Tópicos | Aedes aegypti

A Prefeitura do Recife iniciou, nesta segunda-feira (29), a entrada obrigatória em imóveis abandonados para a vistoria de possíveis focos do mosquito Aedes aegypti. Para conseguir acesso aos locais fechados, os agentes estão autorizados a forçar a entrada no imóvel com o uso de ferramentas, contando, ainda, com o auxílio de um chaveiro na equipe.

Segundo a prefeitura, a entrada compulsória acontece após os agentes de saúde constatarem o abandono dos estabelecimentos em três visitas distintas. A Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos elaborou um padrão legal para que as equipes de agentes de Vigilância Ambiental e Controle de Endemias e soldados do Exército atuem nos imóveis abandonados ou em casos em que os moradores não aceitem a entrada das equipes.

##RECOMENDA##

O parecer considera que o decreto 29.279/2015, que declarou Situação de Emergência no município, enquadrou a atual situação do Recife no padrão 1.5.1.1.0 da Codificação Brasileira de Desastres (Cobrade), ou seja: “desastre natural causado por epidemia de doença infecciosa viral”. Com isso, e estando o interesse público acima do interesse privado , ficam autorizadas às equipes de saúde à verificação do abandono do imóvel, podendo ingressar no local e proceder com os trabalhos de vistoria normalmente.

Para considerar a situação de abandono ficou estipulada a visita em três dias distintos, incluindo o devido registro documento das características de abandono, para salvaguarda legal do município. Nos casos em que não seja verificado o abandono do imóvel, mas que os proprietários dificultem ou impeçam o acesso dos agentes, a Procuradoria Judicial da Secretaria de Assuntos Jurídicos do Recife ficou responsável por tomar as providências para conseguir a autorização judicial.

Com informações da assessoria

Depois de ter invadido as casas e provocado o medo da transmissão da dengue, zika e chikungunya, o Aedes aegypti entrou nas salas de aula de colégios particulares de São Paulo como tema para projetos multidisciplinares. O mosquito é assunto não só na disciplina de biologia, mas também de geografia, matemática, artes e informática.

No Colégio Santi, no Paraíso, zona sul da capital, o combate ao mosquito é o tema de projetos para todos os alunos do ensino fundamental 2 (6º ao 9º ano). "É um tema de extrema importância, que está muito próximo dos alunos, e por isso causa uma curiosidade muito grande. Os alunos estão muito empolgados com os projetos que estão desenvolvendo", disse Stefan Bovolon, professor de ciências naturais.

##RECOMENDA##

Cada uma das séries estuda um aspecto relacionado ao mosquito. Os estudantes do 6º ano, por exemplo, pesquisam como cada país está agindo para combater o Aedes e o vírus da zika. Já os do 8.º ano estudam a ligação do vírus com os casos de microcefalia registrados no Brasil e seu possível impacto nas taxas de natalidade nos próximos anos. "O objetivo do projeto é cruzarmos as disciplinas e fazer com que os alunos pensem o assunto de uma maneira global, tenham uma opinião crítica sobre o que está acontecendo", disse Bovolon.

Os estudantes também saíram às ruas do bairro para informar a população sobre o que aprenderam na escola. "Conversei com alguns vizinhos e eles não sabiam coisas básicas sobre o que poderia ou não ser foco do mosquito, como era a transmissão da doença. É muito legal que eu saiba tudo isso e possa ajudar outras pessoas, dá vontade de estudar assim", contou o aluno do 8º ano Eric Uhlendorff, de 13 anos. Com o interesse estudantil, o projeto, que deveria durar de três a quatro semanas, deve estender-se até o segundo semestre.

Prática

No Colégio Peretz, na Vila Clementino, também na zona sul, o combate ao mosquito é tema para iniciativas dentro e fora da escola. Os alunos de 6º ano, por exemplo, montaram uma parede verde com mudas de crotalária, planta que teria capacidade para atrair uma espécie de libélula, predadora natural do Aedes - cuja eficácia ainda não está comprovada .

Já estudantes do 7º ano estão produzindo vídeos e os do 8º, panfletos com dicas para combater o mosquito e orientações sobre os sintomas das doenças. Armadilhas para capturar o mosquito também foram espalhadas pela escola.

"Os alunos perceberam que esse problema está muito mais perto deles do que imaginavam, porque alguns achavam que o mosquito só estava presente em bairros afastados. Isso fez com que ficassem mais curiosos em sala de aula, alguns até querem avançar no conteúdo", contou Marcos Muhlpointner, professor e coordenador de ciências naturais da escola.

No Colégio Graphein, em Perdizes, zona oeste, os projetos envolvem os alunos do ensino infantil até o médio. Os pequenos discutem sobre o mosquito em rodas de história. Os alunos do ensino fundamental (do 1º ao 9º ano) desenvolvem projetos de conscientização na aula de informática para os pais e a vizinhança. No ensino médio, professores propõem discussões com base em reportagens e pesquisas sobre as doenças transmitidas pelo Aedes.

"No ensino médio, os alunos fizeram gráficos e atividades com os números de bebês com microcefalia. Depois, discutiram como vai ser a qualidade de vida dessas crianças. Queremos que nossos alunos sejam mais críticos, mais cuidadosos", disse Camila D’Amica, coordenadora pedagógica.

No Colégio Santa Maria, Jardim Taquaral, zona sul, o currículo do 6º ano prevê que os alunos aprendam sobre o ciclo de vida dos seres vivos. Para este ano não houve dúvida: o Aedes é o foco de estudo. "Montamos armadilhas para que eles pudessem ver de perto o mosquito e seu desenvolvimento. Mas eles já o conheciam muito bem, alguns até já tinham tido dengue", explicou Simei de Souza, professor de ciências.

Segundo Souza, a escola tem optado cada vez mais por usar temas do cotidiano estudantil para estimular discussões. "Queremos alunos menos conceituais, mas mais habilidosos", disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Intérprete de uma das principais escolas de samba do Rio de Janeiro, Neguinho da Beija-Flor, de 66 anos, não escapou do surto de zika. A doença foi diagnosticada na madrugada de quinta-feira, quando ele procurou um posto de saúde em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense), onde tem uma casa que frequenta com a família nos dias de folga.

Com medo de contagiar a filha Luiza Flor, de 7 anos, e a mulher, Elaine Reis Marcondes, Neguinho decidiu não voltar para o apartamento onde mora, em Copacabana (zona sul), até que os sintomas tenham desaparecido. Embora se sinta melhor, Neguinho diz que ainda tem muitas dores no corpo, enjoos e não sente o gosto da comida.

##RECOMENDA##

"Não consigo nem virar na cama. Até para pegar o telefone para atender preciso de ajuda", relatou o intérprete da Beija-Flor de Nilópolis. "Vou te dizer: a quimioterapia te deixa derrubado. Mas essa zika é cinco vezes pior. Só não cai o cabelo", comparou o artista, que em 2008 teve câncer no intestino, passou por uma cirurgia para retirada do tumor e fez tratamento químico. Em 2015, Neguinho anunciou estar livre do câncer.

"A gente não sabe como é o contágio da zika, então achei melhor não ficar em Copacabana, fico preocupado com minha filha. Estou contando com a ajuda dos amigos aqui de Nova Iguaçu", afirmou o cantor. Por enquanto, Neguinho diz estar sendo tratado com dipirona, soro e alimentação com muito líquido.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A expectativa do Ministério da Saúde é que a vacina para os quatro sorotipos da dengue exista em dois anos e a vacina para a zika exista em três. A informação foi passada pelo próprio ministro Marcelo Castro, que acompanhou, nesta quarta-feira (24), a visita da diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, ao Recife.

Marcelo Castro e a presidente Dilma Rousseff foram a São Paulo, na última segunda-feira (22), para assinar um contrato com o Instituto Butantan para o desenvolvimento de uma vacina contra a dengue. Estão previstos investimentos iniciais de R$ 100 milhões para o desenvolvimento de estudos nos próximos dois anos. Atualmente, a vacina do Instituto Butantan está no ensaio clínico da fase 3. “Estamos bastante confiantes que será uma vacina muito qualificada, de grande repercussão nacional e internacional”, comenta Castro.

##RECOMENDA##

O Butantan também está desenvolvendo uma vacina em parceria com o Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em Inglês). Já o Instituto Evandro Chagas, do Pará, também está trabalhando numa vacina contra zika em parceria com a Universidade do Texas Medical Branch. “Todos os cientistas, tanto brasileiros como americanos, são bastante otimistas que poderão desenvolver uma vacina da zika num período inferior a um ano”, explica o ministro. A vacina precisará passar por estudos clínicos, por isso a previsão é que ela só seja utilizada em três anos.

Em tempos de surto de doenças relacionadas ao mosquito Aedes aegypti, todo cuidado é pouco. Campanhas governamentais alertam a populaçao para nao deixar água parada, já que ela serve para que a fêmea deposite seus ovos, criando uma nova geraçao de transmissores de dengue, zika e chikungunya. Mas, de acordo com denúncia do ator Rodrigo Dourado, se cobra da população cuidado, a Prefeitura do Recife pode estar esquecendo de fazer sua parte.

Dourado acusa: a obra do Teatro do Parque está parada há meses, e o local, sem movimentação, está com água parada acumulada. "Esta parte da área externa (laje), foi reformada e limpa (às pressas) depois de uma denúncia minha, mas não tem drenagem. Então, com as chuvas, segue acumulando água e folhagem", postou no Facebook o ator e professor da Universidade Federal de Pernambuco, que é vizinho do prédio que abriga o teatro.

##RECOMENDA##

O Parque está fechado desde 2010, e no fim de 2014 foi iniciada uma obra para a requalificaçao do espaço. Os constantes atrasos e o longo tempo fechado ao público já geraram vários protestos da classe artística. Se não serve há anos como palco para artistas, dá agora a chance de deixar o Aedes aegypti dar seu 'show'.

Neste sábado (20) e domingo (21), os agentes de saúde ambiental e controle de endemias, da Secretaria de Saúde do Recife, atuarão nos bairros do Arruda e da Bomba do Hemetério, na Zona Norte, em um mutirão de combate o mosquito Aedes aegypti – transmissor da zika, dengue, chikungunha e febre amarela. A expectativa é que nos dois dias sejam visitados aproximadamente 2.400 imóveis. 

Cerca de 40 profissionais da Vigilância Ambiental vão participar do mutirão que também conta com apoio da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb). Carros de som começaram a passar nos bairros anunciando a ação e pedindo a colaboração da população. A Emlurb fará a retirada dos entulhos da comunidade, com a intenção de facilitar o trabalho dos agentes.

##RECOMENDA##

Segundo a Prefeitura do Recife (PCR), mais de 36 mil imóveis foram vistoriados desde o dia 28 de novembro de 2015 nos mutirões de final de semana.

A intervenção já aconteceu nos bairros da Cohab, Morro da Conceição, Espinheiro, Ibura, Nova Descoberta, Jordão, Dois Unidos, Linha do Tiro, Recife Antigo, Jardim São Paulo, Várzea, Brasília Teimosa, Boa Viagem, Joana Bezerra, Bongi, Estância, Vasco da Gama, Macaxeira, Alto do Mandu, Monteiro, Joana Bezerra e Areias.

O combate ao Aedes aegypti tem sido uma das principais questões atuais em que forças diferentes têm sido canalizadas para um mesmo fim. Sociedade civil e pública tem se manifestado para que o mosquito-causador da Zika Vírus, Chikungunya e Dengue seja eliminado. 

Em um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), no período pós-carnavalesco, a população do Recife foi consultada e questionada sobre quem ou quais são os principais responsáveis pelo combate ao mosquito Aedes aegypti. 

##RECOMENDA##

Os entrevistados, em sua grande maioria (74,8%), julgaram como sendo de responsabilidade da sociedade juntamente com o governo o papel de sanar o problema. De acordo com a voz das ruas, a união desses dois lados deve ser o melhor cenário para que essa luta seja satisfatória, afinal, é apontado que o governo deve ter a responsabilidade de conscientizar a população e os cidadãos, eliminarem os focos. 

Já 19,4% apontaram que somente a sociedade tem a responsabilidade de combater o Aedes aegypti. Dos consultados, 100% - provenientes da Classe A – deixam a cargo da população, a tarefa de eliminar focos e prevenir o mosquito. 

Outros 5,8% dos questionados, afirmam que somente o governo deve exercer o papel de combater o causador da Zika Vírus, Chikungunya e Dengue. 

 

*A pesquisa do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) foi encomendada pelo Portal LeiaJá, em parceria com o Jornal do Commercio. Com o objetivo de investigar a opinião dos recifenses sobre o atual cenário da saúde pública e as epidemias que o assolam, o estudo ouviu mais de 600 pessoas, durante os dias 15 e 16 de fevereiro de 2016. A amostra foi definida com base nas fontes oficiais de dados do Censo IBGE.

De pequeno inseto a inimigo número um da sociedade civil e poder público. O alastramento das doenças transmitidas pelo Aedes aegytpi assusta e se tornou um alerta mundial. No Recife, das cidades brasileiras com mais incidência de casos, um dado alarmante: quase metade da população já foi infectada por algum dos vírus propagados pelo mosquito.

A estatística está presente na pesquisa do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), divulgada neste sábado (20). De acordo com o estudo realizado com centenas de moradores da capital pernambucana, 45,4% já foram acometidos pela Dengue. Em relação à Chikungunya, 29% das pessoas ouvidas já sofreram com a doença. A menos contraída ainda é a Zika, com poucos mais de 10% de acometimentos, entre os entrevistados.

##RECOMENDA##

[@#video#@]

Em recortes mais específicos, o estudo mostra que os sintomas da Chikungunya permanecem por mais tempo no corpo dos doentes do que a Dengue, por exemplo. A primeira pode deixar as “vítimas” por 30 dias com as características da enfermidade e 16,7% dos acometidos sentiram os sintomas por mais de um mês. 

Diante de três doenças transmitidas pelo mesmo vetor, a confusão é natural e a população precisa se conscientizar sobre os sintomas de cada uma.

Zika

O Ministério da Saúde alerta que a maioria dos infectados não apresentam manifestações clínicas. Porém, os principais sintomas são os tradicionais: dor de cabeça, febre, manchas vermelhas, coceira e vermelhidão nos olhos. Menos frequentes, mas também possíveis, são a tosse, vômito e inchaço no corpo.

Chikungunya

Febre alta, dores nos pés e mãos, manchas vermelhas. Diferentes das outras duas enfermidades são as dores localizadas, como nos dedos, tornozelos e punhos. Depois de infectada, a pessoa não pode ter a doença novamente. 

Dengue

Além dos sintomas compartilhados entre as três doenças, vale ressaltar, na Dengue, a dor atrás dos olhos e a fraqueza de forma moderada à intensa. É possível que a pessoa com a enfermidade tenha muitas náuseas, vômitos e perda de peso. Em seu estágio mais grave, dores abdominais intensas e contínuas, sangramento de mucosas também fazem parte dos sintomas. 

O Portal LeiaJá também foi às ruas para saber a opinião da população sobre a situação crítica apontada pela pesquisa. Confira:

*A pesquisa do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) foi encomendada pelo Portal LeiaJá, em parceria com o Jornal do Commercio. Com o objetivo de investigar a opinião dos recifenses sobre o atual cenário da saúde pública e as epidemias que o assolam, o estudo ouviu mais de 600 pessoas, durante os dias 15 e 16 de fevereiro de 2016. A amostra foi definida com base nas fontes oficiais de dados: Censo IBGE.

Assolado pela epidemia dos vírus da dengue, zika e chikungunya, o atual cenário de saúde do brasileiro não é bom. Diariamente, muitos debates são levantados sobre as diferentes formas de controlar e possivelmente eliminar as larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor das enfermidades. O que aconteceria se todos os mosquitos fossem exterminados do planeta? Esse é um dos questionamentos que incomoda a comunidade científca. No entanto, eliminar do ecossistema as mais de 3,500 mil espécies de mosquitos nomeadas ao redor do mundo trariam consequências muito negativas para a humanidade. 

Presentes no mundo há cerca de 100 milhões de anos, os mosquitos são responsáveis por perpetuar doenças consideradas graves, como a malária, transmitida pelo vetor anopheles, que já infectou mais de 200 milhões de pessoas no ano de 2015, matando 438 mil. O que poucos sabem é que das milhares de espécies, apenas cerca de 6% dos pequenos e quase imperceptíveis causam malefícios ao homem. Exterminar o vetor causador da zika ainda causa controvérsias e divide a opinião de especialistas da biologia.

##RECOMENDA##

Na cadeia alimentar, o equilíbrio ecológico de seres vivos e não vivos depende diretamente da interação, das trocas e das relações que esses seres estabelecem entre si. Por serem alvos mais fáceis, os mosquitos são tidos como alimentos de muitos animais na natureza, como diversos peixes, que escolhem a espécie como presa. Caso fosse possível, pesquisadores estimam que a com eliminação de todos os mosquitos, o desequilíbrio seria muito grande. O número de aves migratórias que formam ninhos em tundras cairia em 50%, por exemplo. Outros animais que se alimentam de insetos, como aranhas, lagartos e sapos, também seriam impactados com a perda de sua fonte primária de alimento.

De acordo com a Ecóloga Soraya El-deir, professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) com ênfase em Gestão Ambiental, acabar com os mosquitos do mundo é uma tarefa impossível para o homem. "Os insetos no geral têm uma função ecológica extremamente importante na cadeia alimentar. Falando dos mosquitos, muitos deles são responsáveis pela polinização, que significa fecundar as flores para que deem frutos e sementes. Esse processo é conhecido como a interação animal/planta, em que ambos precisam um do outro". Ela ainda argumenta sobre importante função de decompositores de matéria orgânica morta. "Os mosquitos se alimentam de folhas, detritos e microrganismos mortos, sem eles, seria muito mais complicada a reciclagem no ambiente", pontua.

Saúde Pública

Em todo o mundo, milhares de pessoas estão sendo comprometidas com o vírus da zika, que em algumas pesquisas já é indicado como uma possível causa da microcefalia, doença que causa malformação e diminuição do crânio da criança. No fim do ano de 2015, o governo de Pernambuco decretou estado de emergência considerando uma quantidade alarmante de casos da doença, em comparação com o restante do país. Até o último dia 13 de feveiro, o Estado notificou 1.546 casos de bebês com microcefalia, de acordo com boletim divulgado na última terça-feira (16) pela Secretaria de Saúde do estado. Destes notificados, já foram confirmados 184 casos da doença.

Com o surto da doença, a Organização Mundial de Saúde chegou a informar que a epidemia podia ser mais ameaçadora para a saúde pública do que o ébola. O chefe do departamento de Imunobiologia e Infecção da Wellcome Trus, entidade dedicada à pesquisa na área biomédica, chegou a defender para eliminar o vetor o uso do pesticida DDT, proibido no Brasil desde 2009, quando comprovado que é totalmente nocivo à natureza.

Para Soraya El-deir, o uso de larvicídas, pesticídas e outros químicos utilizados para controlar Aedes aegypti pode afetar todo o ecossistema mundial, de forma que os produtos não só afetam as pragas, mas também outros predadores naturais delas."O homem utiliza produtos químicos genéricos e não específicos, que não só atingem as larvas do mosquito, mas também atingem as águas e outros espécies de insetos e essa constante intervenção desenfreada na natureza causará um grande problema no nosso ecossistema", explica.  

Já a especialista em Ecologia Química com ênfase no Aedes aegypti, Daniela Navarro, acredita que o uso de químicos é fundamental no controle do vetor e afirma que o Aedes pode ser erradicado, assim como em 1957 quando Oswaldo Cruz, então Diretor Geral da Saúde Pública, afirmou ter zerado os casos de dengue. "O desequelíbrio já está estabelecido no nosso cenário, a partir do momento que temos uma alta população de mosquito no meio urbano. O larvicida vem tentar controlar essa disseminiação", conta. A professora explica que químico o BPI (bacilo purigenes israelenses), amplamente utilizado no combate às larvas do mosquito não afetará a natureza. "É um larvicída biológico, ele só atinge a larva do vetor específico". 

Cenários

A pesquisadora de Gestão Ambiental, Soraya El-deir, argumenta que existem três possíveis cenários atuais. Em um primeiro, o homem pode não fazer nada com a epidemia do vetor, ocasionando mais doenças e o surgimento de novos vírus pela capacidade de mutação alta da espécie. Em um segundo cenário, o homem poderia continuar utilizando abusivamente larvicídas de forma não seletiva, atacando o efeito e não a causa do problema da explosão dos mosquitos no meio urbano. "Essas medidas de emergência só são temporárias, vamos continuar a ter novas doenças porque podem surgir novas derivações desses vírus", explica.

O terceiro cenário seria que o governo investisse mais em educação ambiental e em projetos a longo prazo de saneamente básico. "Não é explicar que o lixo tem que ser jogado devidamente no seu local, mas falar o porquê disso". Ela ainda explica que a importância do aumento do sanemaneto básico na cidade do Recife, que essa falha de gestão facilita a reprodução dos mosquitos no meio urbano. "Lixões a céu aberto e esgotos não tratados, além da não reciclagem correta dos lixos, tudo isso ajuda nos fatores cruciais e não limitantes para a reprodução dos mosquitos no meio urbano, trazendo uma explosão da espécie", fala. 

A estudiosa diz que o homem tem que aprender a conviver com os mosquitos, achando maneiras viáveis de impedir a proliferação exacerbada nos grandes centros, como o mosquito transgênico, quando cientistas introduzem um gene nos mosquitos macho que impede os seus descendentes de se desenvolverem corretamente."As pessoas têm que entender que em  um mundo sem insetos o homem morre, nós não somos um ser que produzimos nosso próprio alimento. Somos dependentes da cadeia alimentar, que significa que não produzimos nossso  alimento", conclui.

A Tá.Na.Hora, startup de prevenção e promoção da saúde, iniciou em fevereiro uma parceria com a Prefeitura de Palmeira dos Índios, no Agreste de Alagoas, para combater o mosquito Aedes aegypti - transmissor da dengue, zica, chicungunha e febre amarela. A ideia é fazer com que a população fiscalize possíveis focos de proliferação do inseto. Através de mensagens SMS, cidadãos do município podem receber informações para eliminar o vetor das doenças.

Em um projeto piloto inicial, mais de 2 mil habitantes receberão em seus celulares, sem nenhum custo, torpedos segmentados por bairros com direcionamentos para eliminação de focos do mosquito. Além disso, os moradores poderão reportar sintomas das doenças e enviar avisos diretamente para a Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

##RECOMENDA##

O sistema de gestão populacional desenvolvido pela startup é especializado na ciência do comportamento e engajamento, duas áreas fundamentais para que as medidas de prevenção de doenças e promoção da saúde consigam alcançar resultados positivos, explica o cofundador do empreendimento.

“Nossa plataforma é um instrumento de diálogo e nessa parceria iremos engajar a população com ações de proteção individual e comunitária. Esse será um programa pioneiro de vigilância epidemiológica para reduzir a densidade vetorial do Aedes aegypti com o uso de comunicação via celular”, ressalta. 

A Tá.Na.Hora é parceira de instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU), Grand Challenges Canada (Saving Brains Program), Fundação Bill e Melinda Gates e Fundação Maria Cecília Souto Vidigal.

Crianças com microcefalia estão apresentando problemas de visão, aponta pesquisa realizada em Pernambuco. Em dez crianças com a malformação, nascidas entre maio e dezembro de 2015, foram constatadas anormalidades graves na retina e no nervo óptico.

Esta é a segunda etapa da pesquisa. Participam dos estudos profissionais da Fundação Altino Ventura (FAV), Hospital de Olhos de Pernambuco (HOPE), Hospital Barão de Lucena, Hospital Universitário Oswaldo Cruz e Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

##RECOMENDA##

No primeiro momento, dois meses atrás, os oftalmologistas encontraram problemas na retina de três bebês. Desta vez, uma das novidades foi o comprometimento do nervo óptico em crianças. “Essas ocorrências são graves e irreversíveis. Se nada for feito nessas crianças é muito provável que tenham visão muito pobre ou até cegueira”, explica a oftalmologista da Fundação Altino Ventura Camila Ventura. “A retina é responsável por captar informações, enquanto o nervo é quem leva a informação do olho para o cérebro”, complementa.

Das dez crianças, 15 olhos apresentavam alterações, um total de 75% - sete delas nos dois olhos. As mães não apresentavam anormalidades na vista, mas 70% delas apresentaram, durante a gestação, sintomas como manchas vermelhas no corpo, febre, dor nas articulações e coceira, todos associados à zika. 

Os bebês investigados na pesquisa já haviam sido identificados previamente com anormalidades oculares, portanto os pesquisadores evitam dizer a probabilidade de ocorrência desses sintomas nos microcéfalos. O próximo passo do estudo, com a análise de 40 bebês com microcefalia – sem prévio registro de problema de vista - deve identificar essa porcentagem.

A recomendação é que as mães levem os filhos com microcefalia a um oftalmologista. “A gente trabalha com estimulação visual, uma espécie de fisioterapia do olho, que estimula partes da retina não afetadas”, detalha Camila. 

Em até seis meses, pesquisadores terão um balanço da viabilidade do novo método de controle do mosquito Aedes aegypti. Desenvolvida pela Fiocruz Pernambuco e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), esta é a primeira técnica brasileira a utilizar energia nuclear para esterilizar os machos do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. 

A pesquisa está sendo realizada na Vila da Praia da Conceição, no Arquipélago de Fernando de Noronha. Em laboratório, os pesquisadores conseguiram reduzir em 70% o número de ovos férteis.

##RECOMENDA##

[@#video#@]  

De dezembro de 2015 até a primeira quinzena de fevereiro já foram feitas nove liberações de mosquitos estéreis, cada liberação com três mil machos. Fernando de Noronha foi escolhido como local de testes devido ao isolamento geográfico natural do arquipélago.

Através de uma dose de radiação gama, os insetos machos, ainda na fase de pupa – última antes da fase adulta/alada – são esterilizados. “As fêmeas podem acasalar durante apenas uma fase e costuma ser com um único mosquito”, comenta a coordenadora do projeto e pesquisadora da Fiocruz Pernambuco Alice Varjal, explicando por que a pesquisa diminuiria a população do Aedes.  

Para o projeto funcionar, entretanto, será necessária uma produção em massa de mosquitos. Os pesquisadores precisam fazer uma triagem, para que os mosquitos cultivados no insetário sejam apenas machos, que não precisam de sangue e não transmitem as doenças. Para uma seleção bem executada é preciso uma triagem mecânica. O aparelho está em fase de aquisição e não é vendido no Brasil, mas Varjal garante que não é de alto custo. 

Apesar dos 70% de redução de ovos férteis, o método terá dificuldades para fazer o controle em grandes cidades como Recife. “Recife é uma megalópole e isso traz muitas dificuldades, como a questão do aumento de imóveis e da falta de condições de saneamento em algumas localidades”, cita a pesquisadora. Ela não descarta, porém, a utilização dos mosquitos estéreis em pequenos bairros ou cidades menores. “Não se pode pensar que apenas uma técnica vai resolver o problema”, diz.  Varjal lembra  que na Itália, a técnica de mosquitos estéreis foi utilizada em pequenas cidades e conseguiu reduzir o Aedes albopictus em 80%.

Fernando de Noronha não tem escapado da epidemia de arboviroses e tem registrado um aumento significativo de casos notificados. Em 2014, o arquipélago teve 11 casos de dengue notificados, com nove confirmados. No ano passado, o número subiu para 463 notificações e 102 confirmações. Em 2016, já foram 62 notificações de arboviroses, ou seja, além de dengue, chikungunya e zika, com duas confirmações para chikungunya. “Temos uma quantidade muito grande de turistas que já vêm adoentados, mas estamos com uma vigilância permanente”, afirma a coordenadora de saúde de Noronha Fátima Souza.

Em até seis meses, os pesquisadores devem ter um resultado do estudo em campo para analisar se o método precisa de ajustes ou se já pode ser ampliado. Não há previsão para os mosquitos estéreis por energia nuclear serem utilizados em outra região.

LeiaJá também

--> Energia nuclear vira nova arma contra o Aedes aegypti

Um projeto em teste pela Fiocruz Pernambuco e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) está usando energia nuclear como técnica de controle do Aedes aegypti em Fernando de Noronha. Em laboratório, o estudo conseguiu uma redução de 70% de ovos férteis.

A área escolhida para os testes foi a Vila da Praia da Conceição. Nela, mosquitos machos esterilizados com radiação gama, estão sendo liberados no ambiente para competir com os selvagens no acasalamento. Segundo a Fiocruz, ao vencerem a disputa do acasalamento, os mosquitos passam espermatozoides inviáveis, que são utilizados pelas fêmeas durante todo o processo de produção dos ovos, fazendo com que não sejam geradas novas larvas do inseto. Como a fêmea do Aedes aegypti costuma ficar disponível para acasalar apenas uma vez ao longo da vida, a expectativa é que o cruzamento com machos estéreis impeça sua reprodução e reduza a densidade populacional do inseto.

##RECOMENDA##

Os mosquitos são produzidos em massa no insetário da Fiocruz Pernambuco e, ainda na fase de pupa – última antes da fase adulta/alada-, são esterilizados no irradiador do Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de Pernambuco (DEN-UFPE), cuja fonte radioativa é o Cobalto 60. O projeto utiliza uma subpopulação de mosquitos da própria ilha, para que sejam preservadas suas características genéticas, que já estão adaptadas às condições ambientais do local. 

De acordo com a Fiocruz, o projeto foi iniciado em 2013 e a primeira fase determinou que a dose de irradiação necessária para tornar os machos inférteis fica entre 40 e 50 Gy (Gray), sem comprometer outros aspectos importantes para a sua sobrevivência e para os objetivos do projeto, como a longevidade e o bom desempenho no acasalamento. No insetário, pesquisadores simularam a situação de campo, colocando machos estéreis e selvagens e fêmeas em grandes gaiolas.

Ainda segundo a Fiocruz, a escolha da Vila da Praia da Conceição não se deu por acaso. Além das características geográficas de isolamento que favorecem o estudo, existe uma ampla base de dados, gerada pelo sistema de monitoramento do vetor que já está consolidado no local, o SMCP-Aedes, desenvolvido pela Fiocruz Pernambuco e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

De dezembro de 2015 até a primeira quinzena de fevereiro foram feitas nove liberações, cada uma com três mil machos estéreis. O número de ovitrampas – espécie de armadilha – para a coleta de ovos de Aedes foi ampliado e cada imóvel situado nessa área – em torno de 25 – conta com uma armadilha. De acordo com a coordenadora do projeto, a pesquisadora da Fiocruz Pernambuco Alice Varjal, o impacto da medida será avaliado pela quantidade de ovos inviáveis que serão coletados. Serão medidas a fecundidade (quantidade de ovos colocados) e a fertilidade (viabilidade dos ovos). As avaliações começam a ser realizadas a partir do final de fevereiro. No laboratório, a fertilidade foi de apenas 30% dos ovos verificados.

A pesquisadora destaca que uma característica do Aedes é estratégica para sua sobrevivência e ainda dificulta a obtenção de resultados mais rápidos no controle do vetor. É a existência, em paralelo à população ativa de mosquitos – que está visível e se multiplicando regularmente -, de uma população inativa, representada por ovos dormentes, com potencial para produzir larvas. Nesses casos, os ovos aguardam que os criadouros, temporariamente secos, voltem a receber água. "A técnica vai interferir nessa população inativa, mas não de uma forma imediata. Só vamos observar o impacto de controle da densidade populacional do mosquito ao longo do tempo e com a continuidade da soltura dos machos estéreis", explica Varjal. Mais detalhes sobre o estudo serão divulgados pela própria pesquisadora na próxima segunda-feira (15).

Com informações da assessoria

O vice-presidente da República, Michel Temer, fugiu de todas as questões de política no evento em que participou em Curitiba, na manhã deste sábado (13), pela mobilização contra o mosquito Aedes aegypti. Temer limitou-se a dizer que "não era conveniente misturar as coisas neste momento", quando perguntado sobre a sua relação com a presidente Dilma e o andamento do impeachment.

"O governo decidiu realizar esta mobilização em que estão envolvidos todos os ministérios para podermos enfrentar a situação grave que o Brasil vive", afirmou Temer. O vice-presidente destacou a "união" de todas as esferas de governo para atender à população. Sobre a sua vinda para Curitiba, Temer revelou que foi combinado que cada membro do governo participaria de mobilizações fora de seus estados de origem - no caso dele, de São Paulo.

##RECOMENDA##

O evento em Curitiba é o primeiro que Temer participa em nome do governo federal desde que ensaiou um rompimento com a presidente Dilma, através de uma carta que vazou para a imprensa, no final de 2015. Mesmo não admitindo abertamente, o vice-presidente deu a entender que vai participar ativamente do governo até o final do mandato de Dilma, quando, segundo ele, o PMDB deve lançar candidato próprio à Presidência da República.

Em Curitiba, o início da mobilização ocorreu no Quartel General do Pinheirinho, com a participação do prefeito Gustavo Fruet (PDT) e do secretário estadual de Saúde, Michele Caputo (PSDB), que representou o governador Beto Richa (PSDB).

A previsão é de que cerca de 2,3 mil militares participem no Paraná das ações previstas pelo governo federal para combater o mosquito. A capital paranaense, embora pouca atingida ainda pela doença - foram 106 casos de dengue confirmados, todos importados, e três de Zika vírus. No último dia 8 foi registrada a primeira morte provocada pela dengue na cidade, de um homem que teria contraído a doença no Paraguai.

No Paraná, em compensação, 14 cidades estão em situação de epidemia, com um total de 4.806 casos em todo o Estado. O ponto mais crítico é na cidade de Paranaguá, com o maior número de casos.

A partir de segunda-feira, agentes de Saúde, soldados do Exército e da Aeronáutica devem percorrer todos os bairros de Curitiba, em busca de possíveis locais de propagação do mosquito.

Em visita a Belo Horizonte (MG), como parte da campanha nacional de combate ao zika vírus, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, foi recebido em um posto de saúde bem cuidado e com boas condições físicas. Parte dessa aparência, segundo relatos de moradores da região, foi alcançada após uma "maquiagem" feita no edifício antes da chegada das autoridades.

Além de Barbosa, participaram do ato o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, e o secretário de Governo de Minas Gerais, Odair Cunha. A dona de casa Sandra Piedade, que mora ao lado do Centro de Saúde São José Operário, na região leste da capital mineira, reparou em alguns procedimentos feitos no local. "Só porque eles vêm aqui, trocaram a luz, pintaram o posto, estão fazendo aquela maquiagem", disse. O muro do edifício, antes pichado, agora está coberto com uma tinta verde nova.

##RECOMENDA##

Minutos antes de Barbosa chegar, quatro operários da prefeitura de Belo Horizonte ainda trabalhavam para retirar o capim que crescia entre as placas de concreto da calçada em frente ao posto de saúde. Segundo o presidente do conselho local de saúde, Gilberto Moitinho, que faz o contato entre a comunidade e o poder público, esse tipo de manutenção não é frequente. "Pedimos sempre, mas nunca conseguimos", afirmou.

A assessoria de imprensa da prefeitura de Belo Horizonte informou que os procedimentos de manutenção do prédio são rotineiros.

Enquanto as autoridades chegavam ao local, moradores brincavam que iriam pedir para o ministro da Fazenda liberar mais dinheiro para a Saúde, mas não chegaram a abordar Barbosa. Em entrevista, o ministro disse que o combate ao mosquito aedes aegypti é uma prioridade nacional. "Vamos preservar os recursos necessários para combater essas doenças", ressaltou.

Somente no bairro onde esteve o ministro, foram registradas 183 notificações de dengue neste ano, já com a confirmação de 27 casos. Em Belo Horizonte, entre 11,8 mil notificações, quase 2,4 mil pessoas foram confirmadas com dengue neste ano.

Os ministros da Ciência e Tecnologia, Saúde e Educação se reúnem na segunda-feira (15) com o BNDES para fechar um pacote de apoio à pesquisa sobre as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Ministros avaliam que crise na saúde é urgente e não será alvo de contingenciamento econômico. "O governo já sinalizou que o dinheiro que for necessário virá, mas só vamos anunciar quando tivermos as coisas todas amarradas", afirmou o ministro da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, que evitou falar em valores. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Algumas horas depois do Corpo de Bombeiros ter anunciado que pesquisadores estavam usando a ilha de Fernando de Noronha como piloto de um projeto para exterminar 80% dos mosquitos Aedes aegypti no arquipélago, a Fiocruz veio a público desmentir a informação.

Segundo a nota da Fundação Oswaldo Cruz, a pesquisa, ainda em curso, desenvolvida pela instituição, em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco, não dispõe de nenhum resultado que afirme isso. A Fiocruz afirma que o que há é um estudo envolvendo uso de energia nuclear numa técnica de controle do mosquito, que, no entanto, ainda está em teste.

##RECOMENDA##

Uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em parceria com o Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães/FIOCRUZ promete reduzir em mais de 80% a população do mosquito Aedes aegypti no Brasil. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o método já vem sendo aplicado no Arquipélago de Fernando de Noronha como projeto piloto.

[@#video#@]

##RECOMENDA##

Sobre os detalhes da pesquisa, a assessoria da FIOCRUZ diz que o estudo precisa passar por certos protocolos antes de ser divulgado, sendo um deles a autorização do financiador da própria pesquisa, no caso o Ministério da Saúde. A pesquisa está sendo desenvolvida pelas pesquisadoras Sloana Lemos, Professora Dra. Edvane Borges e Professora Dra. Alice Varjal.

Energia nuclear - Horas depois, com a repercussão da informação divulgada pelos Bombeiros, a Fiocruz desmentiu que tenha resultados da pesquisa, realizada com energia nuclear.  

O governo federal promove neste sábado (13) o Dia Nacional de Mobilização para o Combate ao Aedes aegypti. A ideia é mobilizar famílias no combate ao mosquito transmissor do Zika, que também é vetor da dengue e da chikungunya.  Três milhões de famílias deverão ser visitadas em suas casas, em 350 municípios.

Para isso, a presidenta Dilma Rousseff determinou o deslocamento de seus ministros a vários estados a fim de participar ativamente da mobilização, conversando com prefeitos, governadores e batendo nas portas das casas. Os destinos de alguns membros do primeiro escalão já foram definidos, como os do titular da Saúde, Marcelo Castro, que seguirá para Salvador, e do chefe da Casa Civil, ministro Jaques Wagner, que irá a São Luís.

##RECOMENDA##

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, irá para Aracaju; a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, visitará o Recife; o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, participará da ação em Maceió, e Ricardo Berzoini, titular da Secretaria de Governo da Presidência da República, viajará a Manaus.

O ministro da Defesa, Aldo Rebelo, por sua vez, irá a São Paulo. Ele vai se encontrar com o governador do estado, Geraldo Alckmin, em Campinas. “Estaremos presente nos estados. Acho que a presença dos ministros é um testemunho do compromisso e do esforço do governo federal para a contenção do mosquito e dos males que ele causa”, afirmou Rebelo.

As Forças Armadas deslocaram cerca de 220 mil militares para a ação. Eles vão acompanhar os agentes de saúde no trabalho de conscientização, casa a casa. Foram usados dois critérios para definir as cidades que serão visitadas na campanha; municípios com a presença de unidades militares e os com maior incidência do mosquito Aedes aegypit, conforme dados do Ministério da Saúde.

“A campanha é de mobilização, de convocar a população a fazer parte do esforço de combate ao mosquito e essa mobilização terá que ser feita de casa em casa. Nosso propósito é alcançar pelo menos 3 milhões de domicílios e distribuir pelo menos 4 milhões de folhetos neste sábado”, acrescentou Aldo Rebelo.

Emergência internacional

No início do mês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou emergência internacional de saúde pública em virtude do aumento de casos de microcefalia associados à contaminação pelo vírus Zika. A situação é preocupante, segundo a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, por causa  de fatores como a ausência de imunidade entre a população, a falta de vacinas, tratamentos específicos e testes de diagnóstico rápidom além da possibilidade de disseminação global da doença.

Transmitido pelo Aedes aegypiti, o mesmo transmissor da dengue e da chikungunya, o Zika provoca dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Outros sintomas menos frequentes são inchaço no corpo, dor de garganta, tosse e vômitos. A grande preocupação, no entanto, é a relação entre o Zika e a ocorrência de microcefalia.

As lindas bromélias do jardim não significam o mesmo para a dona de casa e para o agente caça-mosquitos que rastreia nas folhas desta planta a presença do inimigo. "Aqui tem uma larva!", exclama Márcio Hoglhammer, um dos agentes de saúde da cidade de São Paulo que se dedicam à caça ao Aedes aegypti.

Este mosquito é o mais famoso vetor de alguns vírus, como os da febre amarela, dengue, chikungunya e o zika, que provoca temores por seu vínculo com uma explosão de casos de bebês nascidos com microcefalia no Brasil e em outros países da América Latina.

São desconhecidos ainda muitos aspectos do vírus, e não está claro se ele pode ser transmitido de pessoa a pessoa. Os cientistas estudam se pode haver contágio por via sexual, através da saliva e da urina, e suspeitam de que o zika esteja por trás de um aumento de síndromes neurológicas como a Guillain-Barré.

O agente mostra a espécie de seringa com a qual retirou a água armazenada entre as folhas côncavas e, olhando contra a luz, explica: "Encontrei uma larva de Aedes aegypti. Esta planta é um grande criadouro". "Eu lhes recomendo que, se não vão cuidar desta planta como é necessário, melhor a trocarem por outras. O mosquito não precisa ter uma selva, mas sim plantas específicas para se reproduzir", explicou o agente à surpresa dona de casa, Juliana Matuoka, 43 anos, que ainda se recupera da dengue que teve no final de janeiro.

Casa por casa

O Brasil declarou situação de emergência de saúde pública em novembro passado, após constatar um aumento inédito de casos de bebês nascidos com microcefalia no nordeste, que, depois, foi vinculado à circulação do vírus zika na mesma região.

A partir desse momento, o governo anunciou um plano nacional de combate ao Aedes aegypti que, entre outras medidas, ampliou de 43.000 para quase 310.000 a quantidade de agentes de saúde que inspecionam domicílios em todo o país para identificar possíveis criadouros do mosquito, aplicar veneno contra larvas em cisternas, piscina e caixas d'água, e informar os habitantes sobre as medidas de prevenção.

No elegante bairro de Alto Pinheiros, no oeste da cidade, um grupo de agentes da prefeitura de São Paulo acompanhados de jovens militares percorrem as casas. Querem verificar se há criadouros de mosquitos, se as famílias estão em risco de contrair um vírus ligado ao Aedes aegypti e orientá-las sobre o combate a este inseto.

Até agora, a mais rica cidade brasileira é mais atingida pela dengue do que pelo vírus zika, que está presente, sobretudo, nos estados mais pobres e quentes do nordeste do país. Mas como o vetor é o mesmo, as autoridades esperam que esta campanha funcione também como prevenção, diante de um vírus que se expande rapidamente.

Mais de 30% das casas do país já foram visitadas por agentes de saúde e militares para combater o mosquito, em torno de 20,7 milhões de imóveis, anunciou nesta sexta-feira o Ministério da Saúde.

As operações realizadas em São Paulo nesta semana são similares às que ocorrerão em todo o Brasil no sábado 13 de fevereiro, dia de mobilização nacional contra o mosquito e quando 220.000 militares das três Forças Armadas irão casa por casa para informar aos cidadãos como lutar contra o mosquito inimigo.

Efetividade incerta

Hoglhammer disse que há alguns dias,com uma equipe de cinco ou seis pessoas, visitou quase 300 casas em um único dia, mas, ainda assim, trata-se de um trabalho de formiga, de eficácia incerta.

As equipes de combate ao mosquito Aedes aegypti já operam há anos em São Paulo, mas, ultimamente, o serviço "está sobrecarregado", reconhece Hoglhammer. "Não sei se temos grande alcance", comenta, sobre a eficácia deste tipo de operação em um país de 200 milhões de habitantes.

Além das visitas casa por casa, as ruas de certos bairros com focos mais propícios para o mosquito estão sendo fumegadas.

Mas nem assim está garantida a eliminação dos insetos: o veneno mata as espécies adultas que estão circulando, mas é muito difícil que alcance os ovos ou larvas que estão se formando, por exemplo, entre as folhas de uma bromélia no quintal de uma casa.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando