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"Salvador Allende será deposto pelos mesmos motivos que João Goulart foi deposto no Brasil." A frase não foi dita por um opositor chileno, mas pelo presidente do Brasil, Emílio Garrastazu Médici, na Casa Branca, em conversa com o americano Richard Nixon.

O ano era 1971 e Allende, eleito um ano antes, representava uma ameaça aos interesses dos EUA na América do Sul - o Chile era o primeiro país da região a eleger um socialista.

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Os registros da conversa, obtidos pelo Arquivo de Segurança Nacional dos EUA, mostram Nixon oferecendo recursos ao Brasil, defendendo que os dois países tentem "prevenir novos Allendes e Castros" e revelam um papel até então pouco conhecido da ditadura brasileira interferindo na política interna de outros países.

"A narrativa tradicional de intervenção e guerra secreta na América Latina se concentra nos EUA e na CIA, mas operações militares secretas foram realizadas em nome do povo brasileiro sem o seu conhecimento", afirma o pesquisador Peter Kornbluh em entrevista ao Estadão.

Qual foi o papel do Brasil no golpe contra Allende em 1973?

O regime militar brasileiro, agindo de forma independente dos EUA, mas por motivos semelhantes, secretamente interveio nos assuntos políticos do Chile para promover um golpe contra o governo democraticamente eleito de Allende. Durante reunião na Casa Branca, Médici disse a Nixon que "Allende seria deposto pelos mesmos motivos que Goulart havia sido deposto no Brasil".

O presidente perguntou se Médici achava que as Forças Armadas chilenas eram capazes de derrubar Allende. Médici respondeu que sim, acrescentando que o Brasil estava trocando agentes com os chilenos, e deixou claro que o Brasil estava trabalhando para esse fim.

Há registros dos contatos entre militares brasileiros e os americanos detalhando as ações?

Não sabemos os detalhes dos contatos do Brasil e do apoio aos militares chilenos, à medida que a conspiração contra Allende avançava. Ainda não obtivemos nenhuma comunicação secreta entre Henry Kissinger e o ministro das Relações Exteriores, Gibson Barbosa, ou o coronel Manso Netto, que Nixon e Médici designaram como representantes para as mensagens entre os dois sobre questões muito secretas, como a conspiração de golpe no Chile.

Também não sabemos se a oferta de Nixon para fornecer recursos secretos e outras formas de assistência para o esforço do Brasil para fomentar um golpe no Chile foi aceita e até que ponto a inteligência militar brasileira e os agentes da inteligência dos EUA coordenaram suas ações. Documentos relacionados a essa história permanecem segredos de Estado.

Muito se fala das intervenções dos EUA na região, mas pouco se fala do papel do Brasil. Por quê?

Há muito mais a saber sobre o papel intervencionista do Brasil na região durante a ditadura militar. Além do Chile, há a intervenção no Uruguai, na Bolívia e seu papel nas sinistras e assassinas operações transfronteiriças do Plano Condor.

A narrativa de intervenção hegemônica e guerra secreta na América Latina tem se concentrado nos EUA e na CIA. Mas sem um registro completo do exercício hegemônico de poder pelo Brasil no Cone Sul, essa história permanecerá incompleta. O acesso aos arquivos de inteligência brasileiros é fundamental. É uma história que permanece não contada.

Por que o foco nos EUA?

Primeiro, os EUA merecem ser denunciados por sua intervenção na América Latina. O segundo ponto é que o sistema de liberdade de informações nos EUA permitiu tornar públicos inúmeros documentos. A história foi contada com base nesses documentos, com foco nos EUA. Arquivos equivalentes de países como Brasil continuam secretos ou talvez foram destruídos. Há menos chance de analisar e conhecer essa história, mas de maneira lenta ela está emergindo.

O que precisa ser contado?

A história completa do papel do Brasil no Chile não foi contada. Há alguns historiadores que estão trabalhando nesse assunto, mas não têm acesso aos documentos de inteligência ou militares. Não sabemos em que grau os militares brasileiros estiveram em contato com oficiais chilenos após as eleições de Allende (novembro de 1970).

Não sabemos quão longe foi a colaboração após o encontro com Nixon, em 1971. Não temos o arquivo ou a documentação das operações do Brasil no Chile, na Bolívia, no Uruguai. O Brasil teve um papel ativo de intervencionismo em sua política externa durante a ditadura militar, chegando ao nível de interferir nos assuntos de outros países.

O que mais se sabe da participação do Brasil no golpe no Chile?

 

A conversa de Nixon e Médici ocorre no fim de 1971. E o golpe foi em 1973. Nixon via a ditadura no Brasil como aliada para sabotar o governo de Allende desde o início. Um dia depois que Allende chegou ao poder, em 6 de novembro de 1970, Nixon se encontra com um aliado da área de segurança e diz que os EUA não podem permitir que Allende consiga criar um modelo de governo.

Diz que não era para se importar com o que as democracias na América Latina diziam, e sim com o que Brasil e Argentina diziam. Acredita-se que o Brasil tenha enviado agentes para o Chile logo depois do golpe para interrogar e encontrar esquerdistas que fugiram do Brasil e estavam morando no Chile durante o governo de Allende. Há relatos de presos políticos e torturados que falavam português.

As provas da atuação do Brasil foram destruídas?

A narrativa prevalente é a que os militares destruíram os documentos da repressão interna e das operações externas. Muitas ditaduras na América Latina disseram isso por anos como forma de manter essa história longe dos cidadãos. Pode ser que alguns documentos tenham sido destruídos, mas é muito difícil acabar com todos.

Há comunicações com outros países. Eles podem ter os registros. Há trocas de contatos com outras agências e instituições do governo. Tenho grande fé que mais documentos aparecerão e entenderemos melhor o que aconteceu. O papel do Brasil está vindo à tona. Seria muito mais difícil que os líderes atuais do Brasil fizessem esse revisionismo da história da ditadura se todos os registros da repressão fossem conhecidos.

Nixon disse a Médici que Brasil e EUA deveriam evitar ‘novos Allendes e Castros’. Qual o significado dessa declaração?

Nixon via Médici como um amigo, aliado e colaborador em um esforço compartilhado para conter as forças políticas progressistas na América Latina e reverter a Revolução Cubana.

Nixon até reconheceu que os brasileiros estavam melhor posicionados do que os EUA para fazer avançar essa agenda geopolítica. Ele disse a Médici que "esperava que pudéssemos cooperar estreitamente, pois havia muitas coisas que o Brasil, como país sul-americano, poderia fazer e os EUA não".

Que outros indícios há da relação entre Médici e Nixon?

O presidente dos EUA ficou tão impressionado com esta nova aliança diplomática que, após a reunião, enviou o general Vernon Walters para reiterar a Médici que Nixon "estava muito impressionado com Médici e encantado com o relacionamento que eles estabeleceram e a proximidade de seus pontos de vista".

Durante a reunião, Nixon e Médici discutiram a derrubada de Allende, a contrarrevolução em Cuba, as operações contra o populista líder militar do Peru e o apoio ao novo regime militar na Bolívia, à medida que ele se consolidava. Os dois também discutiram as operações políticas secretas do Brasil para derrotar a Frente Ampla nas eleições de 1971 no Uruguai.

Apenas 11 dias depois de se encontrar com Médici, Nixon se encontrou com o primeiro-ministro britânico, Edward Heath, e disse a ele que o Brasil apoiava os esforços dos EUA para minar Cuba e enfraquecer a esquerda na América Latina. "Nossa posição é apoiada pelo Brasil, que é a chave para o futuro", informou Nixon a Heath. "Os brasileiros ajudaram a fraudar as eleições no Uruguai."

O memorando sobre a conversa de Nixon com o diretor da CIA, Richard Helms, é o único registro de um presidente americano ordenando um golpe contra um líder eleito. Qual é a importância deste documento para a história americana?

O memorando Helms é uma prova cabal de que a CIA é uma ferramenta dos presidentes para afirmar sua vontade imperial em outras partes do mundo - em países como Chile, Brasil, Irã, Cuba, independentemente do direito internacional, dos princípios de soberania e autodeterminação. Antes do escândalo da intervenção secreta da CIA no Chile, os presidentes dos EUA se escondiam atrás de um muro de negação.

Mas essas negações se tornaram menos plausíveis após a divulgação deste documento que registra as palavras da boca do presidente. Após o escândalo do Chile, o Senado dos EUA investigou a história de má conduta da CIA e a autorização presidencial. O Congresso aprovou novos regulamentos sobre operações secretas. Desde então, elas devem ser iniciadas por um memorando presidencial formal, embora secreto, de notificação aos comitês de inteligência do Congresso. Desde o lançamento do memorando Helms, os presidentes dos EUA não podem negar as operações secretas, caso elas sejam expostas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Justiça chilena investiga se um policial militar foi o responsável por empurrar um jovem de 16 anos de uma ponte sobre o rio Mapocho, durante uma manifestação em Santiago, capital do país. O policial foi detido horas depois do crime e acusado de tentativa de homicídio.

Um vídeo que mostra o momento em que o oficial empurra o rapaz da ponte Pio Nono viralizou nas redes sociais, bem como a imagem da vítima caída no leito do rio. Internado na clínica Santa María, em Santiago. O rapaz tem quadro de saúde estável, mas fraturou os pulsos e sofreu traumatismo craniano.

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A manifestação da qual a vítima participava começou na Plaza Italia, onde os atos a favor de uma nova constituição e de reformas no sistema de aposentadoria vem ocorrendo desde de outubro de 2019. Interrompidos pela pandemia da covid-19, os protestos estão sendo retomados em diversas cidades chilenas.

A declaração inicial do general Enrique Monrás, dos carabineros (polícia chilena), de que as imagens estavam sendo "revisadas para determinar se houve ou não intenção de derrubar o jovem ou apenas detê-lo" revoltou a população, causando novos protestos. Por sua vez, o ministro de Interior, Victor Pérez, afirmou que aguarda o resultado das investigações e que a conduta do carabinero  foi "condenável, assim como todo ato de transgressão dos direitos humanos".

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O Chile autorizou nesta quarta-feira (30) o início dos testes clínicos de duas vacinas da farmacêutica chinesa Sinovac Biotech e da belga Janssen Pharmaceutical Companies, destinadas ao combate ao coronavírus, informou o Ministério da Saúde.

Segundo o ministro da Saúde, Enrique Paris, cada um dos ensaios - cuja data de início não foi divulgada - vai recrutar 3 mil voluntários entre homens e mulheres com idades de 18 a 59 anos para testar os efeitos das vacinas.

"Para nós é um dia muito importante, pois começamos a aprovação destes estudos de fase clínica para que o Chile possa ajudar com seus cientistas, colaboradores e universidades", disse Paris, após anunciar os testes junto com representantes do Instituto de Saúde Pública, da Universidade do Chile e da Universidade Católica.

Enquanto isso, um ensaio da vacina do laboratório britânico AstraZeneca aguarda autorização do governo chileno.

Antes de chegar à população geral, uma vacina deve passar por pelo menos três fases de avaliação, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.

Na primeira fase, a vacina em potencial é testada em grupos de 20 a 100 pessoas saudáveis; na segunda, são avaliados os efeitos colaterais e; na terceira, são realizados testes em milhares de pessoas.

Ambas as vacinas que serão estudadas no Chile estão na fase três. Os testes da Sinovac Biotech serão feitos no Instituto de Imunoterapia e Imunologia da Universidade Católica. Já a da Janssen, da multinacional Johnson & Johnson, será testada em alguns consultórios médicos nos arredores de Santiago, em parceria com a Universidade do Chile.

"A mensagem mais importante que queremos passar é que o Chile viva, visualize e sinta o que significa ter uma boa pesquisa científica e poder ter projeção no desenvolvimento tecnológico", declarou o reitor da Universidade do Chile, Enio Vivaldi.

Após a conclusão dos estudos clínicos, o Instituto de Saúde Pública vai monitorar a produção das vacinas e determinar sua segurança e eficácia para a população.

Nas últimas 24 horas, foram registrados no Chile 1.684 casos de coronavírus, alcançando um total de 462.991 infecções. No mesmo período, foram identificadas 16 novas mortes, totalizando 12.741. Esse número ultrapassaria 17 mil se fossem contabilizadas as mortes suspeitas, de acordo com o relatório diário das autoridades.

Os meses da pandemia multiplicaram as iniciativas para aliviar um drama que o Chile acreditava ter erradicado: a fome. As 'panelas comuns' (movimento voluntário para combater a fome) se multiplicaram nos bairros mais pobres e vários restaurantes, alguns gourmet, acionaram suas cozinhas para que ninguém durma sem comer.

Em Lo Hermida, uma das localidades mais combativas de Santiago, nove mulheres se uniram para criar "Las Guerreras", uma panela comum que entrega 175 almoços todos os dias aos vizinhos que lutam contra a fome, mas também contra o coronavírus que atingiu duramente a este setor da comuna de Peñalolén, no leste de Santiago.

“Nunca pensei que seria tão necessário aqui”, disse Ruth Lagos à AFP, surpresa com as deficiências que a pandemia expôs neste bairro de classe baixa onde moram famílias sustentadas com empregos precários, gravemente afetados pela pandemia e a quem os auxílios estatais não chegaram ou demoraram demais.

Primeiro, elas começaram a reunir ingredientes e depois montaram uma cozinha no quintal de uma casa de Lo Hermida.

A população local se formou a partir de uma ocupação de terras e é considerada uma das mais emblemáticas na luta contra a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Também foi muito ativa nas mobilizações de outubro de 2019.

Embora não tivessem muita experiência na cozinha, as voluntárias recorreram ao que vivenciaram neste mesmo local nos anos 1980, quando a aguda crise econômica levou à multiplicação das panelas comuns no Chile, em um drama que parecia ter ficado no passado.

“Lutamos para não passar por isso. Lutamos por um Chile melhor e fica pior a cada dia”, diz Ruth, que aos 48 anos lembra de ter “descascado batatas” quando criança com os pais no panela comum criada em Lo Hermida na época.

Junto com "Las Guerreras" há outras três panelas comuns, e em toda Peñalolén cerca de 80, formadas no calor da solidariedade e com a ajuda de vizinhos e amigos.

Dados de fundações e organizações comunitárias estimam pelo menos 400 cozinhas populares que surgiram em Santiago, onde vivem mais de 7 milhões de habitantes, e em muitos casos servem a única refeição diária para as famílias.

“Sobrevivemos graças à panela comum”, admite Paola, ao receber de “Las Guerreras” um prato de arroz com frango com mostarda. Desempregada há cinco meses, até agora não recebeu nenhum auxílio estatal.

Comida para todos e para a alma

Mas, além das panelas comuns, vários restaurantes, alguns deles com comida gourmet, reativaram suas cozinhas para preparar refeições e distribuí-las entre famílias pobres.

O sistema também permite atender restaurantes que ficaram fechados por meses por conta de restrições sanitárias, pequenos fornecedores e transportadores escolares que a pandemia deixou sem apoio após o fechamento de escolas.

“Eles nos ajudam muito, ajudam muita gente porque uma rede se forma ”, disse à AFP a renomada chef Carolina Bazán, dona do restaurante Ambrosía Bistró, eleita no ano passado como a melhor chef latino-americana entre os 50 melhores restaurantes da América Latina.

Carolina manteve seu restaurante fechado por dois meses, mas depois decidiu reabri-lo com entrega em domicílio, e também aderiu à iniciativa “Comida para Todos”, que hoje reúne 14 restaurantes que entregam cerca de 6.000 almoços por semana.

Junto com dois ajudantes, Carolina prepara 450 pratos de comida por semana que são entregues às famílias no centro de Santiago. Para fazer isso, ele teve que abrir mão das preparações elaboradas de seu restaurante em estilo francês para se concentrar na comida mais simples.

“A ideia é que seja comida caseira, mas o mais importante é que seja comida deliciosa, que preencha a alma e que seja nutritiva”, acrescenta a chef de 39 anos e mãe de dois filhos.

A iniciativa “Comida para Todos” é financiada por meio de doações, que pagam pelos ingredientes, os funcionários dos restaurantes e transportadoras que fazem as entregas.

“Quando começamos (segunda semana de maio) havia três refeitórios populares ou panelas comuns; depois de duas semanas eram 25 e em um mês eram 78, isso é a escalada da fome no Chile”, diz Ana Rivero, da equipe de comunicação desta iniciativa que atende também as cidades de Santiago, Antofagasta (norte), Valparaíso e Viña del Mar (centro).

A Polícia Chilena confirmou nesta quinta-feira (20) a prisão de um homem, de 61 anos, acusado de abusar sexualmente de uma adolescente de 14 anos, em um caso detectado através de um vídeo na rede social Tik Tok.

As imagens mostram a irmã da menor dançando no centro da sala em primeiro plano e com um movimento de câmera o homem é visto deitado na cama ao lado da vítima com um de seus braços escondido sob os lençóis e o travesseiro.

É possível observar o momento em que o homem de 60 anos apalpa a menor em sua própria casa.

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"Este vídeo apareceu nas redes sociais imediatamente após a gravação. É um contexto familiar, eles estavam em casa, a irmã da vítima gravou o vídeo e publicou nas redes sociais em meados de julho", disse à imprensa o subprefeito da Polícia de Investigação (PDI), Francisco Ceballos.

"Há um abuso sustentado que se normalizou dentro da família", acrescentou Ceballos. O detido é companheiro da avó materna da vítima, que aparece nas imagens com a menor na cama.

O homem foi preso na noite de quarta-feira, quando o vídeo viralizou e provocou uma onda de críticas nas redes sociais e um protesto em frente à casa do acusado, no centro de Santiago.

Diante da repercussão das imagens, a defensora da Infância do Chile, Patricia Muñoz, declarou no Twitter que "não incentiva a divulgação desse tipo de vídeo para proteger vítimas crianças e adolescentes".

O papa Francisco aceitou a renúncia do ex-núncio do Vaticano no Chile Giuseppe Pinto, 68 anos, nesta sexta-feira (31), informou a Santa Sé. Com isso, o italiano encerra sua atividade na diplomacia vaticana.

O religioso foi acusado de ignorar um dos inúmeros casos de abusos sexuais cometidos pelo padre chileno Fernando Karadima - que perdeu suas funções religiosas. Segundo acusação, o prelado nada fez quando o então bispo Francisco Javier Errázuriz, em 2009, informou para ele que não iria interrogar o sacerdote que já era acusado de inúmeros crimes.

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Essa denúncia, inclusive, serviu de base para que a Justiça do Chile condenasse a Igreja Católica no país a pagar uma indenização de cerca de 450 milhões de pesos chilenas (cerca de R$ 3,1 milhões) às vítimas de abuso.

Além de ter atuado na diplomacia do Vaticano no Chile entre 2007 e 2011, o religioso italiano trabalhou nessa função na Croácia, Filipinas, Guiné-Bissau, Mali, Cabo Verde, Senegal e Mauritânia.

Atualmente, era o arcebispo titular de Anglona, na Itália.

Da Ansa

O governo do Chile apresentou um plano gradual de saída do confinamento pela pandemia do novo coronavírus. O país convive com regras de isolamento social há quase cinco meses, com uma crescente impaciência da população. A proposta foi batizada pelo governo de "Passo a Passo".

O plano foi apresentado pelo presidente Sebastián Piñera e é dividido em cinco etapas: quarentena (mobilidade limitada), transição (primeira etapa de flexibilização, para evitar uma abertura brusca), preparação (relaxamento do isolamento para pessoas fora do grupo de risco), abertura inicial (retorno de certas atividades, mas sem aglomerações) e abertura avançada.

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"Graças ao esforço da maioria que cumpriu as normas sanitárias, hoje, depois de 5 meses de pandemia, estamos completando 5 semanas de melhoria que dão as condições para iniciar um lento e cuidadoso processo, passo a passo, para retomar parte de nossas atividades", escreveu Piñera, em sua conta no Twitter, no domingo.

A implementação de cada uma das fases, contudo, ainda não tem prazo fixado e levará em conta a situação de cada região do país. Em Santiago, onde vive quase metade da população chilena, a abertura gradual dependerá da evolução das estatísticas epidemiológicas. "Iremos avançando passo a passo, tendo sempre todos os cuidados necessários e nos preparando para reagir a tempo em caso de termos que dar passos atrás", disse o presidente.

"As cifras sanitárias mostram um horizonte que nos dá esperança. Doze de nossas 16 regiões estão mostrando melhorias nas últimas semanas", disse Piñera, que completou: "No entanto, falta muito caminho para percorrer até voltarmos a nos encontrar como antes. Mas hoje começamos a avançar".

Nesta segunda, 20, o governo do Chile reportou 2.099 novos casos de coronavírus nas últimas 24 horas, com um total de 333.930 infecções desde o início da pandemia. O Chile é um dos países mais afetados no mundo pela doença, com 8.503 mortos pela covid-19 - uma taxa de 451 óbitos para cada milhão de habitantes, superior até a dos EUA, que têm 434 por milhão.

"Temos que continuar trabalhando muito, com muito ímpeto, porque estamos conscientes de que podem haver surtos, e estamos preparados para eles", declarou o ministro da Saúde chileno, Enrique Paris.

Questionado sobre as possibilidades de retomar a atividade na região metropolitana de Santiago, o subsecretário de Redes de Assistência, Arturo Zúñiga, afirmou que provavelmente o projeto não será dividido em comunas, mas em blocos.

Dessa forma, as localidades avançarão em cada etapa da estratégia de forma conglomerada e de acordo com uma série de indicadores, como a ocupação hospitalar e a evolução de novas infecções.

Regiões

A região metropolitana de Santiago está a caminho de completar dez semanas sob quarentena obrigatória. A área foi o principal foco de infecção no país desde a chegada do vírus. Entretanto, as regiões de Arica, Antofagasta, Atacama e Tarapacá, no norte chileno, juntamente com O'Higgins na região central, são agora as que despertam maior preocupação nas autoridades sanitárias.

O Chile é o oitavo país com mais casos de coronavírus registrados, à frente de Reino Unido, Irã e Espanha, por exemplo, segundo contagem independente da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

As regiões de Aysén e Los Ríos, no sul, são até agora as únicas que começaram a retornar à normalidade, com cinemas, teatros, restaurantes e cafés liberados para operar a 25% de sua capacidade. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A rede de lojas Falabella, gigante do setor de varejo no Chile, denunciou 26 pessoas por utilizar cartões de crédito do presidente Jair Bolsonaro e de seus filhos para compras ilegais. Um inquérito sobre o caso foi aberto em uma Promotoria da zona metropolitana de Santiago para investigar o crime de fraude em cartões de crédito.

Segundo a denúncia, funcionários da Falabella teriam utilizado dados de cartões de crédito para fazer compras ilegais no próprio site da empresa. As fraudes tiveram início a partir do dia 1º de junho, segundo a Promotoria.

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"Os denunciados seriam empregados ou membros de marcas vinculadas à Fabella", informou a Promotoria Central Norte ao Estadão. "Abrimos ums investigação pelo delito de uso fraudulento de cartão de crédito, contra 26 pessoas imputadas por utilizar os cartões bancários do presidente Bolsonaro e seus filhos."

Após um pedido do promotor responsável pelo caso, Jaime Retamal, o caso também será investigado em um departamento especializado em cibercrimes da polícia chilena. Segundo a imprensa chilena, as fraudes utilizaram os dados bancários do vereador Carlos Bolsonaro e do senador Flávio Bolsonaro, além do próprio presidente. Os três foram alvo de vazamentos de informações do grupo Anonymous, que divulgou em redes sociais números de telefone, endereços e documentos de identidade da família.

A empresa teria detectado 27 mil ordens de compra suspeitas em seu site. Nas lojas de departamento da Falabella são vendidos desde computadores e smartphones até peças de roupa, eletrodomésticos e itens de decoração.

No Chile, as penas para o crime de fraude em cartão de crédito vão de 541 dias até cinco anos de prisão, além de multas que chegam ao triplo do valor fraudado. A lei que define as punições para este tipo de fraude no país acabam de ser alteradas, com aumento do tempo de pena.

O Chile registrou nesta quinta-feira (9) pela primeira vez, mais de 3 mil novos casos diários de Covid-19 - ao todo, foram 3.133 infecções e 109 mortes em 24 horas. Com os dados, o total de casos chegou a 306 mil - ultrapassando Reino Unido e Espanha, se tornado o sexto país mais contaminado do mundo.

Um dos casos mais dramáticos é da Codelco, a estatal chilena de mineração de cobre, que já registrou 3 mil funcionários com coronavírus. O sindicato dos mineradores renovou ontem os pedidos por mais segurança no processo de extração.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nesta quinta-feira, a Itália proibiu a entrada de viajantes de Brasil, Chile, Panamá, República Dominicana, Peru e outros países, considerados de alto risco de contaminação por coronavírus.

Os viajantes que passaram ou transitaram nas últimas duas semanas pelo Brasil, Armênia, Bahrein, Bangladesh, Bósnia-Herzegovina, Chile, Kuwait, Macedônia do Norte, Moldávia, Omã, Panamá, Peru e República Dominicana não podem entrar na Itália sem mais pedidos.

Um decreto nesse sentido foi assinado pelo Ministério da Saúde, de acordo com os Ministérios das Relações Exteriores, Interior e Transportes.

Primeiro país afetado fora da China, na Itália, cerca de 35.000 pessoas morreram com a epidemia do novo coronavírus e 242.000 casos de contaminação foram registrados.

Em várias regiões do mundo, a pandemia, que causou mais de 550.000 mortes desde o final de dezembro, continua avançando.

O Brasil é agora o segundo país mais afetado, com quase 67.000 mortes, segundo cálculos da AFP, depois dos Estados Unidos (mais de 132.000 mortes).

O coronavírus já deixou mais de 534.000 mortos no mundo todo e avançou de maneira preocupante, nas últimas horas, em países como Chile, Estados Unidos e Índia, enquanto a Europa luta para recuperar um mínimo de normalidade.

De acordo com números oficiais coletados pela AFP, mais de 11 milhões de pessoas foram contaminadas pelo coronavírus no mundo. Especialistas avaliam que o balanço real é muito maior.

Com mais de 2,9 milhões de casos e cerca de 128.000 óbitos, a América Latina está no olho do furacão da pandemia.

No Chile, os mortos por coronavírus passaram de 10.000 no domingo, levando-se em consideração os falecimentos "prováveis", como recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS). Nas últimas 24 horas, foram registrados 3.548 contágios, chegando a um total de 288.089 infectados.

As autoridades começaram, porém, a reportar os primeiros números "otimistas", após quatro meses, com uma queda de 21% nos contágios nas últimas duas semanas.

- Leitos de papelão -

Nesta segunda-feira, a Índia passou a ser o terceiro país com mais contágios do mundo, atrás dos Estados Unidos e do Brasil, ao registrar 24.000 novos casos em 24 horas. Agora, acumula 697.358 contágios e cerca de 20.000 mortes.

Os hospitais estão saturados. Em Nova Délhi, por exemplo, abriu-se um gigantesco centro de isolamento, com capacidade para 10.000 leitos. Muitos são feitos de papelão.

A situação também é crítica nos Estados Unidos, onde foram registrados 40.000 contágios diários no fim de semana. Apesar disso, o presidente Donald Trump afirmou que a crise sanitária está perto do fim.

Suas declarações provocaram as críticas de autoridades locais, como o prefeito democrata da cidade texana de Austin, Steve Adler, que classificou o tom de Trump de "perigoso" para os habitantes de sua cidade. De acordo com a prefeitura, os serviços de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) podem entrar em colapso "em 10 dias".

Até agora, a Covid-19 infectou mais de 2,8 milhões de pessoas e matou quase 130.000 nos Estados Unidos, que ostenta o triste recorde de mortos, seguido de Brasil (64.867), Reino Unido (44.220) e Itália (34.861).

Na República Dominicana, o opositor Luis Abinader se proclamou vencedor das eleições presidenciais realizada no domingo (5), marcadas por uma explosão dos casos de coronavírus no país.

O Peru, onde se passou de 300.000 casos durante o fim de semana, é o segundo país da América Latina com mais contágios, atrás do Brasil, e o quinto do mundo.

- Ver Mona Lisa em Paris -

Na Europa, o desconfinamento convive com o medo e com alguns focos de contágio preocupantes, que obrigam as autoridades a decretarem "reconfinamentos" parciais.

Um dos países da Europa menos afetados pela pandemia e um dos primeiros a suspender as medidas de confinamento, a Alemanha ainda não retomou seu ritmo.

"A situação é dramática", resume o setor hoteleiro alemão.

O governo de Angela Merkel espera o retorno do crescimento, "após a pausa de verão" (inverno no Brasil) e " no mais tardar a partir de outubro".

Em Kosovo, o governo decidiu hoje reintroduzir um toque de recolher na capital, Pristina, e em outras três cidades, diante de um surto de casos de Covid-19.

Em Paris, depois de três meses e meio fechado, o Louvre, o museu mais visitado do mundo, reabriu suas portas hoje. O número de visitantes é limitado.

"Esta é nossa quinta, ou sexta, visita ao Louvre, mas nunca conseguimos ver a Mona Lisa [devido ao grande número de visitantes]. Desta vez, esperamos que sim!", disse a parisiense Helene Ngarnim.

- Mais do que números -

Além dos danos humanos irreparáveis, a pandemia está provocando uma hecatombe econômica, caso, por exemplo, do mercado de trabalho na América Latina.

Os dados de desemprego no segundo trimestre falam por si.

No Brasil, foram perdidos 7,8 milhões de vagas de trabalho, e 12,7 milhões de pessoas estão desempregadas. O Chile tem sua taxa de desemprego mais alta em dez anos, e a Colômbia registra os índices de desemprego urbano mensais mais elevados desde 2001.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 41 milhões de pessoas estão sem emprego na América Latina e no Caribe, contra 25 milhões de desempregados em janeiro.

O Ministério da Saúde do Chile informou que o país registrou 4.406 novos casos de covid-19 e 279 novas mortes decorrentes da doença nas últimas 24 horas. Segundo o jornal Diario Financiero, o número de novos óbitos é o maior desde o início da pandemia. No acumulado, o Chile já contabilizou 267 mil infectados pelo novo coronavírus e 5.347 mortes.

A Argentina registrou oito novas mortes da sexta-feira para o sábado, o que eleva o total de óbitos decorrentes da covid-19 para 1.192, de acordo com as autoridades de saúde locais.

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Desde o início da pandemia, segundo o ministério da saúde argentino, o país já registrou 55,3 mil casos do novo coronavírus - 2.886 nas últimas 24 horas.

Globalmente, a Universidade Johns Hopkins contabiliza 9,8 milhões de casos de covid-19 e mais de 495 mil óbitos decorrentes da doença.

Os cientistas o batizaram de "A Coisa": um misterioso fóssil do tamanho de uma bola de basquete encontrado na Antártica e que permaneceu em um museu chileno à espera de alguém que descobrisse do que se tratava exatamente.

Agora, uma investigação revelou que o misterioso fóssil, encontrado há nove anos por cientistas da Universidade do Chile e do Museu Nacional de História Natural, é na realidade um ovo de casca mole, o maior que se conhece até o momento, possivelmente de um tipo de serpente ou lagarto que viveu há mais de 66 milhões de anos.

Essa revelação acaba com quase uma década de especulações sobre o fóssil, e poderia mudar as teorias sobre a vida de criaturas marinhas nessa era, declarou Lucas Legendre, principal autor da pesquisa publicada nesta quarta-feira (17) na revista Nature.

Segundo a análise realizada conjuntamente por cientistas da Universidade do Texas, da Universidade do Chile e do Museu Nacional de História Natural, trataria-se do maior ovo da era dos dinossauros.

O fóssil foi descoberto em 2011, por um grupo de cientistas chilenos na Antártica. Parece uma grande bola de basquete, e mede nada menos que 29 por 20 centímetros.

"Esta é uma das poucas vezes em que um ovo foi encontrado em sedimentos marinhos e, além disso, é de casca mole. É curioso que tenha sido preservado lá. (...) Isso talvez nos dê uma pista de que tipo de ambiente poderíamos encontrar outros ovos desse tipo", explica Alexander Vargas, pesquisador da Faculdade de Ciências da Universidade do Chile, e diretor do Projeto de Registro de Fósseis e Evolução de Vertebrados.

Há anos os cientistas visitantes examinaram esse fóssil sem sucesso, até que, em 2018, um paleontólogona Universidade do Texas sugeriu que poderia ser um ovo. Essa hipótese não era a mais óbvia, por causa do seu tamanho e aparência, e não havia esqueleto para confirmá-la.

"Eles realmente não tinham uma ideia muito clara do que poderia ser, então chamaram de 'The Thing', como o filme", explicou Vargas.

A análise de partes do fóssil revelou "uma estrutura em camadas semelhante a uma membrana macia e uma casca externa muito mais fina, sugerindo que ela tinha uma casca mole", detalha Lucas Legender.

"Isso também foi confirmado por análises químicas, que mostraram que a casca dos ovo era diferente dos sedimentos que a rodeavam, e originalmente era um tecido vivo".

Mas existem outras questões ainda não resolvidas, como qual animal teria um ovo tão grande - até hoje somente um maior, mas não de casca mole, foi encontrado, produzido pela agora extinta ave elefante de Madagascar.

A equipe acredita que este ovo é proveniente de um réptil aquático, possivelmente de um grupo conhecido como mosassauros, que eram comuns na região.

A expansão do coronavírus no Chile continua aumentando e, neste sábado (13), custou a renúncia do ministro da Saúde Jaime Mañalich, questionado por sua resposta à crise e mudanças na metodologia que colocaram em dúvida o número real de mortos no país.

Será substituído pelo ex-presidente da Faculdade de Medicina, Enrique Paris, aliado dos partidos conservadores da coalizão presidencial de Sebastián Piñera.

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A mudança ocorreu no dia em que o saldo da pandemia somou 6.509 novos casos e 231 mortos nas últimas 24 horas, aumentando para 167.355 o número de infectados e para 3.101 o de mortos desde 3 de março, quando foi registrado o primeiro caso de coronavírus neste país de 18 milhões de habitantes.

Piñera agradeceu o "compromisso e dedicação total em cuidar e proteger a saúde e vida de todos" por parte de Mañalich, um médico muito próximo ao presidente e que ocupava o mesmo cargo em sua primeira gestão (2010-2014).

As críticas contra Mañalich aumentaram na última semana após mudanças na metodologia para contabilizar as mortes, inexplicável para muitos epidemiologistas.

Mas a gota que transbordou o copo ocorreu neste sábado, com uma publicação que afirma que o Ministério da Saúde informou à Organização Mundial da Saúde (OMS) que os mortos por coronavírus no país ultrapassam os 5.000, muito acima do número do último registro oficial, segundo um relatório do Centro de Pesquisa e Informação Jornalística chileno (CIPER).

O documento governamental, ao qual o CIPER teve acesso, revela que o Departamento de Estatísticas (DEIS) do Ministério da Saúde do Chile relatou mais de 5.000 mortos à OMS, uma quantidade 60% maior do que o último registro oficial, que contabiliza neste sábado (13) mais de 3.000 mortos desde março.

A nova polêmica sobre a metodologia aplicada pelo Ministério da Saúde ocorre quando o Chile soma 6.509 novos casos e 231 mortos registrados nas últimas 24 horas, aumentando para 167.355 os infectados e para 3.101 os mortos desde 3 de março neste país de 18 milhões de habitantes.

A propagação da Covid-19 está acelerando no Brasil, no Peru e no Chile, informou nesta terça-feira a agência regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), exigindo a aplicação de medidas de distanciamento social, mais testes de diagnóstico e adaptação dos serviços de saúde para salvar vidas.

"Na América do Sul, estamos particularmente preocupados que o número de novos casos relatados na semana passada no Brasil tenha sido o mais alto em um período de sete dias desde o início do surto", declarou Carissa Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), com sede en Washington.

"Tanto o Peru quanto o Chile também estão relatando uma alta incidência, um sinal de que a transmissão ainda está acelerando nesses países", acrescentou.

O continente americano "sem dúvida" se tornou o epicentro da pandemia, declarada em 11 de março pela OMS depois que o novo coronavírus foi detectado no final de 2019 na China.

Etienne disse que agora, com um total de 726.921 casos e 39.560 mortes relatadas em 25 de maio, segundo a Opas, a América Latina superou a Europa e os Estados Unidos no número diário de infecções.

Etienne pediu aos países que não abaixem as armas nos esforços para conter infecções, estimadas em mais altas do que as detectadas. "Para a maioria dos países das Américas, agora não é hora de relaxar as restrições ou reduzir as estratégias preventivas", alertou.

- Mais testes -

Para enfrentar a Covid-19, a Opas recomenda uma combinação de medidas de distanciamento físico da população, testes de diagnóstico e preparação de serviços de saúde.

Marcos Espinal, diretor de Doenças Transmissíveis e Análise da Saúde da Opas destacou especialmente a necessidade de aumentar a capacidade de teste para impedir a progressão da doença.

"A maioria dos países da América do Sul ainda não está testando no nível que deveria", disse ele, apontando o Chile como uma exceção.

- "Forte aumento" na Nicarágua -

Etienne também alertou sobre o crescimento esperado de casos e mortes no México, El Salvador, Guatemala e Colômbia.

Além disso, enfatizou o "forte aumento" do surto na Nicarágua, onde o governo de Daniel Ortega foi questionado por responder à pandemia sem medidas de contenção e por convocações em massa.

"Apelamos a todas as entidades públicas e privadas da Nicarágua para que implementem, com efeito imediato, todas as recomendações fornecidas pela Opas", disse o diretor de Emergências em Saúde da organização, Ciro Ugarte, quando questionado sobre o país da América Central.

- O risco de DNTs -

Outro fantasma assombra a região das Américas: o maior impacto da pandemia nas pessoas com Doenças Não Transmissíveis subjacentes (DNTs), como diabetes, doenças cardiovasculares, câncer e doenças respiratórias crônicas, doenças frequentemente associadas à dieta, uso de tabaco, estilo de vida e pobreza.

"Nunca vimos uma relação tão mortal entre uma doença infecciosa e as DNTs. Alguns dos dados são realmente alarmantes. Especialmente em nossa região, onde as DNTs são amplamente disseminadas", destacou Etienne.

No continente americano, uma em cada quatro pessoas sofre de DNT.

Estudos recentes citados por Etienne indicam que pessoas com diabetes têm duas vezes mais chances de ficar gravemente doentes ou morrer de Covid-19, e 28% dos pacientes com câncer infectados pelo novo coronavírus morreram, em comparação com 2% de pacientes em geral. Fumar também aumenta a chance de complicações da Covid-19.

Etienne lembrou que o tratamento de pacientes com DNTs tem sofrido com medidas para ficar em casa, interrupções na prestação de serviços de saúde, bem como o medo da população de frequentar centros de saúde devido ao risco de contágio pelo coronavírus.

"Esse desafio deve ser enfrentado pelos sistemas de saúde em nossa região ou enfrentaremos uma epidemia paralela de mortes evitáveis de pessoas com DNT", alertou.

Antes do surgimento da Covid-19, 81% de todas as mortes na região das Américas eram devidas a DNTs e 39% das vítimas fatais tinham menos de 70 anos.

O Chile se aproxima de 60 mil novos casos do novo coronavírus, enquanto o número de mortes aumentou 29% nas últimas 24 horas, elevando o total para 589, informou nesta quinta-feira o ministro da Saúde, ao comparar a crise sanitária a uma "batalha descomunal".

As cifras de hoje marcam oito recordes diários do avanço da pandemia no país, de quase 18 milhões de habitantes. O número de mortos passou de 35 ontem para 45 hoje, e houve 3.964 novas infecções, de um total de 57.581 desde o primeiro caso, em 3 de março.

"É evidente que o número de casos está aumentando, o que significa que, nos próximos dias, isso irá pressionar a rede assistencial", advertiu o ministro da Saúde, Jaime Mañalich.

O ministro também pediu que, neste momento, sejam superadas as diferenças políticas e polarizações, reconhecendo que o Chile atravessa um momento de profunda desconfiança envolvendo o governo de Sebastián Piñera.

Esta semana, foram registradas manifestações violentas em áreas carentes de Santiago, onde a quarentena e paralisação de um grande número de atividades desde 16 de março provocam desemprego e fome. Nas últimas horas, surgiram nas redes sociais convocações para panelaços contra o governo.

Moradores de uma comuna populosa localizada no sul de Santiago enfrentaram nesta segunda-feira (18) policiais, em protesto contra a falta de alimentos e trabalho devido à crise provocada pelo novo coronavírus, que mantém a capital chilena em quarentena total.

Moradores de El Bosque, uma das comunas mais pobres da capital, protestam contra a falta de ajuda do governo do direitista Sebastián Piñera, que vem enfrentando, na última semana, um aumento do número de infecções e mortes devido ao novo coronavírus.

Os manifestantes, a maioria encapuzados, ergueram barricadas e gritaram palavras de ordem contra as autoridades. Eles enfrentaram com pedras e pedaços de pau as forças especiais da polícia, que revidaram com gás lacrimogêneo e jatos d'água. Três manifestantes foram detidos, segundo um relatório policial preliminar.

Desde a última sexta-feira, Santiago está em quarentena total, mas, há dois meses, vários setores são afetados pelas medidas impostas para controlar a epidemia.

A demanda dos moradores chegou à prefeitura de El Bosque, que, em comunicado, afirmou que a quarentena teve um rápido impacto "na qualidade de vida da população" e denunciou a falta de apresentação pelo governo de "medidas concretas" para os desempregados que vivem em áreas carentes.

"São esses moradores e moradoras que, após mais de um mês sem poderem trabalhar, sem terem sido contemplados com nenhuma medida concreta do Estado, que estão protestando", assinala a nota do prefeito Sadi Melo.

A pandemia atingiu duramente os chilenos, principalmente os mais pobres. O protesto acontece um dia depois de Piñera anunciar a entrega de 2,5 milhões de cestas básicas para a população carente.

No mês passado, o presidente chileno anunciou a entrega de um bônus familiar para cerca de 4,5 milhões de cidadãos mais vulneráveis equivalente a 317 dólares, que não se tornou efetivo. Também em abril, o governo começou a entregar outro bônus, de 60 dólares, para os 60% de famílias mais pobres.

O coronavírus já infectou mais de 46 mil pessoas no Chile, com 478 mortos.

O tenista chileno Nicolás Jarry, que já esteve no Top 50 do ranking da ATP e ocupa atualmente o 89.º lugar, conheceu nesta segunda-feira a extensão da sua suspensão por violação de um exame antidoping realizado em novembro do ano passado. O atleta de 24 anos, que estava suspenso provisoriamente desde janeiro e aguardava julgamento, foi punido por 11 meses. A pena começou a valer em 16 de dezembro de 2019 e poderá voltar a competir na semana de 15 de novembro.

O número 2 do Chile testou positivo para dois tipos de esteroides - Ligandrol (SARM LGD-4033) e Stanzolol - proibidos pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) e, ainda que tenha conseguido provar que houve contaminação cruzada em suplementos produzidos no Brasil, a Federação Internacional de Tênis (ITF, na sigla em inglês) considerou que houve irresponsabilidade e negligência por parte do chileno.

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Nicolás Jarry já reagiu à suspensão em um comunicado oficial divulgado nesta segunda-feira. "Consegui provar a minha versão, mas aceitei com humildade 11 meses de suspensão. Continuar este processo iria arrastar o meu desgaste e afetar ainda mais a minha carreira esportiva. Agradeço a todos aqueles que me apoiaram neste processo", afirmou o chileno, que deixou uma mensagem emocionada em suas redes sociais na qual reflete sobre a importância deste episódio na sua vida.

Este caso de Nicolás Jarry é em tudo semelhante ao da tenista brasileira Beatriz Haddad Maia, que foi suspensa exatamente pela mesma razão e durante o mesmo período de tempo. A pena de Bia Haddad acabou no último dia 22 de março.

A ITF ainda destacou os sucessivos casos de doping por contaminação na América do Sul, que só em brasileiros, além de Bia Haddad, já atingiram o gaúcho Marcelo Demoliner e o paulista Thomaz Bellucci.

"É evidente que o consumo de suplementos personalizados, em particular aqueles feitos em farmácias compostas na América do Sul, acarreta um grau significativo de risco para esportistas sujeitos às regras antidopagem. A ITF adverte a todos que tomem extrema cautela ao considerar a possibilidade de usar suplementos", informou o comunicado da entidade.

O bispo evangélico Mario Salfate, de 67 anos, morreu ontem no Hospital San Juan de Dios de Los Andes, em Valparaíso, onde foi internado em 23 de março "após ter sido testado com Covid-19". Salfate conduziu, em março, um culto reunindo pelo menos 300 pessoas na cidade de Paine, perto de Santiago. Três outros pastores evangélicos foram infectados na mesma ocasião.

No Chile, há uma forte pressão de líderes evangélicos para que as cerimônias religiosas possam ser mantidas durante a pandemia. O país tem pelo menos 3 milhões de fiéis evangélicos e é um dos mais afetados pelo coronavírus na América Latina, com mais de 8 mil casos confirmados e quase 100 óbitos pela doença.

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As autoridades de saúde decretaram "quarentenas seletivas" em algumas comunas do país, dependendo do número de infecções. A comuna de El Bosque, em Santiago, por exemplo, entra hoje em quarentena obrigatória.

Longas filas em supermercados e repartições públicas eram observadas ontem na localidade antes do início do confinamento

A morte de Salfate é a segunda em menos de uma semana de um religioso. No sábado, morreu Gerald Glenn, de 66 anos, fundador e pastor da Igreja Evangélica New Deliverance, em Chesterfield, no Estado da Virgínia. A morte foi anunciada por Bryan Nevers, um integrante da igreja, durante um sermão da Páscoa publicado na página do Facebook da congregação pentecostal.

Desafio

Glenn ignorou os avisos sobre o perigo de reuniões religiosas e prometia continuar pregando a menos que estivesse "na cadeia ou no hospital". Marcietia Glenn, de 65 anos, mulher do bispo, também testou positivo para o vírus, disse Mar-Gerie Crawley, filha deles, em um post de 4 de abril na página da igreja no Facebook. Ela disse na época que seu pai estava precisando usar um respirador em um hospital.

"Peço às pessoas que entendam a gravidade e a seriedade disso. Não se trata apenas de nós, mas de todos os que estão a nossa volta", disse.

Os membros da igreja fizeram uma vigília e alguns jejuaram por Glenn, cuja morte foi lamentada pelos fiéis. "Ele era amigo e pilar da comunidade religiosa de Richmond", escreveu o senador democrata Tim Kaine, no Twitter.

Durante um sermão, em 22 de março, Glenn pregou para algumas dezenas de fiéis na igreja e publicou o vídeo no YouTube. Depois, o conteúdo foi removido.

Na época, o bispo foi citado pela imprensa dizendo que "Deus é maior que o temido vírus". Em 30 de março, oito dias após o sermão, o governador de Virgínia, Ralph Northam, emitiu uma ordem de permanência das pessoas em suas casas.

Há Estados com duras restrições. Na Flórida, um pastor foi preso no mês passado após se reunir com centenas de fiéis. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

A jornalista e comentarista da CNN Brasil, Basília Rodrigues, cometeu uma gafe durante a transmissão ao vivo, na última quinta-feira (19). Durante o prograna Visão CNN, ela "mudou" o mapa da América do Sul ao afirmar que o Chile e Equador não fazem parte do continente.

Na ocasião, o colega de bancada Kenzô Machida escutou a fala da colega, mas não se manifestou sobre a afirmação emitida ao público.

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O vídeo viralizou nas redes sociais e Basília recebeu muitas críticas em sua conta do Twitter, chegando a se justificar sobre a fala.

Reprodução / Twitter @basíliarodri

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