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Apesar do risco de uma epidemia do novo coronavírus permanecer distante do Brasil, o estado de São Paulo providenciou um Plano de Risco e Resposta Rápida para monitorar casos suspeitos da doença. O programa coletará informações junto ao Ministério da Saúde e órgãos internacionais para melhor orientação dos profissionais que atendem a população no Sistema Único de Saúde (SUS). A princípio, a circulação do vírus está limitada a locais específicos da China e ainda não há registro de que a doença tenha chegado ao território brasileiro. O país asiático já confirmou 132 mortes e 5.974 diagnósticos da síndrome que ataca o sistemas respiratório.

O grupo estratégico responsável, composto por órgãos como Instituto Butantan, Instituto Adolfo Lutz, Grupo de Resgate (Grau), Instituto de Infectologia Emílio Ribas e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) é liderado pela Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. A ação recorre às tecnologias, ao talento e às técnicas científicas dos profissionais que atuam em cada uma das entidades.

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As autoridades internacionais de saúde avaliam a dinâmica de transmissão do novo coronavírus, manifestações clínicas e fonte de infecção. Além de não descartar a integração de novas instituições especializadas em cuidados com situações epidemiológicas, José Henrique Germann, secretário de Estado da Saúde, ressalta a importância do trabalho em conjunto para detecção de casos suspeitos. “Já orientamos os profissionais de saúde que atuam no Estado para que estejam atentos e nos informem rapidamente sobre qualquer caso suspeito. Seguiremos articulados com o Ministério da Saúde, respeitando as diretrizes nacionais e internacionais para qualquer conduta”, declara.

Precaução

Ainda não há recomendação específica para a população brasileira no território nacional. As orientações dos especialistas vão ao encontro dos mesmos cuidados previstos na relação com gripe (Influenza) ou outros contágios respiratórios. O ideal é cumprir a chamada “etiqueta respiratória” que consiste em cobrir a boca ao tossir ou espirrar, lavar as mãos de maneira frequente, não compartilhar objetos de uso pessoal, limpar regularmente o ambiente e mantê-lo ventilado. A diretora da diretora da Vigilância Epidemiológica, Helena Sato, esclarece que não há motivo para pânico. “Nosso papel é orientar e tranquilizar todos. O monitoramento em curso, com organismos internacionais de saúde, indica que a transmissão do coronavírus é limitada, sem evidências de amplificação da circulação do vírus, até o momento”, explica.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os sintomas podem aparecer até 14 dias após o contágio. Pessoas que viajaram ou contataram alguém que esteve em local suspeito de transmissão e acusaram algum sintoma como febre, tosse e dificuldade para respirar deverão evitar o contato direto com outros indivíduos, seguir a “etiqueta” e procurar cuidados médicos com urgência. Em todo o mundo, há mais de seis mil casos da doença registrados em 18 países.

O aviso em um restaurante em Pequim tenta tranquilizar os fregueses: "Este estabelecimento foi desinfetado hoje". Mas não há clientes à vista: a nova epidemia de coronavírus causa pânico, e os chineses desertaram de lojas e locais públicos.

Os centros comerciais da capital, geralmente muito lotados, estão vazios. Apenas alguns veículos se aventuram nas avenidas silenciosas, dando à megalópole de 20 milhões de habitantes o ar de uma cidade fantasma.

Diante de uma epidemia de pneumonia viral que se propaga, com 132 mortos e cerca de 6.000 pacientes infectados, as autoridades incentivam as pessoas a ficarem trancadas em casa e, se saírem, a usar uma máscara. O ambiente de ansiedade não incentiva a por os pés para fora de casa.

Nas estações de metrô, os controles de temperatura são realizados por agentes e a temperatura corporal também é monitorada em estações de trem, hotéis, delegacias e até mesmo em conjuntos habitacionais.

Nesse contexto, é difícil para o shopping Taikoo Li, no leste de Pequim, atrair clientes. Apenas alguns deles vagam pelo centro comercial, em meio ao cheiro intenso de produtos desinfetantes.

Em todos os lugares, os cartazes pedem que os visitantes cubram a boca. Muitas lojas estão fechadas. O restaurante Hao Lu Wei ainda está aberto, mas, apesar da promessa de limpeza intensiva, ninguém ocupa uma mesa sequer.

"Ao fazer suas compras, verifique se uma desinfecção profunda foi realizada em sua loja. Feliz Ano Novo Lunar!", afirma uma mensagem na janela de uma ótica, também deserta.

- Máscaras esgotadas -

Por outro lado, as empresas que vendem máscaras e líquidos desinfetantes ficaram sem esses produtos, cujos preços sobem nos sites de vendas online.

"Não temos mais nada desde o Ano Novo Chinês", que caiu em 25 de janeiro, lamenta um farmacêutico.

A demanda é imensa e é incentivada pelos slogans oficiais: a província de Guangdong (110 milhões de habitantes) obriga a cobrir o rosto em locais públicos, e várias regiões adotaram medidas idênticas.

As autoridades pedem para intensificar a produção de máscaras. É verdade que Pequim esvazia grande parte de sua população no Ano Novo Lunar, quando trabalhadores imigrantes e vários de seus habitantes retornam para suas regiões de origem.

Mas, ao mesmo tempo, muitos turistas chegam à capital e os próprios habitantes participam das festividades organizadas em templos e parques da cidade.

Porém, devido à epidemia, vários eventos e viagens em grupo foram suspensos em todo o país. Os transportes foram paralisados, com o cancelamento de pelo menos 2.000 trens interprovinciais.

- 'Não sabemos o que fazer' -

Confinados em suas casas, os chineses matam o tédio nas redes sociais, com mensagens sarcásticas.

Em um vídeo muito compartilhado das mensagens do WeChat, jogadores de mah-jong são vistos sentados à mesa ... com sacos plásticos transparentes na cabeça.

Por outro lado, no bairro Sanlitun, conhecido por seus bares e lojinhas, dois chineses sem máscara fumam um cigarro com um ar despreocupado.

Em uma sala de jogos vizinha, um homem tenta ganhar algo em uma máquina caça-níqueis.

Indagado pela AFP, o homem diz que espera que essas máquinas sejam desinfetadas regularmente, mas não tem certeza disso.

"Eu tento ficar em casa o máximo possível", diz ele, mas "acabei vindo para cá porque não sabia mais o que fazer".

Os primeiros casos de pessoas que contraíram o novo coronavírus fora da China apareceram nesta terça-feira, enquanto vários países organizam a evacuação de seus cidadãos de Wuhan, epicentro de uma epidemia que deixou 106 mortos e cerca de 4.500 infectados no gigante asiático.

Neste contexto, pesquisadores dos Institutos Nacionais de Saúde americanos (NIH) lançaram o desenvolvimento de uma vacina, um trabalho que levará vários meses, anunciou Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas.

"Estamos prevendo o pior dos cenários, no caso de se tornar uma grande epidemia", explicou.

Uma dúzia de países foi afetada - com cerca de 50 pacientes - na Ásia, Europa, América do Norte e Austrália, mas desde o início da pneumonia viral, em dezembro, em Wuhan (centro da China) não tinha havido contágio entre humanos fora desse país.

A Alemanha, o segundo país afetado na Europa depois da França, relatou nesta terça o primeiro caso de contágio na Europa, um homem que teve contato com uma colega chinesa que estava de visita.

O Japão também anunciou o caso em seu território de um sexagenário que não viajou para a China, mas transportou turistas de Wuhan em janeiro.

"A epidemia é um demônio e não podemos deixar esse demônio escondido", disse o presidente chinês Xi Jinping, referindo-se ao fato de o governo comunista ter sido acusado de esconder o coronavírus anterior, SARS, que causou centenas de mortes em 2002.

O secretário americano para a Saúde, Alex Azar, pediu nesta terça ao governo chinês mais transparência na gestão da epidemia.

"Mais cooperação e transparência são as medidas mais importantes a serem tomadas para uma resposta mais eficaz", declarou em coletiva de imprensa.

Zhong Nanshan, renomado cientista da Comissão Nacional de Saúde da China, considerou que a epidemia deve atingir um pico em uma semana ou cerca de dez dias.

- Repatriamento -

Quase toda a província de Hubei, cuja capital é Wuhan, está isolada do mundo por ordem das autoridades para tentar impedir a propagação da epidemia. Cerca de 56 milhões de habitantes vivem confinados.

Essa quarentena surpreendeu milhares de estrangeiros na região. Para tirá-los, Estados Unidos, França, Japão, Marrocos e outros países preparam voos de repatriamento.

A França prepara dois aviões para repatriar 250 de seus cidadãos e mais de 100 de outros países, enquanto os Estados Unidos planejam recuperar os funcionários de seu consulado em Wuhan na quarta-feira.

O Japão enviou uma aeronave para Wuhan nesta terça-feira para cerca de 200 cidadãos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), porém, "não recomenda" a evacuação de estrangeiros presos em Wuhan, afirmou nesta terça-feira em Pequim seu diretor-geral, Tedros Adhanom Gebreyesus, de acordo comunicado da diplomacia chinesa.

A OMS disse à AFP que não poderia "esclarecer" essas palavras no momento.

"Temos todos os meios, a confiança e os recursos para vencer rapidamente a batalha contra a epidemia", garantiu o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi.

A OMS considera a ameaça elevada, mas não ativou um alerta internacional.

A ameaça de propagação é considerável. Muitos estrangeiros que vivem em Wuhan estão angustiados: "É extremamente estressante. O principal medo é que isso dure meses", disse Joseph Pacey, professor britânico de 31 anos, à AFP.

- Bateria de medidas -

A propagação do vírus aumenta a ansiedade e a bateria de medidas de contenção. Muitos países reforçaram a vigilância em suas fronteiras. A Mongólia fechou sua fronteira terrestre com a China.

Vários países desaconselham a viagem a esta província, mas a Alemanha a estendeu a toda a China. Os Estados Unidos fizeram o mesmo.

O pânico tomou conta das grandes metrópoles chinesas, onde os habitantes permanecem trancados em suas casas, com os shopping centers, cinemas e restaurantes desertos.

"Muitos estão muito preocupados. Não há muitas pessoas nessas ruas. As famílias preferem ficar em casa em vez de sair, todo mundo quer ter o mínimo de comunicação possível com o mundo exterior", disse à AFP, no centro de Xangai, David, um morador de Wuhan.

As autoridades chinesas estenderam por três dias, até 2 de fevereiro, o feriado (sete dias) do Ano Novo Chinês, celebrado em 25 de janeiro, para atrasar o fluxo de centenas de milhões de pessoas e reduzir o risco de propagação da epidemia.

Além disso, o início do semestre escolar foi adiado sem prazo definido.

Pelo menos 2.000 trens interprovinciais foram cancelados em toda a China desde sexta-feira. As rotas ferroviárias serão suspensas até pelo menos 8 de fevereiro.

As autoridades chinesas recomendaram nesta terça-feira que seus cidadãos adiem seus planos de viagem ao exterior. Hong Kong anunciou que fechará locais públicos como estádios, museus e piscinas, reduzirá pela metade os voos da China continental e fechará seis dos 14 postos de fronteira.

As informações sobre o coronavírus começam a ficar mais claras: ele é menos letal que o da Sars (Síndrome Respiratória Aguda Severa), porém mais contagioso - aparentemente, mesmo antes da aparição dos sintomas -, enquanto a comparação com seu parente dá pistas de como combater a epidemia.

- Mortalidade

"O que vimos até agora é que esta doença (...) não é tão violenta quanto a Sars", disse Gao Fu, diretor do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças, no domingo.

"Temos a impressão (...) de que hoje a propagação desse vírus é mais rápida que a Sars, mas sua mortalidade é claramente menor", concordou a ministra da Saúde da França, Agnès Buzyn, do país onde foram detectados os primeiros casos da Europa.

O novo vírus, batizado 2019-nCoV, e o da Sars pertencem à mesma família de coronavírus e no plano genético têm 80% de semelhanças.

Segundo a OMS, a epidemia de Sars deixou 774 mortos em 8.096 casos no mundo em 2002/2003, antes de ser interrompida, ou seja, uma taxa de mortalidade de 9,5% (comparado a 34,5% de outra epidemia causada por um coronavírus, a Mers).

Até agora, o novo vírus deixou 81 mortos, todos na China, dos 2.744 casos detectados (mais de 40 no exterior), o que equivale a uma taxa de mortalidade inferior a 3%.

No entanto, esse número é apenas indicativo: o número real de pessoas infectadas é desconhecido porque os pacientes com pouco ou nenhum sintoma não são contados.

"A taxa de mortalidade parece diminuir com o passar dos dias, juntamente com um número maior de casos detectados", disse Buzyn.

- Transmissão

Os cientistas do Imperial College de Londres estimam que "em média, cada caso (de um paciente portador do novo coronavírus) infectou 2,6 pessoas a mais".

Chamada de "taxa básica de reprodução" ou R0, essa medida é importante para entender a dinâmica de uma epidemia.

No caso da Sars, estima-se que cada caso tenha infectado uma média de 2 a 3 pessoas (como a gripe), mas com grandes disparidades: havia "super transmissores" capazes de contaminar dezenas de pessoas.

No caso do novo vírus, há uma pergunta crucial: em que estado de infecção o paciente se torna contagioso. "O contágio é possível durante o período de incubação", ou seja, antes mesmo que os sintomas apareçam, disse Ma Xiaowei, diretora da Comissão Nacional de Saúde da China, no domingo. "É muito diferente da Sars", insistiu.

Essa hipótese, no entanto, baseia-se na observação de vários primeiros casos e ainda não está confirmada.

"Se isso for incomum, terá um impacto mínimo na evolução da epidemia, mas se for frequente, será cada vez mais difícil de controlar", explica o virologista Jonathan Ball, da Universidade de Nottingham (Inglaterra).

Acima de tudo, dado que o período de incubação pode ser prorrogado até duas semanas, segundo estimativas. Se essa hipótese for confirmada, "medidas como controle de temperatura nos aeroportos seriam ineficazes", disse a professora britânica Sheila Bird.

- Sintomas

A doença causada pelo novo coronavírus e a Sars apresentam sintomas comuns, de acordo com a observação dos 41 primeiros casos detectados na China.

Todos os pacientes sofriam de pneumonia, quase todos tinham febre, três em cada quatro tossiam e mais da metade apresentava dificuldades respiratórias.

Mas "existem diferenças notáveis com a Sars, como a ausência de sintomas que afetam as vias aéreas superiores (congestão nasal, dor de garganta, espirros)", diz o Dr. Bin Cao, principal autor desses trabalhos publicados na revista The Magazine Lancet.

A idade média dos 41 pacientes é de 49 anos, e menos de um terço sofreu doenças crônicas (diabetes, problemas cardiovasculares...). Quase um terço teve uma condição respiratória aguda e seis morreram.

Embora não se possam tirar conclusões gerais devido aos poucos pacientes controlados, essas observações permitem elaborar um primeiro quadro clínico da doença, muito útil, pois o novo coronavírus apresenta sintomas semelhantes aos da gripe de inverno, dificultando o diagnóstico.

Não existe vacina ou medicamento para o coronavírus e a assistência médica é para tratar os sintomas.

- Controle da epidemia

A epidemia de Sars foi contida em vários meses, graças à extensa mobilização internacional. A China impôs rígidas medidas de higiene à sua população, além de dispositivos de isolamento e quarentena.

O país também proibiu o consumo de gatos da algália, um mamífero pelo qual o vírus foi transmitido ao homem.

No caso do novo vírus, não se sabe até agora qual animal desempenha esse papel intermediário. Enquanto isso, a China proibiu o comércio de todos os animais selvagens.

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Uma das hipóteses para a ágil disseminação do coronavírus está associada a uma iguaria do cardápio chinês. Um grupo de especialistas aponta que cobras são os transmissores, entretanto, uma ala de cientistas liga os casos ao consumo de sopa de morcego. Cerca de 600 casos foram confirmados e 17 mortes foram confirmadas.

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"O hospedeiro natural do coronavírus pode ser morcego [...] mas entre morcegos e humanos, pode haver um intermediário desconhecido", informaram os pesquisadores ao South China Morning Post. O único mamífero voador é o ingrediente principal do caldo. Nesta semana, imagens de pessoas comendo a sopa repercutiram nas redes sociais.

Devido ao fácil contágio, os locais tidos como focos da epidemia estão isolados. As cidades de Wuhan e  Huanhhang estão em estado de quarentena e não recebem visitantes, o extremo oriente segue em alerta, segundo o Daily Star.

A China iniciou nesta quinta-feira (23) a proibição de saída de trens e aviões da cidade de Wuhan, origem da epidemia provocada por um novo coronavírus, isolando milhões de habitantes na tentativa de conter a pneumonia que já matou 17 pessoas.

Pouco antes do começo da quarentena envolvendo a enorme cidade, na manhã desta quinta-feira, se formaram longas filas de veículos nas rodovias, enquanto peritos checavam a temperatura das pessoas que partiam da cidade.

Agentes da polícia, com máscaras de proteção, patrulhavam a principal estação de trens de Wuhan pouco antes do início do bloqueio.

O isolamento começou às 10H00 (23H00 Brasília de quarta) e tem como objetivo "conter de forma decisiva a propagação" do vírus, informou o centro de controle especial da cidade.

O novo coronavírus já provocou 17 mortes e infectou centenas de pessoas, segundo o balanço mais recente.

A preocupação com a progressão do vírus, além da ameaça de tarifação americana em carros europeus se fez sentir nas bolsas de valores europeias. Paris fechou em queda de 0,58%, a 6.010,98 pontos; Frankfurt caiu 0,30%, fechando a 13.515,75 pontos, e Londres perdeu 0,51%, a 7.571,92 pontos.

O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, considerou na quarta que as medidas tomadas pela China na cidade de Wuhan irão diminuir os riscos de contaminação mundial.

Ainda em comentário sobre as medidas tomadas pelo governo chinês sobre a cidade epicentro do vírus, Ghebreyesus ressaltou que são "medidas muito corretas". Ele informou que a OMS ainda não está pronta para decidir se o novo surto do vírus na China, que se estendeu para outros países, constitui uma emergência internacional, motivo pelo qual o comitê de especialistas prorrogará suas sessões por mais um dia.

Com o aumento no número de mortos, que antes era de 9 e agora já registra 17 falecimentos, o total de pessoas infectadas subiu para 444 na região de Hubei, epicentro dos casos, como anunciaram autoridades locais durante uma coletiva de imprensa televisionada.

O vírus apareceu no mês passado na cidade de Wuhan e já chegou a vários países da Ásia e até mesmo nos Estados Unidos, que registrou um primeiro caso.

Na quarta, Hong Kong também informou um primeiro caso suspeito, o de um homem que chegou à cidade procedente de Wuhan.

A secretária de Saúde, Sophia Chan, disse que um homem de 39 anos teve resultado positivo para infecção pela vírus em um exame preliminar, mas que o resultado final sairá apenas nesta quinta-feira. O indivíduo foi isolado em um hospital.

O presidente chinês, Xi Jinping, assegurou por telefone a seu colega francês, Emmanuel Macron, que a China adotou "medidas de prevenção e de controle", garantindo que seu país "está disposto a trabalhar com a comunidade internacional para responder de forma eficaz à epidemia".

Mais cedo, durante uma coletiva de imprensa em Pequim, o vice-ministro da Comissão Nacional da Saúde, Li Bin, ressaltou que o vírus, que é transmitido pelo trato respiratório, "pode sofrer mutações e se espalhar mais facilmente".

Depois de aparentemente ignorar o vírus surgido no mês passado, os chineses pareciam estar cientes do risco nas principais cidades do país, onde muitos moradores usavam máscaras respiratórias.

- Ventilação, desinfecção -

Quase metade das províncias do país está em alerta, incluindo megalópoles como Xangai e Pequim.

Também foi detectado um caso em Macau, capital mundial dos jogos de azar, onde os funcionários dos cassinos são obrigados a usar máscaras.

Repetindo um pedido do presidente Xi Jinping para "deter" a epidemia, Li anunciou medidas preventivas, como ventilação e desinfecção em aeroportos, estações ferroviárias e shopping centers.

Sensores de temperatura corporal também serão instalados em locais movimentados, disse ele.

Muitos países com ligações aéreas diretas ou indiretas com Wuhan, cidade onde a doença surgiu, reforçaram o controle de passageiros, tirando proveito de sua experiência com a epidemia de Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em 2002-2003, um vírus da mesma família.

Depois do Japão, Coreia do Sul, Tailândia e Taiwan, os Estados Unidos anunciaram o primeiro caso da doença na terça-feira.

Trata-se de um homem na casa dos trinta anos, natural de Wuhan e que mora perto de Seattle, no noroeste dos Estados Unidos.

Ele chegou em 15 de janeiro sem febre no aeroporto de Seattle, e entrou, por conta própria, em contato com os serviços de saúde após o aparecimento dos primeiros sintomas.

Foi hospitalizado por precaução e permanecerá em confinamento solitário por pelo menos mais 48 horas, segundo as autoridades sanitárias.

- Suspeitas -

Até o momento, a OMS usou o termo "emergência de saúde pública de alcance internacional" apenas em casos raros de epidemias que exigem uma vigorosa resposta internacional, incluindo a gripe suína H1N1 em 2009, o vírus zika em 2016 e a febre ebola, que devastou parte da população da África Ocidental de 2014 a 2016 e a RDC desde 2018.

O vírus foi detectado em dezembro em Wuhan, uma megalópole de 11 milhões de pessoas, em um mercado de peixes e frutos do mar.

Ainda se desconhece sua origem exata ou o período de incubação.

Vendas ilegais de animais silvestres estavam ocorrendo no mercado, segundo declarou nesta quarta-feira o diretor do Centro Nacional de Controle e Prevenção de Doenças, Gao Fu.

Ele, porém, não foi capaz de afirmar se esta era a origem do vírus.

A cepa é um novo tipo de coronavírus, uma família com um grande número de vírus. Eles podem causar doenças leves nos seres humanos (como um resfriado), mas também outras mais graves, como SRAS.

A OMS criticou o governo chinês por ter atrasado o anúncio do alerta sobre a epidemia, com intuito de esconder a proporção da doença.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 22, que "há evidências" de transmissão por contato humano do novo tipo de coronavírus, "mas isso não determina o impacto" do surto com o vírus.

Ao fim de uma reunião para decidir se declararia a situação como emergência de saúde pública, a OMS definiu continuar as discussões amanhã, mas ponderou que as "ações públicas" para conter a disseminação do vírus já estão em andamento e não dependem dessa classificação.

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A OMS também elogiou a atuação de autoridades chinesas, em especial o presidente Xi Jinping e o vice-primeiro-ministro Liu He, nas medidas para conter o novo tipo de coronavírus.

Emergência

Após finalizar uma reunião para discutir o surto causado por um novo tipo de coronavírus, a OMS afirmou que vai continuar a discussão sobre declarar ou não situação de emergência de saúde pública amanhã. A entidade avaliou que precisa de mais informações antes de decidir.

"Levamos muito a sério" a decisão de declarar emergência, afirmou a OMS em declarações à imprensa.

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais emitiu nota informando que uma mulher de 35 anos está internada num hospital de Belo Horizonte com suspeita de coronavírus. A paciente esteve Xangai, na China, recentemente, e desembarcou na capital mineira no sábado, 18, "com sintomas respiratórios compatíveis com doença respiratória viral aguda", segundo o comunicado.

O quadro da mulher foi notificado pela secretaria como "suspeito", levando-se em consideração "o contexto epidemiológico atual do país onde a paciente esteve".

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A Secretaria Estado de Saúde afirma que ela está "clinicamente estável" e que o caso "segue em investigação".

A nota ainda afirma que a paciente, de acordo com o próprio relato dela, não esteve na região de Wuhan, cidade chinesa onde surgiu o primeiro caso, e nem se lembra de ter entrado em contato no país com alguém que apresentasse sintomas de coronavírus.

Estudo que aponta para o risco de pandemias globais de doenças graves como Ebola, influenza e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) será apresentado na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (24).

O relatório A World At Risk (Um mundo em risco) é o primeiro documento anual elaborado pelo órgão independente Global Preparedness Monitoring Board - GPMB (Conselho de Monitoramento da Preparação Global). O órgão foi lançado em maio de 2018, pelo Banco Mundial e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e é formado por 15 membros, entre líderes políticos, chefes de agências e especialistas de vários países.

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Segundo o relatório, questões como conflitos prolongados, estados frágeis e migrações forçadas favorecem a rápida circulação de vírus letais em todo o mundo, bem como as mudanças climáticas, a crescente urbanização e a falta de água tratada e de saneamento básico.

De acordo com a co-presidente do GPMB, Gro Harlem Brundtland, os líderes mundiais têm respondido às emergências em saúde com ciclos de pânico e negligência.

Ações urgentes

“Está mais do que na hora de trabalhar em ações urgentes e continuadas. Isso deve incluir aumento do financiamento em níveis locais, nacionais e internacionais para evitar a propagação de surtos. Também exige que os líderes tomem medidas proativas para fortalecer os mecanismos de coordenação e de preparação entre os governos e a sociedade para responder rapidamente a uma emergência.”

Segundo o documento, se o mundo enfrentasse um surto como a pandemia de Influenza de 1918, o vírus poderia se espalhar globalmente em 36 horas e o número de vítimas fatais poderia chegar a 80 milhões de pessoas. Conhecida como Gripe Espanhola, estima-se que a pandemia de 1918 infectou 500 milhões de pessoas, um terço da população mundial na época, com 50 milhões de mortes, o equivalente a cerca de 3% da população.

O relatório alerta que uma pandemia nessas proporções na atualidade pode destruir 5% da economia global, além de colapsar muitos sistemas nacionais de saúde, atingindo as comunidades mais pobres. De acordo com o levantamento, entre 2011 e 2018 a OMS acompanhou 1.483 eventos epidêmicos em 172 países, de doenças como Ebola, Zika, SARS e febre amarela. No Brasil, foram detectadas no período epidemias de febre amarela, malária e Zika.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que os surtos mais graves de doenças como Ebola, cólera e sarampo geralmente ocorrem nos locais que possuem os sistemas de saúde mais fracos.

“Como líderes de nações, comunidades e agências internacionais, devemos assumir a responsabilidade pela preparação de emergências e prestar atenção às lições que esses surtos estão nos ensinando. Temos que tomar medidas preventivas antes que eles aconteçam.”

O texto destaca que algumas providências foram tomadas após o surto de Ebola de 2014 na África Ocidental, que infectou 28,6 mil pessoas e fez 11,3 mil vítimas fatais, principalmente em Serra Leoa, Guiné e Libéria. Segundo o relatório, o custo econômico e social da epidemia na região foi de 53 bilhões de dólares.

A OMS decretou o fim do surto em janeiro de 2016, porém, um novo foi detectado em agosto de 2018 na República Democrática do Congo e já registrou 2,6 mil casos, com 1,8 mil mortes, segundo dados da OMS.

O relatório A World At Risk diz que, em julho de 2019, 59 países desenvolveram um Plano de Ação Nacional para Segurança da Saúde, mas, até o momento, nenhum deles foi totalmente financiado.

Brasil

No Brasil, após a pandemia de influenza de 2009, o governo lançou, em 2010, a Estratégia Nacional de Vacinação Contra o Vírus da Influenza Pandêmica (H1N1). Na época, chamada de gripe suína, a pandemia de 2009 matou 18,5 mil pessoas no mundo todo. Porém, um estudo publicado pela revista médica The Lancet Infectious Diseases aponta que o número de mortes pode estar entre 151,7 mil e 575,4 mil entre os anos de 2009 e 2010.

O Brasil registrou 50.482 casos em 2009, com 2.060 mortes por influenza A/H1N1, segundo dados do Ministério da Saúde. Após o início da vacinação, em 2010 foram 973 casos da doença e 113 mortes. Em 2011, os números caíram para 181 casos e 21 mortes.

O diretor da Divisão de Ensaios Clínicos e Farmacovigilância do Instituto Butantan, Alexander Precioso, destaca a importância da estratégia brasileira de imunização para controlar os surtos de doenças infectocontagiosas transmitidas por vírus.

“O Instituto Butantan foi identificado como um produtor de vacinas de influenza estratégico e recebe apoio técnico e financeiro para produzir lotes de vacinas de determinadas cepas de vírus influenza que teriam o potencial de causar pandemia. Ocorreu no passado com o vírus Influenza H5N1, depois com o H1N1 e finalizamos este ano o estudo clínico de outro vírus influenza potencialmente pandêmico que é o H7N9”.

Segundo Precioso, o vírus H7N9 ainda não se disseminou de forma alarmante entre seres humanos, tendo ocorrido predominantemente entre animais. Porém, o monitoramento internacional da OMS identificou o H7N9 como tendo potencial para desenvolver um comportamento de rápida disseminação levando a uma potencial pandemia.

O diretor reitera que a vacinação é uma ação emergencial para ajudar a conter surtos, mas deve ser coordenada com outras medidas importantes para evitar uma epidemia.

“Não é só ter a capacidade de produzir vacinas, mas é ter todo um contexto de políticas de saúde que vão abordar as diversas áreas que possam contribuir para o controle de uma determinada pandemia. Exemplos: disponibilidade de ter a vacina, acesso aos serviços que podem imunizar, condições mais gerais que a população se encontra. É muito mais fácil você controlar uma pandemia em uma sociedade onde questões de saneamento e nutrição são adequados do que em regiões precárias.”

Atualmente, o Brasil tem enfrentado o aumento de casos de sarampo e de dengue, iinformou.

Recomendações

O relatório A World At Risk traz sete recomendações urgentes para os líderes mundiais se prepararem para enfrentar emergências em saúde. A primeira é se “comprometer com a prevenção, implementando integralmente o Regulamento Sanitário Internacional e aumentando o investimento em prevenção como parte integrante da segurança nacional e internacional.”

A segunda é o compromisso político de países e de organizações intergovernamentais regionais para cumprir o financiamento para prevenção e monitorar o progresso nas reuniões anuais. O relatório indica que todos os países construam “sistemas resistentes de prevenção”, com coordenadores de alto nível e prioridade para o envolvimento da comunidade.

Os países, doadores e instituições multilaterais “devem se preparar para o pior cenário de uma pandemia de vírus respiratório em rápida evolução”, promovendo pesquisas e o desenvolvimento de novas vacinas e medicamentos, com compartilhamento rápido de informações. As organizações internacionais de financiamento devem integrar o tema a seus planejamentos e sistemas de incentivos, assim como os financiadores de assistência ao desenvolvimento de países mais pobres e vulneráveis.

O relatório recomenda que a ONU fortaleça a prevenção e a coordenação da resposta a epidemias internacionalmente.

 

Um menino de 5 anos, o primeiro caso de ebola em Uganda, na fronteira com a República Democrática do Congo (RDC), onde a epidemia surgiu há 10 meses, morreu nesta quarta-feira devido à doença, informaram autoridades locais.

"O menino foi diagnosticado com ebola em Kasese no dia anterior e morreu durante a noite na unidade de quarentena", declarou à AFP um funcionário do ministério da Saúde de Uganda.

"Ele será enterrado hoje", acrescentou a fonte, que indicou que toda a família do falecido foi admitida na unidade de quarentena.

A ministra da Saúde, Ruth Aceng, fará uma declaração sobre o caso.

No dia anterior, Ruth Aceng disse à AFP que o menino tinha viajado com sua família de Kasese (oeste de Uganda) para a República Democrática do Congo para um funeral e que, ao voltar para Uganda, adoecera.

O ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) enviaram uma equipe de especialistas a Kasese para verificar se há outros casos e vacinar pessoas que possam ter estado em contato com a criança.

Uganda está em alerta desde o início da epidemia de ebola no leste da RDC, onde 2.000 casos foram registrados, dois terços dos quais foram fatais.

O ano de 2019 começou com o aumento dos casos de febre chikungunya em Belém. De acordo com o último levantamento da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma),  realizado no dia 29 de abril, foram registrados 188 casos em residentes na capital. As principais vítimas da doença são mulheres na faixa etária 40 a 59 anos.

Os bairros mais afetados são Tapanã, Barreiro, Telégrafo, Marco e Benguí. A Sesma destaca que as ações de combate ao mosquito aedes aegypti têm sido intensificadas nestas áreas, além das visitas domiciliares.

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A Secretaria também está realizando o terceiro levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa). O levantamento serve para que os agentes identifiquem quais as localidades com maior Índice de Infestação Predial (IIP) e onde há maior presença da larva. Segundo a tabela de classificação do Ministério da Saúde, o percentual de 0 a 0,9 é baixo risco; de 1 a 3,9 é estado de alerta; e acima de 4 é alto risco. Belém, de acordo com os últimos dados epidemiológicos, está classificada como uma cidade em estado de alerta, com o percentual de 2,5.

A Secretaria ressalta que a adoção de medidas simples pode ajudar no combate ao aedes aegypti: manter bem tampados tonéis, caixas e barris de água; trocar água dos vasos de planta uma vez por semana; manter garrafas de vidro e latinhas de boca para baixo; acondicionar pneus em locais cobertos; não jogar entulho e lixo em terrenos baldios e nas ruas para evitar a obstrução de canaletas e bueiros que podem funcionar eventualmente como criadouros.

Por Cássio Kennedy. (Com informações da assessoria da Sesma).

Os casos de sarampo no mundo quadruplicaram durante os primeiros três meses deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta segunda-feira, acrescentando que na África o aumento foi de 700%.

"Até o momento, em 2019, 170 países relataram 112.163 casos de sarampo à OMS e, no ano passado, na mesma data, 28.124 casos de sarampo haviam sido registrados em 163 países, representando um aumento de quase 300% em escala global", disse a agência da ONU em um comunicado após afirmar que estes são números provisórios e ainda incompletos.

A OMS estima que menos de um em cada dez casos são relatados em todo o mundo, o que significa que o alcance da epidemia é muito maior do que indicam as estatísticas oficiais.

"Embora estes dados sejam provisórios (...), indicam uma tendência clara. Muitos países são vítimas de picos significativos de sarampo, e todas as regiões do mundo sofrem um aumento sustentado do número de casos", acrescentou a agência da ONU.

A África é a região mais afetada por este aumento, com uma elevação de 700% nos primeiros três meses do ano (em comparação anual), seguida pela Europa (+300%), o Mediterrâneo Oriental (+100%), as Américas (+60%) e a região do Sudeste Asiático/Pacífico Ocidental (+40%).

O sarampo é uma das doenças mais contagiosas do mundo e para a qual não há cura, mas pode ser prevenida com duas doses de uma vacina "segura e eficaz", segundo a OMS.

Os 'antivacina'

Até 2016, a doença estava em queda, mas está reaparecendo nos países ricos devido a uma desconfiança crescente em relação às vacinas, e nos países pobres devido à falta de acesso ao tratamento.

Segundo a OMS, os casos de sarampo dispararam na República Democrática do Congo, Etiópia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão, Madagascar, Mianmar, Filipinas, Sudão, Tailândia e Ucrânia, "causando muitas mortes, principalmente entre as crianças muito novas".

"Nos últimos meses, o número de casos também atingiu picos em países com alta cobertura geral de imunização, particularmente nos Estados Unidos, Israel, Tailândia e Tunísia, à medida que a doença se espalhou entre grupos de pessoas não vacinadas", explicou a OMS.

Em 2017, 110.000 mortes atribuídas ao sarampo foram registradas, de acordo com a OMS.

Nos países ocidentais, os "antivacina" se baseiam em uma publicação de 1998 que relaciona esta vacina ao autismo. No entanto, foi estabelecido que seu autor, o britânico Andrew Wakefield, havia falsificado seus resultados, e vários estudos demonstraram desde então que a vacina não aumenta esse risco.

A doença se manifesta por febre alta e, em seguida, erupção de placas. É contagiosa quatro dias antes e depois desta erupção.

Muitas vezes benigna pode, no entanto, causar complicações graves, respiratórias (infecções pulmonares) e neurológicas (encefalite), especialmente em pessoas vulneráveis.

As autoridades de saúde globais enfatizam a importância da vacina, individualmente, mas também coletivamente: uma alta cobertura de imunização (95% da população) protege pessoas que não podem ser vacinadas, especialmente porque seu sistema imunológico está enfraquecido.

No entanto, esta taxa de cobertura global (para a primeira dose de vacina) estagnou por vários anos em 85% de acordo com a OMS.

Aumento nos EUA

Paralelamente ao comunicado da OMS, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos publicaram nesta segunda-feira cifras que apontam que a doença continua se propagando nesse país, com 555 casos declarados.

Os dois principais focos de sarampo, detectado em 20 estados americanos, estão localizados no estado de Nova York.

Na cidade de Nova York, de 8,5 milhões de habitantes, foram declarados 285 casos, e em uma localidade do condado de Rockland, de 300.000 habitantes, 184 casos foram registrados.

No último dia 8 de abril foram detectados 465 casos desde o início do ano em todo o país, em comparação com os 372 casos declarados durante todo o ano anterior. Em 2016 foram detectadas apenas 86 pessoas afetadas nos Estados Unidos.

Para conter a epidemia, tanto o condado de Rockland como a prefeitura de Nova York declararam o estado de emergência sanitária e adotaram medidas extremas, como a vacinação obrigatória nos bairros mais afetados, sob pena de ações penais e multas.

Os bairros mais afetados são os de maioria ultraortodoxa judia.

A cidade de Nova York já havia lançado nos últimos meses uma forte campanha para promover a vacinação, enquanto as autoridades de Rockland haviam proibido a presença de menores não vacinados em lugares públicos.

O sarampo, uma doença evitável, mas potencialmente mortal, está ressurgindo em países como Venezuela, Brasil, Ucrânia e Madagascar, e também em um subúrbio de Nova York, devido a um retrocesso da vacinação nos países ricos e à falta de acesso para os pobres.

O que é o sarampo? 

É uma doença viral extremamente contagiosa, mais que o ebola ou a gripe, cujo tratamento não leva à cura, consistindo apenas no alívio dos sintomas.

Afeta, sobretudo, as crianças, mas não só. O vírus se propaga quando os doentes tossem ou espirram e permanece ativo durante duas horas.

O sarampo se manifesta com uma febre alta antes de uma erupção de placas. É contagioso durante quatro dias antes e depois da erupção.

Com frequência benigno, este mal pode apresentar complicações graves, respiratórias (infecções pulmonares) e neurológicas (encefalite), particularmente entre pessoas vulneráveis.

As autoridades sanitárias mundiais insistem na importância da vacina, em nível individual mas também coletivo: uma cobertura alta (95% da população) protege as pessoas que não podem ser vacinadas devido, sobretudo, a um sistema imunológico debilitado.

Alerta mundial

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Unicef fizeram soar o alarme ante o recrudescimento do sarampo.

A OMS registrou um aumento de 50% dos casos registrados no ano passado em relação a 2017, que deixaram 136.000 mortos no mundo.

Até 2016, a doença estava em retrocesso.

Segundo a Unicef, 98 países reportaram um aumento do número de casos em 2018. Dez, entre eles Ucrânia, Brasil e França, são responsáveis por três quartos do aumento total.

Na Ucrânia, onde ocorreu o maior aumento, foram registrados 35.000 casos em 2018, ou seja, 30.000 a mais que no ano anterior.

Desconfiança baseada em estudo falso

Nos países ricos, este aumento é atribuída principalmente a um aumento da desconfiança em relação às vacinas em geral e em particular a tríplice viral, que cobre o sarampo, a caxumba e a rubéola.

Os antivacinas se apoiam em uma publicação de 1998 que relacionava esta vacina com o autismo. No entanto, ficou estabelecido que seu autor, o britânico Andrew Wakefield, havia falsificado os resultados e vários estudos mostraram a posteriori que a vacina não aumentava o risco de autismo.

A desconfiança também pode ter motivos religiosos.

Afetado por uma epidemia de sarampo, um condado ao norte de Nova York decidiu nesta terça-feira declarar o estado de emergência e proibir a presença de menores não vacinados em lugares públicos. Os bairros mais afetados têm uma grande população ultraortodoxa judia.

"É muito irritante ver que no caso do sarampo temos os meios para preveni-lo mas não os utilizamos o suficiente", declarou à AFP Françoise Barré-Sinoussi, prêmio Nobel de Medicina de 2008 pela descoberta do vírus da aids.

Problemas de acesso às vacinas

Segundo a OMS, as crianças que mais necessitam dessas vacinas não têm acesso a elas, devido a sistemas de saúde deficientes nos países pobres.

É o caso de Madagascar, onde, segundo a Unicef, 77.000 pessoas contraíram sarampo entre setembro e fevereiro. Mais de 900 faleceram, em sua maioria crianças.

A Unicef e a OMS apoiaram uma campanha de vacinação de 11,5 milhões de crianças em fevereiro no Iêmen, onde vários anos de conflito conduziram a uma epidemia.

Na Venezuela, palco de uma grave crise econômica que levou a uma escassez de medicamentos, foram reportados milhares de casos nestes últimos meses.

Sarampo, produto de exportação

"Quando o sarampo surge em um país, é provável que tenha repercussões em outros porque as pessoas viajam muito", explica à AFP Daniel Lévy-Bruhl, responsável de vacinação da agência de saúde francesa Santé Publique France.

No fim de fevereiro, uma família francesa que se encontrava na Costa Rica e estava afetada pelo sarampo foi posta em quarentena nesse país.

As autoridades temiam que provocasse uma epidemia no país, que registrou seu último caso em 2006 e realiza uma campanha gratuita de vacinação.

Segundo o médico Lévy-Bruhl, a epidemia que afeta a comunidade ultraortodoxa judia nos arredores de Nova York teve origem em Israel antes de ser exportada aos Estados Unidos.

No estado de São Paulo, as ocorrências com escorpiões cresceram 24% em 2018 em comparação com 2017, de acordo com dados do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde divulgados hoje (29).

No ano passado, em todo o estado, foram registrados 26,9 mil casos de ataques de escorpião, com 12 mortes. Já em 2017, houve o registro de 21,7 mil casos, com sete mortes. E em 2016, foram 18 mil casos, com cinco mortes.

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As cidades que mais registraram casos em 2018 foram São José do Rio Preto, com 5 mil casos, e Araçatuba, com 4 mil. De acordo com o Ministério da Saúde, em todo o país, mais de 141 mil pessoas foram atacadas por escorpiões no ano passado.

A coordenadora do Instituto Butantan, Hui Wen, explica que o maior número de escorpiões se deve a elevação da temperatura global, o aumento das chuvas no verão, além das condições de proliferação, como lixos e entulhos. “É necessário manter a casa sempre limpa, evitar madeira, tijolo, entulho e baratas”, alerta Hui.

No nordeste da República Democrática do Congo, 283 pessoas já morreram vítimas de ebola, o que caracteriza o surto como o mais letal da história do país, de acordo com os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde local.

O relatório do órgão, que inclui as vítimas fatais até 8 de dezembro, aponta que 235 mortes por causa da doença foram confirmadas em testes de laboratório e 48 são prováveis. O número de casos registrados até o momento é de 494, dos quais 446 estão confirmados e 48 são suspeitos.

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Esse surto superou, inclusive, a epidemia que havia sido a pior já enfrentada pela população da cidade de Yambuku, também do norte do país, em agosto de 1976, considerada como a primeira de ebola no mundo. Naquela época, com uma taxa de mortalidade de quase 90%, 280 pessoas morreram dos 318 casos contabilizados.

A atual epidemia é também a segunda maior do mundo em número de casos, atrás apenas da de 2014 na África Ocidental.

Casos de endemia ou epidemia foram relatados em 34,7% dos 5.570 cidades brasileiras em 2017. As doenças são em decorrência da situação deficitária dos saneamentos básicos, segundo informações da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) 2017, publicados hoje (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A doença mais mencionada foi a dengue com 26,9%, seguida da diarreia com 23,1%. Outras doenças como verminoses e a chikungunya foram registradas em 17,2% dos municípios, e a zika, indicada em 14,6%.

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As regiões que mais citaram a degue, chikungunya e zika foram Norte e Nordeste. No Norte, foram registrados 38,9% dos casos de dengue, 19,8% de zika e 20,2% de chikungunya. Já no Nordeste, os números foram de 43,2% de dengue, 29,6% de zika e 37,3% de chikungunya. Enquanto isto, no Sul do país, as taxas registradas são de 6% dengue, 1,7% zika e 1,8% chikungunya.

Casos de febre amarela tiveram maior registro na região Sudeste com 5,1% dos municípios. Em todo o país, a doença atingiu 2,9% dos municípios em 2017.

“Dengue e diarreia foram as duas doenças mais mencionadas pelos municípios. Isso é falta de saneamento? Não necessariamente. Talvez seja falta de aprimorar um pouco mais os cuidados municipais, mas falta de saneamento não dá para dizer que é. Pode ser falta dos serviços que englobam o saneamento de uma maneira geral. Mas a gente tem que prestar atenção também que não é só a gestão pública municipal que tem que fazer o serviço, existe uma parte do cidadão também nessa história toda”, disse a A gerente da Munic, Vânia Pacheco.

O balanço da epidemia de febre hemorrágica ebola no leste da República Democrática do Congo (RDC) subiu a 75 mortos, informou nesta segunda-feira (27) o ministério da Saúde.

"No total, 111 casos de febre hemorrágica foram notificados na região", aponta o último boletim do ministério sobre a situação da epidemia. Há uma semana, o balanço era de 55 mortos.

O ministério da Saúde contabiliza 47 mortes entre os 83 casos confirmados por análise em laboratório, além de 28 mortes provavelmente devido ao vírus ebola, a maioria registrada antes da epidemia ser declarada em 1º de agosto.

"Desde 8 de agosto de 2018, 4.130 pessoas foram vacinadas", continua o ministério, que também relata o monitoramento de 2.445 "contatos" (pessoas que poderiam ter tido contato com o vírus).

Há também 18 recuperações, 18 pacientes hospitalizados e 10 casos suspeitos que estão sendo investigados, segundo a direção para o combate à doença.

Nenhum novo caso foi registrado em 26 de agosto, diz o boletim.

Em 1º de agosto, detectou-se um novo surto de ebola nas províncias de Kivu do Norte e Ituri, no leste do país. Este é o décimo surto desta epidemia que afeta a RDC desde 1976.

Quarenta e uma mortes relacionadas à nova epidemia de febre hemorrágica do ebola foram registradas no noroeste da República Democrática do Congo (RDC), informou nesta terça-feira (14) a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Pela primeira vez desde o anúncio da epidemia em 1o. de agosto, foi registrada uma morte fora da província de Kivu do Norte, na província vizinha de Ituri, segundo a fonte.

"É a primeira vez que a doença afeta uma zona muito povoada e em situação de conflito intenso", afirmou a OMS em um comunicado.

"A OMS pede um acesso livre e seguro para que todos os atores envolvidos na resposta a esta epidemia possam atender as populações afetadas", afirmou seu diretor-geral, dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, ao final de uma visita ao país.

As autoridades congolenses, por sua vez, informaram que equipes médicas em Beni e Mangina, epicentro da epidemia, começaram a usar a molécula terapêutica Mab114 para tratar os doentes.

"É a primeira molécula terapêutica contra o vírus a ser usada em uma epidemia de ebola ativa na RDC", afirmaram as fontes.

Esta é a segunda epidemia do vírus no país desde 1976.

O Brasil vive duas novas "epidemias" relacionadas aos altos índices de cesárea - a de bebês prematuros (menos de 37 semanas de gestação) e a dos chamados "termo precoce", que nascem em uma fase posterior, com 37 e 38 semanas. Estudo feito pelas Universidades Católica e Federal de Pelotas mostra que 4 entre 10 crianças nascidas no Brasil em 2015 tinham menos de 39 semanas de gestação, considerado período ideal.

Bebês que nascem com essa idade gestacional têm maior risco de adoecer e, no futuro, de apresentar problemas de aprendizado. "Vivemos três epidemias interligadas. É um grave problema de saúde pública, que pode trazer impacto a curto, médio e longo prazo", afirma o coordenador do estudo, professor Fernando Barros.

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Publicado na revista científica BMJ Open, o trabalho alerta para as consequências desse fenômeno, sobretudo no momento em que o País enfrenta uma crise econômica, com cortes nos investimentos de saúde pública e educação. Ele tinha como objetivo mensurar o impacto das cesáreas na frequência de partos antes do período considerado mais seguro para o nascimento, compreendido entre a 39 e 41 semanas da gestação.

Há tempos especialistas suspeitam que a cesárea, sobretudo de data agendada, aumentava o risco de partos precoces. A pesquisa comprovou a hipótese. "Os dados são importantíssimos e mostram a necessidade de se tomar medidas para reduzir a cesáreas no País", avaliou Maria Albertina Santiago Rego, do Departamento Científico de Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Para fazer o estudo, pesquisadores analisaram individualmente 2,9 milhões de registros de nascimentos ocorridos em 2015. Além disso, os autores avaliaram municípios que apresentaram diferentes taxas de cesáreas e concentraram a atenção naqueles que tinham mais de mil registros de nascimento anuais. Ao todo 520 se encaixavam nessas características; juntos respondiam por 82% dos relatos.

Nas cidades que apresentavam taxas de cesárea superiores a 80%, o indicador de partos prematuros era 21% maior do que naquelas que registravam menor proporção (com 30% de cesáreas). Mas a diferença mais significativa foi identificada na frequência dos nascimentos a "termo precoce" (37-38 semanas). Nas cidades onde as taxas de cesárea superam os 80%, a prevalência dos nascimentos de bebês nesta fase da gestação foi 64% superior quando comparado com municípios que tinham menos de 30% de cesáreas.

Barros avalia que as três epidemias interligadas preocupam igualmente. Crianças prematuras têm maior risco de morte e adoecimento nos primeiro período de vida e de problemas cognitivos mais tarde. Algo que acende o sinal de alerta, sobretudo quando se leva em consideração de que o Brasil tem o dobro da prevalência de prematuridade de países riscos. No caso de crianças nascidas entre 37-38 semanas, embora o impacto para saúde e desenvolvimento cognitivo seja menos acentuado, o número de crianças nessas condições é maior.

Prematuros respondem por 10% dos nascimentos no País e os pré-termo, por 30% (900 mil nascimentos por ano). "O risco é mais discreto, mas ele pode produzir uma carga de problemas importantes." Não menos significativa é a ameaça de problemas de saúdes para a mãe.

Grávida de gêmeos, a servidora pública Tatiana Malta há quatro anos pediu para fazer cesárea. "Fiquei com medo da dor. Não sabia qual seria meu limite, com dois partos seguidos", recorda. Ela, no entanto, fez questão de o procedimento ser feito só depois do início do trabalho de parto. "Queria que os bebês estivessem prontos para nascer. E acho que fez diferença."

Evidências

"As famílias têm de ser informadas. O direito de escolher a forma do parto não pode competir com o direito das crianças de nascerem depois das 39 semanas", afirma Barros. O coordenador cita uma série de estudos internacionais. Um deles, realizado em Belarus com crianças com 6 anos, mostra que o QI de crianças nascidas com 37 semanas é significativamente menor do que o daquelas nascidas entre 39 e 41 semanas de gestação.

Outro trabalho, da Escócia, mostra que crianças nascidas a termo precoce têm mais necessidades de recorrer a cursos especiais de educação do que as que nascem após 39 semanas. Por fim, taxas de suecos entre 23 e 29 anos que recebem algum auxílio por problemas de saúde ou incapacidade é maior entre aqueles que nasceram com 37 e 38 semanas de gestação do que entre aqueles que nasceram entre 39 e 41 semanas.

Partos por cirurgia

 

Dados preliminares do Ministério da Saúde - que ainda precisam ser confirmados - mostram que 55,75% dos partos em 2017 foram por cesáreas. Os números indicam que as taxas são maiores do que as registradas no ano anterior, quando foram 55,51%, e chamam a atenção sobretudo pelo fato de ocorrerem logo depois de uma série de iniciativas para tentar reduzir a epidemia de cesáreas no País.

O Brasil apresenta a segunda maior taxa de cesáreas do mundo, atrás da República Dominicana, com 56,4% de procedimentos em 2013. Diante de números tão expressivos, Ministério da Saúde, Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e Conselho Federal de Medicina lançaram ao longo dos últimos dois anos medidas para reduzir essa prática. O Ministério da Saúde não comentou o caso.

Já o CFM recomenda desde 2016 que a cesárea, a pedido do paciente, seja realizada a partir da 39.ª semana. "Justamente para evitar que partos ocorressem entre 37.ª e 38.ª. Muitos médicos tinham dúvidas se seria ético já realizar a cesárea a partir dessa fase", afirma a médica integrante da Câmara Técnica do Conselho Federal de Medicina, Adriana Scavuzzi. Ela diz que não há ainda condições de saber qual o impacto da medida.

Fernando Barros, coordenador do estudo sobre cesáreas, também diz não haver condições de mensurar. Mas observa que a prevalência de cesarianas pode ter chegado ao máximo no País. No entanto, é preciso que todos saibam que nascer antes de 39 semanas pode acarretar problemas.

Dados da ANS mostram que as medidas tomadas até agora trouxeram um aumento de 2% dos partos normais e redução de 5% das cesáreas entre 2016 e 2017. Mesmo assim, no ano passado, foram 432.675 cirurgias, quase cinco vezes mais do que os 87.947 partos normais em planos de saúde.

A pesquisa coordenada por Barros revela ainda que entre mulheres com mais de 12 anos de escolaridade a maior parte das cesáreas é antes da entrada no trabalho de parto: 49,2%. Outros 30,5% ocorrem em trabalho de parto. Nesse grupo, 20,3% são por parto normal.

A situação é bem diferente quando se analisam mulheres com menos de 4 anos de estudo. Nesse grupo, 62,2% dos partos são normais, 24,6% das cesáreas ocorrem em trabalho de parto e 13,2% são feitos com data marcada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Embora tenha deixado os holofotes, a epidemia de zika não terminou. O alerta foi feito por Gustavo Correa Matta, membro da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e coordenador da "Rede Zika Ciências Sociais".

Convocados por Gustavo, os principais pesquisadores do vírus no Brasil se reúnem nesta terça (24) e quarta-feira (25) na Fiocruz com famílias de crianças com microcefalia para refletir sobre as lições aprendidas com a epidemia que eclodiu em 2015 e para discutir como lidar com uma eventual nova epidemia de zika no país.

A AFP conversou com o pesquisador sobre este vírus, que foi descoberto em 1947 em uma selva de Uganda homônima, e que começou a se espalhar no início de 2015 no nordeste do Brasil para se tornar rapidamente uma epidemia presente em toda a América Latina, associando-se a um surto de nascimentos de crianças com microcefalia.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou uma emergência global pelo zika vírus em fevereiro de 2016, pouco antes dos Jogos Olímpicos Rio-2016, antes da propagação desta doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue e também da chicungunha, mas levantou o alerta nove meses depois.

O Brasil pôs fim a seu alerta em maio de 2017, observando uma queda no número de casos.

- O zika continua a preocupar?

O zika diminuiu em termos numéricos e hoje há poucos casos. Isso fez com que praticamente desaparecesse da imprensa e da agenda política, mas, em termos simbólicos, a epidemia do zika não acabou, porque suas repercussões continuam e muitas questões científicas não foram respondidas.

- Quais questões ainda estão pendentes?

Por exemplo, a forma de transmissão do zika. O mosquito Aedes aegypti é o principal transmissor, mas também foi comprovado que a doença pode ser transmitida sexualmente. Contudo, não se sabe exatamente a carga viral, ou a capacidade dessa transmissão. Outra pergunta diz respeito à transmissão via placenta. Por que foram mais severos os casos de microcefalia no nordeste em comparação a outros estados?

- Há um risco real de uma nova epidemia de zika no Brasil?

Não temos um histórico da epidemia de zika como temos, por exemplo, da dengue. Não conhecemos a imunorresistência da população e também não sabemos se quem contrai zika uma primeira vez pode ficar doente novamente. Muitos estudos de modelos epidemiológicos apontam que, em três ou quatro anos, poderia haver uma nova epidemia, ou talvez menos. É um exercício de previsão e adivinhação. Se analisarmos o modelo da dengue, que pesquisamos há mais de 30 anos, vemos que é uma doença cíclica, temos ondas epidêmicas a cada dois, três anos.

Teremos uma nova epidemia, ou não? Como será sua extensão? Vai gerar novos casos de microcefalia? Há muitas questões em aberto.

- O Brasil está preparado para essa hipotética nova epidemia?

Com o corte de recursos para a ciência e também nas políticas públicas, e tendo em conta os problemas de saneamento, condições de vida, água tratada, controle de vetores, prevenção, monitoramento, capacitação de trabalhadores para identificação precoce, sem teste de diagnóstico confiável... Hoje, não estaríamos preparados, para isso precisamos de mais recursos.

- Quais seriam as prioridades?

O básico é ter um bom teste de diagnóstico, mas ainda não dispomos de um confiável. Levando em conta que de cada cinco casos de zika apenas um é sintomático, nós não temos uma constância de diagnóstico que possa indicar se alguém teve zika há muito ou pouco tempo. Além disso, estamos muito longe de desenvolver uma vacina, enquanto a síndrome congênita pelo vírus zika não consta na classificação internacional de doenças, o que faz com que muitas pessoas não tenham acesso aos serviços especializados.

- Qual é a situação das famílias com filhos com microcefalia no Brasil?

Temos dificuldades em monitorar as crianças que nasceram com microcefalia. Cerca de dois terços dessas crianças não recebem atenção especializada. Não estamos recebendo os recursos necessários para dar assistência a essas famílias nem para investigar.

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