem a história do carnaval, veremos que os bailes realizados em clubes nunca deixaram de acontecer em detrimento da festa de rua, pelo contrário, passaram por modificações, ao longo do tempo, num movimento comum à própria feitura da folia. Este ano teremos um carnaval atípico, mas retornaremos às ruas aos milhões, imbuídos do melhor sentimento carnavalesco, tão logo estejamos em condições sanitárias que assegurem a proteção do nosso bem maior – a preservação da vida. Certamente, os gestores culturais, os trabalhadores da cultura e as lideranças das agremiações carnavalescas deverão se reunir para projetar o carnaval pós-pandêmico, de modo que todos os anseios sejam atendidos e pactuados coletivamente”.

E os riscos?

Para além da discussão quanto à pertinência e legitimidade da ‘camarotização’ do Carnaval, o ano de 2022 traz outro elemento que contribui para a complexidade das discussões: o risco epidemiológico. Apesar da chegada da vacina contra a Covid-19, os números da pandemia ainda são preocupantes. Na primeira semana de janeiro, Pernambuco contabilizou 647.427 casos confirmados de Covid-19. Como se não fosse suficiente, o surto de Influenza A H3N2 corroborou com o aumento do índice de doenças respiratórias e consequente alta de solicitações de leitos de UTI, sem contar os casos de coinfecção que sobrecarregou a rede de leitos. O Governo do Estado já estuda uma possível volta de medidas restritivas.

Mas, apesar dos números alarmantes, a última atualização do Pacto de Convivência com  Covid-19 no estado permite a realização de eventos fechados com público de até 7,5 mil pessoas ou 80% da capacidade do local. A partir disso, as vendas para os camarotes do Carnaval vêm acontecendo desde 2021. Os especialistas em saúde  veem o movimento com preocupação.

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De acordo com a infectologista pediátrica e docente do curso médico da UNINASSAU e Universidade de Pernambuco (UPE) Alexsandra Costa, a realização de eventos de tal porte no atual cenário epidemiológico é arriscada e nem mesmo a exigência de comprovação de vacinação e testagem negativa garante a segurança de seus frequentadores. “A exigência de cartão de vacina ou mesmo a testagem de pessoas que vão entrar nesses eventos não vai garantir que não vai haver contaminação. “A gente sabe que existe uma porcentagem do teste que vai passar, que são os falsos negativos, e a gente sabe que vão ter pessoas que vão estar assintomáticos, vacinadas com todas as doses, com reforço, mas que podem naquele momento estar portadoras do  SARS-CoV e contaminar outras pessoas, especialmente as que são do grupo de risco. Por ser portador de um esquema completo vacinal ou um teste negativo pra Covid-19 não afasta o risco de contaminação”.

Reprodução/Twitter

A infectologista frisa ainda que a epidemia de influenza é outro fator a ser considerado dentro do atual cenário. “A gente tem agora duas situações, além da pandemia que estamos vivenciando há quase dois anos a  gente tem um surto em um período que não é esperado de gripe, que isso também é um reflexo da pandemia E  agente vem acompanhando paciente infectados pelos dois agentes, então, não é prudente liberar eventos para um quantitativo desse de pessoas”. 

De acordo com a Dra. Alexsandra, em Pernambuco, cerca de meio milhão de pessoas ainda não tomaram a segunda dose da vacina contra a Covid, tampouco o reforço. Ela explica que a quantidade de não vacinados corrobora com a aparição de mutações do vírus e a preocupação é que elas surjam cada vez mais perigosas aumentando a gravidade da doença e consequente mortalidade. Sendo assim, é imprescindível que as pessoas sejam completamente vacinadas. “Preciso incentivar cada vez mais o esquema vacinal, o início da vacinação para aqueles que não iniciaram, completar o esquema vacinal para aqueles que ainda não completaram. De fato, nós não temos nenhuma condição epidemiológica atual de liberar um Carnaval, de liberar eventos de mais de mil pessoas por conta dessa dificuldade que a gente tá tendo ainda de levar mais adiante a vacinação contra a Covid-19”.

 

Nesta quinta-feira (6), a Prefeitura do Ipojuca informou nas redes sociais que o Carnaval 2022 do município está cancelado. De acordo com o comunicado, a decisão, através do Comitê Contra o Coronavirus/Influenza, é de fazer uma comemoração de forma on-line.

A gestão ainda afirma que a suspensão da festa popular foi totalmente baseada no crescimento de casos de pessoas contaminadas com síndromes respiratórias agudas graves, segundo os dados apresentados pela Secretaria de Saúde da cidade. O número de infectados pela H3N2 teve um aumento acelerado.

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"O importante neste momento é preservar a saúde dos ipojucanos e garantir que os artistas locais e fazedores de cultura do Ipojuca participem deste formato on-line e possam ser valorizados por tudo o que sempre fizeram no município", declarou a prefeita Celia Sales. Além de Ipojuca, cidades como Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Recife cancelaram os festejos de rua deste ano.

São Paulo é mais uma capital brasileira que não terá Carnaval de rua em 2022. A decisão foi anunciada nesta quinta (6), após uma reunião realizada entre o prefeito Ricardo Nunes e os secretários municipais do Comitê Executivo de análise da folia na cidade. Devido ao avanço da variante Ômicron, a folia popular em solo paulista foi cancelado pelo segundo ano consecutivo.

No início de 2022, a prefeitura de São Paulo chegou a autorizar 696 desfiles para o seu Carnaval de rua, o maior número de blocos já confirmados na capital. Na ocasião, o governo municipal informou que as autorizações faziam parte de uma etapa do planejamento para o evento, mas que a realização dele dependeria das autorizações dos órgãos de Saúde.

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Já nesta quinta (6), o prefeito Ricardo Nunes bateu o martelo e, após recomendação da Secretaria de Saúde, cancelou a folia em espaços públicos. No entanto, os desfiles das escolas no sambódromo do Anhembi estão mantidos. A prefeitura municipal também deve formular um protocolo rígido com medidas para combater a disseminação do vírus durante o período. “Por conta da situação epidemiológica está cancelado o carnaval de rua de São Paulo. Nós vamos sentar com a Liga das Escolas de Samba para combinar um protocolo para a realização dos desfiles no sambódromo. Caso eles aceitem os protocolos, os desfiles serão mantidos", disse o prefeito em coletiva à imprensa.

Reprodução/Instagram

Com o cancelamento do Carnaval de rua em diversas cidades brasileiras, em virtude da pandemia do coronavírus e da epidemia de influenza, a camarotização da folia tornou-se assunto nas redes sociais. O músico pernambucano Chinaina posicionou-se e comunicou aos fãs sua decisão de não apresentar-se no período. Contrário às festas privadas, o artista disse não sentir-se “confortável” em fazer shows em espaços particulares e que prefere “não cantar apenas para alguns”.

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Através de suas redes sociais, Chinaina falou sobre a decisão e explicou seus motivos. O cantor mostrou-se preocupado com a crise sanitária, que ainda provoca altos números de infecção em todo o país, e posicionou-se contra um Carnaval que não pode ser brincado por todos. “Não me sinto confortável para tocar em festas privadas enquanto nas ruas o povo não pode brincar. O carnaval não é para poucos e sim para todos. Todas as festividades deveriam ser canceladas”. 

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No entanto, embora tenha decidido ficar longe dos palcos no período carnavalesco, o músico prometeu celebrar a folia posteriormente com a chegada de um novo álbum. ‘Carnaval da Vingança’ trará músicas inéditas e algumas releituras, no clima momesco, e deve ser lançado em breve. “Minha joia, quando isso tudo passar a gente vai fazer um carnaval infinito e você vai me encontrar por lá”, brincou. 

 

Após Rio, Ouro Preto e Salvador, nesta quarta (5) foi a vez de a prefeitura de Recife cancelar a realização do tradicional carnaval de rua. A medida ocorre devido ao quadro atual da Covid-19 e ao aumento de infecções pelo vírus influenza. Uma decisão sobre a realização do Carnaval de rua da cidade de São Paulo é esperada para hoje, mas 32 blocos já cancelaram ao menos 41 desfiles, e associações de rua lançaram manifesto contrário.

Em ao menos 11 capitais a prefeitura não patrocinará o carnaval de rua: Belém, Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Recife, Rio, Salvador e São Luís. Ontem, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que a decisão sobre o carnaval de rua caberá às prefeituras, mas se posicionou contrário à realização. "Não é o momento para aglomerações desta ordem. Portanto, a recomendação é evitar que aconteça." Já João Gabbardo, coordenador executivo do Comitê Científico do Estado, disse considerar "impensável manter o carnaval (de rua) nestas condições". "Mesmo o carnaval de desfile, nós temos de ter uma preocupação, porque essas pessoas, para chegar ao local de desfile, vão se aglomerar no transporte coletivo, vai ter aglomeração na entrada, na saída. E isso sempre é um risco", afirmou.

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Após anunciar a decisão, o prefeito de Olinda, Professor Lupércio (Solidariedade), disse ao Estadão que seria uma "irresponsabilidade muito grande" promover festividades públicas neste momento, uma vez que a cidade recebe, em média, 4 milhões de foliões de cerca de 80 países. "Eu sempre disse que nós estávamos preparados para realizar o carnaval da nossa cidade em 2022 desde que as condições por conta da pandemia fossem favoráveis. No entanto, o cenário pandêmico não nos permite fazer este que é o maior carnaval do mundo."

Cancelamentos em SP

A lista de cancelamentos em São Paulo inclui blocos de artistas e produtores famosos, como Pipoca da Rainha (Daniela Mercury), Bloco do Alok, Bloco do Abrava (Tiago Abravanel) e Bloco do Kondzilla (ligado ao funk).

A Prefeitura de São Paulo autorizou 696 desfiles para o carnaval de rua de 2022, segundo balanço municipal de 30 de dezembro. O número não inclui os blocos que pediram o cancelamento e os 23 suspensos por não enviarem todos os dados exigidos. Entre as confirmações até o momento estão blocos novatos, populares e tradicionais, como Esfarrapado, Acadêmicos do Baixo Augusta, Galo da Madrugada, Frevo Mulher (da Elba Ramalho), Bicho Maluco Beleza (Alceu Valença), Monobloco e outros.

Contra

Ontem, porém, o Fórum Aberto dos Blocos de Carnaval de São Paulo, que representa 195 agremiações, a Comissão Feminina do Carnaval de Rua de São Paulo, integrada por cerca de 60 blocos, e a União dos Blocos de Carnaval do Estado de São Paulo (Ubcresp) se manifestaram contrários à realização dos desfiles.

Para os grupos, a retomada de ensaios no fim de 2021 demonstrou ser inviável a manutenção do carnaval, pois parte dos blocos registrou casos de coronavírus entre integrantes nos eventos, mesmo restritos para algumas dezenas de integrantes e com o uso de máscaras e imunizados.

Coordenadora da Comissão Feminina e integrante de três blocos, Thais Haliski conta ter pego covid-19 pela primeira vez em dezembro, possivelmente em um ensaio, situação semelhante que percebeu entre outras pessoas no meio. "O carnaval se mostrou totalmente inviável com a chegada da Ômicron", argumenta. "Se em ambientes controlados, como os ensaios, não é possível, imagina em um ambiente em que é só comprovar que tomou a vacina (sem uso obrigatório de máscara)?" As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Prefeitura do Recife anunciou, nesta quarta-feira (5), a suspensão das programações oficiais para o Carnaval 2022, cujas datas deveriam acontecer entre 25 de fevereiro e 5 de março deste ano. A decisão acontece de forma responsável, pois, a despeito da cidade já apresentar mais de 83% de toda a população acima de 12 anos com esquema vacinal completo em relação à covid-19 e não apresentar um quadro de aumento de casos de infecção em decorrência do novo coronavírus, o Recife enfrenta um crescimento expressivo de casos de gripe e entende, como sempre, que a prioridade deste - e de qualquer momento - sempre será a preservação da saúde e da vida.

A despeito de manter os índices estáveis de infecções transmitidas pelo novocoronavírus (vide intertítulo), o índice de casos diários confirmados para Influenza A H3N2  saltou de 8 para 138 casos entre os dias 13 e 29 de dezembro, com picos de até 314 casos em um só dia (27 de dezembro), levando a Prefeitura a concentrar todos os esforços em ampliar o acesso a serviços e e assistência à população.

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Dentre as medidas, estão o reforço das equipes com mais 162 profissionais para a rede básica e o sistema do Atende em Casa, as estratégias de ampliação de pontos de vacinação, a abertura de 40 leitos para pacientes de srag no Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa (HECPI) e a ampliação dos pontos de testagem para Influenza, incluindo dois pontos fixos, um no Parque Urbano na Macaxeira e outro no Compaz Ariano Suassuna, no Cordeiro.

Para reforçar ainda mais as medidas de combate ao surto, a partir desta quinta (6), os 30 leitos de enfermaria do HECPI ainda restantes serão destinados ao atendimento de pacientes de SRAG. Com a  medida, todos os 70 leitos do hospital municipal serão exclusivos para atendimento a doenças respiratórias. Desde segunda, 40 leitos já haviam sido destinados para este fim, sendo 30 de enfermaria e 10 de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

Outra medida é um reforço no atendimento no SAMU, que passa a contar com mais uma Unidade de Suporte Básico (USB) e outra Unidade de Suporte Avançado (USA) que, juntas, irão ampliar a capacidade para mais 480 atendimentos mensais à população (Atualmente o SAMU conta com 20 USBs e quatro USAs).

Cenário

Atualmente, a capital pernambucana já aplicou 3.041.109 doses da vacina anticovid, sendo que 1.302.420 pessoas já estão com o esquema vacinal completo. Em contrapartida, a capital pernambucana, assim como outros grandes centros demográficos no país, vem enfrentando um surto de gripe que tem levado a um expressivo aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave (srag).

Entre os dias 12 e 18 de dezembro de 2021, foram notificados 100 casos de srag; entre os dias 19 e 25 de dezembro de 2021, foram 174 casos de srag; e entre os dias 28 de dezembro de 2021 e 1º de janeiro de 2022, foram 312 casos de srag. Nesse mesmo período, foram confirmados, respectivamente, 17, 14 e 16 casos de covid-19, o que não demonstra aumento no número de casos para essa doença.

Por outro lado, observa-se aumento nos casos confirmados para Influenza A H3N2. Entre os dias 13 e 29 de dezembro de 2021, o número de casos confirmados  passou de oito para 138, com picos de confirmações nos dias 21 (294) e 27 (314) de dezembro de 2021. É importante salientar que, devido ao tempo necessário para liberação dos resultados, esses números podem, ainda, sofrer alterações.

Covid no Recife

O Recife totaliza 161.729 casos confirmados da covid-19, sendo 145.123 leves e 16.606 casos de srag. Destes últimos, 5.710 evoluíram para óbito. Além disso, a cidade também tem 155.404 pacientes recuperados da doença. Foram abertos, durante o ano de 2021, 400 leitos para tratamento dos pacientes com síndrome respiratória aguda grave (srag).

Em função do amplo processo de vacinação na cidade e da redução dos casos de internamento, a rede municipal pôde desmobilizar os leitos de UTI e enfermaria, passando a ofertar apenas leitos de sala vermelha e observação. Os últimos leitos para covid-19 foram desmobilizados no dia 30 de setembro de 2021, no Hospital do Idoso.

H3N2

Nesta segunda-feira (3), o prefeito João Campos anunciou a abertura de 40 leitos para tratamento de pacientes com síndrome respiratória aguda grave (srag), causados pelo vírus H3N2, no Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa (HECPI), em Areias. Desse total, 30 leitos são de enfermaria e outros 10 de UTI. A partir desta quinta (6), os demais leitos restantes passam a atender também exclusivamente casos de pacientes de srag.

Além disso, a Prefeitura do Recife também disponibilizou dois novos locais fixos para testagem de Influenza, sendo um no Parque Urbano da Macaxeira, no bairro de mesmo nome, e outro no Compaz Ariano Suassuna, no Cordeiro. Além disso, a Secretaria oferece testagem gratuita em oito Unidades Provisórias Covid (UPC) e também em ações itinerantes.

Até o momento, o município confirmou 2.451 casos de influenza subtipo A (H3N2), dos quais 17 evoluíram para óbito. Todas as mortes foram confirmadas por critério laboratorial. Os pacientes que foram a óbito tinham idades entre 13 e 91 anos.

A Secretaria de Saúde do Recife intensificou a vacinação contra a gripe na cidade e, atualmente, para além das 150 salas de imunização já existentes (de segunda à sexta, das 8h às 16h), a vacina está sendo disponibilizada, também, nos postos montados em cinco shoppings da capital e em ações itinerantes em várias comunidades do município. Já foram aplicadas mais de 525 mil doses da vacina contra gripe na capital.

O reforço ao atendimento de srag também vem sendo realizado aos pacientes com sintomas gripais e respiratórios na rede municipal nas Unidades Provisórias Covid (UPC) e nos Serviços de Pronto Atendimento (SPA). As UPCs funcionam na Policlínica Waldemar de Oliveira, em Santo Amaro; na Upinha Eduardo Campos, na Bomba do Hemetério; no Centro de Saúde Professor Mário Ramos, Casa Amarela; na Upinha Vila Arraes, Várzea; no Centro de Saúde Professor Romero Marques, no Prado; no Centro Social Urbano (CSU) Afrânio Godoy, na Imbiribeira; na Upinha Moacyr André Gomes, no Morro da Conceição; na Policlínica Arnaldo Marques, na Cohab.

Já os SPAs estão localizados na Policlínica Agamenon Magalhães, em Afogados; Policlínica Amaury Coutinho, na Campina do Barreto; Policlínica e Maternidade Arnaldo Marques, no Ibura; Policlínica e Maternidade Barros Lima, em Casa Amarela; Hospital Helena Moura, na Tamarineira.

*Da assessoria

A direção do bloco Enquanto Isso na Sala da Justiça anunciou, nesta quarta-feira (5), o cancelamento da prévia no carnaval deste ano. Em uma postagem no Instagram, os organizadores explicaram que a decisão de suspender o evento foi tomada perante à situação da pandemia da Covid-19.

"Como divulgamos em janeiro de 2021, as atividades relativas à produção da prévia só iriam ser retomadas quando a maioria da população estivesse vacinada com as duas doses. Mesmo com essa meta alcançada e permissão dos órgãos oficiais para realizar o evento, consideramos ser um enorme desserviço aos importantes resultados atingidos pela vacinação no combate à Covid-19 acontecer a festa em ambiente fechado em meio a muitas incertezas sobre novas variantes em circulação", diz o comunicado.

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Ainda na publicação, a equipe da festa garantiu que as comemorações devem voltar no ano que vem, caso a pandemia esteja controlada: "Temos convicção que iremos vencer essa guerra e muitos outros retrocessos neste novo ano que se inicia e iremos matar a saudade em 2023 com um baile inesquecível".

Sucesso há mais de 20 anos, o Enquanto Isso na Sala da Justiça é uma das prévias mais tradicionais no calendário das festividades carnavalescas de Pernambuco. Realizada no Pavilhão do Centro de Convenções, em Olinda, a festa já contou em suas edições com grandes nomes da música popular brasileira como Seu Jorge, Alceu Valença, Novos Baianos, Duda Beat e Jorge Ben Jor.

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Um dos Carnavais mais disputados do país não ganhará as ruas em 2022. Pelo segundo ano consecutivo, Olinda não terá festas públicas no período momesco em virtude da epidemia do coronavírus. O cancelamento da folia foi anunciado nesta quarta (5) pelo prefeito da cidade, Professor Lupércio. 

Durante coletiva de imprensa realizada no Palácio dos Governadores, sede do Executivo Municipal, o gestor falou sobre a decisão. Segundo Professor Lupércio, o atual cenário pandêmico no estado de Pernambuco ainda não permite a realização de um evento de tal porte. “Acima de qualquer evento está a vida. Nós tomamos essa decisão em coletividade: estamos cancelando o Carnaval de Olinda”, disse o prefeito.

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Professor Lupércio disse ainda que o cancelamento foi fruto de discussões feitas junto a um comitê que monitora a situação sanitária no município. Ele lamentou a decisão mas reforçou a importância de se manterem os cuidados necessários para a contenção da pandemia. “É um momento delicado para todos nós e sabemos muito bem que o Carnaval de Olinda, sem desmerecer nenhum município, e sem qualquer soberba, mas todos sabem que passam por aqui mais de 80 países, é um Carnaval conhecido mundialmente, que gera emprego direto e indireto. Circulam por aqui mais de quatro milhões de pessoas, é um dos mais democráticos até porque com dinheiro ou sem dinheiro aqui se brinca”.

Outras cidades brasileiras com grandes folias de rua já haviam anunciado o cancelamento do ciclo neste ano de 2022. Bahia e Rio de Janeiro bateram o martelo e não realizaram o Carnaval novamente. Em Pernambuco, vários blocos tradicionais como o Homem da Meia-Noite e o Eu Acho é Pouco também cancelaram seus desfiles, bem como o município de Jaboatão que cancelou festividades públicas no período. 

Mais um município cancela sua folia momesca em 2022 em virtude da crise sanitária que o país ainda enfrenta. Nesta quarta (5), o prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira, anunciou que, pelo segundo ano consecutivo, não haverá Carnaval em áreas públicas na cidade de Jaboatão dos Guararapes. 

Em comunicado enviado por sua assessoria de imprensa, Anderson Ferreira elencou os motivos que levaram à decisão. Além da pandemia do coronavírus que ainda inspira cuidados, a nova epidemia de influenza também colaborou com o cancelamento da festa. “O momento agora é de preocupação com os novos casos, não só do coronavírus, mas também da gripe. Por isso, tomamos a decisão de cancelar o carnaval de rua para evitar grandes aglomerações”.

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O prefeito ainda frisou que os esforços da gestão estão voltados à luta contra a pandemia com foco na vacinação e aproveitou para reforçar os protocolos de segurança que devem ser mantidos pela população. “Nossa meta é intensificar os atendimentos e a imunização da população. E a orientação continua sendo para que todos tomem os devidos cuidados, e sigam usando máscaras e álcool a 70%”, disse.

O governador da Bahia Rui Costa (PT) descartou a possibilidade de realizar o Carnaval em 2022 no seu estado. Nesta quinta (23), durante coletiva de imprensa, o gestor afirmou que o quadro epidemiológico em território baiano não permite o planejamento de um evento desse porte. Ele ainda relacionou a folia ao filme ‘Missão Impossível’.

Durante agenda no Hospital Geral Roberto Santos, em Salvador, Rui Costa falou à imprensa sobre o Carnaval do próximo ano. Mostrando-se avesso à possibilidade da realização da festa, o governador foi categórico e até relacionou o evento a um clássico do cinema. "Sabe aquele filme, 'Missão Impossível'? Nós estamos na Missão Impossível 3, então, não será possível fazer esse carnaval. Não tem a mínima condição”, disse. 

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O gestor falou também que vislumbrar um evento de tal porte, frente ao atual contexto pandêmico, seria uma irresponsabilidade, não só pelos casos de Covid-19, como pelo cenário da  Influenza, surgido recentemente. Costa afirmou ainda que não haverá folia na Bahia nos modelos convencionais, mas que deverá se reunir com prefeituras de cidades baianas que realizam os festejos para discutir alternativas. “Alguém falar de Carnaval a essa altura do campeonato está querendo ser irresponsável com a vida do outro, e eu não estou nesse grupo. Portanto, nós não teremos Carnaval nesse modelo que nós conhecemos como Carnaval. Não há a mínima condição”.

O Comitê Científico de Enfrentamento à Covid-19 (CEEC) do Rio de Janeiro recomendou à prefeitura não estabelecer qualquer restrição ao Carnaval de 2022, diante do cenário epidemiológico atual. De acordo com os cientistas, o alto índice de vacinados na cidade — 80% da população total — e as evidências científicas disponíveis permitem que o planejamento da festa seja mantido. A recomendação foi anunciada durante uma reunião ordinária do comitê, na última segunda (20).

O CEEC recomenda que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) não estabeleça, nesse momento, restrições específicas ao Carnaval. No entanto, não desobriga o cumprimento de algumas normas sanitárias, como apresentação do passaporte de vacinação de desfilantes e do público na entrada da Marquês de Sapucaí, por exemplo. Para desfiles de blocos de rua não haveria necessidade de quaisquer restrições. 

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Pelo Twitter, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), compartilhou a ata da reunião mas deixou a observação de que o documento é válido para o “cenário atual” e que a gestão continuará “acompanhando” os números da pandemia para que uma decisão seja tomada de fato. Na última semana, pela mesma rede social, Paes afirmou que “o Carnaval da Sapucaí é garantido” em 2022, desde que não haja "uma mudança completa em todas as regras hoje existentes e no quadro da epidemia". Já o governador do estado do Rio, Claudio Castro (PL), estabeleceu o dia 15 de janeiro como data limite para a decisão final sobre a folia do próximo ano.

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Esperança

Enquanto gestores e cientistas debatem números e índices, os fazedores de Carnaval seguem nutrindo a esperança de poderem ganhar as ruas após um ano longe delas. Rita Fernandes, liderança da Associação Independente de Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro da Cidade (Sebastiana), se mostrou otimista e disse, em entrevista à Exame, que se a folia começasse hoje, seus blocos saíram para desfilar tranquilamente. “Nós confiamos absolutamente no comitê. Quem define as regras que vamos seguir são eles. Temos que comemorar esse avanço positivo que o país está tendo perante a Covid-19. É uma ótima notícia. Ficamos super felizes."

À mesma publicação, Ernesto Marinho, presidente do Bola Preta, um dos mais tradicionais blocos de rua da folia carioca, demonstrou a mesma alegria da colega carnavalesca, porém, com uma ressalva. "Com a decisão do comitê científico, vamos sair. O problema agora é buscar patrocinadores, porque todo mundo estava à espera de uma posição oficial. Estamos com a sede no Centro fechada desde 26 de fevereiro de 2020, sem gerar receitas. Com isso, não temos recursos, neste momento, para promover o desfile”. 

 

O ano de 2021 está ficando para trás e a proximidade do Carnaval 2022 já vai desenhando como será a próxima folia de Momo. Ou melhor, como não será. Alguns dos nomes que mais ‘bombam’ nas festas carnavalescas Brasil afora estão se posicionando contra a realização do evento e cancelando suas participações nele. É o caso dos cantores baianos Léo Santana e Bell Marques, que pegaram carona no ‘bonde’ de Daniela Mercury e anunciaram que não farão Carnaval de rua em 2022.

No início deste mês de dezembro, Daniela Mercury anunciou aos fãs sua decisão de não participar de um possível Carnaval de rua em 2022. Insegura quanto à situação da pandemia no país, ela achou por bem cancelar sua participação em eventos abertos. “Sinto muito em anunciar isso, mas avaliamos bem a situação e chegamos à conclusão que o cenário é muito incerto", disse.

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Pegando carona nesse posicionamento, outros dois grandes nomes da folia baiana também cancelaram sua participação na festividade. O cantor Bell Marques anunciou sua decisão pelas redes sociais. “Não vamos perder nossa alegria! 2023 chega logo e vamos fazer a maior apresentação da história, um desfile lindo, como sempre. Vejo vocês em 2023 com a mesma energia de sempre”, postou.

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Léo Santana também cancelou o seu Carnaval de rua em 2022 e se mostrou otimista para o ano seguinte. “Em 2023 estaremos juntos no nosso Bloco com muito mais animação para fazer um Carnaval daquele jeito que a gente gosta e que estamos acostumados! Vai ser lindão”.

Camarotes

Vale frisar que a decisão de Bell Marques e Léo Santana vale apenas para o Carnaval de rua. Ambos os artistas estarão presentes em festas privadas durante a folia de 2022. Em Pernambuco, por exemplo, Bell se apresenta no Parador, no dia 1º de março. Já Léo faz show no Carvalheira na Ladeira, no dia 28 de fevereiro. 

Enquanto o Governo de Pernambuco não bate o martelo em relação ao Carnaval de 2022, algumas agremiações vão definindo como procederão na próxima folia. Na última segunda (13), o Eu Acho é Pouco anunciou, através de suas redes sociais, o cancelamento de seu desfile oficial no próximo ano. Preocupados com a pandemia que ainda inspira maiores cuidados, os organizadores do bloco acharam por bem deixar o estandarte guardado por mais um ano. 

Na publicação compartilhada pelas redes, o Eu Acho é Pouco explica que, apesar da grande saudade da folia, ainda permanecerá guardado por mais um ciclo carnavalesco. A preocupação com a pandemia do coronavírus ainda é motivo para evitar aglomerações. “Com a certeza de que é preciso estar atentos e fortes, em especial no que ainda estamos a atravessar nessa pandemia, o Grêmio Lítero Recreativo Cultural Misto Carnavalesco Eu Acho é Pouco comunica que não vai sair no Carnaval 2022. Se neste 2021 demos a nossa “pausa de mil compassos”, no próximo ano permaneceremos em casa”.

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O bloco costuma arrastar milhares de pessoas nos carnavais de Olinda. Contando com a compreensão e consciência de seus foliões, o comunicado da agremiação pede, ainda, que todos continuem se cuidando. “Um recado para vocês que seguem o dragão: guardem seu fogo! Que daqui a pouco voltaremos a nos encontrar. Cuidem-se! Se vacinem! Se protejam. O SUS salva. A vacina salva.A ciência salva”.

Cidades que ostentam grandes carnavais de rua costumam dividir a folia popular com a realização de festas privadas em camarotes durante o ciclo carnavalesco. Esses espaços particulares têm coexistido com a festa pública há muitos anos, nem sempre de forma pacífica, e garantem aos foliões pagantes shows de alguns dos maiores nomes da música brasileira, além de outras comodidades como maquiagem, customização de abadás e até spa. 

Fato é que, com a pandemia do novo coronavírus, tudo indica que o famoso carnaval de rua não acontecerá no Brasil, novamente. Algumas cidades já deram como certo o cancelamento do ciclo carnavalesco em 2022, no entanto, com o aval das autoridades sanitárias que monitoram a situação pandêmica no país  as festas privadas estão, até o presente momento, liberadas.

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Em Pernambuco, o atual Plano de Convivência com a Covid-19, que entrou em vigor no dia 29 de novembro, permite eventos com até 7,5 mil pessoas, sendo necessário estar com o esquema vacinal completo - duas doses ou dose única - para frequentá-los. Dessa maneira, prévias e camarotes particulares já estão com vendas iniciadas e programações recheadas para a folia de 2022.

O LeiaJá fez uma lista com algumas opções já disponíveis para aqueles que não vão abrir mão do Carnaval por mais um ano. 

Bloco do Caos  - 29/01

Realizado no Cais Rooftop, no Centro do Recife, com atrações como  Henrique e Juliano, Matheus Fernandes, Ralk e Rafa Mesquita. Os ingressos custam R$ 150 e estão à venda no Cais Rooftop, nas lojas Vita Brasil e no site Bilheteria Digital. 

Bloco de Seu Antônio  - 05/02

Realizado na Zona Norte do Recife, e já consagrado como uma das prévias mais esperadas da região, o Bloco de Seu Antônio escalou uma line de peso para sua retomada com Gusttavo Lima, Zé Vaqueiro, Banda Eva e uma atração surpresa do axé. Com open bar premium, os ingressos custam R$ 450, à venda na Ticket Folia. 

De Bar em Bar - 12/02

Em 2022, o de Bar em Bar será realizado na Arena DBEB, montada no Centro de Convenções. Na programação, Xand Avião, Zé Vaqueiro, Menos é Mais, Leo Santana e Felipe Amorim. Os ingressos custam R$ 90 (meia entrada) e R$ 100 (inteira social), e estão à venda no site BlocoDeBarEmBar.com e nos pontos físicos VitaBrasil e ChilliBeans. 

Bloco do Alpha - 13/02

Com uma estrutura montada na Arena Boa Viagem, o Bloco do Alpha vai do sertanejo ao eletrônico, em seu retorno. O line up será formado por Jorge e Matheus, Banda Eva, Saia Rodada e Dubdogz. Com open bar, os ingressos custam R$ 360, e estão à venda na Ticket Folia e na Cervejaria Alphaiate. 

Bicaldinhos - 18/02 

O Bloco Bicaldinhos acontecerá na Arena Bicaldinhos, em Bicaldinhos, ao som de Harmonia do Samba, Jonas Esticado, Mojjo, Tuca Barros, Sambar&Love e Levels. Os ingressos custam R$ 80, e estão à venda na Ticket Folia, Recife Ingressos e Ingressos Prime. 

Olinda Beer - 20/02 

Com mais de 12 horas de festa, o Olinda Beer acontecerá no Centro de Convenções com o tema ‘O mundo leve de novo’. Participam desta edição Ivete Sangalo, Wesley Safadão e Claudia Leitte. Outras atrações serão anunciadas em breve. Os ingressos custam entre R$ 80 (área VIP) até R$ 400 (Camarote Seu Tito, com open bar), à venda nas lojas Nagem e Bilheteria Digital. 

Carnaval Boa Viagem - 37/02 a 01/03

Três dias de festa, grande estrutura montada na Praia de Boa Viagem, e open bar premium. É o que promete o Carnaval Boa Viagem para sua edição de 2022. Os ingressos custam a partir de R$ 470, à venda no ShortsCo Shopping Rio Mar, Ticket Folia e no site oficial.

27/02 - Jorge e Mateus, Alceu Valença, Saulo, Latino, Ralk e Nattan.

28/02 - Gusttavo Lima, Xand Avião, Menos é Mais, Harmonia do Samba, Ávine Vinny e Jopin.

01/03 - Wesley Safadão, Vintage Culture, Matheus e Kauan, Zé Vaqueiro e Banda Eva.

Camarote Olinda - 27 e 28/02

O Camarote Olinda nasceu com a proposta de “ressignificar a experiência das pessoas que frequentam o Carnaval”. Para 2022, o evento contará com seu tradicional open bar e dois dias de festa com nomes como Zé Vaqueiro, Eric Land, Deb Lima e Wallas Arrais, entre outros. Ingressos à venda no site oficial e no RecifeIngressos.com, com valores que vão de R$ 180 a R$ 360. 

27/02 -  Jorge e Mateus, Eric Land, Xand Avião, Zé Vaqueiro e Felipe Amorim

28/02 - Gusttavo Lima, Wallas Arrais, Wesley Safadão, Nattan e Deb Lima

Carnaval Parador - 27/02 a 01/03

Localizado no Bairro do Recife, principal polo da folia recifense, o Parador vai promover três dias de festa em 2022. A folia do camarote começará no domingo (27/02) com os shows de Eddie, Nação Zumbi, Falcão e Cordel do Fogo Encantado. Ingressos à venda no BilheteriaDigital.com, com valores que vão de R$ 180 a R$ 360. 

27/02 -  Eddie, Nação Zumbi, Falcão e Cordel do Fogo Encantado

28/02 -  Claudia Leitte, Gloria Groove, Alice Caymmi, DJs Babaioff & Marcello H

01/03 - Bell Marques, Durval Lelys e Timbalada 

Carvalheira na Ladeira - 26/02 a 01/03

Instalado na entrada da cidade de Olinda, o Carvalheira na Ladeira promete grandes atrações para seus quatro dias de festa em 2022. Entre os escalados estão Anitta, Thiaguinho, Matuê, Alceu Valença e Vintage Culture, entre outros. Os ingressos podem chegar a mais de R$ 2 mil, para combos que garantem entrada durante todo o Carnaval do camarote. À venda pela internet.

26/02 - Durval Lellys, Jorge e Mateus, Anitta e KVSH

27/02 - Thiaguinho, Banda Eva, Pedro Sampaio, Barões da Pisadinha, Cat Dealers

28/02 - Léo Santana, Dennis DJ, Nattan, Matuê

01/03 - Vintage Culture, Bruno Be, Alceu Valença, Xand Avião, Latino

 

O ano de 2021 deixará marcas profundas naqueles que amam o Carnaval. A não realização da festa, em virtude da pandemia do coronavírus, deixou triste os foliões que aguardam vários meses para curtir a folia e causou impactos severos naqueles que dependem do ciclo carnavalesco para sobreviver. Para os profissionais que se dedicam à manutenção de agremiações da cultura popular, a falta do Carnaval provocou muito mais que apenas lágrimas, causando baixas financeiras em seus cofres e, também, comprometendo a continuidade de saberes e tradições muitas vezes seculares. Com a possibilidade da repetição desse quadro em 2022, algumas agremiações pernambucanas temem o risco de fecharem em definitivo as portas e não voltarem mais às ruas. 

No mundo do samba, poucas são as escolas promovendo ensaios regulares para esquentarem suas baterias e desfilantes. Em entrevista ao LeiaJá, Rafael Nunes, presidente da Liga Nordeste das Escolas de Samba e da Escola Pérola do Samba, além de vice-presidente da Federação Nacional das Escolas de Samba (Fenasamba), revelou que muitas agremiações do segmento  preferiram aguardar pela definição do Governo do Estado de Pernambuco quanto à realização do Carnaval em 2022 antes de promoverem qualquer atividade.

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A espera apertou o cronograma para as escolas, que necessitam de bastante tempo, mão de obra e recursos financeiros para produzirem um desfile. Somando isso ao prejuízo acumulado durante o ano de 2021, a viabilidade de um espetáculo totalmente novo para 2022 fica cada vez menor. “Não há tempo de se fazer fantasias e carros alegóricos até fevereiro. Na minha opinião, como cidadão, acredito que não vai ter Carnaval oficial. Carnaval vai ter porque o povo faz de qualquer jeito, mas bancado pelo poder público acredito que não terá”. 

Nunes conta, também, que muitas escolas da Região Metropolitana do Recife estão com as contas apertadas, sofrendo corte de energia por falta de pagamento e até correndo o risco de fecharem de fato. Para tentar reverter o quadro, a Federação propôs à Prefeitura do Recife que, em caso de realização do Carnaval, fossem realizados desfiles simbólicos, com número reduzido de componentes e sem a disputa do tradicional concurso de Carnaval para que todas pudessem garantir suas subvenções e terem os valores dos prêmios divididos de forma igual. “Se não fizermos isso, vai ser mais um ano sem ganhar novamente. Sofremos um forte impacto e para se recuperar, para o concurso, as escolas vão precisar de muito mais que um ano”.

As escolas de samba pernambucanas estão aguardando a definição do Governo do Estado quanto à uma possível realização do Carnaval em 2022. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Já para os afoxés o ritmo de retomada tem sido um pouco diferente. Segundo Fabiano Santos, presidente da União dos Afoxés de Pernambuco (UAPE) e do Afoxé Alafin Oyó, todas as agremiações já estão desenvolvendo atividades, sobretudo as religiosas. A expectativa é de que haja alguma “celebração” do Carnaval 2022, ainda que seja de forma reduzida, em clubes ou espaços fechados, ou até mesmo de maneira híbrida ou remota. 

Fabiano lamenta que, após um ano sem Carnaval e sem a renda que ele proporciona às agremiações, “as pessoas estão quebradas,  tentando literalmente sobreviver” e afirma que o auxílio emergencial ofertado pela Prefeitura do Recife e ainda a  Lei Aldir Blanc, no último ciclo, não foram suficientes para suprir as demandas de todos. “O auxílio do Carnaval 2021 foi a maior balela. As pessoas se iludiram com essa  possibilidade, mas não conseguiu atender a cadeia produtiva geral. Como foi dividido por porcentagem, tiveram entidades que ganharam o que se tinha almejado, mas que também não serve pra nada, se você pensar em toda a cadeia produtiva, cantores, dançarinos, costureiras, você não consegue fazer a distribuição. Houve entidades que receberam R$ 980. Nas linhas miúdas do auxilio, não só os afoxés mas maracatu e outras entidades se prejudicaram muito”.

Para o presidente da UAPE, um segundo ano consecutivo sem a realização do Carnaval representa o risco de fragilizar ainda mais essas agremiações, muitas delas correndo o risco de encerrarem suas atividades em definitivo. Fabiano acredita que o momento servirá para  consolidar uma já existente “relação inferiorizada” da cultura popular com o poder público e que muitas entidades do segmento acabarão caindo novamente “na indução do erro de aceitar qualquer coisa” como remuneração, ou auxílio.

“A gente vive uma disputa de classe a qual nós permanecemos ainda nesse lugar do prestador de serviço, de mão de obra barata, inclusive fazendo a releitura da própria escravidão. A escravidão tinha essa mão de obra em valor tranquilo para estabelecer lucro, é o que temos hoje. A cultura popular é essa mão de obra que permanece na mesma relação trazendo lucro para o estado. A gente recebe muito menos do que deveria ou o velho pão para se alimentar e estar mantendo esse ciclo vicioso de que os coronéis ganham, é a escravidão paga”, disse o presidente da Uape. 

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Outra organização que cuida de um dos maiores símbolos da cultura tradicional pernambucana, o maracatu de baque virado, também teme passar mais um ano sem atividades. Fábio Sotero, presidente da Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco (Amanpe) e da Nação Aurora Africana, diz que no meio, todos estão bastante preocupados com o surgimento da nova variante do coronavírus, a ômicron; e com a possibilidade de passar mais um ano sem ir às ruas, “poucos maracatus estão realizando algum tipo de atividade”. 

No lugar do sonho com mais um ano de brilho e muito batuque, a realidade das nações é a perspectiva de mais um período amargando prejuízo. “Já estão acontecendo diversos eventos como se estivesse tudo normalizado mas as agremiações ainda estão sofrendo com a  pandemia porque elas vão ser as últimas a terem alguma coisa, enquanto os eventos estão acontecendo a todo vapor, as agremiações estão ainda a ver navios sem perspectiva de nada”. 

Sotero também criticou a aplicação da Lei Aldir Blanc para os fazedores de cultura popular. Para ele, o auxílio foi mesmo “um balde de água fria” com poucos contemplados, ao passo que "artistas grandes, já consagrados” acabaram levando uma fatia maior do bolo. “As agremiações ficaram ao relento, ou com apenas alguma migalha”. No último mês de outubro, a Amanpe chegou a promover um protesto em frente à Prefeitura do Recife exigindo melhorias nas subvenções pagas às nações e outras medidas que dariam maior suporte a elas, no entanto, até o momento não houve, segundo o presidente, nenhuma definição quanto às pautas apresentadas. 

Para Fábio, passar mais um ano sem colocar os batuques nas ruas causará impactos quase irreparáveis. Com as nações ‘no vermelho’ e muitos maracatuzeiros que tiveram que parar sua dedicação ao ‘brinquedo’ para conseguirem gerar renda através de outros ofícios, as consequências e prejuízos precisarão de muito tempo e apoio para serem revertidas. Algumas, talvez, não conseguirão ser solucionadas.

“Algumas manifestações vão deixar de existir porque tem gente que não vai dar continuidade. Se o próximo Carnaval for no mesmo formato deste de 2021, no qual a prefeitura inventou um auxílio emergencial para calar a boca que foi uma vergonha, uma migalha, então mais uma vez a gente vai ter perdas de extrema importância, uma perda irreparável. Não foi fácil, não está sendo fácil e vai ser pior ainda caso isso se repetir. A gente vai tentar negociar uma possível apresentação virtual ou alguma coisa nesse sentido que não seja apenas aquele auxílio emergencial vergonhoso”, finalizou o presidente da Amanpe. 

As nações de maracatu também estão em situação de fragilidade. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Auxílio do poder público

O LeiaJá procurou as prefeituras do Recife e de Olinda para questionar sobre as tratativas para um possível Carnaval em 2022. Através de sua assessoria de imprensa, a gestão recifense afirmou estar discutindo o assunto com a ajuda de um comitê formado por cidades que realizam grandes carnavais, como Rio de Janeiro e São Paulo, e que a decisão levará em conta as orientações das autoridades sanitárias.

Sobre as subvenções pagas às agremiações, eventuais auxílios financeiros aos grupos da cultura popular e artistas, ou outras estratégias de apoio a esses profissionais, a Prefeitura do Recife não emitiu resposta. “As tratativas sobre o Carnaval 2022, neste momento, no Recife, são conduzidas pela comissão formada em setembro, da qual faz parte a Secretaria de Saúde, realizando o monitoramento permanente do quadro sanitário e das recomendações”, diz a nota. 

A gestão de Olinda também afirmou, através de sua assessoria, estar trabalhando “com três hipóteses: não realização; que a festa aconteça com controle de acesso; realização do Carnaval em um cenário epidemiológico de 90% da população brasileira totalmente imunizada”. Além disso, colocou que a decisão será tomada “conjuntamente com outros municípios”. A respeito de possíveis auxílios financeiros à artistas e agremiações também não houve resposta. 

Na última quarta (1º), o secretário de saúde do estado de Pernambuco, André Logo, estipulou um prazo para a definição sobre a realização do Carnaval do próximo ano em terras pernambucanas. Durante reunião da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), o secretário afirmou que até o dia 15 de janeiro de 2022 a pauta será decidida.

 

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