A maior chuva já registrada em um dia de inverno em 20 anos deixou paulistanos sem luz durante grande parte da quarta-feira, 9 Em alguns locais, houve registro de 28 horas sem energia, sobretudo em parte da zona oeste de São Paulo.
Um trecho da Rua Aramanaí, entre as Ruas Alvilândia e Andrade Fernandes, em Alto de Pinheiros, ficou sem luz por 28 horas. Segundo moradores, a energia caiu às 17 horas de terça-feira, 8, e só voltou às 21 horas de quarta. No mesmo bairro, a casa da tradutora Renata Adrianna Kovacs, de 53 anos, ficou 26 horas sem energia, até as 19 horas de quarta. A tradutora mora na Rua Professor Nova Gomes com o pai, de 86 anos, e a mãe, de 82. A residência é registrada na Eletropaulo como "cliente sobrevida" porque o pai, com problemas cardíacos, usa um marca-passo que depende da eletricidade para monitorar a pressão sanguínea. "Estamos falando de uma residência que não pode ficar mais de duas horas sem luz."
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De acordo com Renata, a companhia informara, por volta das 17 horas de terça, que duas equipes seriam enviadas até meia-noite, o que não ocorrera. "Não é mais desrespeito. É um crime."
A tradutora disse já ter perdido a conta de quantas vezes, em chuvas de anos anteriores, a Eletropaulo demorou mais de um dia para fazer o reparo. "Minha mãe chegou aqui em 1966 e, depois disso, temos um problema recorrente e reincidente de falta de luz, principalmente, nos meses de chuva, de setembro a fevereiro", comentou Renata, que promete entrar na Justiça com pedido de indenização pelos transtornos causados.
Sem elevador
Na Vila Madalena, onde na noite do temporal uma mulher ficou ferida após ser atingida por uma árvore, a falta de energia também perdurou por mais de um dia. A aposentada Ana Maria Winter, de 61 anos, disse que a luz caiu às 15h50 de terça-feira e só foi restabelecida às 18 horas de quarta-feira. "O que estava no freezer já estragou e as coisas da geladeira levei para a casa do meu irmão."
Ana Maria afirmou que teve de subir oito andares de escada para sua residência, mas muitos vizinhos não conseguiram fazer o mesmo. "O problema é que o pessoal do prédio onde eu moro tem idade avançada. A vizinha no 9º andar tem 92 anos e usa cadeira de rodas. Então, ela ficou trancada no próprio apartamento."
Próximo do prédio da aposentada, na Praça Comendador Manuel de Melo Pimenta, um pet shop também enfrentou transtornos. "Estamos abertos, mas sem funcionar. Como nosso serviço é de banho e tosa, sem água quente e secadora não há o que fazer. Tive de desmarcar todos os clientes e levar as vacinas, que ficam guardadas em geladeiras, para outra residência", contou uma funcionária.
A AES Eletropaulo não havia se manifestado sobre a falta de assistência à família de Renata até à 0h30. Em outros locais, afirmou ter chegado a 1.924 técnicos nas ruas.
Segundo a Eletropaulo, 128 circuitos elétricos foram desligados durante as chuvas, 70 deles simultâneos no pico da tempestade. "Esse impacto foi acima da pior chuva do último verão, em 12 janeiro, quando 103 circuitos foram afetados", afirmou a empresa. A companhia não explicou, no entanto, quantos bairros foram afetados pela falta de energia nem o número de clientes atingidos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.