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O Movimento de Reintegração de Pessoas Atingidas pela Hanseníase vai realizar nesta sexta-feira (10) o 2º Encontrão Estadual dos Filhos Separados pelo Isolamento Compulsório, com a presença da relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Eliminação da Discriminação contra as Pessoas Atingidas pela Hanseníase e seus Familiares, a pesquisadora Alice Cruz. É a primeira visita oficial da representante da ONU ao Brasil e ao Pará. 

A agenda inclui encontros com governos, movimentos sociais, artistas, cientistas e profissionais de saúde nas cidades de Brasília/DF, Rio de Janeiro/RJ, Duque de Caxias/RJ, Marituba/PA e Belém/PA.

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O Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) promoverá o encontro da relatora com pessoas atingidas pela hanseníase e seus familiares em duas ex-colônias. Em Marituba, no 2º Encontrão, nesta sexta-feira, às 17 horas, serão discutidas as medidas para garantir a reparação aos filhos separados, com o pagamento de indenização pelo Estado.

Para o coordenador nacional do Morhan, Artur Custódio, a relatora da ONU ao Brasil é muito aguardada nesse momento. “Não só pelo resgate histórico de tudo que aconteceu e ainda acontece em termos de discriminação, e porque o Brasil é o primeiro lugar do mundo em incidência de novos casos da doença, mas também para impulsionar as autoridades públicas para que façam seu papel no enfrentamento do estigma e da doença”, defende.

“É preciso olhar para a hanseníase não só como uma questão médico-biológica, mas como uma questão social. Que não seja um assunto apenas do Ministério da Saúde, mas que envolva a assistência social, a previdência, discussões do âmbito da qualidade de vida, do meio ambiente, da moradia, da preservação histórica. Tudo isso com um olhar de Direitos Humanos”, explica o dirigente do Morhan. Por isso, o movimento realizará o encontro da relatora da ONU diretamente com as pessoas atingidas.

Custódio observa que a visita de Alice Cruz ao Brasil servirá para mostrar ao mundo conquistas que precisam ser reconhecidas e podem ser multiplicadas. Ele se refere à indenização e ao reconhecimento de crime de estado contra as pessoas que foram isoladas em colônias até a década de 1980, conquistados por meio da lei 11.520. Hoje, um dos desafios é ampliar este olhar aos filhos que foram separados de seus pais que viviam nas antigas colônias, em uma época em que a doença já tinha cura e tratamento, outro assunto que será apresentado à ONU durante a visita.

“O Brasil manteve as pessoas sendo segregadas e excluídas, manteve os filhos sendo separados dos pais, mesmo após a descoberta da cura e as inúmeras recomendações mundiais para suspensão do isolamento. Isso por conta de uma sociedade que ainda mantém um preconceito e um estigma bastante forte, que tende a separar e isolar tudo o que é diferente”, ressalta o coordenador do Morhan.

O Brasil é o país com o maior número de casos novos de hanseníase (em relação à população) no mundo – a Índia registra um maior número absoluto de casos anuais, mas possui uma população cinco vezes maior que a do Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, o país registrou 25.218 novos casos da doença em 2016 e 26.875 em 2017. Muito acima dos índices máximos recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Nesse cenário, é preciso ampliar a atenção do SUS ao tema. “Ppara acabar com a hanseníase no Brasil é preciso tirar a doença da invisibilidade”, afirma Custódio.

Agenda

Dia 10 

8 às 11 horas - Reunião com autoridades estaduais.

12 horas - Visita à URE Dr. MarcelloCândia o Oificna Ortopédica.

13 horas - Visita ao Laboratório LDI (Dr. Cláudio Salgado) + almoço.

14h30 - Visita ao abrigo João Paulo II.

17 horas - 2º Encontrão dos filhos separados pelo isolamento compulsório das ex-colônias de Marituba e Prata. Local: Igreja Tabernáculo Batista (Rua Célio Mota, s/n , Bairro Dom Aristides- Marituba).

19 horas - Praça do bairro Dom Aristides, Marituba. Apresentação cultural de grupos folclóricos de marituba.

Dia 11

9 às 12 horas + almoço. Visita à comunidade da ilha de Combu, em Belém.

15 horas - Sede da ONU (Belém). Reunião com as mulheres do Morhan e com o Morhan Pará (Marituba, Belém, Prata).

Dia 13 

9 horas - Reunião técnica. Local indefinido. Participam: Comissão Estadual dos Direitos Humanos do Estado e da Alepa, Defensorias Públicas do Estado e da União, Ministério Público do Estado do Pará e OAB Pará.

13 horas - Reunião com autoridades municipais.

Por Dina Santos, especialmente para o LeiaJá.

 

A partir da próxima segunda-feira (8), a Secretaria de Saúde de Olinda, na Região Metropolitana do Recife, realizará um mutirão para combater a hanseníase. Por isso, as pessoas que apresentem manchas esbranquiçadas ou amarronzadas na pele, que não provocam ardência, coceira ou dor, precisam ficar atentas e procurar se examinar.

Essa ação em Olinda faz parte da 4ª etapa do projeto Abordagens Inovadoras para Investigação e Esforços para um Brasil Livre da Hanseníase. A programação deve se estender até a sexta-feira (12). Além da promoção de capacitação para médicos e enfermeiros da rede municipal sobre o tema, a secretaria ressalta que o público poderá procurar uma unidade de saúde para ser examinada.

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A abertura do evento ocorrerá na segunda-feira (8), às 8h, na Policlínica Barros Barreto, no Carmo. Já as consultas serão oferecidas a partir da terça (9), até o fechamento das atividades na sexta (12). O público pode ir espontaneamente a um dos postos de saúde inseridos no cronograma de atividades práticas.

Confira o calendário de atendimento:

Terça-feira

8h às 12h – USF Alto da Conquista I e II

13h30 às 17h30 – Varadouro I e II

Quarta-feira

8h às 12h – USF Azeitona I e II

13h30 às 17h30 – Ilha de Santana I e II

Quinta-feira

8h às 12h – Bultrins Monte I e II

13h30 às 17h30 – Jardim Atlântico

Sexta-feira

8h às 12h – Caixa D’Água I e II  

13h30 às 17h30 – Jardim Fragoso I e II

Pesquisa realizada pelo Instituto Datasus mostrou que em 2018 foram registrados 2.125 casos de pacientes com hanseníase no Brasil. Especialistas afirmam que o diagnóstico precoce e o avanço nas informações são fundamentais para o combate da doença. 

Em Belém, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o Programa de Controle da Hanseníase (ações preventivas, diagnósticos e tratamento da doença) está implantado em 100% das unidades de saúde do município e os casos de hanseníase vêm caindo. A Sesma destacou que, no ano de 2017, 82,95% dos pacientes atendidos pela rede municipal alcançaram a cura e apenas 4,61% abandonaram o tratamento. Os números, afirma a Sesma, são considerados bons segundo parâmetros do Ministério da Saúde, que aceita até 10% de abandono de tratamento.

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Mário Albuquerque, médico de família e comunidade, explicou que a conscientização é primordial para o sucesso do tratamento da doença. "É uma doença infectocontagiosa, uma doença negligenciada, em que o tratamento precoce é fundamental. Se a população não estiver ciente do que são os sintomas suspeitos, de quando procurar um médico, acaba postergando o início desse tratamento, e o doente sem o tratamento vai continuar transmitindo a doença para outras pessoas", justificou.

O médico disse que, apesar de a hanseníase ser uma doença em que o sintoma característico é a lesão de pele, a forma de contrair a doença é somente pelas vias respiratórias, através do contato com as gotículas oronasais de um paciente contaminado e sem tratamento. "É através de gotas presentes em nossa árvore respiratória que vão acabar transmitindo de uma pessoa para a outra. Porém, esse contato tem que ser contínuo e prolongado. Não é num contato rápido que você vai adquirir a doença. Geralmente as pessoas que estão em maior risco são aqueles contatos domiciliares, quem mora na mesma casa do paciente. Essa é a única forma de transmissão", disse o médico.

Segundo o médico, o diagnóstico da hanseníase é eminentemente clínico. "Você tem uma lesão suspeita, é uma lesão de pele, uma macha mais clara, com alteração de sensibilidade ao frio, ou ao calor, ao tato, ou dor, e o diagnóstico é feito procurando o médico. O médico vai fazer o exame físico mais detalhado desse paciente para ter o diagnóstico definitivo", explicou.

Hanseníase tem cura e o tratamento, com antibióticos, é totalmente gratuito. O tempo varia de seis a doze meses, de acordo com a forma clinica da doença. De acordo com o médico, quanto antes o paciente inicia o tratamento, menores serão as chances de alguma sequela definitiva no futuro.

O médico Mário Albuquerque explicou que a hanseníase é um problema de saúde pública e que o médico de família, que está nas unidades básicas de saúde, está totalmente capacitado para fazer o diagnóstico dos paciente com a doença. Só seguem para os dermatologistas, ou centros de referências, os casos mais complexos, casos que tenham algum tipo de complicação. 

Para Mário, o primordial quando se fala de educação em saúde, referente à hanseníase, é enfatizar a importância do tratamento precoce e conscientizar a população da importância do tratamento. "O Brasil é o segundo país, em nível mundial, em casos da doença, ele perde apenas para a Índia. O Pará é o quarto Estado, e muito disso se atribuiu justamente à falta de informação", avaliou.

Outro ponto que o médico destacou foi com relação ao preconceito. "Por muito tempo a hanseníase era chamada de lepra e isso trouxe estigma muito grande para a doença. Os doentes eram isolados da sociedade e culturalmente essa mentalidade continua até os dias de hoje na nossa sociedade. Não há necessidades de você isolar esse paciente, muito menos ter qualquer tipo de preconceito, pois assim que ele inicia o tratamento já deixa de transmitir a doença. Nesse momento crítico o apoio familiar e o apoio das pessoas próximas é fundamental para que nós tenhamos uma melhor assistência à saúde desse paciente", disse o médico.

Mário ressaltou que, em sua experiência prática, avaliou que muita das vezes a questão psicológica, social, é muito mais importante para esse paciente do que a questão física. "Às vezes ele nem sente tanta dor, tanta incapacidade, mas o preconceito, isolamento das outras pessoas, acaba influindo de forma muito drástica nesses pacientes", concluiu.

 

O LeiaJá conquistou mais um prêmio jornalístico na noite desse domingo (2). A reportagem ‘Cidade do Medo e da resistência’, que retrata histórias de pessoas diagnosticadas com hanseníase e que foram vítimas do isolamento obrigatório, venceu a categoria ‘Mídia Online’ do Prêmio NHR Brasil de Jornalismo. A cerimônia de entrega do título foi realizada no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, durante o 54º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.

A reportagem premiada é do jornalista Nathan Santos, com fotos de Chico Peixoto, edição de vídeos de Danilo Campello e artes de Raphael Sagatio. Multimídia, a matéria traz fortes depoimentos de pessoas com hanseníase que viveram em um período de isolamento obrigatório, no atual Hospital da Mirueira, em Paulista. Promovido pela Netherlands Hanseniasis Relief – Brasil, o Prêmio nacional reconheceu, nas categorias Impresso, Rádio, TV e Mídia Online, trabalhos sobre a doença e seus impactos na sociedade brasileira.

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Comemorando seu sétimo prêmio de jornalismo, o jornalista Nathan Santos ressaltou o valor histórico da reportagem. “Conseguimos encontrar pessoas que viveram um dos períodos mais críticos da saúde brasileira, em um local que ainda guarda toda a estrutura da época dos hospitais colônias. É um prêmio muito importante porque teve grandes trabalhos a nível nacional e também porque trata de um tema voltado à saúde”, declarou Santos.

Para o repórter fotográfico Chico Peixoto, a reportagem faz um apanhado imagético de relevância social. "As fotos e o vídeo são um resgate histórico do que passou, mas ao mesmo tempo reforçam as denúncias que atualmente são feitas por grupos de pesquisadores sobre a persistente negligência em relação não apenas a hanseníase, mas também a outras doenças contagiosas", declarou Peixoto.

Premiações - O LeiaJá já conquistou os Prêmios Sebrae de Jornalismo, Ministério Público do Trabalho, Abrafarma, Fecomércio, Correios de Jornalismo e Urbana de Jornalismo. O site também chegou a finais de premiações como Cristina Tavares, CNT de Jornalismo e Estácio de Jornalismo. 

O LeiaJá é um dos finalistas do Prêmio NHR Brasil, que reconhece as melhores matérias brasileiras sobre hanseníase. A reportagem “Cidade do medo e da resistência”, do jornalista Nathan Santos, é a única de Pernambuco entre os trabalhos que disputarão o título. As imagens são do repórter fotográfico Chico Peixoto, a edição de vídeos é de Danillo Campello e as artes de Raphael Sagatio.

A reportagem multimídia do LeiaJá traz detalhes do período em que as vítimas da doença eram isoladas do restante da sociedade brasileira. Contamos a história do Hospital da Mirueira, em Paulista, Região Metropolitana do Recife, que chegou a ter 500 pessoas internadas de forma compulsória. A matéria mostra como o preconceito impactou os brasileiros acometidos pela doença.

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No texto multimídia, o LeiaJá revela também como os internos superaram o isolamento que, para muitas pessoas, era considerado desumano. Além disso, destacamos as formas de tratamento da doença e o atual panorama da hanseníase no Brasil.

Criado pela NHR Brasil, instituição sem fins lucrativos que trabalha para “promover a melhoria na qualidade de vida e a reabilitação das pessoas atingidas pela hanseníase”, o Prêmio contemplará reportagens das mídias impressa, rádio, TV e online. O anúncio dos vencedores será no dia 2 de setembro, durante a cerimônia de abertura do 54º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MedTrop), no Recife. Confira, a seguir, os trabalhos finalistas:

Mídia Online

"Cidade do medo e da resistência", de Nathan Santos. Fotos de Chico Peixoto, edição de vídeo de Danillo Campelo e artes de Raphael  (Portal LeiaJá/PE)

Hanseníase: um problema de 1800 ou 2018?, de Olívia Pereira Rêgo Meireles (Portal Metrópoles / DF)

Mãos que curam: paraibano que venceu a hanseníase ajuda portadores há mais de 10 anos, de Dennison Lucas Vasconcelos e Núbia Renata Nunes (Portal T5 / PB)

  Impresso (Jornais e Revistas)

Curados, mas sequelados, de Jônatas Ferreira da Silva (Revista Guarulhos / SP)

Entre o preconceito e a doença, de Franceli Stefani (Jornal Correio do Povo / RS)

Pele insensível, de Fernanda Lima e Wladmir Pinheiro (Jornal Correio* / BA)

Rádio

Hanseníase: doença tem cura, preconceito também, de Géssika Aline Lima da Costa e Flávia Pâmela de Lima (Rádio Difusora AM 960 / AL)

Hanseníase: o mal que tem cura, de Thalita da Luz Vieira de Assis (Nova FM 94,3 / MS)

Manchas insensíveis, vidas sensíveis, de Marcelo Henrique Andrade, Alessandro Leite e Jonathan Dias (Rádio CBN / PB)

TV

Médico do ES alerta sobre os cuidados e a prevenção da hanseníase, de Danielle Cariello (TV Gazeta/Globo - ES)

Portador de hanseníase tem direito a pensão, de Renata Coelho, Eliane Wirthmann e Camila Buzzi (TV Justiça - DF)

Segregados, de Orlando Pedrosa Lima Junior, Luciano Abreu, Paulo Frazão, César Nunes, Paulo Paixão e Thaís Machado (TV Amazonas - AM)

Premiações - O LeiaJá conquistou os Prêmios Sebrae de Jornalismo, Ministério Público do Trabalho, Abrafarma, Fecomércio, Correios de Jornalismo e Urbana de Jornalismo. O site também chegou a finais de premiações como Cristina Tavares, CNT de Jornalismo e Estácio de Jornalismo. 

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--> LeiaJá vence o Prêmio Urbana de Jornalismo

Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens --- Diagnosticado com hanseníase, Fernando foi vítima do internamento compulsório em Pernambuco. Ele revela memórias sobre a "Cidade do Medo"

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Um esmorecimento nada comum para um jovem de 17 anos despertou a curiosidade alheia. Isolado, no canto mais brando de uma residência, o adolescente, claramente debilitado, não demonstrava energia para reerguer-se. Desconfiada da condição do rapaz, uma vizinha identificou um grande ferimento em uma das pernas do garoto, que logo se tornou claro indício de que a saúde dele precisava de sérios cuidados. A mulher tomou a iniciativa de procurar um médico e, ao fazer contato com um especialista, foi orientada a levar o jovem para uma unidade hospitalar. Seria nobre a atitude da senhora aos olhos de muitos cidadãos. Para Fernando Antônio de Paula, o rapaz enfermo, no entanto, foi o começo de um de seus piores pesadelos.

Fernando residia com sua mãe e algumas tias no bairro de Águas Compridas, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife. A vizinha conhecia seus familiares; sob a orientação do médico, convenceu o rapaz a procurar a unidade de saúde, contudo, não revelou que se tratava na época de um “leprosário”, como eram chamados os locais que recebiam pessoas acometidas de hanseníase. Há exatos 33 anos, o verdadeiro destino foi o Hospital Colônia da Mirueira, situado na cidade pernambucana de Paulista. Fernando foi diagnosticado com hanseníase. Nunca mais viu grande parte de seus familiares. A vizinha não passou do portão e retornou a sua rotina social.

Entenda: A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, cujo agente etiológico é o  Mycobacterium leprae (M. Leprae). Esse bacilo tem a capacidade de infectar grande número de indivíduos, no en­tanto poucos adoecem. A doença acomete principalmente pele e nervos periféricos podendo levar a sérias incapacidades físicas. É de notificação compulsória em todo o território nacional e de investigação obrigatória. Essa doença pode acometer pessoas de ambos os sexos e qualquer idade em áreas endêmicas. Entretanto, é necessário um longo período de exposição e apenas uma pequena parcela da população infectada adoece. Fonte: Ministério da Saúde.

Em poucas horas, tudo se tornou uma incógnita para o futuro de um jovem de apenas 17 anos. Dificilmente ele aceitaria ir para a colônia caso descobrisse, antes do isolamento, que se tratava, na verdade, de um "leprosário". Nada incomum para a sociedade da época, uma vez que desde a década de 30, por meio de uma política governamental do presidente Getúlio Vargas, os brasileiros identificados com hanseníase eram obrigados a ser separados do restante da população considerada saudável. Na ótica da gestão pública do período, foi uma ação emergencial de saúde, sob o argumento de que a medicina não reunia conhecimentos suficientes para tratar a doença que apresentava alto poder de transmissão. Já na visão das vítimas do isolamento compulsório, foi uma devastadora segregação social que durou mais de 40 anos e castigou cerca de 50 mil brasileiros.

Para manter os enfermos longe do restante da população, o governo federal construiu hospitais colônias em vários estados brasileiros. Nesses locais, verdadeiras cidades foram erguidas para que os doentes construíssem laços sociais entre eles próprios. Quem era diagnosticado com hanseníase só podia se relacionar com outros acometidos pela mesma doença. Nas ruas, fora dos muros das colônias, uma espécie de polícia sanitária tinha a missão de encontrar as vítimas da enfermidade e levar a força para o isolamento.

De bens materiais a vínculos sentimentais com familiares e amigos, quase nada restou para Fernando. Se já não bastasse a alcunha de conviver com uma doença taxada de “incurável” na época, era preciso adaptar-se a uma realidade que deixava marcas na pele e principalmente na alma. Do lado de fora das colônias, o preconceito preso à raiz da população oprimia os doentes; a maioria dos sadios não queria “leprosos” por perto. Até mesmo na literatura bíblica, a doença era sinônimo de castigo contra os pecadores. Além disso, o receio de contágio, as deformações nos corpos das vítimas e a falta de tratamento adequado para curar a hanseníase, entre outros fatores, estimularam uma mancha negativa no imaginário da população: o Hospital Colônia da Mirueira, que abriga uma vila de convivência onde os pacientes construíram novas famílias, foi batizado de “Cidade do Medo”.

“Perdi o contato com todo mundo, ninguém veio aqui. Tive que fazer minha vida neste local. O que me choca até hoje eram as dores, vi os pacientes rolarem no chão frio para poder passar! Precisei conviver com tudo isso. Mesmo doentes, eu e outros homens tínhamos que ajudar a tratar os demais pacientes, porque não havia profissionais de saúde suficientes para prestar atendimento. Aqui aprendi a vida. Foi aqui que aprendi a ter amor ao próximo. Possuo lembranças de vários amigos que morreram sofrendo; acredito, no entanto, que tudo é determinado por Deus. Perdi minha família lá fora, mas construí uma nova família aqui com uma mulher que também era doente”, relata Fernando, hoje aos 50 anos, casado e pai de três filhos, com 17, 18 e 23 anos. Nenhum deles tem hanseníase.  

“Quando eu dizia que era da colônia, as pessoas tinham medo. Na época que fiz 23 anos, fomos liberados para sair do hospital. Então, resolvi tentar ver o povo e fui ao encontro de uma antiga namorada que tive aos 17 anos. Nos encontramos, mas ela estava com um banquinho e sentou-se a uma distância de uns dez metros. Ela até conversou, perguntou como eu estava, mas não chegou perto de mim. Não me tocou. Isso me deixou marcado, porque, há um tempo, eu estava deitado com essa mulher e depois ela não queria chegar perto de mim”, conta Fernando.

Em tom de desabafo, ele continua seus relatos e retorna às memórias da “Cidade do Medo”. “O isolamento era uma coisa desumana. O pessoal doente, cheio de ferimentos, sem ter ninguém capacitado para apoiar. A gente que ajudava um ao outro. Não tinha como este hospital oferecer um tratamento correto. Era Cidade do Medo porque, antigamente, existiam pessoas com orelhas enormes, nariz inchado ou despedaçado. As pessoas eram todas deformadas”. Fernando deixou de morar no Hospital da Mirueira em meados de 1990. Hoje, reside no Recife com sua esposa e os filhos.

Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens --- Mesmo sem morar mais no Hospital da Mirueira, Fernando visita com frequência os residentes que foram internados junto com ele

“Cidade do Medo”. E da resistência

De acordo com o livro “Histórias vividas na terra dos esquecidos”, das autoras Rosa Maria Carlos de Albuquerque e Maria José Dantas Mesquita, a construção do Hospital Colônia da Mirueira se deu em 1936, à época, “a cargo do Ministério da Educação e Saúde”.  Estrategicamente, a colônia foi erguida em um local afastado da área urbana, “cercado por mata virgem e intensa circulação de ar”; há quem diga que o objetivo era evitar fugas e isolar os enfermos para mantê-los longe da sociedade. “Foi construído para ser uma microcidade e com capacidade para internar 400 doentes. Foi projetado para possuir o caráter de uma cidade, com ruas, praças, templo religioso, área para administração, prefeitura, delegacia, escola, áreas de lazer, além dos complexos médicos necessários para o tratamento”, diz trecho do livro.

A obra ainda traz os seguintes detalhes: “Era divido em zonas A, B e C, sendo a zona C considerada área de contágio, onde ficavam os internos. Somente com a devida permissão era possível transpor-se a barreira e penetrar-se além das linhas demarcatórias, sob pena de repreensão, mediante a proibição imposta a todos aqueles que habitavam a zona do medo”. A inauguração oficial do Hospital Colônia da Mirueira foi realizada em 26 de agosto de 1941. “O Hospital foi símbolo do isolamento social das pessoas com hanseníase em Pernambuco. O leprosário foi construído para prestar serviço inestimável de ordem técnica, sanitária, social e humana, com a visão de proteger a coletividade. Em relação aos doentes, falava-se em vantagens e promessas redentoras, pois o medo e o preconceito eram muito maiores. Esses internamentos eram o grande pavor dos hansenianos. Geralmente os primeiros dias eram difíceis, custando noites de insônia, lágrimas, muita aflição e enorme saudade dos familiares”, traz o livro “Histórias vividas na terra dos esquecidos”.

Nos registros históricos da unidade hospitalar, a capacidade inicial era para abrigar 400 doentes, no entanto, a colônia chegou a ter 500 pacientes. “Sofreram com o preconceito e o abandono, mas criaram uma sociedade só sua. Não tiveram o direito de criar seus filhos, mas agiam como se fosse uma grande família, mesmo a colônia sendo chamada a Cidade dos Mortos-Vivos e Cidade do Medo”, acrescentam as autoras Rosa Maria Carlos de Albuquerque e Maria José Dantas.

De fato, muitos internos não tiveram o direito de criar seus próprios filhos. Pacientes grávidas, quando entravam em trabalho de parto, eram submetidas a uma separação cruel e que deixaram marcas até hoje. Seus bebês eram levados para um local chamado de preventório, no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife. Não havia mais contato entre pais e filhos. Os bebês eram adotados ou passavam a viver em orfanatos. Atualmente, ainda existem relatos de famílias que nunca chegaram a conhecer seus filhos.

Fernando presenciou esses e outros tristes episódios que marcaram o isolamento compulsório. Porém, ele resistiu aos impactos da doença, mesmo com o tratamento ineficiente na época, e persistiu ante uma considerável parcela da população brasileira que via os enfermos como seres à margem da possibilidade de conviver em uma sociedade digna. Na colônia, trabalhou em atividades de agricultura, pecuária, além dos esforços para dar assistência aos demais pacientes. A rotina dos internos nos hospitais colônias, em geral, se resumia aos afazeres que geravam os próprios bens de consumo, como os alimentos oriundos das plantações, além de se submeterem aos tratamentos médicos. Ao caminhar pela “Cidade do Medo”, Fernando faz uma viagem pelas memórias que rementem a um período de dor e ao mesmo tempo de bravura dos que resistiram à doença e ao preconceito.

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O discurso de Fernando, por mais que em vários momentos remeta a memórias tristes da “Cidade do Medo”, reforça o auxílio humano que um paciente dava ao outro durante o internamento na colônia. Os que sentiam menos efeitos da doença ajudavam os internos mais castigados pela hanseníase. Sobretudo, além do auxílio físico, existia o aparato psicológico que, para Fernando, era tão importante quanto o tratamento corporal. Ele recorda do amigo Juliano Vieira de Farias. “Seu Juliano me ajudou muito mesmo. Quando cheguei à colônia, fiquei desesperado, era a primeira vez que seria vítima de um isolamento compulsório. Ele me deu palavras de conforto, pediu paciência e me fez acreditar que um dia tudo seria resolvido. Juliano foi um dos que mais me ajudaram dentro do hospital”, relembra.

Seu Juliano, bastante conhecido entre as vítimas do isolamento compulsório em Pernambuco, foi diagnosticado com hanseníase aos 14 anos, idade em que passou a viver entre os muros do Hospital Colônia da Mirueira. Em 2016, conhecemos Juliano – na época com 71 anos - em uma reportagem do LeiaJa.com e registramos um depoimento forte, sem rodeios e que não ocultou as marcas na alma de quem “sobreviveu” na “Cidade do Medo”.

“Se você fosse jogado dentro de um leprosário como eu fui com 14 anos de idade e te falassem que dali só sairia para o cemitério, o que você faria? Não existia perspectiva de uma vida digna e caí no mundo das drogas, após ser arrastado de dentro de casa e jogado no Hospital da Mirueira. Morava no bairro da Várzea, no Recife, com meus pais e mais sete irmãos. Me deixaram longe deles e passei a viver em um lugar que classifico como depósito de lixo humano”, desabafou Seu Juliano à época.

Se Juliano foi uma das pessoas que resistiram ao isolamento compulsório. Tocou sua vida nas dependências do Hospital da Mirueira – mesmo após o fim do internamento obrigatório - até 1994, quando decidiu residir sozinho em uma casa no mesmo bairro. Não se não casou na colônia, mas construiu uma "família" graças ao aparato emocional que dava aos demais internos. Ele faleceu em 2017, aos 72 anos.

Ainda residindo em uma das casas do Hospital da Mirueira, uma vez que por determinação federal os ex-pacientes do isolamento compulsório têm direito a morar nas antigas estruturas das colônias, Marly Ferreira, 67 anos, resiste à doença à rejeição social. Na pele, existem marcas da hanseníase, mas, segundo Marly, não se comparam às cicatrizes em sua memória. Recordar da época em que o hospital era chamado de “Cidade do Medo”, consequentemente a faz lembrar do preconceito da sociedade da época. “As pessoas tinham medo da gente. Nossa própria família não nos queria por perto. E isso dói, porque até os nossos familiares não nos tocavam. Muitos nos abandonaram”, revela Marly.

Hoje, Marly convive com o marido, também acometido pela doença, e com um filho sem o diagnóstico. Assim como os outros cidadãos vítimas do isolamento que conseguiram comprovar a segregação, ela recebe uma pensão mensal de um salário mínimo e meio, desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que oferece ajuda de custo para aqueles que passaram pelo interno. Marly considera que atualmente o preconceito diminuiu bastante, porém, acredita que ainda é necessário disseminar informação para a população entender de vez que a hanseníase tem cura. No áudio a seguir, ele conta detalhes da sua história e desperta tristes recordações da “Cidade do Medo”.

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Um médico diante de um “depósito de pacientes”

Há 40 anos, José Carlos de Lima Cavalcante encarava um de seus maiores desafios profissionais. Na época, aos 24 anos de idade, o jovem médico recebia a missão de tratar os internos do Hospital Colônia da Mirueira, sem ter sequer o auxílio de outros profissionais de saúde, como enfermeiros, terapeutas e técnicos em enfermagem. Eram apenas ele e mais três médicos que se revezavam na colônia. De acordo com José Carlos, como o tratamento – a base de fortes de medicamentos - da hanseníase era longo – média de dez anos -, muitos pacientes não continuavam o procedimento e sofriam sérias consequência em decorrência da doença. “Os casos de antigamente eram muito mais agressivos e havia muita amputação. Hoje, o mais difícil é ver alguém falar de uma amputação. Antigamente eram umas seis amputações por ano”, diz. 

José Carlos não esquece tudo que presenciou durante o período do internamento compulsório. Sem a estrutura necessária para cuidar dos acometidos pela doença, ele e os demais médicos se viam em um local inadequado para um auxílio minimamente humano. “Cheguei como médico em 1978. A questão é que a colônia era diferente de tudo o que você pode imaginar. Era um depósito de pacientes. Porque começa que não foi programada realmente para ser um hospital. Pegavam esses pacientes, que eram um incômodo para a sociedade e um peso para a família, e jogavam aqui”, recorda em tom crítico. Até as faixas de curativo dos internos eram lavadas e utilizadas novamente.

De acordo com José Carlos, com a proximidade do fim do isolamento obrigatório, alguns pacientes que respondiam bem aos tratamentos e apresentavam pequenas sequelas, ganharam alta hospitalar, mas não tinham trabalho e muito menos para onde ir. Para dar um suporte básico a eles, a gestão da unidade, que no período já era de responsabilidade do Governo de Pernambuco, oferecia remuneração para esses internos, que passavam a ajudar os doentes graves. “Ficavam dando assistência. Aplicavam injeção, carregavam defuntos”, detalha o médico. “Havia criação de porcos, bois... Era tudo diferente de um hospital de verdade”, complementa.

Sobre a forma como a sociedade definia a colônia, José entende que pelo contexto da época, em que no Brasil a cura ainda era difícil e havia chances claras de contágio, expressiva parte da população tinha receio de chegar próximo ao hospital e principalmente tocar os doentes. “Tudo fruto da ignorância, aquilo que a gente não conhece, teme. Através dos anos, a doença ia deformando a pessoa e por isso há o medo. A segregação sempre existiu por causa do terror e do medo. Por conta das deformações, as pessoas se sentiam verdadeiros monstros. Na época não tinha nada de hospital, era um leprosário, as pessoas simplesmente eram jogadas aqui”, opina o médico. 

O internamento obrigatório na colônia pernambucana durou de 1941 a 1986. Alguns pacientes continuaram vivendo nas dependências da colônia, outros adquiriram residências e passaram a morar fora do hospital. Hoje, José Carlos é o diretor do Hospital da Mirueira.

O Hospital da Mirueira nos dias de hoje

Sob a gestão estadual, a unidade é referência em Pernambuco no tratamento de hanseníase e de dependentes químicos. Hoje, existem 22 moradores que foram vítimas do internamento compulsório e continuaram residindo nas casas da antiga colônia. Somando-se os parentes dos ex-internos, há cerca de 40 pessoas vivendo nas dependências do Hospital da Mirueira.

Segundo a assistente social da unidade, Ieda Saraiva, o hospital possui com 28 leitos exclusivos para o tratamento da hanseníase. Os próprios moradores, principalmente os idosos que não possuem familiares para auxiliá-los, contam com consultas semanais.

Além dos ex-internos, pacientes diagnosticados atualmente com a doença recebem os serviços médicos do Hospital da Mirueira. A depender do nível da enfermidade, eles podem ficar internados na unidade hospitalar. É o caso de *Maria, 54, natural do Maranhão. Há mais de dez anos, ela residia na cidade de Bezerros, Agreste de Pernambuco.

Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens --- *Maria se apega à fé e afirma que está confiante nos médicos para ser curada

De acordo com *Maria, há cinco anos ela passou a apresentar os sintomas da doença, mas os médicos não afirmavam que era hanseníase. Até que, em uma consulta particular no Recife, o diagnóstico foi oficializado. Há três anos, ela se internou no Hospital da Mirueira, onde apesar de enfrentar as consequências da doença, alimenta a esperança pela cura. “Tenho uma fé muito grande de alcançar a cura. Já vi uma pessoa que teve o mesmo problema e depois de dez anos ela foi curada. Converso muito com Deus pedindo a minha libertação, porque eu não era assim. Eu trabalhava muito e hoje não posso. E aqui os médicos cuidam bem da gente, somos bem tratados”, diz a paciente.

*Alfredo, de 58, também foi diagnosticado com a doença. Natural de Goiana, Região Metropolitana do Recife, há cerca de um mês ele apresentou hematomas no corpo; ao ser atendido por uma médica de sua cidade, o senhor foi encaminhado para o Hospital da Mirueira. “A médica mandou logo eu vir para cá. Estou me tratando e espero sair daqui logo”, comenta.

Há 13 anos trabalhando como cuidadora de uma ex-interna idosa, Rosete Lourdes Souza é exemplo de resistência ao preconceito. Antes de atuar na função, ouvia relatos amedrontadores sobre o Hospital da Mirueira. O termo “Cidade do Medo” era comum aos seus ouvidos. “As pessoas lá fora criticaram muito, diziam de maneira muito preconceituosa que era hospital de leproso, e que quem entrasse iria pegar a doença. O pessoal dizia que havia ‘paga-fígado’ e eu não sabia que era uma referência aos próprios humanos que existiam aqui. Mas não dei ouvidos, porque comigo não tem isso de preconceito”, conta a cuidadora.  

Ela auxilia Maria Bernadete Cabral, que reside no Hospital da Mirueira há 47 anos. Aos 17, morava com os pais na cidade de Orobó, interior de Pernambuco, e ao apresentar sintomas da hanseníase, foi levada a médicos particulares. Posteriormente, Maria Bernadete foi encaminhada à colônia, e diferente de outros ex-internos, a família continuou visitando ela. “Eu não estudei, não fiz coisa nenhuma, por causa do preconceito que as pessoas tinham diante da doença. Nossa família era de Orobó, no interior, e por causa do preconceito meu pai vendeu tudo e veio para Recife para me ajudar a tratar a doença”, relembra.

O atual quadro do Hospital da Mirueira possui mais de 30 médicos. A população pode marcar atendimentos para os especialistas, caso apareçam sintomas da doença. A marcação de consultas é realizada de segunda à sexta-feira, das 8h às 12h; todo serviço é totalmente gratuito.

De acordo com a direção do hospital, a unidade custa aos cofres do Estado um valor de R$ 1,7 milhão mensais. O montante atende, principalmente, aos pagamentos dos servidores concursados. Ainda segundo José Carlos, desse total, são destinados à sua gestão R$ 105.600 que servem para alimentação dos pacientes, compra de medicamentos, material de curativo, água, oxigênio e manutenção da estrutura física.

Alguns ex-internos ainda recebem cestas básicas mensais e todos os pacientes internados também contam com alimentação. Ao todo, são oferecidas mais de 90 refeições. José Carlos argumenta, no entanto, que há alguns problemas no Hospital da Mirueira, como a falta de roupas para pacientes, déficit de ventiladores e ar-condicionado. De acordo com diretor, já foi solicitado à Secretaria de Saúde de Pernambuco um aumento na verba para o orçamento do hospital, porém, até então, o valor é o mesmo. José Carlos estima que um acréscimo em torno R$ 105 mil mensais seria suficiente para amenizar as dificuldades do Hospital da Mirueira.  

Atual paranorama da doença no Brasil - De acordo com o mais recente levantamento do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 25,2 mil casos de hanseníase em 2016. O quantitativo representa 11,6% dos diagnósticos do mundo. Ainda no cenário global, nosso país só perde para Índia – mais de 27 mil casos - em números oficiais da doença.

Fundado em 1981, o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) é uma das instituições de referência no combate à doença e principalmente contra o preconceito. Artur Custódio, coordenador nacional do Morhan, alerta que os números da doença no Brasil, mesmo apresentando queda nos últimos anos, ainda são preocupantes e exigem atenção contínua do Ministério da Saúde. “Em números absolutos, só perdemos para Índia”, comenta Custódio.

Além de atuar com foco educativo, por meio da realização de eventos para apresentar à sociedade informações sobre a hanseníase, o Morhan também presta auxílio jurídico às vítimas da doença, inclusive os ex-internos do isolamento compulsório. A busca por pensão para quem viveu a segregação é um aos auxílios dados pelo Movimento, além da procura por filhos que foram separados dos pais no período do internamento obrigatório. 

Segundo Artur Custódio, é necessário o fortalecimento de um trabalho com a sociedade para propagar informações que possam diminuir o preconceito e acabar com estigmas negativos da doença. “O isolamento tem um impacto até na questão do estigma; ainda há pessoas que moram nos hospitais colônias. O preconceito vai além da imagem, além da questão física. Ele pega também o campo social e o psicológico. E essas pessoas têm dificuldade de se recuperar, e para isso ser revolvido, tem que haver um processo longo educacional”, opina o coordenador nacional do Morhan. 

A NHR Brasil, instituição sem fins lucrativos que tem o objetivo de “promover a melhoria na qualidade de vida e a reabilitação das pessoas atingidas pela hanseníase e por outras deficiências físicas no Brasil, através do desenvolvimento e implementação compartilhada de serviços efetivos, eficientes e sustentáveis para que tenham plena participação na sociedade”, também realiza trabalhos sobre a doença. Segundo a assessora técnica da NHR Brasil, Rejane Almeida, é notório que o preconceito tem diminuído pela disseminação das informações de que a hanseníase tem cura, no entanto, ela reforça que o trabalho de conscientização deve ser contínuo.

“Na atualidade, o tratamento é em nível ambulatorial. Todas as equipes de saúde têm trabalhado para reduzir o preconceito e para mostrar que hoje a hanseníase tem cura. É uma doença que pode provocar sequelas, mas não significa que vai provocar. Por isso, há a importância do diagnóstico precoce, porque quanto mais rápido ele acontecer, menor será a possibilidade de desenvolver incapacidade física. E o medo da hanseníase vem justamente das sequelas que ela pode provocar, porque ninguém quer ficar com as mãos atrofiadas ou com déficit de força no pé, por exemplo”, explica a assessora técnica.

Rejane informa que os hospitais do Sistema Único da Saúde (SUS) oferecem atendimentos gratuitos para as pessoas que apresentarem os sintomas da hanseníase. Ele alerta que a partir de qualquer indício, é muito importante a procura de um médico especializado, principalmente para a realização do diagnóstico precoce. “Isso torna a hanseníase uma doença com tratamento igual às demais e requer uma responsabilidade grande dos pacientes, porque os tratamentos podem durar de seis meses a um ano”, comenta. 

“Ainda não estamos em um patamar totalmente tranquilo, porque o Brasil ainda é o segundo país em números da doença no mundo. Mas, hoje contamos com atendimentos descentralizados para toda a população. Qualquer programa de saúde da família próximo da casa do paciente está apto a tratar a doença”, acrescenta Rejane.

* Nomes fictícios utilizados para preservar a identidade dos personagens

Fotos em preto em branco são do arquivo do Hospital da Mirueira 

Serviço:

Hospital da Mirueira

Endereço: Estrada de Santa Casa, sem número, bairro de Mirueira, em Paulista-PE

Contatos: (81) 3185-4415 / hgmses@yahoo.com.br

Agendamento de consultas: segunda à sexta-feira, das 8h às 12h. Gratuito.

--> Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan)

  --> NHR Brasil

Expediente:

Reportagem - Nathan Santos

Imagens: Chico Peixot

Edição de vídeos: Danillo Campelo

Artes: Raphael Sagatio

Anitta usou seu perfil no Facebook, nesta sexta-feira (13), para pedir desculpas por uma fala feita no último 'Anitta entrou no grupo'. Durante o programa, ela disse que não convidava "pessoas hanseníase" para a atração, causando revolta em boa parte do público.

Em sua postagem, Anitta explicou que se confundiu com as palavras: "Eu errei ao dizer 'pessoa hanseníase' em vez de dizer pessoas que tenho ranço". A cantora pediu desculpas e compartilhou um link de uma rede de voluntários que trabalham no auxílio às pessoas portadores de hanseníase: "Caso você queira apoiar, assim como eu, as pessoas com hanseníase, vou deixar aqui uma sugestão". O grupo mencionado pela artista faz parte da associação que começou um abaixo assinado para que ela se retratasse. 

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Nos comentários, os fãs elogiaram a atitude da cantora, enquanto outro ainda insistiram em apontar preconceito na fala dela. Carly Machado comentou: "Essa suposta associação da Hanseníase com o ranço, mesmo em um ato falho, e ainda em sua explicação é péssima"; e e Ahgda Santanna falou: "Melhor estudar mais o português e os significados do que ficar nos idiomas", em referência ao espanhol e inglês que Anitta tem falado bastantre em suas redes sociais. 

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Seu novo programa 'Anitta entrou no Grupo', mal chegou à segunda semana e a cantora já está causando polêmica. No segundo episódio da atração, exibido ao vivo pelo canal Multishow, na última terça (10), Anitta fez um comentário que desagradou muita gente e gerou, inclusive, abaixo assinado pedindo por uma retratação pública. 

Ao anunciar um dos quadros, a cantora falou que só convidava pessoas muito amigas para seu programa e não "pessoas hanseníase". Médicos, pacientes em tratamento e até o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) se manifestaram reprovando a colocação da artista. A Morhan, inclusive, está promovendo um abaixo assinado pedindo uma retratação da cantora: "Ao contrário do que a cantora sugere no programa, não há nenhum motivo para se evitar pessoas atingidas pela hanseníase: assim que iniciado o tratamento, a doença deixa de ser transmissível. Nos entristece o fato de que uma mulher de origem periférica reproduza preconceitos, porque o nosso desejo é unir forças contra toda forma de discriminação", diz o texto do site de recolhimento de assinaturas. 

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No Twitter, muitos comentários repreenderam a atitude de Anitta. Leonardo Ferreira disse: "A 'gente hanseníase' que você chamou neste programa é algo que trabalho há cerca de oito anos e tenho a maior consideração por esses pacientes"; Anne Lívia disse: "Declaração lamentável, tentando causar reafirmando um preconceito infundado contra pessoas atingidas pela hanseníase"; e Keyla Mineiro falou: "Poxa, Anitta, eu super curtindo seu programa e você vem tirar quem tem hanseníase. Eu tenho e não peguei porque quis. Tô me tratando e não transmito para ninguém. Você pegou pesado, brincar com doença não é legal". 

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Em tempo

A hanseníase (antigamente conhecida como lepra) é uma doença infecicosa causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen. A doença causa machas na pele, com perda ou alteração da sensibilidade na região,  queda de pelos, dor e sensação de choque, além de úlceras de pernas e pés e nódulos no corpo. É transmitida por meio de contato próximo e prolongado com uma pessoa doente sem tratamento.  O Sistema Único de Sáude (SUS) disponibiliza os remédios para tratatmento de forma gratuita. A hanseníase tem cura e não há a necessidade de isolamento dos portadores da doença, como era feito até meados da década de 1960, o que levou a doença a ser alvo de grande preconceito.

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Janine e Leon. Um oceano de distância. Uma história perdida no tempo. Janine Arléne mora na Espanha. Leon Niemel vive na Holanda. Os dois são paraenses, filhos de hansenianos que viviam isolados na colônia de Igarapé-Açu, município do nordeste do Pará, e foram adotados há 50 anos, ainda bebês, por um médico hansenologista holandês que trabalhava no Suriname. Cresceram na Europa. Agora, reencontraram as origens.

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O Morhan (Movimento de Reintegração de Pessoas Atingidas pela Hanseníase) localizou as famílias de Leon e Janine e promoveu o encontro dos dois com os irmãos nesta terça-feira (18), na Estação das Docas, em Belém. Foi a primeira vez que as famílias se encontraram pessoalmente. O pai adotivo de Leon e Janine manteve as certidões de nascimentos originais, o que facilitou a localização das famílias biológicas pelas redes sociais.

Janine procurava a família paraense desde 2004. Os pais adotivos, desde muito cedo, explicaram a ela que era adotada e que seus pais biológicos viviam no Brasil. “Estou muito feliz por tê-los encontrado. Sempre perguntei a mim mesma ‘de onde sou? Quais são minhas raízes?’. É muito gratificante vê-los, reconhecer meus traços no rosto deles, somos muito parecidos”, conta Janine.

O Morhan é um movimento de reintegração das pessoas que foram separadas por causa da hanseníase. Uma das ramificações do projeto de encontro é a realização de exames de DNA através da saliva e outros exames referentes à coleta de material para identificação. Também há o reencontro através das redes sociais.

Até a década de 40, não havia cura para a hanseníase. Para evitar o contágio, havia a política de isolamento feita pelo Governo Federal. De acordo com essa política, todo paciente com hanseníase precisava ser segregado da sociedade dentro de colônias.  Janine e Leon foram separados dos pais hansenianos ainda bebês. Os filhos de portadores da hanseníase tinham de ser tirados do seio familiar como medida profilática para que a criança não adquirisse a doença.

No Pará, existem duas ex-colônias: a de Marituba e a do Prata. De acordo com Edimilson Picanço, coordenador do Morhan Pará, algumas crianças desapareceram, ou foram levadas para orfanatos, chamados "preventórios", outras foram adotadas de forma legal ou ilegal. “Atualmente existe a Lei 11.520, assinada pelo ex- presidente Lula, que garante indenização às famílias devido ao isolamento da sociedade nessas colônias”, afirmou o coordenador.

Encontros como o de Leon e Janine com os irmãos são realizados há sete anos. A história de Janine e Leon foi vista em redes sociais até chegar ao coordenador do Morhan, que ajudou a promover a reunião. “Estou muito emocionado, porque é uma história de muitas dificuldades, muitas tristeza e um passado muito sofrido. É gratificante estar aqui hoje”, revelou Leon Niemel, que trouxe a esposa e os dois filhos para conhecer a família biológica e a cidade de Belém.

Janine nasceu em 17 de fevereiro de 1967, hoje mora em Albir, Valenciana (Espanha), e Leon nasceu em 2 de junho de 1966, hoje reside em Roterdam (Holanda). O pai biológico de Leon está vivo, mas com Alzheimer. Tanto Leon quanto Janine têm muitos irmãos que ainda não conhecem.

Leon encontrou Waldir Brasil, o irmão que mora em Parauapebas, e vai até Castanhal, onde vive outra irmã. O Morhan ainda tenta localizar uma outra irmã que mora nos EUA. Janine encontrou cinco irmãos e irmãs que vivem em Belém, Castanhal, Igarapé-Açu e Goiânia. 

Leon e Janine vão até Igarapé-Açu para conhecer a antiga colônia de hansenianos onde nasceram. Depois seguem para o Rio de Janeiro, onde ficam até o dia 5 de maio.

Com reportagem de Geovana Mourão, Felipe Martins e Naiara Prado e informações da assessoria do Morhan.

 

Quando chegou ao centro médico em Pobe, no leste de Benim, Folahan tinha o rosto coberto de nódulos, um sintoma da hanseníase. Ela é uma das 210.000 pacientes diagnosticados no mundo com essa doença, que acreditava-se erradicada. Esta camponesa, que não sabe sua idade, foi imediatamente submetida a tratamento. Se tomar corretamente a medicação durante um ano e não tiver reações, conseguirá se curar.

Seu filho de quatro anos também terá que ser tratado, porque a hanseníase - também chamada de lepra, um termo que ficou estigmatizado - é altamente infecciosa. A hanseníase é geralmente associada à Idade Média, assim como a varíola e a peste bubônica. A doença, que ataca a pele e os nervos e cria lesões irreversíveis nas mãos, pés e olhos, é transmitida pelo contato próximo entre as pessoas, particularmente aqueles que vivem na pobreza.

Em 2000, a Organização Mundial da Saúde disse que a hanseníase já não era um problema de saúde pública, com uma taxa de prevalência mundial de menos de um caso por cada 10.000 pessoas. Em Benim, porém, a doença não está erradicada, e a cada ano são registrados entre 150 e 200 novos casos, 10% deles em crianças - um dado estável há 10 anos.

"É certo que a lepra afeta menos pessoas do que a malária. Mas aqui, 25% dos casos detectados já evoluíram para deficiências graves e invalidantes", diz Roch Christian Johnson, presidente da Associação Mundial contra a Hanseníase, em visita a Benim, seu país de origem.

O Centro de Diagnóstico de Pobe foi construído em 2000 em torno de um antigo leprosário, localizado no centro da cidade, pela Fundação Raoul Follereau, uma organização beneficente francesa.

"Tarde demais"

Pobe fica em uma zona endêmica fronteiriça com a Nigéria, o país mais populoso do continente, que registra 4.000 casos de hanseníase por ano. "Os pacientes sempre chegam tarde demais, quando as feridas já estão gangrenadas", lamenta Thierry Gateau, diretor do centro de Pobe. Nesta zona rural, os afetados pela doença quase sempre são camponeses.

É o caso de Pascal Boton, que foi diagnosticado há cerca de 20 anos. "As enfermeiras vinham me dar o remédio, e depois pararam de vir", disse à AFP. Sem acompanhamento regular, as sequelas pioraram, e um de seus pés acabou ficando deformado. Ele continua trabalhando na terra, seu único recurso, mas quando se machuca, não sente nada. Se o pé infeccionar, terá que ser amputado.

O objetivo é detectar a hanseníase o quanto antes. As equipes móveis percorrem os povoados coletando amostras, que depois são analisadas no laboratório do centro.

Uma maldição

"Aqui, a lepra é associada a uma maldição, então fingimos que viemos estudar doenças de pele", explica a médica francesa Annick Chauty, que vive em Pobe há 15 anos. Pessoas com hanseníase, muitas delas incapacitadas pela doença, veem suas casas serem derrubadas e seus campos destruídos. Esposas são expulsas de suas casas.

Em Benim, "acredita-se que é uma doença causada pela má sorte", acrescentou Ambroise Adeye, cirurgião da fundação e do hospital público da cidade. "As pessoas com lepra primeiro vão ver os curandeiros tradicionais, e isso piora as coisas, então elas têm que economizar para pagar uma consulta", acrescentou.

Mas o tratamento da hanseníase, que consiste em um ciclo de três antibióticos, é gratuito e prescrito em clínicas públicas em todo o país. Para divulgar o tratamento, o Programa Nacional contra a Hanseníase, dirigido pelo Ministério da Saúde, transmite mensagens em rádios comunitárias e realiza programas de conscientização.

Oladélé, de 24 anos, foi curado há três anos. As únicas sequelas da doença são seus dedos ligeiramente encurvados. Hoje, este jovem barbeiro trabalha em um salão recém-inaugurado em Pobe. "Eu não quero voltar para o campo. O centro me ofereceu formação, e eu escolhi ser cabeleireiro", disse.

Para Gateau, é possível erradicar este mal, mas apenas sob uma condição: "O país precisa se desenvolver. A lepra continua sendo uma doença da pobreza", diz.

O próximo domingo (29) será marcado pelo Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase. Diante disso, a população poderá ter acesso a exames para detecção da doença nesta terça-feira (24), a partir das 9h. A ação acontecerá no Pátio do Livramento, no bairro de São José, no Recife. 

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, a hanseníase é uma doença infecciosa transmitida pela pessoa doente para uma sadia pelo contínuo contato. Ela causa a alterações de sensibilidade na pele e, por ano, atinge 2 mil pernambucanos. 

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Por conta disso, a Secretaria aponta para a importância da detecção precoce da enfermidade. Além disso, esclarece que o tratamento é rápido, capaz de reduzir as chances de agravamento da doença e a possibilidade de sequelas. Outro detalhe repassado pela gerente de Doenças Transmitidas por Micobactérias, Danyella Travassos, esclarece que o tratamento do paciente também evita a transmissão da doença por via aérea. Com o diagnóstico precoce, é possível evitar deformidades no corpo e perda de capacidades. 

Em caso de detecção da hanseníase durante a ação, o paciente será encaminhado para os serviços de referência e receberá atendimento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no município de origem. 

Hanseníase em Pernambuco

A doença que atinge o sistema nervoso periférico é transmitida pelo bacilo M. leprae. É capaz de causar alterações de sensibilidade em relação à sensação de calor, frio, dor e tato. Seu período de encubação pode ser de cinco a dez anos, porém, o tratamento é possível através da poliquimioterapia que consiste em idas aos postos de saúde uma vez ao mês para o recebimento das doses de medicação. Outra etapa do tratamento acontece em casa, com a ingestão dos demais remédios. Em casos mais graves, o tratamento é realizado no Hospital Otávio de Freitas (HOF).

Em balanço divulgado pela SES, foram 2.536 novos casos registrados em 2014. Já em 2015, o número teve redução, alcançando 2.362, e em 2016 os dados preliminares apontam para um número de 1.630 registros.  

Alguns esquilos vermelhos na Grã-Bretanha e na Irlanda estão infectados com a bactéria que causa a lepra em seres humanos, mas o risco de transmissão para as pessoas é baixo, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira na revista Science.

Ainda assim, os cientistas ficaram surpresos ao descobrir sinais da doença infecciosa que devastou a Europa na era medieval e que declinou drasticamente na era moderna. "Isso nunca foi observado antes", disse Stewart Cole, pesquisador da Escola Politécnica Federal de Lausana (EPFL), na Suíça, observando que duas cepas de bactérias - Mycobacterium leprae e Mycobacterium lepromatosis - foram descobertas nos esquilos estudados.

"Era completamente inesperado ver que séculos após sua eliminação em humanos no Reino Unido, a M. leprae causa a doença em esquilos vermelhos," disse. Os pesquisadores testaram mais de 100 esquilos vermelhos mortos - alguns com sinais de infecção, outros sem - e encontraram as bactérias em exemplares da Inglaterra, Irlanda e Escócia, de acordo com o estudo.

A infecção, também chamada de hanseníase, pode causar feridas na pele e danos nos nervos, assim como problemas oculares e respiratórios. Hoje a lepra é amplamente controlada por antibióticos. Ainda assim, cerca de 200.000 novos casos são registrados anualmente em todo o mundo, principalmente nos países em desenvolvimento.

"A descoberta da hanseníase nos esquilos vermelhos é preocupante do ponto de vista da conservação da espécie, mas não deve preocupar as pessoas no Reino Unido", disse a pesquisadora Anna Meredith, da Universidade de Edimburgo.

"O risco de transmissão para as pessoas é geralmente baixo por causa do contato limitado dos esquilos vermelhos com os seres humanos, e a caça destes animais é proibida na maioria dos países europeus", disse o coautor do estudo Andrej Benjak, da EPFL.

Os pesquisadores dizem que ainda não está claro como os animais se infectaram, e se perguntam se a lepra pode estar contribuindo para o declínio dos esquilos vermelhos em geral.

Começa nesta quinta-feira (15) a campanha para diagnóstico precoce de hanseníase em estudantes de 5 a 14 anos e tratamento quimioprofilático de verminoses em estabelecimentos de educação, públicos e conveniados no município de Marituba, com base na Campanha Nacional de Hanseníase, Verminoses, Tracoma e Esquistossomose. Serão realizadas ações de educação em saúde, avaliação, diagnóstico, tratamento dos casos confirmados e vigilância de contatos em hanseníase, além da administração de medicação para verminoses.

O projeto será implementado em 49 escolas do município de Marituba, com entrega dos formulários de auto-imagem e autorização para pais/responsáveis. Os documentos deverão ser devolvidos na escola, ocasião em que haverá profissionais de saúde para administrar, aos estudantesdevidamente autorizados, o medicamento albendazol e triar as fichas com suspeição de hanseníase, com posterior agendamento em Unidades de Saúde para avaliação diagnóstica e tratamento. Nos casos de diagnóstico confirmado de hanseníase, os contatos serão devidamente investigados.

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O lançamento e a abertura ocorrerá na Escola Dom Calábria, na rua da Cerâmica, às 9 horas do dia 15. A programação contará com apresentações culturais e montagem de estandes com informes sobre os serviços ofertados pelas instituições parceiras.

A coordenação-geral do Projeto será da Secretaria Municipal de Saúde Publica (Sesau) e contará com a parceria institucional da Secretaria Municipal de Educação, Coordenação Estadual de Dermatologia Sanitária, Unidade de Referência em Dermatologia Sanitária Dr. Marcello Candia, Abrigo João Paulo II, Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase- MORHAN e Instituto Pobres Servos da Divina Providência- IPSDP. O recurso financeiro para a realização da campanha no município de Marituba corresponde ao valor de R$ 30.552,36..

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pelo Mycobacterium leprae, de caráter crônico e com potencial incapacitante que necessita de diagnóstico precoce. Mas, apesar dos avanços registrados nas últimas décadas, a doença continua sendo um problema grave de saúde pública no Brasil, Pará e Marituba (dados MS).

O município de Marituba dispõe de uma população de 122.916 habitantes, apresenta um coeficiente de detecção da população geral de 31,72 casos para cada 100.000 habitantes. Entre os habitantes com menos de 15 anos, essa proporção é de 11,35 casos para cada 100 mil habitantes, demostrando  portanto a necessidade de uma ação conjunta entre as esferas Federal, Estadual, Municipal, Organizações não Governamentais e a Sociedade Civil.

A meta é trabalhar a questão da hanseníase em 75% das escolas públicas de Marituba, atendendo 13.388 estudantes. Nos casos de diagnóstico confirmado de hanseníase, os contatos serão devidamente investigados. A campanha terá duração de 5 meses, de 15 de Setembro a Fevereiro de 2017. O lançamento e a abertura ocorrerão na Escola Dom Calábria. A programação contará com apresentações culturais e montagem de estandes com informes sobre os serviços ofertados pelas instituições parceiras.

Com informações da assessoria da prefeitura de Marituba.

 

O prazo para recadastramento médico e social dos ex-hansenianos atendidos na antiga Casa Andréa foi prorrogado para o dia 30 de setembro. Para fazer o recadastro, os beneficiários devem procurar os postos de saúde onde recebem tratamento e apresentar a carteira de identidade, o CPF, cartão do SUS e comprovante de residência atualizado.

Na capital paraense, a Casa Andréa é uma associação de amparo às vítimas de hanseníases e seus familiares. A associação foi fundada na década de 50 do século passado. Na Grande Belém são cerca de 2.400 ex-hansenianos beneficiários.

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Em entrevista ao LeiaJá, Luiz Augusto, coordenador do Programa de Controle da Hanseníase da Sespa (Secretaria Estadual de Saúde), explicou sobre a importância do recadastramento. "Os ex-hansenianos devem fazer o recadastro porque isso permite que eles continuem recebendo o benefício. O recadastramento é anual. Atualmente, o Pará é o único Estado no Brasil que ainda beneficia  ex-hansenianos", disse.

Os ex-hansenianos atendidos na antiga Casa Andréa são beneficiados pela Lei Complementar nº 05/90. De acordo com o texto, da Lei nº 05/90, da Constituição do Estado do Pará: Art. 318, "o Estado concederá o auxílio mensal, que for estabelecido em lei, aos hansenianos reconhecidamente pobres e incapacitados para o trabalho. O auxílio mensal a que alude o Art. 318, da Constituição Estadual, em favor do hanseniano reconhecidamente pobre e incapaz para o trabalho, fica constituído no valor correspondente a 90% (noventa por cento) do menor salário atribuído a servidor público do Estado do Pará".

De acordo com informações da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), o Ministério da Saúde, em parceria com as secretarias estaduais e municipais de saúde, promove anualmente a Campanha do Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase. Ainda segundo a Sespa, o programa de controle da hanseníase está implantado em 100% dos municípios do Estado. Atualmente, o Pará possui um total de 812 unidades que desenvolvem ações de controle, com atividades de diagnóstico, tratamento, prevenção de incapacidades e educação em saúde.

Em 2014, considerando os dados oficiais, o número de casos novos de hanseníase registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação foi de 3.321, apresentando um coeficiente de detecção hiperendêmico de 40,98 para cada 100 habitantes na população geral e de 17,35 a cada 100 habitantes na população menor de 15 anos, equivalente a 12,7% dos casos novos detectados. Tanto na população geral quanto na população de menores de 15 anos, os números evidenciam tendência à redução da endemia, demonstrando acerto das medidas de controle adotadas.

Com informações da Agência Pará.

Pessoas que se curaram da lepra se pronunciaram contra a exclusão e o estigma que ainda os perseguem nos seus países de origem durante um congresso celebrado nesta sexta-feira no Vaticano.

A lepra, ou hanseníase, é curável e foi praticamente erradicada em algumas partes do mundo graças a um tratamento eficaz e barato desenvolvido nos anos 1980. A cada ano, porém, cerca de 200.000 pessoas contraem a doença, principalmente no Brasil, na Índia e na Indonésia. E o estigma ancestral perdura, mesmo anos após a cura.

"Aos 14 anos fui diagnosticado com lepra. Meus pais me amavam e, para que eu não fosse queimado ou ferido, me encerraram em casa", contou Yuan Yahua, nascido em uma família camponesa na China. Já Vagavathali Narsappa, indiano à frente de uma associação de ex-doentes, foi rejeitado pelos pais. Só voltou a ver sua irmã décadas após o diagnóstico, quando ela ficou sabendo que seus filhos e netos tinham nascido saudáveis.

O japonês Natsuko Tominaga, de 80 anos, preferiu ficar 60 anos em um leprosário (estabelecimento onde se tratam leprosos) apesar de ter se curado aos 18 anos. Queria ajudar aqueles que considerava como sua nova família.

Mais de 200 pesquisadores e pacientes participaram deste congresso de dois dias realizado em um instituto do Vaticano. "A exclusão continua", declarou à AFP o presidente do diretório da Fundação Raoul Follereau, Michel Recipon, que ressaltou, por outro lado, o comprometimento dos ex-doentes. "Quando param de ter medo, começam a defender seus colegas", disse.

Além dos participantes do congresso, cerca de 20.000 doentes e deficientes participam do seu jubileu, que será concluído no domingo com uma missa do Papa Francisco.

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--> Memórias da 'cidade do medo'

“Se você fosse jogado dentro de um leprosário como eu fui com 14 anos de idade e te falassem que dali só sairia para o cemitério, o que você faria?”. Seu Juliano Vieira de Farias, 71 anos, me fez esse questionamento. Não tive resposta. O silêncio foi quebrado quando ele próprio respondeu: “Não existia perspectiva de uma vida digna e caí no mundo das drogas, após ser arrastado de dentro de casa e jogado no Hospital da Mirueira. Morava no bairro da Várzea, no Recife, com meus pais e mais sete irmãos. Me deixaram longe deles e passei a viver em um lugar que classifico como depósito de lixo humano”.

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Na memória de seu Juliano ainda existem vestígios do tempo em que a hanseníase era um mal sem cura no Brasil. Chamados preconceituosamente de leprosos, portadores da doença foram isolados do restante da sociedade em 1923, através de uma política criada pelo governo federal para evitar o contágio em massa. Segregação que alimentou ainda mais o desrespeito de grande parte da população contra os acometidos pelo diagnóstico, em uma época que a medicina brasileira ainda não tinha conhecimentos suficientes para tratar a enfermidade. O isolamento durou por quase 40 anos, mas existem relatos de que, mesmo após a determinação do fim da separação, alguns leprosários continuaram prendendo seus pacientes.

Apesar da frágil saúde, seu Juliano reuniu forças para compartilhar com o LeiaJá parte de suas histórias. Ele é um dos pacientes com hanseníase que viveram o isolamento compulsório em Pernambuco. Na época, uma polícia sanitária foi criada pelo governo federal com o objetivo de retirar a força os doentes do convívio social. Os leprosários foram chamados também de hospitais colônias, uma vez que as relações sociais dos doentes aconteciam apenas entre eles próprios, pois o contato com pessoas saudáveis, mesmo que familiares, era combatido. Verdadeiras cidades foram criadas dentro dos leprosários, onde pacientes tinham a missão de trabalhar para manter a limpeza da colônia e até cuidar das plantações e criações de animais que serviam para a alimentação de todos. No Estado, o antigo palco das tristes recordações de seu Juliano é o atual Hospital da Mirueira, localizado em Paulista, na Região Metropolitana do Recife.

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Em 1962, o isolamento compulsório chegou ao fim. Nem por isso a vida dos doentes se tornou livre das mazelas que atormentaram os portadores de hanseníase. Muitos foram abandonados pela família e continuaram morando nos próprios hospitais, como no caso de seu Juliano, que apenas resolveu sair do Hospital da Mirueira em 1994. Hoje ele vive sozinho em uma casa próxima à unidade hospitalar, mas, no antigo leprosário, ainda há pacientes que viveram o isolamento, muitos com sérias deficiências físicas e recordando os males da segregação.

Saiba mais: Segundo definição da Sociedade Brasileira de Dermatologia, “a hanseníase acomete primeiro a pele e os nervos periféricos, e pode atingir também os olhos e os tecidos do interior do nariz. O primeiro e principal sintoma é o aparecimento de manchas de cor parda, ou eritematosas, que são pouco visíveis e com limites imprecisos. Nas áreas afetadas pela hanseníase, o paciente apresenta perda de sensibilidade térmica, perda de pelos e ausência de transpiração. Quando lesiona o nervo da região em que se manifestou a doença, causa dormência e perda de tônus muscular na área”. Os doentes sem o devido tratamento podem perder partes do corpo.

“Cidade do medo”

Após o fim do isolamento compulsório, os leprosários passaram a ser administrados pelos estados. No caso da Mirueira, o Hospital se tornou referência no tratamento de hanseníase e ainda hoje abriga cerca de 20 pessoas que foram pacientes isolados, além de alguns agregados. Pelo preconceito existente no período de isolamento e por causa do risco de contágio da hanseníase, a colônia pernambucana era chamada de “cidade do medo” e chegou a abrigar cerca de 500 internos. Quase não havia cidadão com coragem de entrar no local, sob a ameaça de ser acometido pela hanseníase. A seguir, confira uma imagem da época registrada pela Fiocruz.


Vera Lúcia Rodrigues, hoje com 59 anos, morou desde criança no Hospital da Mirueira. Seus pais tiveram hanseníase e ela também foi contagiada, além de sofrer com o cruel preconceito no lado de fora da colônia. A senhora já não mora na unidade hospitalar, mas trabalha lá com serviços gerais e conhece cada canto do local. Junto com o LeiaJá, ele refez caminhos que estão cravados em sua memória, muitos deles com tristes desfechos, mas que revelam um passado sombrio que afetou pelo menos 10 mil brasileiros, segundo dados da Secretaria de Direitos da Presidência da República. Vale lembrar que boa parte das casas e setores do Hospital da Mirueira foi erguida pelos próprios pacientes.

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Na época em que o Hospital da Mirueira era um leprosário, Vera viu os últimos minutos de vida da sua mãe, presenciou castigos contra os pacientes que “desrespeitavam” as regras do hospital colônia e teve filhos recém-nascidos arrancados dela – bebês de doentes eram tirados de perto das mães e levados para preventórios com o intuito de evitar contágio. “Era triste ouvir o que as pessoas falavam. Vivíamos presos aqui. Não tenho o que reclamar do convívio com os outros pacientes, mas fora do leprosário era um terror. Dentro do hospital também vivi fatos horríveis”, conta Vera.

De acordo com o coordenador do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) em Pernambuco, Gildo Bernardo da Silva, o peso trágico dos hospitais colônias é tão forte na vida de quem viveu a separação compulsória, que os leprosários chegam a ser comparados com campos de concentração. “Alguns falam que foi exílio, outros dizem que são campos de concentração, pela forma brutal que a separação foi feita. Diziam que Getúlio Vargas, presidente do Brasil na época, era simpatizante de Hitler. A polícia sanitária ia buscar os doentes em casa para levá-los ao isolamento. Se fugisse, o paciente seria perseguido e castigado”, relata Gildo.

Por mais que a estrutura física dos hospitais colônias tivesse semelhanças com as cidades onde os sadios viviam, a realidade na época era de pura segregação imposta pelo estado. Segundo a professora e coordenadora do Programa de Extensão Hanseníase Cuidado e Direito e Saúde, da Universidade de Pernambuco (UPE), Raphaela Delmondes, houve violação dos direitos humanos. Ouça o depoimento da docente:

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Dona Maria José Borges (foto à esquerda), hoje com quase 80 anos, foi paciente do isolamento compulsório, mas preferiu permanecer nas dependências do Hospital da Mirueira. Ela afirma ter parentes fora da unidade hospitalar, mas quase não tem contato com eles. Sem uma das pernas e ainda com sérias lesões causadas pela hanseníase, Maria vive sozinha e conta com o serviço de uma cuidadora de idosos. Ao falar do passado, mesmo em meio às lembranças obscuras da separação compulsória, a idosa relembra quando conseguia trabalhar de pé e ainda reclama da atual falta de atividades de lazer. “Hoje só passamos o dia todo sentados, sem fazer nada. Antigamente era melhor que hoje, pois a gente fazia festa, brincava, só não podíamos passar do portão”, conta.

Outro residente do local, Mario Nunes completou 44 anos de moradia no Hospital da Mirueira. Carrega sequelas da doença e relembra fatos marcantes do isolamento compulsório. Hoje com 70 anos de idade, ele cobra da direção do hospital a realização de atividades para entreter os moradores e alega que os remanescentes da separação compulsória continuam isolados e esquecidos pelo governo estadual. Vizinha de seu Mario, dona Marly Ferreira, atualmente com 65 anos, chegou à Mirueira aos 15 anos de idade. A senhora também possui lembranças marcantes do período de isolamento. No vídeo a seguir, os pacientes descrevem histórias da época:

Através de nota, a Secretaria de Saúde de Pernambuco, pasta responsável pela gestão do Hospital da Mirueira, reconhece a existência das vilas dentro das unidades e reforça que apenas os antigos pacientes devem moral no local. A direção do Hospital também assume que o número de festividades e atividades para os ex-pacientes vem diminuindo, sob a alegação de dificuldades financeiras. “Neste momento, a direção optou por reduzir os gastos com o intuito de garantir a assistência aos pacientes do Hospital, que é seu serviço prioritário”, informou a nota.

Em 2007, uma lei federal sancionada pelo presidente Lula liberou um benefício para mais de 11 mil pessoas que foram submetidas ao isolamento compulsório. Elas recebem uma ajuda de custo no valor um salário mínimo e meio. 

       

Nesta quarta-feira (27), a Secretaria Estadual de Saúde (SES) oferece à população exames gratuitos do teste de hanseníase na Praça do Carmo, no Centro do Recife. O atendimento será realizado das 9h até 16h e busca detectar novos casos e conter a transmissão posterior da doença, que nos últimos três anos atingiu mais de 7 mil pessoas em Pernambuco.

A ação será supervisionada e coordenada por dermatologistas da Secretaria, que realizarão testes de forma gratuita. O exame é indicado para quem tem sinais e sintomas sugestivos de hanseníase, que são principalmente a sensibilidade cutânea ao frio/calor, ao tato e à dor. 

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A hanseníase é uma doença infecciosa transmitida pela pessoa doente para uma sadia pelo contínuo contato. Ela ataca o sistema nervoso periférico e provoca alterações de sensibilidade ao frio, calor e ao tato. A doença também pode evoluir para perda de força muscular das mãos, pés e olhos. O tratamento é gratuito, padronizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde (MS), e baseia-se na poliquimioterapia, constituída pelos medicamentos: rifampicina, dapsona e clofazimina. 

No próximo domingo 31 de janeiro é celebrado o Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase, por isso a ação visa desmistificar alguns fatores no tratamento e informar ainda mais a população. Em Pernambuco, no ano de 2013, foram 2.604 casos novos de hanseníase, com taxa de cura de 81,2%. Em 2014 foram 2.536 novos doentes, 82,5% desses curados. Já de acordo com os dados preliminares da SES, em 2015 já são 2.136 casos e 76% de cura.

Em fevereiro, os testes gratuitos também serão realizados em outros municípios do Estado com o intuito de ampliar o atendimento e as informações da doença. Em Camaragibe (16), Paulista (17) e no Cabo de Santo Agostinho (19).

Para o tratamento da doença, o Hospital Otávio de Freitas (HOF), no bairro de Tejipió, Zona Oeste do Recife, e o Hospital Geral da Mirueira, em Paulista, são considerados as duas melhores referências estaduais no atendimento aos pacientes de hanseníase em Pernambuco.

 

Trezentos alunos que frequentam o Centro da Juventude de Santo Amaro, localizado na Av. Norte, participaram da Campanha de Busca Ativa de Casos de Hanseníase, na manhã desta quarta-feira (10). Na ação, realizada pela Secretaria de Saúde do Recife, profissionais de saúde procuraram nos alunos mancham suspeitas da doença.

A ação é destinada às pessoas mais carentes, levando informações que facilitam o diagnóstico precoce da doença e acelera o acesso ao tratamento. Márcia Nunes da Silva, 26 anos, foi diagnosticada com grau 1 de incapacidade física. Disse que vai seguir o tratamento rigorosamente. “Há dois anos, comecei a ter dificuldade para andar e até mesmo para levantar um prato, mas nem desconfiava que fosse essa doença. Vou buscar meus remédios hoje mesmo”, explicou.

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De acordo com a médica do Programa de Saúde da Familia (PSF), Valeska Berardo, o diagnóstico precoce da hanseníase evita o avanço e as complicações da doença. “O período para o tratamento via oral varia de seis meses a um ano de acordo com a gravidade. E é importante destacar que a fisioterapia auxilia bastante na recuperação motora”, comentou. O acompanhamento do tratamento pode ser realizado na Unidade de Saúde da Família mais próximo do usuário ou em unidades especializadas.

Na ocasião também foram realizadas palestras educativas com orientações sobre transmissão, sinais de alerta e onde buscar atendimento para a doença. 

Dados - Em 2014, Recife notificou 476 casos novos na população geral, sendo 18,77% dos casos de Pernambuco.  No mesmo ano, Recife notificou 47 casos novos em menores de 15 anos de idade, representando 18% dos casos do Estado.

Com informações da assessoria.

Na próxima quarta-feira (10), a Secretaria de Saúde do Recife realiza Campanha de Busca Ativa de Casos de Hanseníase. A ação será no Centro da Juventude de Santo Amaro das 8h às 13h e conta com a participação de alunos e profissionais do centro. Os pacientes atendidos pela equipe e que apresentem manchas suspeitas no corpo, poderão fazer exames para detectar a doença. Na ocasião, também será instalado consultório médico para diagnóstico e educação em saúde.

“Ações como esta favorecem o diagnóstico precoce da hanseníase e propicia acesso ao tratamento adequado em tempo hábil, especialmente nas classes mais carentes, que as pessoas têm menos informações”, afirmou Elaine Holanda, coordenadora do Programa de Controle da Hanseníase, segundo informações da assessoria de imprensa.

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Dados - Em 2014, Recife notificou 476 casos novos na população geral, sendo 18,77% dos casos de Pernambuco.  No mesmo ano, Recife notificou 47 casos novos em menores de 15 anos de idade, representando 18% dos casos do Estado.

Dermatologistas, enfermeiros, equipes das coordenações estaduais e municipais de hanseníase e demais profissionais de saúde estarão mobilizados até o próximo dia 6 de fevereiro em combate à doença. As ações, promovidas pelas secretarias Municipal e Estadual de Saúde do Estado, têm o objetivo de reforçar o combate à enfermidade durante a semana do Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase, comemorado na quarta-feira (28). 

Durante as ações, os profissionais irão informar a população a respeito da doença, para ampliar o tratamento dos usuários. “Esse é um momento de sensibilização. Os principais obstáculos para a erradicação da doença no país são o preconceito, a dificuldade de acesso de pessoas que vivem em comunidades carentes a postos de saúde e a falta de preparo de profissionais de saúde para lidar com a doença”, pontua Raissa Alencar, coordenadora estadual do Programa de Controle da Hanseníase. 

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Na quarta (28), haverá atividades para diagnóstico e prevenção da doença no Pátio da Basílica do Carmo, no centro do Recife. A ação acontece das 9h às 16h e, no local, serão montados três consultórios dentro de um ônibus. Em cada espaço, um especialista estará diagnosticando os possíveis casos de hanseníase. Os resultados positivos serão encaminhados à unidade de saúde mais próxima. 

Na sexta-feira (29), a equipe de profissionais estará em frente à Prefeitura de Camaragibe, das 8h30 às 13h. Entre os dias 3 e 6 de fevereiro, será a vez dos municípios de Ipojuca (03/02), no Distrito de Camela, das 8h30 às 13h; Cabo de Santo Agostinho (04/02), na Praça de Ponte dos Carvalhos, das 8h30h às 13h; e Olinda (06/02), em Caixa D’água, das 9h às 15h. 

Estátisticas - Segundo a coordenadora estadual do Programa de Controle da Hanseníase, Pernambuco teve um número de casos da doença abaixo do esperado. “Os dados do ano passado mostram dois mil e sete casos novos (73,4% do esperado), o que indica que ações de busca ativa de casos novos devem ser intensificadas para que ainda mais casos sejam detectados, resultando na quebra da cadeia de transmissão e posterior controle da doença”, afirma. 

Infecciosa e crônica, a hanseníase é uma doença de alto poder incapacitante, cuja transmissão é feita através de contato contínuo. Transmitida através do bacilo M. leprae, a doença ataca o sistema nervoso periférico e provoca alterações na sensibilidade do frio, do calor, da dor e do tato. Em alguns casos, é possível que a hanseníase evolua para perda da força muscular nas mãos, nos pés e nos olhos. 

 

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