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Pfizer e BioNTech anunciaram, na quinta-feira (8), que buscarão autorização para uma terceira dose de sua vacina anticovid-19 para reforçar sua eficácia, no momento em que a variante Delta causa surtos devastadores na África e na Ásia, e aumentam os casos na Europa e nos Estados Unidos.

Em meio ao novo impulso da pandemia, o governo japonês anunciou que os Jogos Olímpicos de Tóquio vão acontecer sem público nos estádios. O estado de emergência decretado ficará em vigor ao longo de todo evento.

Este anúncio foi feito quando a chama olímpica chegava à capital japonesa para uma cerimônia em um estádio vazio, a duas semanas da festa de abertura de uma Olimpíada totalmente transformada pela pandemia.

A variante Delta está causando uma aceleração da pandemia, que já registra mais de quatro milhões de mortos, segundo balanço da AFP com base em dados oficiais.

Isso levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a advertir que o mundo se encontra "em um ponto perigoso".

- Terceira dose -

A Pfizer e a BioNTech disseram que uma terceira dose terá um bom desempenho contra a variante Delta e que vão solicitar, em breve, sua autorização nos Estados Unidos, na Europa e em outras regiões.

Dados de um teste em andamento mostraram que uma terceira dose aumenta os níveis de anticorpos de cinco a dez vezes mais contra a cepa original do coronavírus e a variante Beta, encontrada pela primeira vez na África do Sul, em comparação com as duas primeiras doses, de acordo com um comunicado de ambos os laboratórios.

As empresas afirmam ainda que a dose de reforço agirá de maneira similar contra a variante Delta, mas que também desenvolverão uma vacina específica contra essa cepa, que surgiu na Índia e é mais contagiosa.

As autoridades americanas disseram que ainda estão avaliando a necessidade de um reforço.

"Os americanos que foram completamente vacinados não precisam de um reforço neste momento", afirmaram as agências de saúde. "Estamos preparados para doses de reforço desde que a ciência demonstre que são necessárias".

Já a União Europeia disse estar "preparada", caso seja necessário aplicar uma terceira dose da vacina da Pfizer/BioNtech na população do bloco, como propõem os fabricantes, afirmou a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, nesta sexta-feira.

"Estamos preparados, caso isso seja necessário, tanto no nível europeu, como em termos de estratégia europeia" de compra comum e de distribuição de vacinas, reforçou a comissária em entrevista coletiva em Madri, ao lado da ministra espanhola da Saúde, Carolina Darias.

"Estamos trabalhando nisso de maneira contínua, mas a decisão sobre como vamos avançar dependerá da ciência", esclareceu a comissária Kyriakides.

- Número de mortos recua -

Quase 16 meses depois de uma pandemia que arrasou o mundo inteiro, o total de casos de covid-19 passa de 185 milhões, conforme balanços oficiais. Para a OMS, no entanto, este número pode se muito maior.

A média diária de óbitos na última semana foi de 7.870 e continua recuando, pouco a pouco - um número distante das 13.700 mortes por dia registradas no final de abril e início de maio.

Já o número de casos está subindo, após quase dois meses de queda (405.000 na média diária, +9% intersemanal), com surtos em países como Reino Unido, Indonésia e Rússia, atingidos em cheio pela variante Delta.

A situação sanitária também se agrava na África, que "acaba de viver a semana mais desastrosa da história das pandemias", segundo a diretora regional da OMS para este continente, Matshidiso Moeti.

"Mas o pior está por vir, pois a terceira onda não para de se expandir de maneira acelerada e ganha terreno", alertou.

- Boates na França -

A incursão da variante Delta faz com que as autoridades de muitos países da União Europeia reconsiderem o levantamento das restrições aplicadas graças ao avanço da vacinação.

Assim, a França recomendou aos seus cidadãos que não viajem para Portugal e Espanha neste verão boreal (inverno no Brasil), onde esta cepa está fazendo disparar as taxas de infecção entre a população jovem não vacinada.

O governo francês, porém, decidiu reabrir suas boates nesta sexta após cerca de 16 meses de fechamento, embora as autoridades tenham alertado que continuarão atentas a um eventual aumento de casos da covid-19 no país.

Embora a reabertura ofereça um alívio para os proprietários, a capacidade será limitada a 75% e será necessário um comprovante de vacinação ou um teste negativo recente para entrar.

O uso de máscara também será recomendado, mas não obrigatório. "É um alívio poder abrir, mesmo que não seja 100%", disse Martin Munier, gerente da boate Sacré no centro de Paris, à AFP.

Na América Latina e no Caribe, a região do mundo com o maior número de mortes pelo vírus, com quase 1,3 milhão de vítimas fatais, os esforços continuam para acelerar a imunização.

De acordo com contagem da AFP, 43 em cada 100 pessoas no mundo receberam pelo menos uma dose anticovid-19, mas há grandes disparidades entre continentes como África (3,84), ou Europa (71).

Os bares de Paris fecharão as portas a partir de terça-feira (6) para frear o aumento preocupante dos contágios de Covid-19 na capital francesa - anunciou o chefe de polícia da cidade, nesta segunda-feira (5).

A medida também será aplicada aos cafés e bares da periferia mais próxima da capital por um período inicial de 15 dias.

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Já os restaurantes poderão permanecer abertos, desde que respeitem as novas medidas sanitárias de segurança, afirmou Didier Lallement, em uma entrevista coletiva.

Esta decisão foi tomada, devido aos dados preocupantes que confirmam uma degradação do quadro frente à pandemia. Neste momento, Paris registra 260 casos a cada 100.000 habitantes, e 36% dos leitos dos serviços de UTI já estão ocupados por pacientes com Covid-19.

"Estamos entrando em uma nova fase", declarou a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que pediu aos franceses que "todos trabalhem juntos" para proteger os mais frágeis.

Eventos com mais de 1.000 pessoas e reuniões de mais de dez pessoas em espaços públicos continuarão proibidos na capital francesa.

Até agora, mais de 32.000 pessoas morreram de coronavírus na França, de acordo com dados oficiais.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou nesta sexta-feira (25) o fato de a África ter conseguido evitar a "propagação exponencial" da epidemia de coronavírus no continente.

"A transmissão da Covid-19 na África se caracteriza por um número relativamente menor de infecções, que tem diminuído nos últimos dois meses", apontou a direção regional da OMS com sede em Brazzaville, em um comunicado recebido nesta sexta-feira pela AFP.

"Desde 20 de julho, a região experimentou uma diminuição sustentada dos novos casos de covid-19. Nas últimas quatro semanas, 77.147 novos casos foram notificados, em comparação com 131.647 nas últimas quatro semanas", relatou a OMS.

"Alguns dos países mais afetados, incluindo Argélia, Camarões, Costa do Marfim, Etiópia, Gana, Quênia, Madagascar, Nigéria, Senegal e África do Sul, viram as infecções diminuírem semanalmente nos últimos dois meses", acrescenta a organização.

A OMS estima que "a baixa densidade populacional e o clima quente e úmido provavelmente contribuem" para esses bons resultados.

A pandemia na África afetou principalmente os jovens, maioria no continente. "Cerca de 91% dos casos de infecção por covid-19 na África Subsaariana correspondem a pessoas com menos de 60 anos, e mais de 80% dos casos são assintomáticos".

A tendência de queda "reflete as medidas enérgicas e decisivas de saúde pública tomadas pelos governos em toda região", observou o diretor regional da OMS, Matshidiso Moeti, em uma reunião virtual na quinta-feira (24).

Alguns países africanos adotaram medidas de confinamento total, ou parcial, muito onerosas para suas economias, como na África do Sul.

O número de testes "continua baixo", indicou a OMS, sem, porém, preocupar-se com as estatísticas globais.

"Os casos de covid-19 não registrados são, em grande parte, devido ao fato de serem assintomáticos. Além disso, não há evidências de que os números de mortalidade estejam errados, pois são mais difíceis de ignorar de um ponto de vista estatístico", apontou.

O coronavírus segue seu inexorável avanço no mundo, deixando mais de dois milhões de contaminados no Brasil, enquanto Londres acusa Moscou de tentar roubar pesquisas sobre uma vacina contra a Covid-19 e uma tragédia humana surge no sul da Ásia.

Há mais de 13.660.780 casos e pelo menos 585.750 mortes por Covid-19 no mundo, segundo recontagem da AFP.

Os Estados Unidos bateu nesta quinta-feira um novo recorde de contaminações diárias, com mais de 68.428 casos em 24 horas, de acordo com a universidade Johns Hopkins.

Enquanto mortes e contaminações se agravam nos Estados Unidos, na América Latina e no sul da Ásia, a ansiedade aumenta pela descoberta de uma vacina.

A agência britânica de segurança acusou nesta quinta-feira hackers, que "quase com toda certeza" trabalham para a Rússia, de tentar roubar pesquisas sobre uma vacina contra a Covid-19, algo que o Kremlin nega.

O Brasil, que soma 2.012.151 de casos e 76.688 mortes, exibe os números mais expressivos da América Latina e Caribe em termos absolutos, segundo dados oficiais, o que não permite prever uma remissão da pandemia tão cedo.

Em toda a região, superou-se nesta quinta-feira a marca de 3,6 milhões de contaminações e 153.000 falecidos, segundo recontagem da AFP.

O Peru, segundo país da América Latina com mais casos -mais de 341.500 contaminações e 12.600 mortes- segue colocando em prática um processo de suspensão gradual do confinamento, após quatro meses de quarentena obrigatória.

A Argentina superou as 2.000 mortes em meio ao confinamento da Área Metropolitana de Buenos Aires, foco de 90% das contaminações do país.

Na Venezuela, onde o governo reforçou o confinamento em Caracas e no estado de Miranda, que inclui parte da capital, as instalações do Poliedro de Caracas, o centro de convenções e eventos mais importante do país, serão habilitadas para receber pacientes com Covid-19.

- Novo surto de casos -

A Espanha, um dos países mais afetados pelo coronavírus na Europa, prestou homenagem aos 28.400 mortos em uma cerimônia de Estado presidida pelo rei Felipe VI e que contou com a presença de dirigentes europeus e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Seu luto é também nosso luto", disse o monarca às famílias das vítimas.

A Espanha atravessa nos últimos dias uma alta nas contaminações, como na região de Lérida, na Catalunha, onde autoridades ordenaram o confinamento de 160.000 pessoas.

E este não é um caso isolado. Diversos países voltarem a impor restrições, como a Alemanha, que se prepara para uma possível segunda onda de contaminações e deseja instaurar "proibições de saída" em determinadas zonas, ou a França, onde o uso da máscara em lugares públicos fechados será obrigatório a partir da semana que vem.

- EUA não tem trégua -

Os Estados Unidos são de longe o país mais afetado pelo vírus em números absolutos, com mais de 137.000 mortes e mais de 3,6 milhões de casos.

A Flórida, que na quinta-feira registrou seu pior dia da pandemia, com 156 mortes e 14.000 contaminações, é o estado com o maior número de casos diários no país, superando Califórnia e Texas (cerca de 10.000 casos por dia).

Contudo, o governador republicano Ron DeSantis não ordenou novo confinamento na Flórida e, diferentemente dos governadores texano e californiano, se nega a obrigar o uso da máscara em espaços fechados em seu estado.

Se a tendência de contaminações for mantida, o balanço de mortes poderá superar os 150.000 em agosto, segundo os Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Pesquisadores garantem, contudo, que o uso obrigatório de máscaras poderia salvar 40.000 vidas até novembro no país.

- "Tragédia no sul da Ásia" -

Em outras partes do mundo, o vírus também não dá trégua.

O sul da Ásia parece se tornar o novo epicentro da pandemia, segundo a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FISC).

"Enquanto o mundo olha para os Estados Unidos e para a América Latina, uma tragédia humana similar surge rapidamente no sul da Ásia", afirmou em comunicado John Fleming, responsável regional da FISC.

Na Índia, os 125 milhões de habitantes de Bihar, um estado pobre no norte do país, precisam respeitar um novo confinamento de pelo menos 15 dias devido à multiplicação de casos na região.

Quinta economia mundial e segundo país mais populoso do mundo com 1,3 bilhão de habitantes, a Índia se aproxima do milhão de casos confirmados de coronavírus.

Mais ao sul, em Bangalore e periferia, onde vivem 13 milhões de pessoas, um confinamento de uma semana entrou em vigor na quarta-feira.

A propagação da Covid-19 está acelerando no Brasil, no Peru e no Chile, informou nesta terça-feira a agência regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), exigindo a aplicação de medidas de distanciamento social, mais testes de diagnóstico e adaptação dos serviços de saúde para salvar vidas.

"Na América do Sul, estamos particularmente preocupados que o número de novos casos relatados na semana passada no Brasil tenha sido o mais alto em um período de sete dias desde o início do surto", declarou Carissa Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), com sede en Washington.

"Tanto o Peru quanto o Chile também estão relatando uma alta incidência, um sinal de que a transmissão ainda está acelerando nesses países", acrescentou.

O continente americano "sem dúvida" se tornou o epicentro da pandemia, declarada em 11 de março pela OMS depois que o novo coronavírus foi detectado no final de 2019 na China.

Etienne disse que agora, com um total de 726.921 casos e 39.560 mortes relatadas em 25 de maio, segundo a Opas, a América Latina superou a Europa e os Estados Unidos no número diário de infecções.

Etienne pediu aos países que não abaixem as armas nos esforços para conter infecções, estimadas em mais altas do que as detectadas. "Para a maioria dos países das Américas, agora não é hora de relaxar as restrições ou reduzir as estratégias preventivas", alertou.

- Mais testes -

Para enfrentar a Covid-19, a Opas recomenda uma combinação de medidas de distanciamento físico da população, testes de diagnóstico e preparação de serviços de saúde.

Marcos Espinal, diretor de Doenças Transmissíveis e Análise da Saúde da Opas destacou especialmente a necessidade de aumentar a capacidade de teste para impedir a progressão da doença.

"A maioria dos países da América do Sul ainda não está testando no nível que deveria", disse ele, apontando o Chile como uma exceção.

- "Forte aumento" na Nicarágua -

Etienne também alertou sobre o crescimento esperado de casos e mortes no México, El Salvador, Guatemala e Colômbia.

Além disso, enfatizou o "forte aumento" do surto na Nicarágua, onde o governo de Daniel Ortega foi questionado por responder à pandemia sem medidas de contenção e por convocações em massa.

"Apelamos a todas as entidades públicas e privadas da Nicarágua para que implementem, com efeito imediato, todas as recomendações fornecidas pela Opas", disse o diretor de Emergências em Saúde da organização, Ciro Ugarte, quando questionado sobre o país da América Central.

- O risco de DNTs -

Outro fantasma assombra a região das Américas: o maior impacto da pandemia nas pessoas com Doenças Não Transmissíveis subjacentes (DNTs), como diabetes, doenças cardiovasculares, câncer e doenças respiratórias crônicas, doenças frequentemente associadas à dieta, uso de tabaco, estilo de vida e pobreza.

"Nunca vimos uma relação tão mortal entre uma doença infecciosa e as DNTs. Alguns dos dados são realmente alarmantes. Especialmente em nossa região, onde as DNTs são amplamente disseminadas", destacou Etienne.

No continente americano, uma em cada quatro pessoas sofre de DNT.

Estudos recentes citados por Etienne indicam que pessoas com diabetes têm duas vezes mais chances de ficar gravemente doentes ou morrer de Covid-19, e 28% dos pacientes com câncer infectados pelo novo coronavírus morreram, em comparação com 2% de pacientes em geral. Fumar também aumenta a chance de complicações da Covid-19.

Etienne lembrou que o tratamento de pacientes com DNTs tem sofrido com medidas para ficar em casa, interrupções na prestação de serviços de saúde, bem como o medo da população de frequentar centros de saúde devido ao risco de contágio pelo coronavírus.

"Esse desafio deve ser enfrentado pelos sistemas de saúde em nossa região ou enfrentaremos uma epidemia paralela de mortes evitáveis de pessoas com DNT", alertou.

Antes do surgimento da Covid-19, 81% de todas as mortes na região das Américas eram devidas a DNTs e 39% das vítimas fatais tinham menos de 70 anos.

Entre o fim desta semana e o início da próxima, o Centro de Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) dará a partida em uma pesquisa inédita que busca estimar o nível de imunização da população ao novo coronavírus no Brasil, o que pode ser um fator crucial para programar a reabertura das atividades econômicas e sociais no país.

O estudo tem como embrião um levantamento iniciado no último fim de semana com 4,5 mil moradores de nove cidades do Rio Grande do Sul para se ter uma compreensão mais precisa do grau de propagação do Sars-CoV-2 no estado.

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O objetivo da pesquisa é submeter 33.250 pessoas de 133 municípios brasileiros - (250 por cidade) a um teste rápido que detecta a presença de anticorpos IgM (de infecção mais recente) e IgC (de infecção mais antiga) a partir de amostras de sangue coletadas da ponta do dedo.

O resultado demora cerca de 15 minutos para sair, tempo que é usado para a realização de um questionário sociodemográfico e sobre sintomas da Covid-19 - a doença provocada pelo novo coronavírus -, busca por assistência médica e rotina de isolamento social.

O projeto-piloto no Rio Grande do Sul prevê quatro levantamentos com intervalo de 15 dias entre eles. O primeiro começou no sábado (11) e está sendo concluído nesta segunda-feira (13), enquanto os próximos devem iniciar em 25 de abril, 9 de maio e 23 de maio.

Em entrevista à ANSA, o epidemiologista Pedro Hallal, reitor da UFPel e coordenador do estudo, diz que a pesquisa de âmbito nacional já conta com financiamento para três fases, também intercaladas por duas semanas.

"O teste rápido tem duas grandes vantagens. A primeira é que dá o resultado na hora. Com a população preocupada, não podemos fazer o teste e esperar dias pelo resultado. A segunda é que é um teste de anticorpos, não é para infecção aguda, então a resposta dele não é exatamente o quanto tem de infectados, a fotografia do dia, mas sim o quanto tem de imunizados, quantos já foram expostos ao vírus e produziram anticorpos", explica.

Critérios

As 133 cidades-sentinela, como diz Hallal, são as mais populosas de cada uma das 133 regiões intermediárias definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em cada um desses municípios, a pesquisa sorteará aleatoriamente 25 setores censitários, menor grau de subdivisão estabelecido pelo IBGE para coleta de dados. Em seguida, sorteará 10 residências em cada setor e um morador de cada casa, totalizando 250 pessoas por município.

O objetivo é, a partir de uma amostra, projetar o resultado para o restante da população com uma margem de erro pequena. "É muito parecido com uma pesquisa eleitoral", explica o reitor da UFPel.

Os resultados das pesquisas devem sair ao fim de cada etapa, assim como no Rio Grande do Sul. Uma coletiva de imprensa já está pré-agendada para quarta-feira (15) para a apresentação dos dados do primeiro levantamento nos nove municípios gaúchos.

Até o momento, Hallal aponta alguma dificuldade em atingir os participantes de níveis socioeconômicos mais altos, "algo comum nesse tipo de pesquisa e que já conseguimos reverter", mas, por outro lado, uma motivação maior da população". "Vejo pessoas publicando nas redes sociais, gente com orgulho de ter participado", conta.

Os resultados, tanto no Rio Grande do Sul como no Brasil todo, podem ajudar na definição de medidas de enfrentamento à pandemia, especialmente para o relaxamento das regras de distanciamento social. "Eu defendo uma volta gradativa ao trabalho com base no resultado da testagem de anticorpos", diz Hallal.

Teste

O reitor da UFPel reconhece que há um intenso debate sobre a qualidade dos testes rápidos de anticorpos, mas diz que o modelo usado na pesquisa, importado da China, tem, segundo o fabricante, 99% de especificidade (percentual de acerto de negativos) e 86% de sensibilidade (percentual de acerto de positivos) - os 14% de infectados que não são detectados se devem a uma mistura de pacientes em estágio inicial da doença, que ainda não tiveram tempo de produzir anticorpos, com os erros existentes em qualquer teste.

Ainda assim, já que havia muita polêmica quanto à qualidade desse tipo de exame, a UFPel decidiu não confiar somente nos dados do fabricante e fez um estudo próprio de validação na população gaúcha. A especificidade foi avaliada em amostras de sangue ativas coletadas em 2015, quatro anos antes do surgimento do Sars-CoV-2, com 98% de acerto.

Já a sensibilidade foi testada em pessoas com infecção pelo novo coronavírus confirmada pelo exame de RT-PCR, que busca o material genético do vírus em secreções da faringe. "Essa análise ainda não está encerrada, mas o número que estamos encontrando, ainda preliminar, está ao redor de 75%. É um pouquinho pior do que o fabricante diz", admite. No entanto, segundo Hallal, existem formas de corrigir essa imprecisão na pesquisa e garantir um resultado confiável.

Os testes foram disponibilizados pelo Ministério da Saúde, e o estudo também conta com apoio do governo do Rio Grande do Sul, da Unimed Porto Alegre, do Instituto Serrapilheira, do Instituto Cultural Floresta e de outras 11 universidades gaúchas. 

Da Ansa

A grande maioria dos brasileiros já ouviu falar durante a disputa eleitoral deste ano sobre “fake news”, termo em inglês que significa “notícias falsas”. A propagação de informações não verdadeiras tem despertado não apenas um debate entre a população, como também um alerta por parte da Justiça Eleitoral ao ponto da presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, marcar uma reunião nesta quarta-feira (17), com os coordenadores das campanhas dos candidatos a presidente Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) com o objetivo de discutir as que estão sendo veiculadas nas mídias sociais. 

A avalanche das fake news tem sido tão evidente que, de acordo com o vice-procurador-geral Eleitoral, Humberto Jacques de Medeiros, a Procuradoria está investigando suspeitas de que pessoas foram contratadas no primeiro turno da eleição para divulgar fake news contra candidatos opositores. Ele alertou para o fato de que “difundir propaganda negativa é crime”. Medeiros chegou a falar sobre “um esquema industrial de produção de mentira”. 

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Uma reportagem do El País mostra um número alarmante. De acordo com a reportagem, o veículo de comunicação se inscreveu em três grupos públicos de WhatsApp formado por apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL). Segundo a matéria, juntos, eles teriam publicado mais de 1.000 mensagens ao dia e em dois deles a presença de fake news estariam mais evidentes como a do boato de que as urnas eletrônicas no Brasil já foram fraudadas. 

Na manhã de hoje, o opositor de Bolsonaro, o candidato Fernando Haddad (PT), em São Paulo, durante um ato com mais de 200 lideranças evangélicas, distribuiu uma “Carta Aberta ao Povo de Deus” no qual esclarece mentiras espalhadas entre a classe evangélica. Um trecho do documento destaca que “nenhum de nossos governos encaminhou ao Congresso leis inexistentes pelas quais nos atacam: legalização do aborto, kit gay, taxação de templos, proibição de culto público, escolha de sexo pelas crianças”. 

Entre as polêmicas mais recentes envolvendo o tema, o ministro Carlos Horbach, do TSE, determinou que Bolsonaro retire seis publicações no Youtube e no Facebook no qual o capitão da reserva faz críticas ao livro “Aparelho Sexual e Cia”, chamado pelos adversário de ‘kit gay’. De acordo com o candidato do PSL, o livro foi distribuídos em escolas públicas na época em que Fernando Haddad (PT) comandava o Ministério da Educação (MEC). Por sua vez, o órgão negou produzir e distribuir o livro. 

A cientista política Priscila Lapa ressalta que houve uma mudança de estratégia dos candidatos no final da campanha e, por isso, existe um discurso mais agressivo. “Essa geralmente é uma tendência que existe em campanha de no início ter um tom mais propositivo e de apresentação do candidato e depois ela vai migrando para um tom de troca de farpas e de desqualificar o adversário na tentativa de não apenas confirmar as suas intenções, mas também de tentar tirar votos do oponente”, explicou. 

Lapa afirma que o tom mais contundente dos candidatos também se deve a um alto grau de insatisfação e descontentamento que o eleitorado tem demonstrando com as administrações de gestores públicos. “A crise econômica também gera um cenário de maior apreensão onde as pessoas ficam mais críticas e com maior desejo de mudança”. 

Muitos políticos, durante o primeiro turno, também se disseram vítimas de fake news. O deputado federal reeleito Jean Wyllys (PSOL), que já afirmou por mais de uma vez que não há ninguém que tenha sido mais difamado quanto ele não campanha, contou que conseguiu com que o Tribunal Regional Eleitoral retirasse mais de um milhão de publicações falsas envolvendo o seu nome. “Eu fui caluniado à direita e à esquerda, houve boicote à minha candidatura dentro do próprio campo progressista”, afirmou o ex-BBB. 

A candidata a vice-presidente na chapa de Haddad, Manuela D´Ávila (PCdoB), também contou que foi vítima de uma notícia mentirosa. A deputada foi ameaçada nas redes sociais após ter sido espalhado que a Polícia Federal teria quebrado o sigilo telefônico de agressor do candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) e que Manuela teria ligado várias vezes para Adélio e que também tinha articulado junto ao PT planejado o ataque a faca contra Bolsonaro, que aconteceu no começo do mês passado. A coligação do PT pediu ao TSE proteção da Polícia Federal depois do acontecimento.   

Nem mesmo religiosos foram deixados de lado quando se tratam das notícias falsas durante esta eleição. Um áudio viralizou no WhatsApp no qual um homem imitando a voz do padre Marcelo Rossi, ao falar sobre política, declara apoio ao candidato Bolsonaro. Depois, Marcelo Rossi fez uma transmissão ao vivo para negar que a voz era dele e falar que jamais se meteria em política. Ele ainda disse que era “maldade” a atitude e que não se brinca com um servo de Deus. 

Em entrevista ao LeiaJá, o cientista político Elder Bringel já explicou que o termo fake news tem ligação direta com notícias falaciosas. “Essa palavra ganhou o cenário mundial na eleição dos Estados Unidos, com o marketing do Trump, e ganhou as páginas dos jornais com a saída da Inglaterra do Bloco Europeu. A pós-verdade está ligada com as inverdades e mentiras criadas dentro do cenário político para, de certa forma, promover alguém ou desestabilizar um outro alguém, um inimigo político que seja”, explicou. 

Bringel pediu cuidado com as informações veiculadas nas redes sociais e em páginas criadas. “Você tem, em primeiro lugar, tomar cuidado com as notícias veiculadas”, alertou. 

O zika pode se reproduzir na vagina durante vários dias após a infecção, afirmaram na quinta-feira pesquisadores americanos que estudaram a transmissão sexual do vírus em ratos de laboratório. A reprodução do zika através do trato vaginal pode ser uma fonte potente de infecção "com consequências potencialmente desastrosas", ressaltou o estudo realizado pela Universidade de Yale e publicado na revista científica Cell.

Ratas grávidas foram infectadas por via vaginal com o zika, que se espalhou dos genitais para o cérebro do feto. "Vimos uma replicação significativa do vírus no tecido genital, em quatro a cinco dias", disse Akiko Iwasaki, professora de Imunobiologia e pesquisadora do Howard Hughes Medical Institute. Quando os ratos foram infectados no início da gravidez, os cientistas encontraram evidências de vírus zika no cérebro fetal. Estas infecções foram associados a uma perda de peso do feto.

"No início da gravidez, se a mãe estiver infectada, há um impacto significativo no feto, mesmo em ratos do tipo selvagem", disse a pesquisadora. Embora as conclusões de estudos com ratos muitas vezes não se apliquem diretamente aos seres humanos, Iwasaki disse que as descobertas lançam uma nova luz sobre a questão. "A descoberta pode ser importante para as mulheres, não só para as mulheres grávidas", disse. "A vagina é um local onde o vírus pode se replicar e, eventualmente, ser transmitido para parceiros".

"Em mulheres grávidas, a transmissão vaginal do vírus zika pode ter um impacto significativo no feto em desenvolvimento", acrescentou. O zika é transmitido principalmente através da picada do mosquito infectado, mas também por contato sexual. Existe pelo menos um caso conhecido de uma mulher que infectou o seu parceiro, e foram registrados vários casos em que os homens transmitiram o vírus durante o sexo para parceiros masculinos e femininos.

O zika pode permanecer no sêmen por até seis meses, de acordo com um estudo recente. A infecção pelo zika é particularmente perigosa para as mulheres grávidas, visto que o vírus pode causar malformações congênitas em fetos em desenvolvimento, como a microcefalia. Autoridades de vários países recomendam que as mulheres grávidas que vivem ou viajam para áreas com transmissão ativa do zika usem preservativos ou se abstenham de sexo.

Cuba relatou nesta quinta-feira dois casos diagnosticados de pessoas com o vírus zika que parecem ter contraído dentro do próprio país. Os dois casos foram descobertos na segunda-feira na cidade oriental de Holguín, disse o Ministério da Saúde. Nenhum dos pacientes havia deixado o país, disse o ministério.

O país tem colocado em quarentena os viajantes que chegam com zika e fez uma fumigação intensa, estratégias que limitaram a um o número de casos de pessoas que tinham contraído a doença antes desses dois casos novos.

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Os dois pacientes se recuperam bem e o bairro onde eles moram está passando por uma pesquisa intensiva e pulverização contra mosquitos, disse o governo. Fonte: Associated Press.

A chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu a um painel de especialistas para analisarem se os Jogos Olímpicos do Rio, que acontecerão em agosto, devem ser realizados conforme o programado, devido a preocupações de que o evento poderia facilitar a propagação do vírus da zika.

A OMS enviou equipes de cientistas seniores para o Brasil quatro vezes "para reunir dados de primeira mão sobre a situação atual e avaliar o nível de risco para o grande número de atletas e espectadores esperados para os Jogos Olímpicos de Verão", escreveu a diretora-geral da organização, Margaret Chan, em uma carta datada em 1º de junho.

A carta era uma resposta de Chan a um pedido da senadora americana Jeanne Shaheen para que fossem avaliados os riscos para a saúde pública da realização dos Jogos em agosto.

Shaheen publicou a carta de Chan na internet na sexta-feira.

"Dado o nível atual de preocupação internacional, eu decidi pedir aos membros do Comitê de Emergência da Zika para examinarem os riscos de se realizar os Jogos Olímpicos de Verão tal como estão programados atualmente", disse Chan.

A chefe da OMS disse que os especialistas devem se reunir "em breve", e prometeu publicar suas recomendações online "imediatamente".

"Os Jogos Olímpicos atraem atletas e espectadores de todos os cantos do globo e é importante que entendamos as implicações na saúde global", disse Shaheen em um comunicado depois de receber a carta de Chan.

Especialistas associam o zika vírus ao surto de casos de microcefalia na América Latina - uma malformação grave em que os bebês nascem com o perímetro cerebral abaixo da média, o que prejudica seu desenvolvimento.

O Brasil é um dos países mais atingidos, com 1.489 casos confirmados de microcefalia desde outubro passado, de acordo com dados mais recentes do Ministério da Saúde.

O zika vírus também foi associado à síndrome de Guillain-Barré, um transtorno neurológico que causa paralisia e pode levar à morte.

A OMS já havia rejeitado um pedido de mais de 200 médicos internacionais para mudar a data ou o local dos Jogos do Rio, afirmando que isso não alteraria substancialmente os riscos de que o zika se propague globalmente.

A agência da ONU tem recomendado que as mulheres em regiões com maior presença do zika adiem planos de engravidar, e que as mulheres que têm relações sexuais sem preservativos e não desejam engravidar tenham "pronto acesso a serviços de contracepção de emergência e aconselhamento".

A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro informou nesta quarta-feira, 16, que no período de 1º de janeiro a 15 de março de 2016 foram notificados 23.975 casos suspeitos de dengue no Estado, com uma morte confirmada, na cidade de Volta Redonda, no sul fluminense. No mesmo período do ano passado, os registros foram menos da metade: 10.376 casos - o aumento foi de 131%.

No ano inteiro de 2015, foram registrados 71.791 suspeitas, com 23 óbitos: Barra Mansa (1), Campos dos Goytacazes (4), Itatiaia (1), Miracema (1), Paraty (2), Piraí (1), Porto Real (2), Quatis (1), Resende (8), Volta Redonda (1) e na capital (1).

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As notificações foram compiladas pela Secretaria de Estado de Saúde a partir de dados inseridos no sistema pelos municípios de todo o Estado, até 15 de março.

O mosquito "Aedes aegypti" está se adaptando aos 2.600 metros sobre o nível do Bolívia, embora a esta altitude ainda não transmita doenças como zika, dengue e chicungunya, informou uma autoridade do serviço de saúde, citada nesta sexta-feira por um jornal local.

"Subiu dos 2.200 metros sobre o nível do mar, onde vivia antes, e está se adaptando aos 2.600", afirmou o chefe de Epidemiologia do Serviço Departamental de Saúde (SEDES) de La Paz, Jhonny Ayllón, citado pelo jornal Página Siete.

É por isso que o vetor foi encontrado, por exemplo, em povoados do departamento (estado) de Cochabamba, nos vales subandinos do centro da Bolívia e de clima temperado, justamente a 2.600 metros de altitude, embora ali não tenham sido registrados casos de zika, dengue ou chicungunya.

A Bolívia reportou até agora cinco casos de zika, entre eles o de um menino de cinco anos e de uma mulher grávida, e todos foram submetidos a tratamento médico. Além disso, registrou 240 casos de dengue e outros 400 de chicungunya, segundo dados do estatal Centro Nacional de Doenças Tropicais (Cenetrop).

O diretor de Epidemiologia, Ayllón, explicou que "o mosquito ainda está se acostumando a este ambiente. Provavelmente, consiga se adaptar bem e, então, começará a transmissão. Este é o temor dos epidemiologistas".

Ele contou que na quarta-feira passada houve uma reunião em uma cidade do centro do país entre diretores de epidemiologia dos nove departamentos (estados) da Bolívia, onde foram conhecidas informações sobre o mosquito transmissor, assim como as ações adotadas para evitar maior propagação das três doenças.

O mosquito Aedes foi reportado sobretudo em departamentos de planícies e na Amazônia bolivianas, entre 400 e mil metros acima do nível do mar.

O governo também realiza com prefeituras e governos estaduais campanhas de fumigação de possíveis criadouros.

Autoridades de saúde na Noruega disseram que duas mulheres grávidas tiveram teste positivo para o vírus zika, após viagens para a América Latina. O Instituto Norueguês de Saúde Pública testou recentemente dezenas de pessoas para o vírus, em sua maioria mulheres grávidas.

De acordo com o diretor da Divisão de Controle de Doenças Infecciosas do instituto, Jon Arne Roettingen, até agora três testes deram positivo. Dois deles eram de grávidas e o outro era de um homem. Todos visitaram áreas atingidas pelo vírus na América Latina.

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Roettingen disse que não podia dizer se o vírus havia afetado a gravidez das mulheres de alguma maneira. Segundo ele, elas estavam sob forte acompanhamento de agentes de saúde. Pesquisadores investigam se o vírus está ligado a defeitos em crianças de mulheres que contraíram o vírus durante a gravidez. Fonte: Associated Press.

As lindas bromélias do jardim não significam o mesmo para a dona de casa e para o agente caça-mosquitos que rastreia nas folhas desta planta a presença do inimigo. "Aqui tem uma larva!", exclama Márcio Hoglhammer, um dos agentes de saúde da cidade de São Paulo que se dedicam à caça ao Aedes aegypti.

Este mosquito é o mais famoso vetor de alguns vírus, como os da febre amarela, dengue, chikungunya e o zika, que provoca temores por seu vínculo com uma explosão de casos de bebês nascidos com microcefalia no Brasil e em outros países da América Latina.

São desconhecidos ainda muitos aspectos do vírus, e não está claro se ele pode ser transmitido de pessoa a pessoa. Os cientistas estudam se pode haver contágio por via sexual, através da saliva e da urina, e suspeitam de que o zika esteja por trás de um aumento de síndromes neurológicas como a Guillain-Barré.

O agente mostra a espécie de seringa com a qual retirou a água armazenada entre as folhas côncavas e, olhando contra a luz, explica: "Encontrei uma larva de Aedes aegypti. Esta planta é um grande criadouro". "Eu lhes recomendo que, se não vão cuidar desta planta como é necessário, melhor a trocarem por outras. O mosquito não precisa ter uma selva, mas sim plantas específicas para se reproduzir", explicou o agente à surpresa dona de casa, Juliana Matuoka, 43 anos, que ainda se recupera da dengue que teve no final de janeiro.

Casa por casa

O Brasil declarou situação de emergência de saúde pública em novembro passado, após constatar um aumento inédito de casos de bebês nascidos com microcefalia no nordeste, que, depois, foi vinculado à circulação do vírus zika na mesma região.

A partir desse momento, o governo anunciou um plano nacional de combate ao Aedes aegypti que, entre outras medidas, ampliou de 43.000 para quase 310.000 a quantidade de agentes de saúde que inspecionam domicílios em todo o país para identificar possíveis criadouros do mosquito, aplicar veneno contra larvas em cisternas, piscina e caixas d'água, e informar os habitantes sobre as medidas de prevenção.

No elegante bairro de Alto Pinheiros, no oeste da cidade, um grupo de agentes da prefeitura de São Paulo acompanhados de jovens militares percorrem as casas. Querem verificar se há criadouros de mosquitos, se as famílias estão em risco de contrair um vírus ligado ao Aedes aegypti e orientá-las sobre o combate a este inseto.

Até agora, a mais rica cidade brasileira é mais atingida pela dengue do que pelo vírus zika, que está presente, sobretudo, nos estados mais pobres e quentes do nordeste do país. Mas como o vetor é o mesmo, as autoridades esperam que esta campanha funcione também como prevenção, diante de um vírus que se expande rapidamente.

Mais de 30% das casas do país já foram visitadas por agentes de saúde e militares para combater o mosquito, em torno de 20,7 milhões de imóveis, anunciou nesta sexta-feira o Ministério da Saúde.

As operações realizadas em São Paulo nesta semana são similares às que ocorrerão em todo o Brasil no sábado 13 de fevereiro, dia de mobilização nacional contra o mosquito e quando 220.000 militares das três Forças Armadas irão casa por casa para informar aos cidadãos como lutar contra o mosquito inimigo.

Efetividade incerta

Hoglhammer disse que há alguns dias,com uma equipe de cinco ou seis pessoas, visitou quase 300 casas em um único dia, mas, ainda assim, trata-se de um trabalho de formiga, de eficácia incerta.

As equipes de combate ao mosquito Aedes aegypti já operam há anos em São Paulo, mas, ultimamente, o serviço "está sobrecarregado", reconhece Hoglhammer. "Não sei se temos grande alcance", comenta, sobre a eficácia deste tipo de operação em um país de 200 milhões de habitantes.

Além das visitas casa por casa, as ruas de certos bairros com focos mais propícios para o mosquito estão sendo fumegadas.

Mas nem assim está garantida a eliminação dos insetos: o veneno mata as espécies adultas que estão circulando, mas é muito difícil que alcance os ovos ou larvas que estão se formando, por exemplo, entre as folhas de uma bromélia no quintal de uma casa.

As autoridades sanitárias da América Latina buscavam uma estratégia comum esta quarta-feira em Montevidéu para combater o zika vírus na região, a mais afetada do mundo, num clima de alerta reforçado por um caso de contaminação sexual nos Estados Unidos.

Em busca de conter o avanço do vírus, que é relacionado a má-formações em fetos, se reúnem em Montevidéu autoridades de Argentina, Brasil, Paraguai, Venezuela e Uruguai, como membros do Mercosul; e de Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Suriname, como estados associados. Também estarão presentes representantes de Costa Rica, República Dominicana, México e a diretora da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), Carissa Etienne.

"O que preocupa os ministros é a rapidez com que a infecção do zika vírus tem se espalhado, já que em menos de um ano o vírus se disseminou em 26 países", disse Etienne à imprensa. Com casos isolados confirmados na Indonésia, Tailândia, Cabo Verde e temores diante da vulnerabilidade de contágios na Ásia, por ora a América do Sul é a região com mais casos do vírus: mais de 1,5 milhões no Brasil e mais de 20.000 na Colômbia.

Desde que o vírus foi detectado no Brasil, foram confirmados 404 casos de microcefalia, que impede p desenvolvimento normal do cérebro do bebê em estado de gestação e há 3.670 casos suspeitos. Como referência, em 2014 foram registrados 147 casos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou na segunda-feira estado de emergência pública internacional pelo possível vínculo entre o contágio de zika em mulheres grávidas e um aumento de casos de bebês nascidos com microcefalia.

Guerra ao Aedes aegypti

A Organização Mundial da Saúde pediu nesta quarta-feira aos países europeus para que coordenem entre si uma ação para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, que além do vírus zika transmite a dengue, a febre amarela e o chikungunya.

"Peço aos países europeus a tomarem medidas coordenadas para controlar os mosquitos através do envolvimento das pessoas para eliminar os focos e do planejamento para espalhar inseticida e matar as larvas", escreveu em um comunicado a diretora Europa da OMS, Zsuzsanna Jakab. O zika também é suspeito de causar síndrome neurológica de Guillain-Barré (SBG), que pode causar uma paralisia definitiva.

"A resposta para este problema está na luta contra o mosquito que transmite o vírus", afirmou Etienne. Se turistas europeus foram infectados com o vírus, o mosquito que o transmite (Aedes aegypti) ainda não foi descoberto na União Europeia.

A OMS estima que o risco de que o vírus chegue ao continente "continua a ser extremamente baixo durante o inverno". Mas esse risco aumenta à medida que as temperaturas sobem, uma vez que o inseto pode se adaptar a todos os climas quentes.

Às vésperas dos Jogos Olímpicos no Rio em agosto, o Brasil mobilizou mais de meio milhão de trabalhadores de saúde e militares, entre outros, para combater o mosquito Aedes aegypti.

"Estamos fazendo o maior esforço na história do Brasil", disse a repórteres em Montevidéu o ministro da Saúde brasileiro, Marcelo Castro.

"Temos 46.000 agentes de combate que estão indo de casa em casa, e reforçamos com outros 266.000 agentes comunitários de saúde que não faziam este trabalho, mais de 210 mil soldados das forças armadas do país", acrescentou o ministro.

Contágio por via sexual

O último sinal de alerta pelo zika chegou do estado norte-americano do Texas, onde foi registrado um caso do vírus transmitido por via sexual e não pela picada de mosquito. Segundo as autoridades sanitárias do condado de Dallas, o paciente teve relações sexuais com uma pessoa doente que esteve em viagem na Venezuela.

No entanto, o porta-voz dos CDC que confirmou à AFP a informação da infecção de zika não contou a maneira como o indivíduo teria contraído o vírus. "Se confirmado, isso representaria uma nova dimensão do problema", disse a diretora da OPAS, em Montevidéu.

A perspectiva de que o vírus seja transmitido sexualmente e não apenas pela picada do mosquito Aedes aegypti é preocupante para a Europa , Estados Unidos e outras regiões fora da América Latina, onde todos os casos foram importados até agora.

A OMS alertou na semana passada que o zika está se espalhando de maneira "explosiva" na América Latina, onde são esperados de 3 a 4 milhões de casos em 2016.

O vírus foi descoberto em uma floresta de Uganda chamada Zika, em 1947.

Autoridades de saúde do estado do Texas confirmaram nesta terça-feira que um paciente foi infectado com o zika vírus através de uma relação sexual.

O caso foi confirmado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos. O paciente foi infectado após se relacionar sexualmente com uma pessoa doente que havia retornado de um país onde o vírus está presente.

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Em geral, o zika vírus se espalha através da picada de mosquitos. No entanto, cientistas têm explorado a possibilidade de que o vírus também possa ser transmitido através do sexo. Registros anteriores dão conta de um caso em que o vírus foi encontrado no sêmen de um homem no Taiti. Há também o relato de um pesquisador que foi infectado fora dos Estados Unidos e que depois o transmitiu à sua esposa, em 2008.

Autoridades de saúde lembram também que não há registros de que o vírus foi transmitido por mosquitos na região de Dallas. Fonte: Associated Press.

Os pesquisadores observaram ao vivo o nascimento de um câncer num animal, desde a primeira célula afetada, e continuaram durante sua propagação, uma novidade que pode ajudar a compreender melhor o melanoma, um câncer de pele agressivo.

O estudo, publicado na quinta-feira pela revista Science, pode abrir caminho para novos tratamentos que visam o tumor antes que ele comece a se desenvolver.

"O grande mistério é o fato de por que as células do organismo já têm mutações observadas no câncer, mas não se comportam como tal", explica Charles Kaufman, pesquisador do laboratório Zon no Hospital Infantil de Boston, principal autor do estudo.

"Descobrimos que o câncer é acionado na ativação de um agente cancerígeno ou na perda de um gene supressor de tumor, o que pode ocorrer quando uma única célula retorna ao estado de célula-tronco", conta.

Este processo envolve vários genes, que poderiam ser apontados para prevenir o câncer quando começa a se desenvolver, dizem os pesquisadores.

Para este estudo, utilizaram o peixe-zebra, um importante modelo para o estudo porque seus embriões são transparentes, para acompanhar o nascimento de um melanoma.

Todos os peixes utilizados neste estudo foram geneticamente modificados para ser portadores de uma mutação cancerígena humana encontrada na maioria das pintas. Também não tinham o gene supressor de tumores chamado p53.

Os autores modificaram estes peixes-zebra para que as células ficassem da cor verde fluorescente se um gene chamado "crestin" fosse ativado. Isto indica a ativação de um programa genético característico das células estaminais. Estas células, numa forma pura, podem criar todos os tecidos e órgãos do corpo.

Normalmente, o programa para de funcionar após o desenvolvimento do embrião, mas podem, por razões desconhecidas, ser ativadas novamente em algumas células.

"Vimos os pontos verdes fluorescentes em alguns desses peixes, e todos aqueles que seguem mais tarde se tornou 100% nos casos de tumores cancerosos", disse Leonard Zon, diretor do laboratório de células-tronco de pesquisa no Hospital de Crianças Boston, um dos autores da descoberta.

Os pesquisadores descobriram que estas primeiras células cancerosas são semelhantes às de células-tronco formam melanócitos que pigmentam a pele.

Uma célula entre as dezenas de milhões que estão em uma pinta vai se tornar um melanoma, estima Kaufman. Assim, os investigadores acreditam que a sua descoberta pode permitir o desenvolvimento de novos testes genéticos para determinar se as manchas suspeitas podem se tornar cancerosas e também produzir tratamentos para evitar que virem câncer.

Todos os países do continente americano provavelmente terão a circulação interna do vírus Zika, com exceção do Chile e Canadá. O alerta foi feito hoje (25) pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), em nota sobre transmissão e prevenção do vírus que pode casuar microcefalia em crianças.

Desde maio do ano passado 21, países das américas registraram transmissão interna do vírus. A “rápida disseminação” do Zika pelo continente, segundo a organização, se deve à presença do mosquito em todos os países, menos no Canadá e Chile, e também ao fato de a população não ter imunidade ao vírus.

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A transmissão do Zika pelo mosquito Aedes aegypti é certa e bem conhecida. Porém, as informações sobre uma possivel transmissão por sêmen ainda são bem limitadas. O vírus já foi isolado no sêmen humano, mas ainda são necessárias investigações para saber se a tramissão sexual é possível.  

Pelo sangue já foi confirmada transmissão do vírus. Segundo a Opas, é uma forma pouco frequente e pode ser evitada na triagem do sangue para transfusão. A contaminação de mãe para filho na gravidez e na hora do parto são pontos em pesquisa, apesar de o Brasil já ter registrado seis bebês que nasceram com microcefalia e tiveram exame positivo para Zika.

Sobre a transmissão pelo leite materno, a Opas informou que não há registros e que as mães, mesmo as infectadas pelo mosquito, podem continuar alimentando seus filhos exclusivamente com leite materno até os seis meses e depois conforme recomendações médicas.

Além do Brasil, Barbados, Bolívia, Colômbia, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guiana Francesa, Guatemala, Guadalupe, Guiana, Haiti, Honduras, Martinica, México, Panamá, Paraguai, Porto Rico, San Martin, Suriname e Venezuela notificaram casos transmissão interna de Zika.

Cientistas brasileiros confirmaram nesta quarta-feira que o zika vírus pode ser transmitido de mãe para filho através da placenta, em meio a um surto de microcefalia associado a este vírus, que mantém as autoridades sanitárias em alerta.

Pesquisadores da Fiocruz e da Universidade Católica do Paraná analisaram as células da placenta de uma mulher que havia apresentado sintomas do vírus e sofreu um aborto no primeiro trimestre de gestação. As análises detectaram pela primeira vez "a infecção de células da placenta pelo zika vírus e a transmissão pela placenta", informou a virologista e pesquisadora Claudia dos Santos.

"Embora não possamos relacionar estas descobertas aos casos de microcefalia e outras alterações congênitas, este resultado confirma a transmissão intrauterina do zika vírus" e pode ajudar no desenvolvimento de estratégias para bloquear o processo de infecção e/ou transmissão, acrescentou.

O Brasil atualizou hoje os dados sobre a microcefalia: existem quase 3.900 casos suspeitos, e o estado de Pernambuco, onde foi detectado o surto, no fim do ano passado, permanece à frente das estatísticas, com 1.306 casos suspeitos. "Aparentemente, começamos a ver uma redução da curva de incidência na região Nordeste", destacou o diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Claudio Maierovitch.

Questionado sobre os possíveis riscos de que o zika vírus se propague com maior intensidade durante o Carnaval, Maierovitch disse que há muita especulação. "A grande circulação de pessoas pelo país não deve ter um impacto muito importante, porque o vírus já está circulando", disse. "É importante insistir em medidas de proteção", como o uso de repelentes e roupas que evitem o contato com o mosquito.

Os mercados de aves de curral permaneciam fechados neste sábado (6) em Xangai, a capital econômica da China, para evitar a propagação da nova variação da gripe aviária H7N9, um vírus que provocou a morte de seis pessoas na China.

Em Hangzhou, capital da província de Zhejiang, onde duas pessoas morreram em consequência do vírus, as autoridades sacrificaram as aves em um mercado depois que detectaram o vírus em codornas, informou a agência estatal Xinhua.

Dezesseis casos de contaminação por esta cepa de gripe aviária, que até agora nunca havia sido transmitida a seres humanos, foram identificados no leste da China. O município de Xangai ordenou na sexta-feira o fechamento dos mercados avícolas, depois que o vírus foi detectado em pombos, o que provocou o sacrifício de mais de 20.000 aves. Os mercados também passavam por processos de limpeza.

Apesar do fechamento dos mercados, ainda era possível comprar ovos, assim como aves frescas ou congeladas, que as autoridades aconselham a população a cozinhar bem antes do consumo para evitar riscos de contaminação. "As pessoas estão preocupadas", afirmou Yan Zhicheng, aposentado que frequenta o mercado de aves com frequência. "Em Xangai comemos muito frango e pato. Mas agora não podemos nem tocá-los", lamentou.

Ao mesmo tempo, o preço das frutas e mariscos dispararam em Xangai. As autoridades prometeram compensações financeiras aos comerciantes avícolas, mas o valor ainda não definido.

Até o momento não foi constatado nenhum caso de transmissão entre seres humanos, de acordo com o governo. "Podemos afirmar claramente que não há transmissão de homem para homem da cepa H7N9", declarou Wu Fan, diretora do centro de luta contra doenças infecciosas de Xangai. "Não há nenhuma possibilidade da infecção chegar ao exterior", completou.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) descartou um risco de pandemia, pois o vírus não foi transmitido entre pessoas. Mas especialistas ressaltaram a importância de determinar a origem da infecção e como se transmite às pessoas, com o objetivo de reduzir a exposição dos seres humanos ao vírus.

A imprensa chinesa aconselhou as autoridades a lembrar da epidemia de SARS há 10 anos. Na época desta pandemia de pneumonia atípica, que teve origem na China, a OMS criticou Pequim por ter demorado a dar o alerta e tentado dissimular a amplitude da epidemia.

O ministério chinês da Saúde, citado pelo jornal China Daily, prometeu "intercâmbios abertos e transparentes com a OMS e os outros países" sobre o tema.

A gripe aviária mais comum, a do vírus H5N1, deixou 360 mortos no mundo entre 2003 e 12 de março de 2013, segundo a OMS. Os cientistas temem que uma mutação do vírus tenha permitido o contágio entre as pessoas, o que poderia desencadear uma pandemia.

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