Após dois dias, chegou ao fim o julgamento de Jorge Beltrão Negromonte, Isabel Torreão e Bruna Cristina no Fórum Lourenço José Ribeiro, na Região Metropolitana do Recife (RMR). O trio vai responder pela morte, esquartejamento, ocultação de cadáver e prática de canibalismo contra a adolescente Jéssica Camila, de 17 anos, morta em abril de 2008. Jorge foi condenado a 21 anos e seis meses de reclusão em regime fechado mais um ano e seis meses em semiaberto ou aberto. Já Isabel e Bruna pegaram 19 anos de regime fechado e 1 ano e 6 meses de regime semiaberto ou aberto.
A pena levou em conta, segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), quatro agravantes do homicídio: motivo fútil, emprego de meio cruel, sem dar chance de defesa à vítima e para assegurar impunidade, por isso quadruplamente qualificado. Na votação dos sete jurados na sala reservada, a condenação do trio de canibais foi vencida por três votos para cada acusado.
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A juíza Maria Segunda Gomes de Lima leu a sentença e informou que, pelo menos, um sexto da condenação dos réus deve ser cumprido em regime fechado pela alta periculosidade que o trio apresenta à população. E, em relação à detenção, os réus poderão responder em regime aberto ou semiaberto. "Entendemos que o trio é culpado e com base no artigo 59 foi aplicada a pena, depois de analisar todos os antecedentes criminais, culpabilidade, personalidade, comportamento e todas as circunstâncias", afirmou a juíza.
O crime causou muita comoção social. "Foi um crime muito grave, que ganhou destaque nacional e internacionalmente. Não foi a pena máxima porque nenhum dos três tinham condenação anterior e porque o trio ainda confessou o crime, o que atenua. Respondem processo, mas ainda não estão condenados por eles. Em relação a outros que podem vir a responder, eles podem ter um aumento de pena por já terem antecedentes", relatou Maria Segunda.
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O TRIO
No momento em que foram levados para a cadeia, o trio não quis falar com a imprensa. "Não tenho nada a declarar sobre isso", disse Bruna. Quando Jorge, Isabel e Bruna ouviam a sentença da juíza, várias foram as expressões. De Isabel, era visto desespero e muito choro. Já de Jorge e Bruna, a feição não era de preocupação, nem de medo e sim de calma. Durante o julgamento, Jorge se mostrou bastante arrependido do que fez e disse que só Deus podia julgá-lo.
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Bruna disse que apenas assistiu o crime no dia 26 de maio. Por vezes, ainda ria quando a promotora Eliane Gaia a indagava sobre a morte da vítima. Isabel Cristina, a segunda a ser ouvida, articulava poucas frases ao longo do júri, e disse não ter participado da morte, mas ajudou a esconder o cadáver. O trio confessou comer a carne de Jéssica cozida e grelhada, por integrar parte do ritual denomidado "Cartel", criado por Jorge Negromonte.
A pena dos três foi atenuada devido à confissão, segundo a promotora do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Eliane Gaia. "Infelizmente eles não pegaram a pena máxima, por causa do código penal. Se eles confessassem, a pena seria diminuída e foi isso que aconteceu, além deles também não terem antecedentes, como falou a juíza", relatou. O julgamento foi iniciado nessa quinta-feira (13) com ouvidas de duas testemunhas, que foi o psiquiatra forense Lamartine Hollanda e o delegado da Polícia Civil, Paulo Berenguer, que acompanhou as investigações na época do fato.
CRIME
Jéssica Camila da Silva Pereira, na época com 17 anos, foi morta no Loteamento Boa Fé-I, bairro de Rio Doce, Olinda, onde Jorge, Isabel e Bruna moravam. Logo após o crime, a filha da jovem, que tinha 1 ano, passou a ser criada pelo trio.
Os três réus, que em 2008 tinham 50, 51 e 25 anos, respectivamente, foram acusados de ter guardado a carne da jovem para consumo humano, além de ter ocultado os restos mortais.
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