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O secretário do Tesouro Nacional, Otávio Ladeira, reconheceu nesta quinta-feira, 28, que a postergação da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre os juros das dívidas dos Estados com manutenção das liminares a favor dos entes durante esse período traz riscos para o não cumprimento da meta fiscal do governo. Ontem, o STF adiou por 60 dias a decisão sobre a contabilização de juros simples ou compostos nos débitos estaduais.

"A contabilização de juros simples nas dívidas dos Estados que obtiveram liminares terá um efeito de R$ 2,5 bilhões nas contas da União em abril. Estamos ainda calculando qual será o impacto de maio e junho da decisão do STF. Não temos esse número ainda", acrescentou.

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Ladeira explicou que, no momento que Estados têm mais recursos disponíveis, eles podem usá-los para pagar salários. "Isso afetaria o resultado primário dos entes, e consequentemente o do setor público", explicou.

O secretário lembrou que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) vigente em 2016 considera que o governo federal deverá compensar caso os Estados não alcancem o resultado fiscal. "Neste sentido, a postergação da decisão pelo STF traz riscos para o não cumprimento da meta fiscal do governo", concluiu.

Bolsa Família

Ladeira disse que o Orçamento do governo federal deste ano prevê a possibilidade de reajuste do Bolsa Família, mas afirmou que essa decisão só deve ser tomada após a aprovação pelo Congresso Nacional da nova meta fiscal solicitada pela equipe econômica.

"Existe espaço no Orçamento para um reajuste de até R$ 1 bilhão para o Bolsa Família. No entanto, o Ministério da Fazenda entende que o espaço fiscal atual não permite essa ampliação. Esse assunto deverá ficar para quando a nova meta for aprovada", completou. (

Receitas e despesas

Segundo Ladeira, o efeito da mudança do calendário de arrecadação do PIS/Pasep colaborou para a redução de 5% nas receitas totais do governo no primeiro trimestre do ano em comparação com igual período de 2015. "Até então esses pagamentos eram feitos pelos contribuintes no primeiro semestre do ano, mas agora serão pagos apenas no segundo semestre", explicou.

Para o secretário, não houve nenhum grande destaque na evolução das receitas do Governo Central, que vêm apresentando quedas mês a mês devido à fraca atividade econômica.

Já do lado das despesas, ele destacou que os pagamentos do abono salarial e do seguro- desemprego tiveram aumento em relação ao ano anterior. As despesas totais do Governo Central cresceram 5,2% no primeiro trimestre deste ano.

Investimentos totais

Os investimentos do governo federal registraram uma queda real de 6,28% no primeiro trimestre. De acordo com dados do Tesouro, os investimentos pagos somaram R$ 14,144 bilhões no período. Desse total, R$ 12,489 são restos a pagar, ou seja, despesas de anos anteriores que foram transferidas para 2016.

Os investimentos com o Programa de Aceleração Econômica (PAC) somaram R$ 3,626 bilhões em março e R$ 10,652 bilhões nos três primeiros meses do ano. As despesas com o PAC tiveram um incremento real de 11,9 % em março, mas registraram uma queda real de 8,0% no trimestre

A Advocacia-Geral da União (AGU) defendeu nesta quarta-feira (27) no Supremo Tribunal Federal (STF) a cobrança de juros compostos (juros sobre juros) nos contratos das dívidas dos estados com a União.

Segundo a secretária do contencioso da AGU, Gracie Fernandes, uma decisão do Tribunal a favor da cobrança de juros simples, como querem os estados, representaria um “nocaute nas contas públicas”.

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“Uma medida dessa ordem [juros simples], configura verdadeiro nocaute nas contas públicas federais, nocaute capaz de gerar concretamente situação de desemprego, encolhimento das políticas sociais, capaz de gerar uma inibição do crescimento econômico do país”, afirmou.

O Supremo julga nesta tarde se mantém liminares concedidas pelo ministro Edson Fachin aos estados de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais para estabelecer a correção por juros simples.

Segundo a secretária, na década de 1990 a União assumiu as dívidas dos estados, após a crise financeira daquela época. As condições foram mais favoráveis, mas com juros compostos, sempre levados em conta na tramitação das normas sobre o tema.

Dados atualizados pelo Ministério da Fazenda indicam um impacto de R$ 402,3 bilhões nas contas públicas, se todos os estados endividados conseguirem obter a mudança de cálculo.

A decisão a ser tomada pelo Supremo afetará também os consumidores. Na avaliação de especialistas consultados pela Agência Brasil, caso haja decisão definitiva pelos juros simples, os consumidores terão um estímulo ir à Justiça contestar os juros compostos que pagam.

Com a forte queda na arrecadação de tributos, o Governo Central registrou em novembro um resultado deficitário de R$ 21,278 bilhões, o pior desempenho para todos os meses do ano da série histórica, que tem início em 1997. O resultado reúne as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central.

Com isso, o resultado primário até novembro foi deficitário em R$ 54,33 bilhões, também o pior resultado para o período da história. De janeiro a novembro do ano passado, o primário acumulava déficit de R$ 18,282 bilhões. Em 12 meses, o Governo Central apresenta déficit de R$ 53,4 bilhões - o equivalente a - 0,9% do PIB.

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Receitas

O resultado de novembro representa uma queda real de 18,5% nas receitas em relação a novembro do ano passado. As despesas também tiveram queda real de 4,2%. Até novembro, as receitas do Governo Central recuaram 6,6% e as despesas caíram 3,4%.

O resultado de novembro ficou dentro das expectativas do mercado financeiro - levantamento realizado pelo AE Projeções mostrou um intervalo das expectativas de um déficit entre R$ 9,700 bilhões e R$ 30,100 bilhões, com mediana negativa em R$ 17,250 bilhões.

Tesouro

As contas do Tesouro Nacional registraram um déficit primário de R$ 6,433 bilhões em novembro. No ano, as contas do Tesouro Nacional registram superávit de R$ 37,391 bilhões.

No mês passado, o resultado do INSS foi um déficit de R$ 14,797 bilhões e de R$ 88,859 bilhões de janeiro a novembro. Já as contas do Banco Central tiveram saldo negativo de R$ 47,4 milhões em novembro e de R$ 570,1 milhões no acumulado do ano até novembro.

Investimentos

Os investimentos do governo federal registram um queda real de 38,1% de janeiro a novembro, na comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com dados do Tesouro, os investimentos pagos somaram R$ 51,491 bilhões no período. De restos a pagar foram R$ 32,184, ou seja, despesas de anos anteriores que foram transferidas para 2015. Em novembro, as despesas com investimentos foram de R$ 3,676 bilhões, com queda de 30,8% sobre o mesmo mês de 2014.

Os investimentos com o Programa de Aceleração Econômica (PAC) somaram R$ 2,258 bilhões em novembro e R$ 36,329 bilhões nos onze primeiros meses do ano. As despesas com o PAC caíram 16,3% em novembro e 40,4% no acumulado do ano.

Dividendos

O caixa do governo federal recebeu um reforço extra de R$ 18,2 milhões em dividendos pagos pelas empresas estatais em novembro. Desse total, R$ 5,2 milhões foram pagos pelo IRB. De janeiro a novembro, as receitas com dividendos somaram R$ 6,057 bilhões, queda de 66,2% em relação ao mesmo período do ano passado.

Já as receitas com concessões totalizaram R$ 69,9 milhões em novembro e R$ 5,699 bilhões de janeiro a novembro.

Mesmo com dificuldades em aprovar as principais propostas de austeridade nas contas públicas, o governo tenta montar um cardápio de medidas para a fase do pós-ajuste fiscal e deve ressuscitar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, abandonado no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.

Em reunião realizada ontem, 6, com Dilma e ministros, no Palácio da Alvorada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ações mais rápidas do governo para mostrar que tem capacidade de reagir à crise.

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"A gente precisa dar um sinal de que está governando o País", disse Lula, segundo relato de um participante do encontro. "Não podemos mais ficar na mesmice do economês", acrescentou, insistindo na necessidade de Dilma reconstruir a base aliada no Congresso, viajar mais pelo País e "vender" esperança para recuperar popularidade.

A ideia de retomar os debates no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, abrigado na Casa Civil, ganhou força a partir da constatação de que aquele fórum, criado no primeiro mandato de Lula, pode produzir sugestões de impacto para uma agenda positiva. Batizado de Conselhão, o colegiado é formado por representantes do governo, dos trabalhadores e dos empresários, mas nunca mais se reuniu.

Lula ainda insiste na liberação de mais crédito, por parte dos bancos públicos, para a retomada do crescimento. A medida sofre resistências por parte da equipe econômica, mas Dilma já começa a admitir que é preciso reativar, de forma gradual, o consumo das famílias.

Antes do encontro no Alvorada, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, telefonou para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na tentativa de evitar novos ruídos com o aliado peemedebista e pedir ajuda para a aprovação do balanço contábil de 2014 do governo, rejeitado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Wagner também conversou com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que pode dar sequência ao pedido de impeachment contra Dilma.

Renan queria adiar a análise das contas por 45 dias, mas Dilma abriu mão do prazo, confiante em virar o ano sem a ameaça do impedimento batendo à sua porta. Foi convencida a enviar logo as explicações para as chamadas "pedaladas fiscais" - manobras contábeis feitas com o objetivo de esconder determinados gastos - pela presidente da Comissão Mista de Orçamento, Rose de Freitas (PMDB-ES).

O problema é que Renan não gostou da articulação feita pelo Palácio do Planalto diretamente com Rose, uma senadora que não é do seu círculo político. Na outra ponta, Cunha se queixou da aproximação de Dilma com o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), considerado o candidato do governo para a sucessão na Câmara.

Diante do mal-estar, Lula pediu a Wagner, então, que apagasse o novo foco de incêndio nas fileiras do PMDB. Ao antecipar o envio de sua defesa ao Senado, Dilma quis indicar que não tem nada a temer e está certa da derrubada do parecer do TCU pelo Senado. Na reunião de ontem, porém, o ex-presidente mostrou preocupação com o clima de beligerância no Congresso, principalmente na Câmara comandada por Cunha.

Na quarta-feira, 4, o governo foi obrigado a fazer acordo na Câmara para adiar a votação do projeto de lei que trata da repatriação de recursos mantidos ilegalmente no exterior, após avaliar que, se insistisse no assunto naquele dia, sofreria uma derrota. A proposta, agora, será levada a plenário na próxima terça-feira.

No diagnóstico de Lula, apesar da agenda negativa provocada pelo ajuste fiscal e pelas investigações da Polícia Federal, que cada vez mais o atingem, a coordenação política do Palácio do Planalto tem tudo para acertar o passo. "Nós não podemos mais errar", tem repetido o ex-presidente, em todas as reuniões com ministros e deputados do PT. Wagner e outros dois ministros, Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo, e Edinho Silva, da Comunicação Social, são homens da confiança de Lula no Planalto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo federal estendeu até 31 de dezembro o prazo para desbloqueio dos restos a pagar não processados pelos órgãos do Executivo. Esta é terceira prorrogação da data limite, inicialmente marcada para 30 de junho, depois para 31 de agosto e, em seguida, para 31 de outubro. A decisão está publicada em decreto no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira (30).

O decreto diz que "as unidades gestoras responsáveis pela execução das despesas poderão desbloquear, até 31 de dezembro de 2015, os restos a pagar não processados, desde que, até essa data, seja iniciada a execução das despesas". Restos a pagar são despesas empenhadas que não foram pagas no período do exercício financeiro. As despesas não processadas são aquelas que foram empenhadas, mas não foram liquidadas e pagas antes do fim do ano.

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O rombo fiscal em 2015 pode chegar a R$ 110 bilhões, caso as "pedaladas fiscais" sejam integralmente corrigidas pelo governo federal até o fim do ano. Esse é o potencial de déficit primário, segundo revelou o secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive.

De acordo com ele, a conta total das dívidas atrasadas (as pedaladas) pelo governo junto a bancos públicos (BNDES, Caixa e Banco do Brasil) e junto ao FGTS é de cerca de R$ 50 bilhões. Como o déficit do setor público consolidado (União, Estados e municípios) agora é estimado em R$ 51,8 bilhões, mas pode chegar a R$ 60 bilhões caso sejam frustradas a entrada de receitas oriundas dos leilões de hidrelétricas, previstos para ocorrer em 25 de novembro, o rombo total pode chegar, portanto, a R$ 110 bilhões.

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O secretário falou com jornalistas nesta quinta-feira, 29, após apresentar os resultados fiscais do mês de setembro, divulgados pela manhã.

No caso específico do governo central (formado por Tesouro, Banco Central e Previdência), o rombo pode chegar a quase R$ 113 bilhões no ano, isso porque essa conta não leva em consideração o superávit esperado de R$ 2,9 bilhões para Estados e municípios.

O secretário disse que, apesar do desempenho ruim do resultado primário em setembro, o governo está fazendo a sua parte e reduzindo gastos públicos. "O governo está fazendo o esforço fiscal necessário e possível, dentro da rigidez orçamentária existente", afirmou.

Ele exemplificou a redução expressiva nas despesas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e disse que a queda é expressiva porque as obras do programa estão sendo reprogramadas.

Após a divulgação da ata do Copom, Saintive afirmou que a equipe econômica vem assinalando que existem medidas no âmbito do Legislativo que precisam ser tomadas de forma rápida, mas que isso não impede que o Banco Central sinalize a convergência da inflação para 2017.

"O BC entende o esforço fiscal que vem sendo feito", disse Saintive. Segundo o secretário, há a possibilidade de retorno dos recursos do BNDES referente á decisão do CMN em relação ao PSI aconteçam ainda esse ano. "A probabilidade de essa operação ocorrer esse ano é alta", disse.

Com um déficit fiscal de R$ 6,9 bilhões, o secretário afirmou que este resultado poderia ser pior caso o pagamento do 13º salário dos aposentados tivesse sido contabilizado. Esses valores só afetarão o resultado de outubro. Questionado sobre possíveis despesas adicionais este ano, o secretário brincou e afirmou que espera que não tenham novas despesas. "Chega de surpresa", frisou.

Sem atrasos

Em meio aos questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as chamadas pedaladas fiscais, o secretário afirmou que, em 2015, o governo não está atrasando os repasses do bolsa família e seguro desemprego. Questionado se o governo estaria pedalando este ano, Saintive respondeu "claro que não".

"Este ano, está tudo em dia, todas as transferências estão sendo feitas no momento exato", destacou. Segundo ele, o objetivo do governo é pagar todos os passivos deixados pelas chamadas pedaladas fiscais. De acordo com o secretário, no fim de 2014 havia um estoque de R$ 50 bilhões e já foram pagos R$ 17 bilhões desse montante.

Ainda de acordo com o secretário, o governo está buscando quitar passivo com bancos públicos e pretendemos fazer proposta após acórdão do TCU. "Temos mantido contatos técnicos com o TCU, toda a nossa gestão fiscal ao longo de 2015 tem sido orientada levando em conta as recomendações do TCU, mas não foi apresentada formalmente porque o acórdão não terminou", frisou.

Para ele, alguns passivos podem ser pagos de forma escalonada e outros de forma imediata, a depender da proposta. "Estamos estudando para cada rubrica uma forma diferente de tratamento, mas isso tem que passar com uma conversa com o TCU", afirmou.

As contas do Tesouro Nacional registraram um superávit primário de R$ 2,807 bilhões em setembro, de acordo com dados divulgados na manhã desta quinta-feira (29). No ano, o superávit primário acumulado nas contas do Tesouro Nacional é de R$ 33,911 bilhões.

As contas do INSS registraram déficit de R$ 9,690 bilhões em setembro e de R$ 54,254 de janeiro a setembro. Já as contas do Banco Central tiveram saldo negativo de R$ 49 milhões em setembro e déficit de R$ 594,7 milhões nos nove primeiros meses do ano.

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Nos nove primeiros meses sob o comando da nova equipe econômica, os investimentos do governo registram um queda real de 38,1%. De acordo com dados do Tesouro, os investimentos pagos somaram R$ 43,008 bilhões no período. Em setembro, as despesas com investimentos foram de R$ 5,411 bilhões, com queda de 43,3% sobre o mesmo mês de 2014.

Os investimentos com o Programa de Aceleração Econômica (PAC) somaram R$ 3,199 bilhões em setembro e R$ 31,011 bilhões nos nove primeiros meses do ano. As despesas com o PAC caíram 34,8% em setembro e 41% no acumulado do ano.

Dividendos

O caixa do governo federal recebeu um reforço extra de R$ 594 milhões em dividendos pagos pelas empresas estatais em setembro, com queda real de 66,6% ante mesmo mês do ano passado.

Desse total, R$ 592,5 milhões foram pagos pelo Banco do Brasil e R$ 1,5 milhão pelos demais. De janeiro a setembro, as receitas com dividendos somaram R$ 6,115 bilhões, queda de 68,9% em relação ao mesmo período do ano passado.

Já as receitas com concessões totalizaram R$ 65,8 milhões em setembro e R$ 5,660 bilhões de janeiro a setembro.

O líder do Democratas (DEM) na Câmara Federal, deputado Mendonça Filho, avaliou a decisão do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) de pedir o afastamento do ministro do Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes, da relatoria das contas da gestão como uma “manobra para impedir a livre atuação” do TCU. Para ele, é obrigação do Congresso Nacional barrar “essa intimidação do governo” já que a avaliação do TCU respalda os votos dos parlamentares na análise das contas públicas. 

“O TCU não é tribunal judiciário. É um órgão auxiliar do Legislativo. Essa posição do Governo reafirma a incoerência do modo petista de ser: quando o pronunciamento é a favor do PT é legítimo. Quando é contra, é suspeito”, disse, destacando que a oposição não vai aceitar essa manobra. “O Congresso deve se pronunciar sobre essa intimidação do Governo ao ministro e ao TCU. É dever do Legislativo respaldar e garantir a liberdade de atuar do TCU. O ministro Nardes não pode ser afastado porque contraria o Governo”, acrescentou.

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Na visão de Mendonça essa interpretação da gestão petista de que o ministro pode antecipar seu voto “é questionável”. O parlamentar anunciou que vai mobilizar toda a oposição para denunciar e combater essa manobra do Governo Dilma, para se livrar da rejeição de suas contas. “A sociedade tem que saber que tudo isso não passa de mais uma tentativa de se livrar da rejeição das contas, por conta das pedaladas fiscais e ficar mais distante do impeachment”, criticou.  

O TCU avalia se atrasos nas transferências do Tesouro Nacional a bancos públicos para pagamento de programas sociais, como o Bolsa Família, feriram a Lei de Responsabilidade Fiscal. A manobra, chamada de “pedalada fiscal”, tem sido o argumento da oposição para pedir o impeachment da presidente. A apreciação das contas do TCU está marcada para a próxima quarta-feira (7). 

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Em meio a um mercado volátil e com o dólar acima dos R$ 4,00, o secretário do Tesouro Nacional, Marcelo Saintive, afirmou que o Tesouro Nacional está preparado para qualquer crise que venha a ser enfrentada e que tem um bom caixa. Segundo o secretário, o Tesouro está pronto para atuar. "O mercado está muito volátil e precisamos de serenidade para a escolha da estratégia", disse. "Se for necessário, Tesouro fará nova sequência de leilões", frisou.

Para ele, as aberturas de capital tanto do IRB quanto da Caixa Seguridade, que ajudariam nos resultados fiscais deste ano, ainda fazem parte das previsões do governo e ressaltou que não recebeu sinalização para interromper as operações de IPO.

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O secretário ponderou ainda que a abertura de capital do IRB, que estava prevista para acontecer até o dia 2 de outubro, pode ser postergada. "Podemos sempre adequar o programa", disse. Sobre a Caixa Seguridade, Saintive ressaltou que ainda não há decisão sobre se o IPO acontecerá ainda em 2015.

Com dificuldades para reduzir despesas de peso e tentado reverter a queda na arrecadação, o governo fará um esforço para cortar gastos administrativos e dar mais eficiência à contratação de serviços. Uma das novidades é a criação de um aplicativo para o transporte de servidores federais, uma espécie de "Uber" do governo.

Ao invés de cada órgão ter veículos próprios, como é hoje, será contratada uma frota terceirizada única. Estão na lista ainda mudanças nas contratações de serviço de segurança, limpeza, manutenção predial, energia elétrica e cartas e encomendas.

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"São pequenas economias quando você compara com o R$ 1,2 trilhão que é a despesa do governo, mas é uma questão de eficiência no gasto. Uma sinalização de que o governo está preocupado com isso, está mantendo uma gestão austera dos custos", disse à reportagem o secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Dyogo Oliveira.

Segundo Oliveira, o governo deverá fechar a modelagem para uma licitação unificada que contratará o serviço de transportes até o fim do ano.

Integrante mais famoso da família de aplicativos para transportes de passageiros, o Uber foi criticado pela presidente Dilma Rousseff na semana passada. A presidente disse que o aplicativo "tira o emprego dos taxistas", mas reconheceu que "a tecnologia sempre produziu isso no mundo". "É uma polêmica. Eu acho que o Uber é complexo porque tira emprego de muitas pessoas", disse, acrescentando que o serviço depende da regulamentação de Estados e municípios. "Não é a União que decide isso".

A intenção do governo não é recorrer aos serviços do Uber. A ideia é que a empresa contratada desenvolva um aplicativo, a exemplo dos existentes hoje para serviços de táxi e transportes de passageiros. Cada servidor terá acesso ao aplicativo e, depois de se registrar, chamará um carro para se locomover a trabalho pela tela de seu telefone.

A expectativa é economizar cerca de 20% do montante gasto atualmente com frota, que é de quase R$ 200 milhões por ano. O serviço deverá ser utilizado em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo. "Com isso, conseguiremos otimizar a utilização dos veículos. Hoje temos dificuldade de fazer a manutenção de frota, é um gasto difícil de controlar", explicou Oliveira.

A empresa contratada deverá receber por quilômetro rodado, o que o governo considera mais fácil de acompanhar, já que o próprio aplicativo registra os trajetos percorridos. "É um mecanismo muito ágil de controle, muito mais eficaz do que ficar administrando frotas próprias", completa o secretário.

O governo continuará tendo carro próprio apenas para o transporte de ministros e autoridades e para aplicações específicas, como ambulância e carros policiais e militares.

Segurança

Outra questão em estudo é a contratação unificada de serviço de limpeza, conservação, copeiragem, vigilância, portaria e manutenção predial para todos os órgãos do Executivo.

Atualmente, esses serviços são licitados separadamente por cada órgão ou ministério, que na maioria das vezes contratam cooperativas que terceirizam o serviço. "Muitas vezes temos problemas, as empresas deixam os trabalhadores sem receber. Temos que estudar um modelo de contratação que gere redução de custo e também mais segurança para as pessoas que vão trabalhar", acrescenta o secretário.

Também deverão ser revistos os contratos dos órgãos públicos para o fornecimento de energia elétrica e de serviços postais, que também terão a contratação unificada.

O governo repetiu na semana passada uma manobra que está na mira do Tribunal de Contas da União (TCU) no julgamento das contas da presidente Dilma Rousseff em 2014. Ao anunciar a redução da meta fiscal deste ano, na quarta-feira, a equipe econômica aplicou, baseada nessa nova previsão, um corte de R$ 8,6 bilhões nos gastos públicos. Esse bloqueio no orçamento foi embasado na nova meta, que, no entanto, ainda precisa ser aprovada pelo Congresso.

No processo de análise das contas de 2014, o TCU aponta como uma das distorções, ao lado das "pedaladas fiscais", operação semelhante, feita sem aval do Legislativo. Em novembro do ano passado, em vez de cortar R$ 28,5 bilhões em gastos, o governo liberou R$ 10 bilhões com base na provável aprovação, pelo Congresso, do projeto que alterava a meta fiscal. Os ministros do TCU sustentam, com base em acórdão aprovado no mês passado, que a operação foi irregular. A justificativa é que o governo "utilizou" a gestão orçamentária de 2014 "para influir na apreciação legislativa do projeto de lei 36/2014", em referência à proposta que alterava a meta fiscal do ano passado. Essa é uma das distorções que podem levar a corte a uma inédita rejeição das contas federais. A oposição conta com essa reprovação para reforçar a tese de impeachment de Dilma.

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A semelhança entre as operações preocupa o Planalto. Numa reunião sobre o quadro fiscal do governo na semana passada, a presidente e ministros da área econômica discutiram o assunto. Avaliaram, no entanto, que a defesa para a manobra do ano passado, recém-apresentada ao TCU, serviria para justificar também o que foi feito agora.

O TCU decidiu conceder 30 dias para a presidente esclarecer os problemas nas contas do ano passado. A defesa formal, com mais de mil páginas, foi entregue na quarta-feira ao tribunal. No documento, o governo argumenta que um corte de gastos públicos de R$ 28,5 bilhões em novembro de 2014 "levaria inevitavelmente ao agravamento da situação econômica já desfavorável". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O secretário do Tesouro do Reino Unido, George Osborne, anunciou nesta terça-feira (21) planos de vender bilhões de libras em terras públicas. A decisão é tomada no momento em que números oficiais mostram que o déficit do país continua a diminuir.

Osborne lançou uma revisão de gastos deste ano no país, com o objetivo de detalhar de onde virão as 20 bilhões de libras (US$ 31,2 bilhões) em cortes planejados. Os órgãos do governo serão encarregados de especificar até 25 de novembro como irão contribuir para a meta do governo de vender pelo menos 150 mil residências do setor público até 2020.

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O governo já vendeu terras com capacidade para abrigar 100 mil residências nos últimos cinco anos, informou o Tesouro, levantando mais de 1,7 bilhão de libras e economizando mais 800 milhões de libras em custos. Mas os contribuintes ainda detêm mais de 300 bilhões de libras em terras e edifícios - algo que Osborne pretende reduzir.

O setor público do Reino Unido emprestou 9,4 bilhões de libras em junho, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas. O número exclui os empréstimos dos bancos estatais. Desde o início do ano fiscal em abril, os números de empréstimo têm sido positivos para Osborne, que tem como uma de suas metas principais o equilíbrio nas contas do governo. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o governo emprestou cerca de 800 milhões de libras a menos.

O Escritório para Responsabilidade Orçamentária, um monitor fiscal independente do Reino Unido, prevê que o Tesouro atinja um superávit em 2020. Fonte: Dow Jones Newswires.

O julgamento das contas do governo da presidente Dilma Rousseff pelo Tribunal de Contas da União (TCU) trouxe à tona a existência de um vácuo legal de 15 anos sobre a forma de se fazer a contabilidade pública no Brasil. Pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), cabe ao Congresso aprovar uma lei fixando uma metodologia de apuração dos resultados primário e nominal do setor público.

Até agora, contudo, o Legislativo "dormiu" sobre a tarefa e, desde 2012, o TCU passou a cobrar que o Senado aprove uma norma estabelecendo os conceitos e os parâmetros referentes ao controle da política fiscal. Para o tribunal, o Banco Central - instituição que tem adotado uma metodologia própria para elaborar a contabilidade do governo - não tem autorização legal para suprir a omissão do Senado.

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Em uma solução precária, nos projetos de lei de diretrizes orçamentárias que envia ao Congresso desde 2000, o governo tem indicado o BC como o responsável pela apuração do resultado para fins de cumprimento das metas. Contudo, o TCU tem defendido a aprovação de uma lei que fixe a metodologia. "Essa medida é fundamental para garantir a transparência e compreensão dos resultados fiscais alcançados pelo governo federal", decidiu o tribunal em 15 de abril.

Alternativa

Parlamentares já começaram a discutir uma saída que deve aumentar a influência do Congresso na política fiscal brasileira. O senador José Serra (PSDB-SP) articula com lideranças do governo a apresentação de um projeto para determinar essa metodologia e criar dois conselhos responsáveis por monitorar as contas públicas e impedir que manobras como as "pedaladas" se repitam. Nesse cenário, o Brasil poderá ter de conviver com duas metodologias: a que já é usada pelo BC e uma que ficará a cargo do Tesouro, conforme regras a serem definidas pelo Senado.

A intenção é de que esses dois conselhos tenham corpo técnico vinculado ao Poder Legislativo, formados por pessoas de notório saber e apartidárias. "Não poderá ser um cabide de emprego", disse um assessor econômico envolvido na elaboração do projeto de lei.

A ideia é apresentar o projeto para tramitar conjuntamente com uma proposta que trata da fixação de limites para a dívida consolidada da União. Serra apresentou um parecer sobre essa última proposta no mês passado, mas o texto precisa ser votado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Depois, terá de ser votada pelos pelo plenário do Senado e pela Câmara.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o presidente da CAE e líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), quer colocar as propostas em votação no início do segundo semestre, após a aprovação das propostas de ajuste fiscal pelo Congresso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Palácio do Planalto já se mobiliza para tentar reduzir a pressão feita por Estados e municípios para avançar sobre recursos federais em um momento de penúria dos cofres públicos. Ciente das dificuldades e sem recursos para oferecer aos governos regionais, a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, têm discutido nos últimos dias antecipar o lançamento de um pacote de reforma tributária para contrapor a ação no Congresso.

As duas principais armas do governo são a reforma do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para operações interestaduais e a do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). A avaliação é que tais mudanças poderiam aliviar o caixa de Estados e municípios e desarmar a pauta legislativa que se forma contra o governo federal.

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O Executivo estuda apresentar uma proposta de reforma do ICMS até o fim do mês. Levy tem discutido com assessores e parlamentares aliados uma forma de dar compensações para Estados com eventual perda de arrecadação provocada pela redução das alíquotas hoje praticadas. Uma das ideias em debate é criar fundos de desenvolvimento regional e de compensação de receitas, embora o maior nó da área econômica é - diante do cenário de falta de recursos e de ajuste fiscal - decidir quem vai bancá-los.

Outra aposta de Dilma é colocar em votação um projeto que unifique a cobrança do PIS e da Cofins. Pelo menos desde 2013, o governo promete o envio da proposta ao Congresso - no início do ano, a presidente reeleita anunciou mais uma vez que iria apresentar tal iniciativa. Esses tributos incidem sobre o faturamento e poderiam aliviar o setor industrial.

Na avaliação do Planalto, o período mais difícil da crise econômica e política começou a passar. O governo considera que a articulação com o Congresso foi restabelecida. Por isso, a pauta federativa, mesmo causando preocupação ao governo, pode ser abortada ou, pelo menos, contornada. "O Executivo só perde esse debate se quiser", afirmou o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), que tem conversado com frequência com Dilma e Levy sobre a pauta no Congresso. "Se o governo tomar a iniciativa e propor essas reformas, é muito difícil o Legislativo ganhar com a pauta que está em discussão."

Diante da baixa popularidade da presidente Dilma Rousseff, que atravessa uma crise política e econômica, um movimento suprapartidário passou a defender a mudança de uma série de leis e até da Constituição para reduzir a influência da União sobre a gestão dos recursos públicos no País. A intenção do grupo é aprovar, até setembro, propostas no Congresso que aumentem a fatia das receitas repassada pela União a Estados e municípios ou, pelo menos, impedir que o governo federal permita a criação de novas despesas para serem bancadas pelos governos regionais.

A articulação é patrocinada pelos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mas envolve senadores, deputados, governadores e prefeitos de partidos da oposição e até da base, inclusive do PT. Participam dessa discussão os ex-governadores tucanos José Serra (SP) e Antonio Anastasia (MG), a senadora e ex-prefeita paulistana Marta Suplicy (sem partido), o senador e ex-ministro de Dilma Fernando Bezerra (PSB), entre outros.

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Desde março, comissões e grupos de trabalho começaram a ser criados nas duas Casas Legislativas para tentar aprovar as alterações nas leis com o objetivo de alavancar candidaturas de aliados nas eleições municipais do próximo ano e também de candidatos a governos estaduais em 2018. Na próxima terça-feira, por exemplo, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), estará na Câmara para debater o pacto.

As mudanças visam também a garantir condições para a retomada dos investimentos de Estados e municípios sem a necessidade de aportes do governo, como vinha ocorrendo desde gestão Luiz Inácio Lula da Silva. A avaliação do grupo é que, no momento de ajuste fiscal, a União não terá mais capacidade para emprestar recursos ou subsidiar ações nos próximos anos e os entes regionais terão de procurar outras formas de se financiar.

"Politicamente, é o único momento de aprovarmos essas propostas. Esse é o momento de fragilidade do Executivo. Na hora em que ele voltar a se fortalecer, ficaremos novamente à míngua", afirmou o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, um dos principais entusiastas e defensores da mudança na redistribuição de recursos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, enfatizou que cerca de 50% da meta fiscal de 2015 foi alcançada no primeiro quadrimestre deste ano. A meta nominal do governo federal é de R$ 66,3 bilhões e, de janeiro a abril, o superávit primário está em R$ 32,448 bilhões. "Na margem, os desempenhos estão mais alinhados à trajetória", limitou-se a dizer.

Maciel ressaltou, porém, que há uma certa sazonalidade nas contas públicas que favorece o resultado no primeiro semestre do ano. Os números de abril, por exemplo, de acordo com o técnico, costumam estar entre os melhores do ano por causa do ingresso do pagamento de Imposto de Renda para o caixa do governo. Já no segundo semestre, é o governo que tem aumento das despesas, com o pagamento do 13º salário, por exemplo, que começa a ser antecipado para aposentados e pensionistas.

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PIB

Sobre o recuo de 0,2% do PIB no primeiro trimestre, divulgado nesta sexta-feira, 29, pelo IBGE, na comparação com o quarto trimestre de 2014, Maciel avalia que isso mostra o arrefecimento da atividade, o que já era esperado. Ele, no entanto, acredita que a meta fiscal, de R$ 66,3 bilhões de superávit primário, deve ser alcançada. "Tomamos uma série de medidas com o objetivo de ajuste fiscal e de alcançar a meta estabelecida para o ano", afirmou.

Em meio à queda de confiança no cumprimento da meta de superávit primário das contas públicas deste ano, o Ministério da Fazenda quer ampliar entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões as receitas com medidas adicionais de ajuste nas contas públicas.

Paralelamente, a área econômica trabalha numa "agenda do crescimento" com ações para tentar melhorar o ambiente de negócios e evitar uma depressão mais aguda na economia. Essa agenda inclui também um plano para aumentar os investimentos em infraestrutura.

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Segundo apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, as novas medidas para o aumento das receitas estão em gestação para reforçar o caixa e afastar os ruídos formados em torno da capacidade de o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, entregar no fim do ano a meta fiscal de R$ 66,3 bilhões por causa da recessão.

Quanto menor o aumento de receitas que for obtido, maior será o corte necessário do Orçamento da União. Este é um argumento que está na mesa de negociações e vem sendo reforçado por Levy.

A desconfiança em relação ao ajuste aumentou também com a percepção dos investidores em relação aos riscos políticos. Há um risco crescente de redução no alcance nas medidas de aperto nos benefícios sociais operada pelos parlamentares no Congresso - eles também ameaçam aprovar medidas de ampliação dos gastos.

Além de aumento de impostos, o ministro da Fazenda pretende cortar mais desonerações. A área econômica defende a redução da alíquota do Reintegra, programa que devolve tributos aos exportadores de manufaturados, além de fazer uma revisão das desonerações da folha de pessoal.

Subsídios

A redução dos gastos com subsídios com a antecipação do fim do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), medida que não deverá ter impacto fiscal imediato, também está em análise pelo Ministério da Fazenda. Para levar à frente a adoção, o ministro precisa vencer resistências que se formam internamente no governo, na base aliada e, sobretudo, no setor produtivo. O ministro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Armando Monteiro, já admite ajustes no Reintegra, mas luta para manter o PSI.

Com a difícil tarefa de fazer o ajuste com o menor dano para a atividade econômica, Levy também quer concluir uma "agenda de crescimento" para reforçar o canal de confiança com os agentes econômicos e fazer com que o ajuste produza efeitos mais rápidos. Essa agenda está a cargo do secretário de Política Econômica, Afonso Arinos de Melo Franco Neto. O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, também mobilizou a sua equipe na elaboração de medidas de contraponto ao aumento de impostos para reduzir os custos com a burocracia e obrigações tributárias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Marcado por várias turbulências, o primeiro mês do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff foi um "aperitivo" do que pode ser esperado ao longo de 2015. Uma dramática situação fiscal, que eleva a dívida pública, inflação e taxa de juros em alta, risco de racionamento de energia e água e baixo ritmo de crescimento econômico. Embora o termo "recessão" esteja proibido no Palácio do Planalto, a nova equipe econômica tem consciência de que, diante da variedade de problemas, dificilmente o PIB vai reagir neste ano.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que, além do expressivo corte de despesas do Orçamento, que incluirá os gastos com investimentos federais, o governo continua a avaliar aumentos de impostos. Outra saída em estudo, mas ainda embrionária, é reduzir a meta fiscal de 2015 - que ficou mais distante depois do buraco de R$ 32,5 bilhões aberto em 2014.

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O ano passado terminou com o primeiro déficit fiscal das séries históricas do Tesouro Nacional e do Banco Central. O rombo primário de R$ 32,5 bilhões no setor público consolidado (União, Estados e municípios) fez a dívida bruta chegar a 63,4% do Produto Interno Bruto (PIB) - um salto de 6,7 pontos porcentuais, como proporção do PIB, em apenas 12 meses. Isso elevou o déficit nominal a níveis estratosféricos: 6,3% do PIB, o maior nível da história.

Além disso, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o principal indicador de inflação do País, deve ter registrado uma alta de 1,1% no mês passado, segundo estimativa interna do Ministério da Fazenda. Se confirmado, será o pior mês de janeiro, de uma perspectiva inflacionária, em 12 anos. Com mais inflação, a renda disponível para o consumo das famílias é menor.

"Perto dos desafios de hoje, a missão ingrata que tivemos em 2003 é fichinha", disse o economista Alexandre Schwarstman, diretor do BC entre 2003 e 2006. "Os números fiscais são horrorosos e vão exigir foco total ao longo de todo o ano e também de 2016 e 2017. As medidas tomadas vão no caminho certo, mas todos continuam céticos: será que o governo terá pulso firme durante todo o tempo necessário?", disse Schwartsman.

Sinais positivos

Como a nova equipe econômica sinalizou que a situação deve "piorar antes de melhorar", o mercado tem percebido sinais positivos em decorrência dos ajustes que já começaram a ser feitos nas contas públicas. Além da queda dos juros de longo prazo, negociados diariamente pelo mercado financeiro, o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, aponta que a confiança na indústria começou a apresentar melhoras desde novembro do ano passado. "Em parte é um ‘efeito Joaquim Levy’. Além disso, certamente o real estaria ainda mais desvalorizado hoje não fossem as medidas de busca da credibilidade perdida na área fiscal", disse Vale.

Os economistas consultados pela reportagem avaliam que o PIB deve registrar uma retração neste ano. A tão negada "recessão", portanto, parece irreversível. "O PIB deve ter crescido 0,1% em 2014. Como alguém pode imaginar que, com todo o aperto fiscal e monetário conduzido pelo governo, e o risco real de racionamento, ele poderá ser melhor em 2015? Qualquer coisa pior, portanto, já indica recessão. É até meio óbvio", disse Schwartsman.

Ex-presidente da Sabesp, o economista Gesner Oliveira, da consultoria GO Associados, calculou os efeitos de um eventual racionamento sobre o crescimento econômico. No melhor cenário, a economia ainda conseguiria crescer 0,5%. Mas, dependendo do número de dias úteis afetados pelo racionamento, o desempenho piora. No quadro mais pessimista, a projeção chega a uma queda de 3,5%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em um ano de aumento de gastos do governo e de manobras contábeis, o setor público brasileiro, incluindo o governo central, Estados e municípios, registrou inédito rombo de R$ 32,6 bilhões. Trata-se do primeiro resultado negativo nas contas públicas desde o início da série histórica, em 2001.

O déficit foi o equivalente a 0,63% do Produto Interno Bruto (PIB), o pior já registrado. Em 2013, o setor público registrou superávit primário de R$ 91,3 bilhões, ou 1,88% do PIB.

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Com o déficit de 2014, a dívida pública vai crescer. Mesmo se o governo economizar 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 como prometido, ainda será insuficiente para estancar a alta do endividamento.

A expectativa apresentada ontem pelo Banco Central é de aumento da dívida líquida para 38,2% em 2015 e, da dívida bruta, para 65,2% - nos dois casos em relação ao PIB.

O chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, afirmou que o objetivo do governo é estancar a alta da dívida bruta, para, só então, reduzi-la. Essa dívida subiu de 56,7% para 63,4% do PIB no ano passado, atingindo o maior nível da série histórica, iniciada em dezembro de 2001.

A elevação dessa taxa em 2014 foi maior do que a da dívida líquida (que passou de 33,6% para 36,7%) em razão do aumento do déficit nominal.

Juros. O déficit nominal, que vinha rodando na casa de 2% a 3% do PIB nos últimos anos, disparou para 6,7% do PIB em 2014. O BC prevê que, com um aperto fiscal mais forte, haverá redução para 4,5% neste ano.

O déficit nominal embute os gastos com os juros, que somaram R$ 311 bilhões no ano passado - o maior volume desde que o BC começou a compilar os dados. Em relação ao PIB, a taxa de 6,07% é a maior dos últimos sete anos.

"O Brasil tem pago mais juros do que Grécia e Itália, que são países extremamente endividados e têm dívida muito superior ao PIB do que a nossa", analisou o economista da RC Consultores, Thiago Biscuola.

O economista-chefe do Banco Safra e ex-secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, afirmou que o aumento das despesas com juros é preocupante e deve servir de alerta vermelho para que o governo faça um ajuste fiscal eficiente.

Kawall disse que era aguardado um resultado ruim nas contas do setor público consolidado, mas veio pior que o esperado pelo resultado inédito dos regionais. "O déficit elevadíssimo do setor público regional (Estados e municípios) foi inédito e merece uma maior investigação."

O governo havia prometido no início do ano passado um superávit primário de R$ 99 bilhões em 2014. Essa meta foi revisada para R$ 10,1 bilhões no apagar das luzes, quando o governo decidiu pedir autorização ao Congresso para mudar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e descontar da meta todos os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as desonerações tributárias.

Na prática, o governo recebeu carta-branca para obter qualquer resultado sem descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Dessa forma, as contas do setor público fecharam com um resultado quase R$ 132 bilhões menor do que o prometido no início de 2014.

Assim como a União, os dados divulgados ontem pelo BC mostram que os Estados também tiveram dificuldade para fechar as contas, piorando o resultado global das contas públicas. Eles apresentaram déficit de R$ 13,25 bilhões em 2014, o maior da série histórica iniciada em 2001.

Dessa forma, a contribuição dos chamados entes regionais, que também inclui os municípios, foi negativa em R$ 7,79 bilhões, também o pior desempenho da história. As prefeituras conseguiram fazer um superávit de R$ 5,45 bilhões.

A dificuldade dos Estados, que também enfrentam queda de arrecadação, aumenta o desafio do Tesouro em 2015 de conseguir entregar a economia de 1,2% do PIB para todo o setor público. Isso porque a União assumiu o compromisso de cobrir o eventual descumprimento da meta de Estados e municípios. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mesmo com uma série de receitas extraordinárias e o adiamento de R$ 8 bilhões em despesas para este ano, as contas da presidente Dilma Rousseff fecharam no vermelho em 2014. A combinação de aumento de despesas em ano eleitoral com desonerações tributárias e fraco desempenho da arrecadação levou ao primeiro déficit primário nas contas do governo desde 1997, quando teve início a série histórica do Tesouro Nacional. Antes desse período, o Tesouro utilizava outra metodologia de cálculo do resultado fiscal que não serve de comparação. O superávit registrado em dezembro foi insuficiente para reverter o rombo nas contas do setor público de R$ 19,6 bilhões verificado até novembro, segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

A arrecadação de impostos e contribuições federais, mais uma vez, decepcionou no ultimo mês do ano. O governo não conseguiu cumprir o objetivo de fechar o ano com um superávit de R$ 10,1 bilhões - previsão encaminhada, no fim de novembro, ao Congresso Nacional no último relatório de avaliação de despesas e receitas do Orçamento de 2014. A estimativa de fechar o ano com um superávit nas contas foi feita pela antiga equipe econômica em meio à dura batalha que a presidente Dilma travou no Congresso para aprovar a mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

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A alteração na LDO mudou as regras da política fiscal, permitindo ao governo descumprir, sem nenhuma punição, a meta de poupança para pagamento de juros da dívida de 2014. O ex-secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, chegou a afirmar, no fim de dezembro, que o governo faria um superávit de dois dígitos naquele mês, o que mudaria o quadro negativo do ano.

PAC

Fontes informaram que, na virada de 2014, o governo deixou para pagar neste ano quase R$ 8 bilhões em despesas. O valor foi bem menor do que ocorreu de 2013 para 2014, quando a equipe do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, intensificou a prática de postergação de despesas, inclusive obrigatórias. A orientação no fim do ano foi fazer uma "limpeza" nos atrasos. Mas, mesmo assim, despesas que deveriam ser pagas em 2014 foram transferidas para 2015.

O ex-secretário Augustin não quis fechar dezembro com déficit nas contas e assegurou um resultado positivo. Essa estratégia chegou a causar atrito com a nova equipe econômica, que preferia pagar mais despesas em 2014 para facilitar a arrumação da casa em 2015.

Boa parte das despesas adiadas para 2015 - aproximadamente R$ 4 bilhões - refere-se aos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O governo também deixou para este ano o pagamento de R$ 1,5 bilhão de repasses orçamentários para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo setorial que bancou a redução do custo de energia para o consumidor e que a nova equipe econômica quer deixar de fazer aportes do Tesouro para subsidiar a conta de luz.

Essa despesa foi empenhada no dia 30 de dezembro, mas paga somente nos primeiros dias de 2015 . O restante dos gastos foi pulverizado nos ministérios e no programa Minha Casa, Minha Vida. O Ministério da Cidades informou que neste ano foi liberado o pagamento de R$ 583 milhões pela construção de moradias do programa. Em 2014, os gastos do governo foram de R$ 17,24 bilhões em pagamentos do programa, que é subsidiado pelo Tesouro.

Em 2014, a deterioração das contas públicas ganhou uma velocidade que surpreendeu até mesmo o mais pessimista dos analistas das contas públicas. Essa piora da política fiscal contaminou ainda mais a confiança na economia brasileira, que entrou em espiral negativa. Agora, a nova equipe econômica está aprofundando o ajuste fiscal para reequilibrar as contas públicas.

A exemplo da estratégia de "realismo tarifário" para os preços de energia já anunciada, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, com o pacote de medidas de aumento de tributos anunciado na segunda-feira, promoveu o chamado "realismo tributário". Mesmo sacrificando num primeiro momento a retomada mais rápida do crescimento econômica e o processo de queda da inflação. O foco principal do "Plano Levy" é recuperar a confiança. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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