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Adriano Alves da Cunha, 28 anos, paraense, negro, gari. Adriano trabalha há cerca de um ano em um dos maiores mercados do mundo, o Ver-o-Peso, situado às margens da baía do Guajará, na cidade de Belém. Com um jeito desconfiado, simples e observador, ele afirmou que esperou muito para conseguir a vaga de emprego e valoriza a profissão que exerce. Apesar do preconceito que já sofreu, afirma que a maior parte do tempo é bem tratado e se dá bem com seus colegas de trabalho.
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Adriano é solteiro e não tem filhos. Seu passado não foi fácil. Quando mais novo, na ânsia de ter uma vida melhor e na crença de ser um lado mais fácil, ele se envolveu no mundo do crime, e acabou ficando preso durante cinco anos, mas quando solto resolveu mudar de vida.
A vontade de mudar o rumo de sua história o levou a procurar um emprego, honrando princípios herdados da família que sempre esteve ao seu lado, mesmo no período de desvio. Com apoio de um amigo, Adriano conseguiu o emprego de gari. Ele tem o ensino médio completo, e diz que uma oportunidade para trabalhar nos dias de hoje é como tirar a sorte grande, mesmo com qualificação.
Evangélico, Adriano crê em um mundo melhor e em uma cidade com mais segurança e com paz nas ruas. Por ter vivenciado diversos assaltos no seu campo de trabalho, diz que a segurança na cidade de Belém infelizmente é falha. Desiludido com a política, entende que se o voto não fosse obrigatório ele não faria nenhuma questão de participar das eleições. A descrença nos políticos é evidente.
Se Adriano pudesse escolher uma faculdade seria na área de contábeis, por se identificar com números e cálculos desde sua época de escola. A história de Adriano é comparada à de milhares de brasileiros que não tiveram a oportunidade de um futuro por meio da faculdade. Entretanto, ser gari para ele é uma satisfação hoje em dia, ele gosta do que faz e por enquanto se sente bem com o emprego. Sua rotina é dividida entre trabalhar de segunda a sábado, oito horas por dia, e dividir o tempo entre família e amigos.
Segundo Adriano, a população é mal educada e não coopera com a limpeza da cidade. Ele diz fazer seu trabalho com maior prazer, apesar de ser cansativo, debaixo do sol e por não parar nenhum momento. Adriano gosta da cidade de Belém e se sente satisfeito e agradecido a Deus pela vida que leva hoje em dia.
Quando perguntado sobre o que mudaria em Belém, Adriano diz que mudaria a política e todos os deputados eleitos atualmente. Se pudesse escolher um futuro melhor, o seu ideal seria um local com menos criminalidade e mais educação para as próximas gerações, e quem sabe seus filhos.
O olhar pelo outro ângulo do Adriano reflete a vontade de outros tantos brasileiros trabalhadores que estão insatisfeitos com o mundo em que vivem, mas apesar de todas as dificuldades conseguem encontrar uma maneira de ser feliz com tudo o que têm e com o que conquistaram.
Por Maria Rita Kapazi. Vídeo: Lucas Sarah.