Tópicos | Aedes aegypti

Uma tecnologia voltada inicialmente à aplicação de biodefensivos para o controle biológico de pragas agrícolas poderá ser usada no ambiente urbano para ajudar a conter a proliferação de mosquitos transmissores de vírus causadores de doenças, como o Aedes aegypti.

Desenvolvida pela empresa Birdview, situada na cidade de São Manuel, no interior paulista, com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a solução despertou o interesse de empresas produtoras de Aedes aegypti estéreis no Brasil para ajudar na erradicação de doenças como dengue, febre amarela, chikungunya e zika, de acordo com a Agência Fapesp, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

##RECOMENDA##

“Ao participar da última edição do Programa de Treinamento em Empreendedorismo de Alta Tecnologia [Pipe Empreendedor] identificamos algumas empresas produtoras de Aedes aegypti estéreis interessadas em firmar parceria conosco para fazer a soltura do inseto em áreas urbanas”, revela Ricardo Machado, cofundador da startup.

Drones

A tecnologia desenvolvida consiste em um sistema modular de liberação e embalagem - integrado a drones - que efetua a soltura controlada de insetos adultos em regiões demarcadas, minimizando danos e estresses induzidos.

No campo, a tecnologia permite liberar sobre as lavouras insetos para combater pragas agrícolas que são seus inimigos naturais. Já em áreas urbanas, a solução poderá ser empregada para soltar Aedes aegypti machos e estéreis para se acasalar com mosquitos fêmeas – que picam e transmitem vírus causadores de doenças e copulam uma vez na vida. Dessa forma, é possível diminuir a população do inseto, estimam especialistas.

Biodefensivos

Em oito anos de atuação, a empresa já realizou mais de 15 mil voos para a liberação de biodefensivos em mais de um milhão de hectares. Entre seus clientes estão as usinas São Martinho, São Manuel e a Suzano.

O projeto de liberação de mosquitos ainda é experimental e a empresa tenta fechar parceria com criadores de insetos estéreis, que arcariam com os custos do serviço. Os valores e o tempo necessário para a intervenção surtir efeito estão sendo avaliados.

“A solução também pode ser utilizada para lançar sementes visando a restauração de florestas”, afirma Ricardo Machado.

Um estudo realizado pela Secretaria de Saúde do município do Paulista, na Região Metropolitana do Recife, está avaliando o nível de infestação na cidade do mosquito Aedes aegypti, transmissor de dengue, zika e chikungunya. O levantamento, que será realizado até a próxima sexta-feira (5), tem como objetivo possibilitar a implementação de ações de prevenção e controle mais eficazes contra as doenças.

O trabalho, que vem sendo realizado em todos os bairros do município, é executado por 103 Agentes de Combate às Endemias (ACEs). Para alcançar as metas do Levantamento de Índice Rápido para o Aedes aegypti (LIRAa), a prefeitura pede que os moradores recebam os profissionais em suas casas. Aproximadamente 6.200 imóveis, provenientes de sorteio, devem ser visitados pelas equipes.

##RECOMENDA##

"A participação ativa das comunidades recebendo os nossos Agentes de Combate às Endemias é fundamental para o processo. A prevenção e a eliminação dos criadouros dependem de iniciativas individuais e coletivas", afirma a médica veterinária e diretora de Vigilância Ambiental, Sílvia Vasco.

De acordo com a gestão municipal, as atividades do LIRAa, que acontecem bimestralmente, envolvem a coleta de dados em um período de tempo relativamente curto, “permitindo uma análise rápida da situação”.

 

O Brasil lidera o número de casos de dengue no mundo, com 2,9 milhões registrados em 2023, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os casos são mais da metade dos 5 milhões registrados mundialmente. A organização chamou atenção, nesta sexta-feira (22), para a doença que tem se espalhado para países onde historicamente a doença não circulava.

Entre as razões para o aumento está a crise climática, que têm elevado a temperatura mundial e permitido que o mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti sobreviva em ambiente onde antes isso não ocorria. O fenômeno El Niño de 2023 também acentuou os efeitos do aquecimento global das temperaturas e das alterações climáticas.    Em todo o mundo a OMS relatou mais de 5 milhões de infecções por dengue e 5 mil mortes pela doença. A maior parte, 80% desses casos, o equivalente a 4,1 milhões, foram notificados nas Américas, seguidas pelo Sudeste Asiático e Pacífico Ocidental. Nas Américas, o Brasil concentra o maior número de casos, seguido por Peru e México. 

##RECOMENDA##

Os dados são referentes ao período de 1º de janeiro e 11 de dezembro.

Brasil

Do total de casos constatados no Brasil, 1.474, ou 0,05% do total são casos de dengue grave, também chamada de dengue hemorrágica. O país é o segundo na região com o maior número de casos mais graves, atrás apenas da Colômbia, com 1.504 casos.    Países anteriormente livres de dengue, como França, Itália e Espanha, reportaram casos de infecções originadas no país – a chamada transmissão autóctone – e não no estrangeiro. O mosquito Aedes aegypti é amplamente distribuído na Europa, onde é mais conhecido como mosquito tigre.

Mudanças climáticas 

No Brasil, levantamento feito pela plataforma AdaptaBrasil, mostrou que as mudanças climáticas no Brasil podem levar à proliferação de vetores, como o mosquito Aedes aegypti e, em consequência, ao agravamento de arboviroses, como dengue, zika e chikungunya. A plataforma é vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),  As projeções indicam também expansão da malária, leishmaniose tegumentar americana e leishmaniose visceral. O trabalho levou em conta as temperaturas máxima e mínima, a umidade relativa do ar e a precipitação acumulada para associar a ocorrência do vetor, que são os mosquitos transmissores das diferentes doenças em análise. A AdaptaBrasil avalia também a vulnerabilidade e a exposição da população a esses vetores.  A dengue é a infecção viral mais comum transmitida a humanos picados por mosquitos infectados. É encontrado principalmente em áreas urbanas em climas tropicais e subtropicais.   

Os principais sintomas da dengue são febre alta, dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo.   Para evitar a infestação de mosquitos, o Ministério da Saúde orienta que é necessário eliminar os criadouros, mantendo os reservatórios e qualquer local que possa acumular água totalmente cobertos com telas, capas ou tampas. Medidas de proteção contra picadas também podem ajudar especialmente nas áreas de transmissão. O Aedes aegypti ataca principalmente durante o dia.   

Vacina   

Nesta quinta-feira (21), o Ministério da Saúde incorporou a vacina contra dengue ao Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal.   Conhecida como Qdenga, a vacina não será disponibilizada em larga escala em um primeiro momento, mas será focada em público e regiões prioritárias. A incorporação do imunizante foi analisada e aprovada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec).   

O Ministério da Saúde informou que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) trabalhará junto à Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) para definir a melhor estratégia de utilização do quantitativo disponível, como público-alvo e regiões com maior incidência da doença para aplicação das doses. A definição dessas estratégias deve ocorrer nas primeiras semanas de janeiro.

Em entrevista à Radioagência Nacional, o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, enfatiza a importância da vacina para controlar a dengue no país. “A vacina, sem dúvida, junto com outras medidas, será importante instrumento para controle dessa doença”, disse.  Ele acrescenta que  “a dengue é uma doença que impacta diretamente praticamente todo o território nacional, vem se expandindo em regiões onde a gente não tinha dengue e o controle do vetor do mosquito transmissor da doença têm sido insuficientes para que nos consigamos diminuir as taxas de infecção que só se alastram”.   

Ministério da Saúde   

Em nota, o ministério diz que está alerta e monitora constantemente o cenário da dengue no Brasil. Para apoiar estados e municípios nas ações de controle da dengue, a pasta repassou R$ 256 milhões para todo o país para reforçar o enfretamento da doença.  A pasta informa que instalou uma Sala Nacional de Arboviroses, espaço permanente para o monitoramento em tempo real dos locais com maior incidência de dengue, chikungunya e Zika para preparar o Brasil em uma eventual alta de casos nos próximos meses. Com a medida, será possível direcionar melhor as ações de vigilância.

“O momento é de intensificar os esforços e as medidas de prevenção por parte de todos para reduzir a transmissão da doença. Para evitar o agravamento dos casos, a população deve buscar o serviço de saúde mais próximo ao apresentar os primeiros sintomas”, diz o texto, que ressalta ainda que cerca de 11,7 mil profissionais de saúde foram capacitados em 2023 para manejo clínico, vigilância e controle da dengue. 

A dengue é uma realidade no Brasil, há décadas. Já sabemos quais são os sintomas da doença e como combater a reprodução do mosquito transmissor, o Aedes aegypti, mas muitas pessoas ainda confundem os pernilongos normais com os transmissores da dengue. As diferenças são muitas e fáceis de identificar.

Para começar, o mosquito da dengue e o pernilongo são mosquitos de famílias diferentes. Enquanto o primeiro é o Aedes aegypti, o pernilongo é o Culex quinquefasciatus. É possível identificá-los tanto durante o voo, “em ação”, quanto em repouso. As cores são diferentes. O pernilongo tem uma coloração uniforme marrom e o Aedes aegypti tem o corpo preto com listras brancas. O tamanho também: o primeiro mede de 3 a 4 milímetros enquanto o segundo tem de 5 a 7 milímetros.

##RECOMENDA##

As características e o hábito do voo de ambos também são diferentes. Enquanto o pernilongo tem um voo mais lento e ruidoso (gerando um zumbido), o Aedes aegypti é mais veloz e silencioso e costuma atacar de 9h às 13h. Os pernilongos, por sua vez, agem à noite, a partir das 18h.

Outra diferença está na picada. O pernilongo deixa um pequeno calombo avermelhado e essa marca provoca coceira. Já o mosquito da dengue não deixa marcas e não provoca coceira na picada. Vale lembrar ainda que o Aedes aegypti também é o transmissor da febre chikungunya, da febre amarela e do zica vírus.

Ambos colocam ovos em água parada, mas o mosquito da dengue prefere água limpa e deposita os ovos em vários locais, individualmente. Já o pernilongo coloca seus ovos juntos, em forma de jangada, em água suja, poluída.

Indicadores do InfoDengue, sistema de monitoramento de arboviroses desenvolvido por pesquisadores da Fiocruz e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apontam a região Sul do país como área de atenção em 2022, com tendência de expansão da atividade da dengue para maiores latitudes.

Surtos importantes de dengue ocorreram na região de Londrina/PR, Sengés/PR e Joinville/SC, no ano passado e anos anteriores, que podem indicar adaptação do vetor e alterações climáticas, tema que precisa ser melhor investigado.

##RECOMENDA##

Um projeto para avaliar mudanças no padrão de temperatura do país e possível associação com o aumento da temporada de dengue já está em desenvolvimento pelo InfoDengue.

“Seria importante fomentar projetos de pesquisa na área de entomologia para estudar as mudanças de comportamento do Aedes aegypti”, explica Cláudia Codeço, coordenadora do InfoDengue.

Época de dengue

Períodos chuvosos atrelados ao calor são favoráveis à proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue, zika e chikungunya. Há relatos de epidemias de dengue no Brasil desde 1846, mas foi em 1986 que ela reemergiu e rapidamente se espalhou pelo país tornando-se motivo de preocupação e alerta constante para a saúde pública.

“A antecipação do período de transmissão em alguns estados traz preocupação e pode levar a incidências altas, se não for feito o controle adequado dos vetores”, afirma a pesquisadora.

Segundo os indicadores do InfoDengue, além do Sul do país, encontram-se atualmente em situação de atenção: o noroeste de São Paulo/SP, região entre Goiânia/GO e Palmas/TO, passando pelo Distrito Federal/ DF, e alguns municípios isolados da Bahia, Santa Catarina e Ceará.

Dengue no Brasil e países vizinhos

Os pesquisadores do InfoDengue também apontam para o padrão de ocorrência da dengue no país em 2021, em particular na parte Oeste do Brasil, desde o Acre até o Mato Grosso, fato que coincidiu com a alta circulação do vírus em países vizinhos, como Bolívia e Paraguai, ressaltando a importância de vigilância forte e articulada nas fronteiras. Rio Branco (Acre) sofreu com epidemia de proporções altas, com alto impacto na população já fragilizada com as cheias ocorridas no período.

Nos meses de inverno de 2021, observou-se atividade aumentada de dengue na região Nordeste, considerada atípica. Uma possível explicação foi a circulação de chikungunya na região.

“As duas doenças apresentam quadros clínicos semelhantes, especialmente em suas fases iniciais, o que dificulta a classificação baseada predominantemente em critérios clínico-epidemiológicos. Logo, pode ser que parte dessa atividade de dengue seja proveniente de uma dificuldade de diagnóstico diferencial. Isso aponta para a importância de fortalecer a vigilância laboratorial no país, com a implementação de vigilância sentinela para arboviroses”, alerta Codeço.

Já nos meses de primavera de 2021, houve um crescimento expressivo e antecipado da curva de dengue no centro oeste (MT, GO, DF) e ao longo da estrada Brasília-Belém, passando por Palmas/TO e sul do Pará, região que deve ser monitorada por encontrar-se com um padrão precoce de circulação de dengue. O Estado de São Paulo também teve em 2021 uma atividade aumentada de dengue, na região noroeste, capital e baixada santista.

O cenário apresentado pelo InfoDengue ressalta a importância de observar o comportamento do mosquito e manter o controle, para evitar os focos da dengue e combater o vetor.

InfoDengue

Atualmente, o sistema InfoDengue monitora dados de dengue, zika e chikungunya em todo o país de forma integrada analisando dados epidemiológicos de notificação, dados climáticos e dados de menção às doenças nas redes sociais realizando uma correção de atraso das notificações dos dados para agilizar a tomada de decisão. Boletins são enviados semanalmente para as secretarias de saúde com as informações.

Aplicativo InfoDengue

Com o objetivo de otimizar o tempo dos usuários do sistema de monitoramento online de arboviroses InfoDengue, o coordenador do projeto e pesquisador/professor da Escola de Matemática Aplicada da FGV, Flávio Coelho desenvolveu o primeiro aplicativo para celulares Android e IOS do InfoDengue ao identificar o aumento do acesso mobile ao site. A partir do aplicativo, é possível buscar a situação das arboviroses na região de interesse.

Por Camile Duque (Agência Fiocruz de Notícias) e Marcelle Chagas (InfoDengue)

Com a chegada do verão no Brasil e da chuva em diversas regiões, uma preocupação de saúde pública aumenta: o crescimento da circulação do mosquito Aedes aegypti e das doenças associadas a ele (chamadas de arboviroses urbanas), como dengue, zika e chikungunya.

Conforme o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde sobre o tema, lançado em dezembro, entre janeiro e novembro foram registrados 971.136 casos prováveis de dengue no Brasil, com 528 mortes. As maiores incidências se deram nas regiões Centro-Oeste (1.187,4 por 100 mil habitantes), Sul (931,3/100 mil) e Nordeste (258,6/100 mil).

##RECOMENDA##

No mesmo período, as autoridades de saúde notificaram 78.808 mil casos de chikungunya, com 25 óbitos e 19 casos em investigação. As maiores incidências ocorreram no Nordeste (99,4 por 100 mil habitantes) e Sudeste (22,7/100 mil). Já os casos de zika, até o início de novembro, totalizaram 7.006, com incidência mais forte no Nordeste (9/100 mil) e Centro-Oeste (3,6/100 mil).

Na avaliação do professor de epidemiologia da Universidade de Brasília Walter Ramalho, este é o momento de discutir o problema do Aedes aegypti e as medidas necessárias para impedir sua proliferação. O maior desafio é diminuir os focos de criação dele.

O Aedes está no Brasil há mais de 100 anos. Em alguns momentos, já chegou a ser erradicado. Mas nos últimos 30 anos o inseto vem permanecendo e, segundo o professor Ramalho, se adaptando muito bem ao cenário de urbanização do país e do uso crescente de materiais de plástico, que facilitam o acúmulo de água propício à reprodução do mosquito.

“Todos esses materiais, que podem durar muito tempo na natureza, podem ser criadouros do mosquito. A gente tem que olhar constantemente o domicílio, não somente na terra como nas calhas. Este é um momento do começo da chuva. Se não fizermos esse trabalho e se a densidade do mosquito for elevada, não temos o que fazer”, alerta o professor.

Ele lembra que não se trata apenas de um cuidado com a própria pessoa e sua casa, mas com o conjunto da localidade, uma vez que domicílios com foco de criação acabam trazendo risco para toda a vizinhança.

O professor da UnB acrescenta que o cuidado no combate aos focos não pode ser uma tarefa somente do Poder Público. Uma vez que qualquer residência, terreno ou imóvel pode concentrar focos, é muito difícil que as equipes responsáveis pela fiscalização deem conta de cobrir todo o território.

Ramalho destaca que as doenças cujos vírus são transmitidos pelo mosquito são graves. A dengue hemorrágica pode trazer consequências sérias para os pacientes.

“A zika causou microcefalia no Nordeste e em algumas cidades de outras regiões. E precisamos nos preocupar com a chikungunya. Ela causa sintomatologia de muitas dores articulares. Muitas pessoas passam dois, três anos sentindo muitas dores. Isso causa desconforto na vida durante todo esse período”, afirma.

Campanha

No mês passado, o governo federal lançou uma campanha contra a proliferação do Aedes com o lema “Combater o mosquito é com você, comigo, com todo mundo”.  O desafio é conscientizar os cidadãos sobre a importância de limpar frequentemente estruturas onde possa haver focos e evitar a água parada todos os dias.

A campanha conta com a difusão de peças publicitárias em meios de comunicação, alertando sobre esses cuidados e sobre os riscos da disseminação do mosquito e as consequências das doenças associadas a ele. 

Nesta sexta-feira (22), o LeiaJá publica a última das três reportagens produzidas na ocupação Miguel Lobato, localizada no município de Paulista, Região Metropolitana do Recife, à beira da PE-022. O conteúdo traz um retrato que para muitos cidadãos da localidade não é novidade. Na ocupação, muito antes da Covid-19, outras doenças preocupavam os moradores da comunidade. 

LeiaJá também

##RECOMENDA##

--> Apelo e esperança se misturam na ocupação Miguel Lobato

--> Covid-19 faz do mangue sustento para famílias em oucpação

Sem o mínimo de saneamento, os moradores enfrentam um espaço lamacento, onde vivem dividindo o local com cavalos que defecam em torno das casas. "Aqui tem muito piolho de cobra, quando chove fica infestado", diz morador da região, enquanto observa a reportagem. Lacraias, muriçoca, água correndo a céu aberto. Ambiente perfeito para a proliferação de um mosquito causador de doenças já conhecido no Brasil, o Aedes Aegypti.

O mosquito é responsável pela contaminação da febre amarela, chikungunya, zika vírus e a dengue. "Minha filha e meu marido pegaram dengue aqui. Aqui não é lugar de uma pessoa ficar!", indaga Dona Marli Oliveira. “Já peguei a dengue, meus três filhos também, meu esposo também está com a dengue. Estamos aqui a mercê de tudo", nos conta Josélia Maria, que mora na comunidade com seu marido e três filhos. 

Os cavalos são usados por catadores de reciclavéis que moram na ocupação. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Na ocupação, a água não passa por nenhum tipo de tratamento. "Não é muito boa", sinaliza Josélia. Segundo ela, os três filhos estão com desinteria. Débora Brás, mãe de quatro filhos, tem sofrido dos mesmos problemas. Ela ainda reclama que não tem condições de sempre comprar água e medicamentos. Além de todas essas outras preocupações, agora a perigoso Covid-19 assusta. 

"Está aí essa doença no mundo e eu tenho muito medo de pegar, não só eu como meus filhos. Uma doença desta pegar, uma criança não resiste. Um adulto não está resistindo, imagine uma criança", afirma Débora, com dois dos quatros filhos ao lado. 

No período em que a reportagem esteve na comunidade, foi possível notar que o isolamento social não existe. A necessidade faz com que a casa do vizinho esteja sempre de portas abertas. Josélia, irmã de Débora, cozinhava na casa da irmã enquanto gravamos. 

[@#video#@]

Alguns moradores usam máscara, mas a maioria não tem condições de adquirir o material de proteção. Álcool em gel apenas os que estavam com a equipe do LeiaJá: "A gente está aqui precisando de máscara, quem quiser que compre, a gente não tem um álcool gel, não tem nada. Ele não está nem olhando para gente", reclama Adelma Maria, em referência ao prefeito de Paulista, Júnior Matuto. 

"A gente está morando na rua bem dizer, de baixo de lona, de taipa, tem verme, o que será da gente, Junior Matuto? O que seria da gente, Paulo Câmara?", questiona Adelma.

Poucas pessoas têm acesso ao álcool gel na comunidade. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Na ocupação, existem pessoas que estão com sintomas do novo coronavírus. Uma delas é Juliete Gomes. "Estou sentindo cansaço, febre, dor no corpo todinho, dor de cabeça (...) não sei se é dengue, não sei o que é", diz a moradora, com vários remédios nas mãos. Perguntada se procurou atendimento médico, ela relata que ligou para o 136 do Ministério da Saúde. Foram passadas algumas medicações, mas nenhum teste foi realizado. Sua mãe, que vive com ela, tossiu diversas vezes durante a entrevista e relatou cansaço. 

"Não hora da saúde do povo, todo mundo se resguarda, por quê? Eles são melhores do que a gente? A gente também é ser humano", desabafa Juliete.

As doações que chegam à comunidade são de comida. Materiais para limpeza, como água sanitária, sabão e álcool, só poucos moradores conseguem comprar. Dentro da comunidade, a convivência segue normal, às vezes por falta de instrução, em outros momentos por necessidade. De acordo com os moradores, nos sete meses de ocupação, nenhum órgão de Saúde ou de vigilância sanitária passou pela comunidade.

Mãe de Juliete afirma que tosse frenquentemente desde março, mas nenhum profissional de saúde esteve na comunidade. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

O Ministério da Saúde informou hoje (11) que, de 30 de dezembro a 24 de agosto, foram registrados 1.439.471 casos de dengue em todo o país. A média é 6.074 casos por dia e representa um aumento de 599,5%, na comparação com 2018. No ano passado, o período somou 205.791 notificações.

Minas Gerais é, até o momento, o estado com o maior número de ocorrências, com um total de 471.165. Um ano antes, os municípios mineiros registravam 23.290 casos.

##RECOMENDA##

São Paulo (437.047) aparece em segundo lugar, sendo, ainda, a unidade federativa em que a incidência da doença mais cresceu (3.712%), no intervalo de análise. Em 2018, foram reportados 11.465 casos.

Também são destaque negativo no balanço Goiás (108.079 casos), Espírito Santo (59.318) e Bahia (58.956). Quando o critério é a variação por região do país, o quadro mais crítico se encontra no Sul (3.224,9%), que contrasta com o do Centro-Oeste (131,8%). Além disso, nota-se que apenas dois estados apresentaram queda na prevalência da dengue: Amazonas, que diminuiu o total de 1.962 para 1.384 (-29,5%), e Amapá, onde houve redução de 608 para 141 (-76,8%).

Atualmente, a taxa de incidência da dengue no país é 690,4 casos a cada 100 mil habitantes. No total, 591 pacientes com a doença morreram, neste ano, em decorrência de complicações do quadro de saúde.

Chikungunya e zika

O levantamento do ministério também reúne informações sobre a febre chikungunya. Ao todo, os estados já contabilizavam, até o final de agosto deste ano, 110.627 casos, contra 76.742 do mesmo período em 2018.

Segundo a pasta, o índice de prevalência da infecção, que também tem como transmissor o mosquito Aedes aegypti, é bastante inferior ao da dengue: 53,1 casos a cada 100 mil habitantes. Como estados com alta concentração da doença destacam-se o Rio de Janeiro (76.776) e o Rio Grande do Norte (8.899).

Até o encerramento do balanço, haviam sido confirmadas laboratorialmente 57 mortes provocadas pela chikungunya. Em âmbito nacional, a variação de um ano para o outro foi 44,2%, sendo que na região Norte do país o recuo foi 32% e no Centro-Oeste, de 92,7%.

O boletim epidemiológico acompanha também a situação do zika. Nesse caso, somente o Centro-Oeste apresentou queda nas transmissões (-35,4%).

De 2018 para 2019, o total de casos de zika saltou de 6.669 para 9.813, gerando uma diferença de 47,1% e alterando a taxa de incidência de 3,2 para 4,7 ocorrências a cada 100 mil habitantes. Neste ano, o zika vírus foi a causa da morte de duas pessoas.

Recomendações

O ministério aconselha que, durante o período de seca, a população mantenha ações de prevenção, como verificar se existe algum tipo de depósito de água no quintal ou dentro de casa. Outra recomendação é lavar semanalmente, com água e sabão, recipientes como vasilhas de água do animal de estimação e vasos de plantas.

Não deixar que se formem pilhas de lixo ou entulho em locais abertos, como quintais, praças e terrenos baldios é outro ponto importante. Outro hábito que pode fazer diferença é a limpeza regular das calhas, com a devida remoção de folhas que podem se acumular durante o inverno.

Três cidades brasileiras irão realizar a etapa final do método "Wolbachia" para o combate ao mosquito Aedes aegypti antes da sua incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS). A nova fase do projeto World Mosquito Program Brasil (WMPBrasil) da Fiocruz em parceria com o Ministério da Saúde será restado em Petrolina, no Sertão de Pernambuco; Campo Grande-MS e Belo Horizonte-MG. O investimento é de R$ 22 milhões.

De acordo com o Ministério da Saúde, a tecnologia é inovadora, autossustentável e complementar às demais ações de prevenção ao mosquito. O método consiste na liberação do Aedes com o microorganismo Wolbachia na natureza, reduzindo a capacidade de transmissão de doenças.

##RECOMENDA##

O anúncio da etapa final de avaliação da Wolbachia foi feito pelo ministro da Saúde, Henrique Mandetta, na segunda-feira (15), durante a abertura do evento “Atualização em Manejo Clínico da Dengue e febre do chikungunya e no controle vetorial do Aedes aegypti”, em Campo Grande (MS). O evento tem como objetivo capacitar médicos, enfermeiros, coordenadores e supervisores de Controle de Vetores dos 79 municípios do estado de Mato Grosso do Sul em relação à técnica de manejo, controle do mosquito e operação de campo.

De acordo com o ministro, o anúncio significa um grande passo no combate ao Aedes aegypti. "Tínhamos duas linhas de trabalho, sendo uma voltada ao controle do mosquito com o uso de inseticidas, e outra direcionada ao controle biológico, que é o caso do uso da Wolbachia. Essa última pesquisa foi muito bem em todas as etapas, desde a parte teórica até o ensaio clínico em laboratório, e no teste em cidades de pequeno porte. E agora, vamos testar em cidades acima de 1,5 milhão de habitantes”, afirmou Mandetta.

As três cidades, onde serão trabalhadas a última fase, vão servir de base para verificar a eficácia da metodologia nas regiões do Centro-Oeste, a partir de Campo Grande; Nordeste, por meio de Petrolina; e Sudeste, a partir da experiência em Belo Horizonte. Em breve, novas cidades devem receber o método.

O teste nas três cidades terá início no segundo semestre de 2019 com duração de cerca de três anos. O método é seguro para as pessoas e para o ambiente, pois a Wolbachia vive apenas dentro das células dos insetos.

A medida é complementar e ajuda a proteger a região das doenças propagadas pelos mosquitos, uma vez que o Aedes aegypti com Wolbachia - que têm a capacidade reduzida de transmitir dengue, Zika, chikungunya – ao serem soltos na natureza se reproduzem com os mosquitos de campo e geram Aedes aegypti com as mesmas características, tornando o método autossustentável. Esta iniciativa não usa qualquer tipo de modificação genética.

As liberações de mosquitos são precedidas por uma série de ações educativas e de comunicação, com o objetivo de informar a população sobre o método Wolbachia. Esta etapa tem o apoio e a participação de parceiros do WMP no território, como lideranças comunitárias e associações de moradores, unidades de saúde, escolas e organizações não-governamentais.

A Wolbachia é um microrganismo presente em cerca de 60% dos insetos na natureza, mas ausente no Aedes aegypti. Uma vez inserida artificialmente em ovos de Aedes aegypti, a capacidade do Aedes transmitir o vírus da zika, Chikungunya e Febre Amarela fica reduzida. Com a liberação de mosquitos com a Wolbachia, a tendência é que esses mosquitos se tornem predominante e diminua o número de casos associado a essas doenças nos três municípios.

Desde 2011, o Ministério da Saúde em parceria com a Fundação Bill & Melinda Gates e National Institutes of Health já investiram no método Wolbachia R$ 31,5 milhões. As primeiras liberações dos mosquitos contendo Aedes aegypti com wolbachia no Brasil ocorreram em 2015 nos bairros de Jurujuba em Niterói e Tubiacanga na Ilha do Governador ambos no estado do Rio de Janeiro.

Em 2016 a ação foi ampliada em larga escala em Niterói e em 2017 no município do Rio de Janeiro. Atualmente o WMP Brasil atende 29 bairros na cidade do Rio de Janeiro e 28 bairros de Niterói. No total, já são 1,3 milhão de pessoas beneficiadas no estado com o método Wolbachia. Além do Brasil, também desenvolvem ações do programa países como: Austrália, Colômbia, Índia, Indonésia, Sri Lanka, Vietnã, e as ilhas do oceano pacífico Fiji, Kiribati e Vanuatu.

Com informações da assessoria

Após a confirmação de casos de dengue com o vírus do tipo 2, a prefeitura de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, planeja para amanhã (16) uma nebulização veicular ("fumacê") para combater o mosquito Aedes Aegypti, transmissor do vírus da dengue e também de zika e chikungunya.

A nebulização vai percorrer as ruas do bairro Parque Alvorada, onde foram confirmados os casos, e também do Jardim Lenize, onde foram registrados 46 dos 361 casos de dengue já confirmados na cidade em 2019. No Parque Alvorada o fumacê vai passar amanhã (16) às 18h. Já no Jardim Lenize, a ação acontece nos dias 17 e 18 (quarta e quinta-feira), também a partir das 18h.

##RECOMENDA##

Durante a nebulização, os moradores e seus animais domésticos devem permanecer dentro de casa, para que não sejam atingidos diretamente pelo inseticida. No entanto, as portas, janelas e cortinas precisam permanecer abertas, para que o produto tenha contato com o interior da casa. Aquários e gaiolas com aves ou roedores domesticados precisam ser cobertos.

A constatação de que o tipo 2 da dengue já circula em Guarulhos se deu após o Instituto Adolfo Lutz confirmar a presença do vírus em exame de sangue de uma moradora do bairro, de 32 anos, que não se deslocou para outras regiões ou estados (caso autóctone). 

O histórico dos casos já confirmados em Guarulhos nos últimos sete anos mostra que a maior parte foi causada pelos vírus dos tipos 1 e 4. Essas pessoas não são imunes ao vírus do tipo 2, por isso correm o risco de contrair novamente a doença, que tende a se manifestar com sintomas mais fortes do que da primeira vez. 

Só é possível identificar o tipo de vírus causador da dengue por exame de sangue, que tem que ser coletado no máximo até três dias após o aparecimento dos primeiros sintomas. Por isso, é importante procurar um serviço de saúde assim que houver suspeita de dengue. 

Atualmente, além do caso do Parque Alvorada, o município recebeu mais dois resultados positivos para dengue do tipo 2, um homem de 55 anos residente na Água Chata e uma mulher de 44 anos moradora do Cabuçu.

 

Uma nova técnica para detecção do vírus zika, mais sensível e barata que a PCR em tempo real, que é o padrão para diagnóstico molecular da doença, se mostrou eficiente nos testes com amostras de mosquitos. O teste foi desenvolvido em uma pesquisa de mestrado com a participação de pesquisadores da Fiocruz Pernambuco. A pesquisa foi publicada na conceituada revista científica Nature.

A tecnologia, denominada amplificação isotérmica medida por alça (RT-Lamp), também tem a vantagem de ser bem mais rápida do que a PCR, diminuindo de cinco horas para menos de uma hora o tempo necessário para obter o resultado. Segundo a Fiocruz, trata-se de uma ferramenta que pode ser utilizada em qualquer lugar, na forma de kit rápido, pois não depende de equipamentos caros e sofisticados, restritos a laboratórios especializados, como é o caso da PCR.

##RECOMENDA##

Outra vantagem é o custo de cada teste, de apenas um R$ 1. O PCR tem custo individual de R$ 40. Segundo pesquisador Lindomar Pena, que orientou a pesquisa, a técnica se mostrou 10 mil vezes mais sensível que o PCR e, em alguns casos, foi capaz de detectar carga viral onde a PCR deu negativa. “Trata-se de um exame específico para zika, que não apresentou reação cruzada para outras arboviroses”, relata.

Foram utilizadas 60 amostras de mosquitos Aedes aegypti e Culex quinquefasciatus na pesquisa, infectados naturalmente ou em laboratório com os vírus zika, dengue, febre amarela e chikungunya. A próxima etapa será a conclusão dos testes com amostras humanas.

De acordo com a Fiocruz, na época que o projeto foi lançado, não havia trabalho semelhante. Ao longo do seu desenvolvimento surgiram em torno de 15 projetos nesse campo. O diferencial desse trabalho, conforme a Fiocruz, é o pequeno número de etapas necessárias para a reação, o baixo custo e a simplicidade do teste.

Na sua forma simplificada, o teste consiste em colocar a amostra de mosquito em um tubo com reagente. Após aguardar cerca de 20 a 40 minutos, observa-se a cor da mistura. Se ficar laranja, o resulto é negativo, mas se o líquido se tornar amarelo,  há presença do vírus zika. “A ideia é que se possa coletar, macerar o mosquito em campo – em plena Amazônia, por exemplo - e obter o resultado lá mesmo”, afirma o pesquisador. Com humanos, se poderá coletar saliva ou urina do paciente com suspeita de zika, realizar o teste e obter a resposta na mesma hora.

Um novo estudo liderado por pesquisadores da Fiocruz Bahia, Fiocruz Pernambuco, Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Escola Pública de Yale demonstrou que pessoas que possuíam anticorpos contra a dengue tinham menor probabilidade de serem infectadas pelo zika durante o surto. Ocorrido entre 2015 e 2016, o surto da zika foi uma das maiores emergências de saúde pública do Brasil.

A revelação de que a imunidade decorrente da infecção gerada pelo vírus da dengue protegeu indivíduos da zika foi obtida a partir do acompanhamento de 1453 pessoas, moradores do bairro Pau da Lima, em Salvador, Bahia. Na área utilizada para o estudo, 73% dos indivíduos tiveram contato com o vírus zika.

##RECOMENDA##

Os vírus da zika e da dengue compartilham várias semelhanças genéticas e circulam nas mesmas regiões. Segundo a Fiocruz, ainda estava em aberto uma questão-chave: se os anticorpos que são gerados a partir de uma infecção por dengue poderiam proteger as pessoas ou as tornam mais suscetíveis a uma infecção por zika. "Este estudo é o primeiro a avaliar esta questão e demonstrar que a imunidade à dengue pode proteger contra uma infecção por zika em populações humanas", disse Federico Costa, pesquisador visitante da Fiocruz Bahia e professor do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA. A pesquisa constatou que quando o nível de anticorpos duplicava de uma pessoa para outra, havia redução no risco de infecção por zika em 9%.

O estudo indicou que, embora a taxa geral de infecção tenha sido alta em Pau da Lima, os pesquisadores descobriram grandes diferenças no risco de infecção pelo zika, em curtas distâncias. Dependendo de onde as pessoas viviam, as taxas de infecção variavam de um mínimo de 29% a um máximo de 83%. Os autores defenderam que, embora houvesse áreas da comunidade que não foram atingidas pelo zika durante o surto, a grande maioria da população estava infectada com o vírus altamente transmissível e por isso desenvolveu imunidade a esse vírus, o que, por sua vez, levou à extinção da transmissão e causou o declínio do surto. “A pandemia de zika criou altos índices gerais de imunidade a esse vírus nas Américas, o que será uma barreira para os surtos nos próximos anos”, disse Isabel Rodriguez-Barraquer, professora assistente da Universidade da Califórnia, em San Francisco.

O estudo foi apoiado pela Escola de Saúde Pública de Yale, Ministérios da Saúde, Educação e Ciência e Tecnologia do Brasil e os Institutos Nacionais de Saúde.

Com informações da assessoria

 

Todos os municípios do país promovem, a partir deste domingo (25), diversas ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, como visitas domiciliares, mutirões de limpeza e distribuição de materiais informativos. A Semana Nacional de Combate ao Aedes será realizada até a próxima sexta-feira (30), sendo a sexta o dia D de combate ao mosquito.

No total, 210 mil unidades públicas e privadas estão sendo mobilizadas, sendo 146 mil escolas da rede básica, 11 mil centros de Assistência Social e 53 mil unidades básicas de Saúde (UBS), informou o Ministério da Saúde.

##RECOMENDA##

Estados e municípios já foram orientados pela Sala Nacional de Coordenação e Controle do ministério para que promovam nas comunidades atividades instrutivas sobre a importância do combate ao mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. Entre as atividades planejadas para a semana estão visitas domiciliares, distribuição de materiais informativos e educativos, murais, rodas de conversa com a comunidade, oficinas, teatros e gincanas.

“A mobilização pretende mostrar que a união de todos, governo e população, é a melhor forma de derrotar o mosquito, principalmente de novembro a maio, considerado o período epidêmico para as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Nesse período, o calor e as chuvas são condições ideais para a sua proliferação”, acrescenta o ministério.

“O verão é o período que requer maior atenção e intensificação dos esforços para não deixar o mosquito nascer. No caso da população, além dos cuidados, como não deixar água parada nos vasos de plantas, é possível verificar melhor as residências, apoiando o trabalho dos agentes de endemias. Esses profissionais utilizam técnicas simples e diferenciadas para vistoriar as casas, apartamentos e espaços abertos”, explica o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da Saúde, Divino Martins.

Os dados nacionais mostram redução de casos nas três doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, entre janeiro e novembro de 2018, em comparação com o mesmo período de 2017. Porém, alguns estados apresentam aumento expressivo de casos de dengue, zika ou chikungunya. Por isso, é necessário intensificar agora as ações de eliminação do foco do mosquito, para evitar surtos e epidemias das três doenças no verão.

As ações de prevenção e combate ao Aedes aegypti são permanentes e tratadas como prioridade pela pasta da Saúde. Desde a identificação do vírus zika no Brasil e sua associação com os casos de malformações neurológicas, o governo federal mobilizou todos os órgãos para atuar conjuntamente. Além disso, os governos estaduais e municipais participam da mobilização.

Dengue, chikungunya e zika

Segundo o Ministério da Saúde, até 3 de novembro foram notificados 223.914 casos de dengue em todo o país, uma pequena redução em relação ao mesmo período de 2017 (224.773). A taxa de incidência, que considera a proporção de casos por habitantes, é de 107,4 casos por100 mil habitantes. Em comparação ao número de óbitos, a queda é de 23,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, passando de 172 mortes em 2017 para 132 neste ano. No total, 12 estados apresentam aumento de casos em relação ao mesmo período do ano passado.

Também foram registrados 81.597 casos de febre chikungunya, o que representa taxa de incidência de 39,1 casos por 100 mil habitantes. A redução é de 55,4% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 182.920 casos. A taxa de incidência no mesmo período de 2017 foi de 87,7 casos por 100 mil habitantes. Neste ano, foram confirmadas em laboratório 35 mortes. No mesmo período do ano passado, foram 189. No total, sete estados apresentam aumento de casos em relação ao mesmo período de 2017.

Foram registrados ainda 7.544 casos prováveis de zika em todo o país, uma redução de 54,6% em relação a 2017 (16.616). A taxa de incidência passou de 8,0 em 2017 para 3,6 neste ano. No total, sete estados apresentam aumento de casos em relação ao mesmo período de 2017. Entre eles, destaca-se o Rio Grande do Norte, com 14,9 casos por 100 mil habitantes.

Mais de 300 mil vistorias já foram realizadas em prédios públicos com o aplicativo Sigelu Combate Aedes desde o seu lançamento, em 2017. A ferramenta já identificou mais de 8 mil focos do mosquito Aedes aegypti. O inseto é transmissor da dengue, zika e chikungunya, doenças que podem gerar outras enfermidades, como microcefalia e Guillain-Barré.

O aplicativo foi criado pelo Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, em parceria com o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe) e a Lemobs, ambos vinculados a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

##RECOMENDA##

“Todos os servidores podem participar desta campanha e ajudar no combate ao Aedes aegypti. O aplicativo é simples e intuitivo, permitindo a denúncia de focos e possíveis depósitos de larvas do mosquito, agilizando assim o registro das ações de combate”, disse Augusto Chiba, secretário de Gestão de Pessoas do Ministério do Planejamento. Atualmente, o Sigelu Combate Aedes já conta com mais de 4 mil servidores cadastrados, de acordo com o ministério.

A iniciativa do Ministério do Planejamento é monitorada pela Sala Nacional de Coordenação e Controle do Ministério da Saúde. A partir de uma ação conjunta entre os dois ministérios, a solução digital foi ofertada para outros entes da federação.

Desde o dia 13 de novembro, o Ministério da Saúde iniciou uma nova campanha para combater o mosquito. Somente no estado de São Paulo, foram realizadas 207.592 vistorias a partir da utilização do aplicativo. Este trabalho resultou na constatação de 5.532 focos e no treinamento de 9.935 pessoas. No Distrito Federal, foram encontrados 1.589 focos do mosquito a partir de 76.964 vistorias.

Aplicativo

O sistema é composto por aplicativo de celular e um ambiente de monitoramento pela internet, com mapas operacionais, relatórios e painéis gerenciais, permitindo ainda a exportação e integração de dados com outros sistemas.

Segundo o Ministério do Planejamento, qualquer cidadão pode solicitar acesso pelo site https://aedes.sigelu.com. Além disso, é possível sanar dúvidas online, via chat, e-mail e telefone.

A cidade de Guarulhos, na Grande São Paulo, confirmou a primeira morte por dengue em dois anos – o último caso havia sido registrado em abril de 2016. Agora, a vítima se trata de um homem de 51 anos, morador do bairro jardim Santa Rita, localizado na região do Taboão. A confirmação da morte por complicações da doença foi realizada pelo Instituto Adolfo Lutz.

Guarulhos está em situação de alerta para a dengue deste março deste ano, quando a Secretaria Municipal da Saúde concluiu que o índice de infestação do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da doença, na cidade estava alto. Atualmente, o índice está em 1,3, o que significa que a cada 100 casas inspecionadas pela prefeitura, 0,63 apresentaram larvas do mosquito.

##RECOMENDA##

O Ministério da Saúde alerta que há risco de infestação do mosquito vetor para índices acima de um e risco de surto para números superiores a 3,9, como é o caso do bairro Torres Tibagy (4,81). Os demais bairros de Guarulhos com índices elevados são Monte Carmelo (3,8), Mato das Cobras (3,52) e Aracília (3,23).

Segundo a administração municipal, entre maio e junho de 2018, foram visitadas 38.852 casas e analisadas 22.558, uma vez que em 16.294 os agentes de saúde não conseguiram entrar porque os proprietários não autorizaram ou os imóveis estavam fechados. O objetivo da análise é identificar as regiões onde se concentram os focos de reprodução do mosquito, para a definição de políticas públicas de combate ao vetor e prevenção também de doenças como a chikungunya e o zika vírus.

O estudo identificou que em Guarulhos os principais focos do mosquito foram encontrados em pratos de plantas e reservatórios de água não ligados à rede. “O problema está dentro da casa das pessoas. Por isso, cada um deve fazer sua parte para que a cidade fique livre dessas doenças”, destaca a gerente do Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura, Karen Avilez de Andrade.

O Recife ganhou nesta quinta-feira (21) um aliado no combate aos mosquitos Aedes aegypti e Culex quinquenfaciatus, conhecido popularmente como muriçoca. É o aplicativo Saúde Ambiental Digital, lançado pela Prefeitura do Recife, e que vai mapear os focos dos insetos, que são transmissores de doenças.

Cerca de 60 Agentes de Saúde Ambiental e Controle de Endemias (Asaces) receberam smartphones e já começaram o monitoramento nas casas do Distrito Sanitário VI, que abrange os bairros de Boa Viagem, Brasília Teimosa, Imbiribeira, Ipsep e Pina. Segundo o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, até o fim do ano todos os 600 agentes de saúde ambiental do Recife estarão com os aparelhos em mãos e vão percorrer os demais distritos bairros da cidade. 

##RECOMENDA##

A ferramenta vai dar mais agilidade ao trabalho dos agentes e qualidade na coleta de dados, transmissão, consolidação, identificação automática e mais ágil da presença de focos dos mosquitos na cidade. Dessa maneira, a ferramenta adotada contribui para o desenvolvimento de ações de prevenção e promoção da saúde e, consequentemente, a tendência é gerar uma redução dos casos de arboviroses. "Com isso, nós vamos poder utilizar os relatórios e informações para que possamos utilizar em nível central e em cada distrito para tomarmos as decisões. Isso vai nos ajudar a acelerar focos de mosquitos e agirmos mais rapidamente", afirmou o secretário de Saúde, Jaílson Correia.

Funções do aplicativo

Cadastramento dos supervisores e suas respectivas equipes de campo, bem como, monitoramento das atividades desenvolvidas no território de atuação de cada Asace;

Georreferenciamento dos locais vistoriados pelos agentes de campo;

Registros fotográficos dos locais visitados;

Transmissão dos dados registrados durante a vistoria para a Central de Controle ao término das atividades do dia;

Análise dos dados coletados e elaboração de indicadores (gráficos, tabelas e mapas), para auxiliar no redirecionamento das ações e tomada de decisão;

 

 Monitoramento da quantidade de larvicida biológico utilizado no combate aos focos do mosquito durante as visitas domiciliares.

 

O Instituto Butantan, localizado na capital paulista, conseguiu patentear a produção da vacina contra a dengue nos Estados Unidos. O registro foi condedido pelo Escritório Americano de Patentes e Marcas e, com isso, a entidade poderá exportar a dose para o hemisfério norte, que também vem enfrentando casos da doença. 

De acordo com o governo do estado, a terceira fase do estudo clínico da vacina, que começou em 2016, está sendo realizada em 14 centros de pesquisa espalhados por todas as regiões do Brasil. O objetivo é comprovar a eficácia da dose desenvolvida contra os quatro sorotipos do vírus da dengue. Até o momento, os testes indicam que a dose será segura para pessoas de dois a 59 anos. Assim que finalizada, o Instituto Butantan estará apto para pedir o registro à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).  

##RECOMENDA##

O secretário estadual da Saúde, Marco Antonio Zago, destaca que além da vacina, é importante persistir no combate contra o mosquito Aedes aegypti, que é o transmissor do vírus causador da doença. Felizmente, as taxas de proliferação caíram bastante e tendem a cair ainda mais com o inverno”, analisa.

 

Um sagui foi encontrado morto, na quinta-feira (22), em uma residência em Caruaru, Agreste de Pernambuco, deixando os moradores do local preocupados com o risco da febre amarela. A Secretaria de Saúde de Caruaru respondeu: “[o sagui] estava em estado de decomposição e, praticamente, não existe nenhuma possibilidade de transmitir a febre amarela, pois no local não existe mata, impossibilitando o aparecimento dos mosquitos que transmitem a forma silvestre”.

Ainda de acordo com a pasta, também foi observado que não há foco de Aedes aegypti na localidade. Os restos do animal foram recolhidos e encaminhados para uma empresa de descarte de lixo contaminado. 

##RECOMENDA##

O macaco não transmite a febre amarela, servindo como sentinela para identificação da doença por também ser uma das vítimas. Caso as pessoas encontrem algum primata morto, devem procurar a Vigilância Sanitária. Em Caruaru, a Vigilância Sanitária funciona no número 3701-1407 ou no WhatsApp 98384-5380.  Conheça alguns mitos e tire dúvidas sobre a febre amarela no vídeo abaixo:

[@#video#@]

Começou o período chuvoso e as preocupações são sempre as mesmas, precisamos ter cuidado com objetos que possam acumular água para o Aedes Aegypti não proliferar. O mosquito de apenas sete centímetros, se infectado é capaz de transmitir várias doenças para o ser humano entre elas: a dengue, o zika vírus, a febre amarela e a chikungunya.

De acordo com a coordenadora de Enfermagem da UNINASSAU Parnaíba, Kelly Oliveira, esses cuidados básicos com o acúlumo de água, evita a finalização do ciclo do mosquito que é composto de quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto. “A melhor forma de evitar essas doenças é combater os focos de acúmulo de água independente de limpa ou suja e locais propícios para a criação do mosquito transmissor” comenta a coordenadora.

##RECOMENDA##

A professora orienta a população a colocar areia em pratinho de plantas, armazenar o lixo em sacos plásticos e manter a lixeira fechada, lavar utensílios usados para guardar água (jarras, garrafas, potes, baldes), evitar água da chuva acumulada sobre a laje, remover folhas, galhos e tudo que possa impedir a água de correr pelas calhas. Além de manter a caixa dágua sempre fechada com tampa adequada e ainda lavá-las semanalmente por dentro com escova e sabão.

Saiba como o mosquito vive e se comporta:

O Aedes Aegypti é um mosquito urbano que prefere viver dentro de casa mesmo em andares um pouco mais altos ele consegue chegar. Pode ser encontrado tanto em áreas urbanas como rurais;

Diferente de outros mosquitos que após picar fazem repouso, o Aedes pode picar muitas pessoas seguidamente, por isso as doenças se espalham tão rapidamente;

Precisa de água limpa e parada para pôr seus ovos, mas também pode fazer a postura em locais com mais matéria orgânica, ou seja, que pareça suja;

Os ovos podem ser depositados em qualquer local que acumule água como: pneus, baldes, plantas ou até mesmo um tampinha de refrigerante;

Possui hábitos diurnos, mas por ser oportunista, se não conseguir alimento durante o dia pode picar à noite, ou qualquer outra hora do dia;

Quem pica as pessoas é a fêmea que precisa do sangue para completar o seu ciclo de desenvolvimento e por seus ovos;

Ao picar uma pessoa infectada uma fêmea que não contenha o vírus se infecta e passa a transmiti-lo a outras pessoas;

Geralmente voa mais baixo, na altura das nossas pernas, mas pode picar qualquer parte do corpo;

Da assessoria

Uma escola particular de Salvador, na Bahia, lançou um uniforme que contém um repelente natural de mosquitos. Entre os mosquitos, está o Aedes aegypti, que transmite dengue, zika e chikungunya. Segundo o Correio 24 Horas, o agente permetrina é aplicado no tecido de camisetas, bermudas e calças.

A instituição, Villa Campus de Educação, afirma que o ativo natural é invisível, inodoro e não prejudicial ao uso humano. Ele é aprovado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA).

##RECOMENDA##

O uniforme está sendo comercializado pelo mesmo preço do fardamento tradicional. O produto, segundo o jornal local, se mantém no tecido por até 70 lavagens. A substância não age como inseticida, ou seja, não mata os mosquitos. 

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando