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Num ambiente de inadimplência recorde no País, os brasileiros estão recorrendo a diferentes estratégias para tentar limpar o nome. No radar dos devedores, as fintechs de crédito começaram a ganhar popularidade. Elas oferecem empréstimos online, embora nem sempre com uma taxa de juros vantajosa. Também há quem use algum tipo de poupança ou venda bens para quitar despesas do dia a dia, numa tentativa de evitar que o orçamento entre no vermelho.

O estoque de crédito das fintechs ainda é bastante pequeno se comparado ao dos grandes bancos. Mas a alta da taxa básica de juros e o consequente aumento do custo de capital têm deixado o mercado mais restritivo, sobretudo para quem está com o nome sujo.

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"A conjuntura atual implica restrição ainda maior para esse público (inadimplente), o que faz com que essas pessoas venham atrás de players que estejam atendendo mais esse perfil de cliente", afirma Antonio Brito, CEO e cofundador da SuperSim. A empresa tem uma média de 100 mil operações por mês, e o volume solicitado chega a cerca de R$ 1 milhão.

Especialistas alertam que é preciso ser cauteloso ao contrair esse tipo de empréstimo. "Uma fintech talvez seja menos exigente para conceder o crédito, mas os juros podem ser muito altos", avalia Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper. "Por outro lado, há plataformas que têm taxas competitivas e até mais acessíveis, principalmente em empréstimos com garantia. Muitas refinanciam automóveis ou imóveis."

Em setembro, 30% das famílias estavam com dívidas em atraso, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Foi o maior patamar apurado desde 2010, início da pesquisa. A situação é ainda pior para as famílias de mais baixa renda. Mais vulneráveis à inflação e à fragilidade do mercado de trabalho, elas têm pouca margem de manobra para administrar as contas.

Todos os meses, o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas, mensura o indicador de estresse financeiro das famílias, composto pelo endividamento da população e pela fatia de entrevistados que se desfaz de poupança ou vende bens apenas para pagar despesas básicas.

No mês passado, o indicador de estresse ficou em 25% - 13,7% utilizaram recursos guardados e 11,3% estavam se endividando. Para as famílias com renda mensal de até R$ 2,1 mil, o indicador foi de 30,6%. Entre as com ganho mensal de até de R$ 9,6 mil, marcou 18,4%.

"As famílias de mais baixa renda se mostram mais endividadas e com um comportamento de cautela muito forte, enquanto que há um comportamento com maior intenção de compra na faixa de renda mais alta", diz Viviane Seda, coordenadora de sondagens do Ibre.

Fintechs

Apesar do estoque ainda tímido em comparação ao dos bancos tradicionais, os empréstimos oferecidos por plataformas digitais vêm crescendo num ritmo forte. Um levantamento da Serasa Experian mostra que o volume de crédito concedido por fintechs e bancos digitais avança em média 62,8% ao ano - oito vezes a média do mercado, que registra alta anual de 8,1%.

O levantamento foi feito com base no intervalo de 2016 a 2021. No período, o volume oferecido por startups do setor passou de R$ 4,8 bilhões para R$ 55 bilhões. Já a oferta de todo o Sistema Financeiro Nacional (SFN) foi de R$ 3,174 trilhões para R$ 4,685 trilhões.

O estudo indica ainda que 2022 deve seguir a tendência de alta: houve um aumento de 412% nas pesquisas de CPFs e CNPJs para concessões de crédito por todas as empresas financeiras. Do total dessas pesquisas, 10,6% eram de startups.

Uma parte expressiva dessa demanda por crédito tem sido para o pagamento de dívidas. Um mapeamento da FinanZero, plataforma online que faz intermediação de empréstimo com 60 instituições financeiras e compara as taxas de juros, apontou que 33,3% dos pedidos em agosto tinham como objetivo quitar dívidas. Na sequência, citado por 16,3%, ficou negócio próprio. Em média, o valor solicitado foi de R$ 6,6 mil.

A Creditas, que oferece empréstimos com garantia, também registrou esse movimento: em setembro, 29% da procura por crédito com garantia de veículo foi para pagar dívidas. A demanda pela modalidade cresceu 43% nos últimos 12 meses.

"As pessoas querem sair da dívida e estão buscando crédito pessoal. Porém, para uma pessoa endividada, com um comprometimento da renda acima de 30%, é muito difícil conseguir esse crédito", afirma Renata Eufrosino, gerente da FinanZero. "Mas aí entra um ponto: a fintech tem um apetite de risco maior e olha para esse público."

Por três anos, o funcionário público Theogenes Ramos, morador de Piaçabuçu, interior de Alagoas, engrossou a lista de inadimplentes no País. Enquanto construía a sua casa, viu a sua dívida no cartão de crédito crescer e chegar a R$ 6 mil. "Eu comecei a construir e a comprar material, mas a minha esposa ficou desempregada", conta.

Com o nome sujo e sem limite disponível, passou a utilizar cartões de crédito de amigos e parentes para conseguir terminar a obra. "Eu ficava sem pagar o meu cartão, mas tinha o compromisso de pagar o deles."

Ramos começou a se livrar da dívida há cinco meses, depois de pesquisar na internet como uma pessoa negativada consegue empréstimo. Encontrou uma fintech que aprovou dois empréstimos: um de R$ 500 e outro de R$ 750. Juntou uma reserva e quitou o que devia no cartão. "Não estou mais inadimplente e, agora, consigo pagar o que devo."

Educação financeira

Além do cenário econômico desfavorável, com inflação e juros altos, outro fato que tem levado à inadimplência é a falta de educação financeira, agravada por um "excesso de confiança". É o que indica uma pesquisa da Creditas em parceria com a Opinion Box. Segundo o estudo, 70% das pessoas acreditam que conseguem avaliar as melhores opções ao se depararem com diferentes linhas de crédito. Porém, mais da metade (52%) já se endividou pelo mau uso do cartão de crédito ou do cheque especial.

"O brasileiro está habituado a utilizar crédito curto, o cheque especial, e caro, que é o cartão de crédito. Não é porque a pessoa conhece as opções tradicionais disponíveis no mercado que ela sabe qual é mais adequada para ela", diz Maria Teresa Fornea, vice-presidente da unidade de empréstimo com garantia de imóvel da Creditas. "Qualquer pessoa que tem um carro ou um imóvel, por exemplo, consegue um crédito melhor, pois tem prazos mais longos e taxas menores."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após crescer em torno de 12% em 2020, a produtividade do trabalho chegou ao terceiro trimestre deste ano apenas 1,8% acima do nível verificado no quarto trimestre de 2019, antes da crise causada pela Covid-19, segundo cálculos do Observatório da Produtividade Regis Bonelli, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV. No período de julho a setembro último, a produtividade do trabalho tombou 11,9% ante igual período de 2020 - comparado a um salto de 14,9% no terceiro trimestre do ano passado em relação a igual período de 2019.

A desaceleração mostra que o ganho do ano passado foi "atípico" e "temporário", marcado pela pandemia, disseram pesquisadores do Ibre em seminário promovido nesta quinta (16) em parceria com o Estadão. Mesmo com a retomada do nível de atividade, o País tende a voltar ao baixo crescimento da produtividade, o que impede um avanço mais acelerado da economia.

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"Voltamos ao velho normal de baixo crescimento da produtividade", afirmou Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro Ibre. O evento contou ainda com Fernando Veloso e Fernando de Holanda Barbosa Filho, ambos do Ibre/FGV.

A volta da dinâmica anterior era esperada porque o ganho de 2020 se deu, principalmente, por causa do que economistas chamam de "efeito composição". A pandemia atingiu a economia de forma desigual, prejudicando mais determinadas atividades - como aquelas que dependem do contato pessoal, como bares, restaurantes e salões de beleza - e até favorecendo outras - como os serviços de tecnologia da informação (TI).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Levando em conta as projeções mais atualizadas para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, o crescimento médio anual desta segunda década do século 21 poderá ficar em zero, estima um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

Essa conta considera uma queda de 5,4% no PIB de 2020, projeção atualizada pelo Ibre/FGV na semana passada. Se confirmada, será a maior retração anual da história do País. Atualmente, a maior queda de que se tem registro, de 4,35%, é a de 1990 - a mais antiga série estatística para o PIB disponível no País, compilada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), começa em 1901, ainda que os dados do início do século 20 sejam frágeis.

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Se a nova recessão que agora se inicia por causa da pandemia poderá levar 2020 a ser o pior ano da história para a economia, o desempenho da segunda década já seria um recorde negativo, mostra o estudo do Ibre/FGV. Considerando a projeção anterior para 2020, de crescimento de 2% no PIB, os anos 2010 teriam um avanço médio anual de tímido 0,8%.

Para Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Ibre/FGV e coautora do estudo com Paulo Peruchetti, o fato de a década se encerrar com mais uma recessão poderá levar a próxima década, que se inicia em 2021, a registrar desempenho econômico pífio também.

"Essa pandemia vem, num certo sentido, não só para tornar a década ainda pior, mas para dificultar a visão de futuro", afirmou Silvia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A situação ainda precária no mercado de trabalho fez a concentração de renda se aprofundar no País ano passado. No quarto trimestre de 2018, a desigualdade, quando observada a renda domiciliar per capita, atingiu o maior patamar em pelo menos sete anos, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) obtido com exclusividade pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.

O Índice de Gini do rendimento domiciliar per capita com trabalho subiu de 0,6156 no terceiro trimestre de 2018 para 0,6259 no quarto trimestre do ano, o 16.º trimestre consecutivo de aumento. O Índice de Gini mede a desigualdade numa escala de 0 a 1 - quanto mais perto de 1, maior é a concentração de renda.

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No quarto trimestre de 2018, o índice atingiu o maior patamar da série histórica iniciada no primeiro trimestre de 2012. Foi quando a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) começou a ser apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo Daniel Duque, pesquisador do mercado de trabalho no Ibre/FGV, há algumas razões para a piora na desigualdade de renda. Entre elas, estão a dificuldade de trabalhadores menos qualificados aumentarem seus rendimentos e a dinâmica de reajustes do salário mínimo. "Na crise, a probabilidade de estar empregado e ter renda maior depende mais de o trabalhador ter qualificação. Além disso, o salário mínimo não tem ganhos reais desde 2015", enumerou Duque, autor do levantamento. "Houve também muita geração de ocupação informal, que tem menores salários. E há um desalento muito grande ainda."

O salário mínimo não teve ganho real nos últimos anos por causa do encolhimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 e 2016. Pela regra de reajuste criada ainda nos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o reajuste do mínimo de um ano é a soma da inflação (medida pelo INPC) do ano anterior somada à variação do PIB de dois anos antes. Como em 2015 e 2016 o PIB teve variação negativa, o salário mínimo teve reajustes equivalentes apenas à inflação. A regra vale até este ano.

Embora, no ano passado, o número de pessoas trabalhando tenha aumentado, a subutilização da força de trabalho segue elevada, lembrou Thiago Xavier, analista da Tendências Consultoria Integrada. São considerados "subutilizados" os trabalhadores à procura de emprego, os que não procuram uma vaga por acreditar que não encontrariam emprego ou os que estão ocupados, mas trabalhando menos horas do que poderiam ou gostariam, ganhando menos por isso.

"Precisa ter uma reação do mercado de trabalho (para reduzir a desigualdade)", defendeu Xavier. "Precisa de geração de vagas formais, com salário médio maior, jornadas de trabalho que não fiquem aquém do desejado."

Saída

O ex-bancário Carlos Cunha dos Santos Jr., de 45 anos, e a vendedora Viviane Almeida, de 46 anos, trabalham juntos há seis meses numa carrocinha de suco de laranja, no centro do Rio. Viviane é gaúcha, está radicada no Rio há sete anos e já trabalhou como cabeleireira e balconista. "Está difícil conseguir emprego, e trabalhar na rua foi uma forma que arrumei para me manter", disse Viviane.

Segundo Santos Jr., o negócio está dando certo, mas eles estão apreensivos em relação à demanda nos meses de menos calor. Com a carrocinha de suco, a dupla tem conseguido tirar cerca de R$ 4 mil a R$ 5 mil por mês para dividir.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O preço dos materiais escolares subiu, em média, 1,02% no acumulado de 2018, abaixo da inflação, de acordo com um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getulio Vagas (FGV).

A variação dos itens escolares entre janeiro e dezembro ficou abaixo do Índice de Preços do Consumidor (IPC-S), que acumulou inflação de 4,32% no ano passado. Por outro lado, segundo o levantamento, vários produtos e serviços ligados à atividades escolares ficaram mais caros em 2018, como o transporte escolar, que subiu 5,19%. Já os livros didáticos subiram 0,50% no ano passado, enquanto os não didáticos, como livros de literatura, tiveram alta de 0,46%.

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A FGV informou que os consumidores precisarão pesquisar os preços para economizar em 2019, pois existe grande diferença de preço entre as lojas. "Ao longo de janeiro, alguns desses itens podem sofrer variação em função da procura, que se intensifica com o início do ano letivo", destacou o economista do IBRE, André Braz.

Todas as medidas de ajuste fiscal enviadas pelo governo Temer ao Congresso para cortar benefícios (parte deles de servidores e empresas) foram barradas pelos parlamentares. É o que o mostra estudo do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Se essas propostas tivessem sido aprovadas por deputados e senadores, o impacto positivo no Orçamento deste ano seria de R$ 31,8 bilhões, entre aumento de receitas e redução de despesas, de acordo com levantamento feito pelo Estadão/Broadcast.

Na lista, estão medidas que afetam diretamente os servidores, como o adiamento do reajuste dos salários, o aumento da contribuição previdenciária e a redução de benefícios, como ajuda de custo e auxílio-moradia.

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Também compõem o pacote o fim da desoneração da folha de pagamento para 50 setores - proposta que deve ser alterada na Câmara para afetar menos segmentos - e a tributação de fundos exclusivos para investidores de alta renda. A reforma da Previdência, por sua vez, produziria economia de R$ 5 bilhões neste ano, mas foi engavetada.

O economista Manoel Pires, responsável pelo levantamento, destaca que houve uma predominância, no governo Temer, de medidas que proporcionam um aumento de receita, com efeito temporário no Orçamento. Os cortes de despesa se deram de forma administrativa, sem passar pelo Congresso, como foi o caso do pente-fino no auxílio-doença.

Segundo Pires, as medidas de redução de despesas mais importantes que foram aprovadas pelo Congresso não atacam efetivamente a despesa pública e têm efeito "abstrato". Um exemplo é o teto de gastos, que limita o crescimento das despesas à variação da inflação. O teto deve estourar já em 2019, como apontou a Instituição Fiscal Independente (IFI).

"Com o enterro da Previdência, acho que é hora de refletir bastante sobre o que deu certo e o que deu errado", disse Pires, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.

Temer assumiu a Presidência em agosto de 2016 com uma base parlamentar robusta, fazendo o mercado acreditar que ele conseguiria o ajuste fiscal. No início da semana, em sua maior derrota, o governo desistiu oficialmente da reforma da Previdência e tentou compensar a perda com medidas econômicas recicladas.

O lançamento dessa pauta serviu para acirrar os ânimos entre o Planalto e o Congresso, dificultando ainda mais as articulações. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), fizeram questão de mostrar que quem define a pauta é o Congresso, não o Executivo.

Entre as medidas que integram essa agenda está o fim da desoneração da folha de pagamento, que deve ser votado nas próximas semanas, mas enfrenta forte resistência de vários setores que fazem pressão para ficarem de fora da alta da tributação. A expectativa era de um impacto positivo de R$ 8,8 bilhões com a medida ainda este ano, mas a demora diminui o efeito.

Para o cientista político Murillo de Aragão, sócio da Arko Advice, o "estresse" na relação entre Congresso e Planalto pode atrapalhar o andamento das medidas. Ele acredita, porém, que eventual sucesso na intervenção do Rio pode fortalecer Temer. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) encerrou janeiro com variação positiva de 0,76%, divulgou hoje (30) Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado representa um recuo de 0,13 ponto percentual em relação ao verificado em dezembro (0,89%).

O índice deste mês, no entanto, ficou acima do registrado em janeiro de 2017, quando a variação foi 0,64%. Em 12 meses, o IGP-M acumula queda de 0,41%. O índice é utilizado como base de cálculo para renovações de contrato de aluguel.

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Os três indicadores que compõem o IGP-M tiveram variação positiva em janeiro na comparação com o mês anterior. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) teve alta de 0,91%. A taxa é 0,33 ponto percentual menor que a verificada em dezembro (1,24%). O item Bens Finais variou 0,64% no mês. Em dezembro, ele estava em 0,48%. De acordo com o Ibre/FGV, a aceleração se deve ao comportamento do subgrupo alimentos in natura, que passou de -1,87% para 3,21%. O grupo bens intermediários variou 1,05%, e o de matérias-primas brutas, 1,08%.

Terceiro componente do IGP-M, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) variou 0,56% ante 0,3%, em dezembro. Das oito classes de despesa que formam esse índice, quatro tiveram alta nas taxas em janeiro em relação ao mês anterior. O destaque foi o grupo alimentação, que passou de 0,13% para 1,11%.

Tiveram acréscimos também os subgrupos educação, leitura e recreação (de 0,87% para 1,46%), transportes (de 0,78% para 0,92%) e comunicação (de -0,19% para 0,26%). Os grupos que apresentaram decréscimo foram vestuário (de 0,61% para -0,28%), habitação (de -0,06% para -0,17%), saúde e cuidados pessoais (de 0,44% para 0,40%) e despesas diversas (0,18% para 0,17%).

O IGP-M é composto ainda pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que passou de 0,14% em dezembro para 0,28%. O item que teve maior peso no resultado foi a alta nos preços de materiais, equipamentos e serviços, com variação de 0,59%. No mês anterior, a taxa foi 0,22%. O custo da mão de obra registrou leve alta de 0,03%. Em dezembro, o índice ficou em 0,07%.

O levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre) apontou que o Índica Nacional de Custo da Construção do Mercado (INCC-M) passou de uma variação de 0,22% em julho (2017) para 0,40% em agosto, o que representa avanço de 4,36% nos últimos 12 meses. Houve aumento médio tanto de materiais, equipamentos e serviços (de 0,03% para 0,20%) quanto da mão de obra (de 0,37% para 0,56%).

A pesquisa foi feita com base nos preços anotados entre 21 de julho e 20 de agosto em sete capitais: Salvador, Brasília, Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo. Esse índice é um dos três componentes do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M).

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Sobre os materiais, equipamentos e serviços, a maior elevação foi apontada nos itens de acabamento: de 0,16% para 0,37% - aumento de 0,22% se comparado ao mesmo período de 2016.

A contratação de serviços também ficou mais cara: de 0,06% em julho para 0,10% em agosto. O aluguel de máquinas e equipamentos subiu 0,14% em agosto ante ao registrado em julho – mês em que o valor da locação apresentou queda de 0,9%.

Segundo estudo divulgado nesta segunda-feira (27), 41,2% dos brasileiros pretendem utilizar o saldo inativo do FGTS para quitar dívidas. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). De acordo com a pesquisa, apenas 9,6% dos entrevistados pretendem usar os recursos com compras ou lazer.

A pesquisa mostrou que 24% pretendem guardar o saldo na poupança financeira, seguida por 11,9% dos entrevistados que não sabiam dizer como irão utilizar os recursos. Outros 10,6% não especificaram qual finalidade dariam ao dinheiro e 2,7% disseram que iriam usar o saldo para o pagamento de impostos.

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Segundo a Ibre, a expectativa do governo é a de que até junho sejam liberados R$ 43,1 milhões dos recursos, sendo R$ 3,25 bilhões no primeiro mês deste ano. Ainda de acordo com o estudo, cerca de R$ 17,7 bilhões devem contribuir para solvência de famílias, R$ 13,3 bilhões devem ser guardados, R$ 3,9 terão outras finalidades e apenas R$ 1,2 bilhão retornara aos cofres públicos como pagamento de impostos. R$ 3,6 bilhões ainda não tem finalidade definida.

A pesquisa foi feita entre os dias 2 e 22 de março e consultou 2,042 brasileiros.

A dificuldade do governo federal para equacionar o descompasso entre o aumento crescente de gastos obrigatórios e a queda na arrecadação de tributos resultou num profundo corte de investimentos no ano passado. A execução orçamentária de alguns programas (ou obras) ficou intocada em 2015. Uma parte só não ficou parada por causa dos restos a pagar de anos anteriores. Outros projetos não tiveram pagamento nem de restos a pagar, nem referente ao orçamento do ano.

Levantamento feito pela ONG Contas Abertas, a pedido do Estado, mostra que, de um total de 2.229 programas que tiveram dotação inicial aprovada, 980 não tiveram nenhum desembolso referente ao orçamento de 2015 - ou seja, 44% dos programas não tiveram execução no ano passado. Em 2014, esse porcentual foi de 36%. Os ministérios afirmam que alguns projetos não tiveram desembolso referente ao orçamento de 2015 porque ainda não foram licitados ou não tiveram as obras iniciadas.

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Os cortes atingiram todos os setores, de transportes a recursos hídricos, de programas sociais a projetos de saneamento básico. Sem dinheiro, várias obras foram paralisadas e ajudaram a engrossar a lista de desempregados. O aperto do governo, aliado à falta de confiança da iniciativa privada e envolvimento das construtoras na Operação Lava Jato, ajudou a derrubar a taxa de investimentos no País, de 20,2% no terceiro trimestre de 2014, para 18,1% no mesmo período do ano passado.

"O discurso inicial de que a área social não seria afetada, não se confirmou. Os contingenciamentos ocorrem em todas as pastas", afirma o secretário-geral da Contas Abertas, Gil Castello Branco, responsável pelo levantamento. Segundo ele, a execução orçamentária foi gravemente afetada no ano passado pelo ajuste fiscal e pela incapacidade do governo de cortar as despesas obrigatórias.

Restos

Segundo o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), José Roberto Afonso, professor do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), nem os restos a pagar podem ser comemorados, pois, desta vez, caíram. O economista explica que, com o contingenciamento, nem os empenhos - primeira fase da execução orçamentária, que é o compromisso de que a obra será paga - foram permitidos. "No passado, muitos gastos que eram empenhados ficavam esquecidos em restos a pagar. Ou seja, parecia que o investimento era alto, mas boa parte era vento."

Em transportes, um dos setores com maior número de programas sem execução em 2015, o orçamento caiu de R$ 22 bilhões para R$ 15 bilhões no ano passado, segundo o diretor executivo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Bruno Batista. Ele afirma que, desse total, apenas 15% foi pago. Se considerados os restos a pagar, esse porcentual sobe para 58%. "Além da redução do orçamento, há também a incapacidade do governo de conseguir gastar os valores que são aprovados."

Na lista de obras do Ministério de Transportes, há vários trechos de rodovias que deveriam ter sido construídos ou passado por adequações. Parte das obras com valores mais relevantes, com investimentos acima de R$ 50 milhões, tiveram só pagamentos de restos a pagar. É o caso das adequações nos entroncamentos na BR-101 (SE) e BR-493 (RJ).

Nos dois casos, o orçamento inicial teve um corte rigoroso. Na primeira, caiu de R$ 63 milhões para R$ 7,1 milhões; e na segunda, de R$ 63 milhões para R$ 54 milhões, segundo o levantamento da Contas Abertas. Mesmo assim, não houve pagamento referente aos valores autorizados no ano passado.

Em outros casos, o Ministério dos Transportes afirmou que "devido ao realinhamento do orçamento, algumas obras que não tinham sido iniciadas foram postergadas", como a adequação do entroncamento na BR-153 (SP); na BR-232 (PE); e em Aliança do Tocantins. "Optou-se por focar os recursos em obras já em andamento e manutenção dos trechos rodoviários", disse o ministério.

Mesma estratégia adotou a Secretaria de Portos (SEP), que tinha uma série de projetos autorizados. "Com o ajuste fiscal, a secretaria teve o orçamento contingenciado, limitado a um valor abaixo do planejado. Diante desse quadro, optou-se por não iniciar ações novas", afirmou a secretaria, em nota. Segundo ela, o orçamento do ano passado foi elaborado em abril de 2014, num cenário muito distinto do existente em 2015.

Pelos dados da Contas Abertas, as obras de dragagem nos portos do Rio de Janeiro e Paranaguá, cuja dotação inicial era de R$ 75 milhões e R$ 80 milhões, respectivamente, tiveram os valores elevados para R$ 164 milhões e R$ 106 milhões. Mas a execução parou no empenho e não houve pagamento.

Para José Roberto Afonso, o quadro para os investimentos públicos não deve ter grandes alterações neste ano. "Não vejo perspectivas de alteração desse cenário no curto prazo. Ao contrário, a tendência é manter baixo e até cortar ainda mais os investimentos. Em 2015 ainda se pagou muito do que estava contratado no passado. Agora, nem há restos a pagar para 2016."

Segundo ele, ou se eleva a carga tributária, corta gastos com custeio ou se endivida mais. Mas a crise pela qual o País passa torna esses caminhos inviáveis. "Logo, resta conter custeio. É preciso uma reforma administrativa e uma reforma previdenciária urgente. Sem isso, não há menor chance de retomar investimentos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quem teve de contratar mão de obra ou serviços para a construção civil neste mês de novembro e ainda comprar materiais do setor comprometeu mais o orçamento em relação ao mês anterior. O Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M) apresentou variação de 0,30% ante 0,20%, o que significa um aumento desde janeiro de 6,46% e, nos últimos 12 meses, de 6,70%.

O levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) mostra que os materiais, equipamentos e serviços ficaram 0,4% mais caros, mas a elevação ocorreu com menor intensidade do que em setembro quando os preços subiram 0,43%.

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A maior pressão neste subcomponente foi constatada em serviços com valores em média 0,89% acima do mês anterior. Em setembro, os mesmos serviços tinham apresentado taxa de 0,05%. A parte da obra mais onerosa foi a de projetos (de 0,01% para 1,46%).

Já a taxa que mede a variação do custo da mão de obra atingiu 0,22% ante estabilidade em setembro, sendo influenciada mais pelo reajuste salarial ocorrido no Recife. Houve elevação do índice em quatro das sete capitais pesquisadas: Salvador (de 0,17% para 0,23%); Brasília (de 0,14% para 0,18%); Recife (de 0,3% para 2,27%) e Porto Alegre (de 0,16% para 0,28%). Em duas capitais houve queda no ritmo de correção: Rio de Janeiro (de 0,19% para 0,06%) e São Paulo (de 0,26% para 0,22%). E, em Belo Horizonte, o índice permaneceu estável em 0,09%.

Mudanças em relação à confiança econômica do Brasil em 2015 não serão fáceis para nenhum governo, avaliou a economista Silvia Matos, coordenadora técnica do Boletim Macro Ibre e pesquisadora da Fundação Getulio Vargas, em entrevista ao Broadcast ao Vivo. Ela acredita, porém, que apenas a troca de governo deve ajudar a retomar a credibilidade de empresários e consumidores na economia, porque é dado o benefício da dúvida ao novo governante.

"Há descompasso entre oferta e demanda, mesmo com o PIB (Produto Interno Bruto) baixo. Sem dúvida, um dos grandes desafios para o próximo governo é aumentar a capacidade do crescimento pelo lado da oferta. Sem isso, o PIB vai crescer muito pouco mesmo", afirmou. Segundo ela, políticas setoriais de curto e médio prazos não resolvem o problema da produtividade.

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Na opinião de Silvia, a equipe econômica do próximo presidente da República deve ser "independente de lobby setorial" e adotar medidas que beneficiem a todos os setores da economia. "É preciso clareza da consistência política para favorecer não só a um setor, mas a economia como um todo", disse.

Para a economista, a credibilidade na economia brasileira virá não só de nomes, mas de um plano de reformas a serem apresentadas pelo novo presidente. Ela destacou, porém, que é mais difícil para o governo atual conseguir reverter a confiança econômica.

Câmbio

Silvia ainda ressaltou que o modelo atual de câmbio, marcado por intervenções, não é sustentável e pode criar volatilidade. Segundo ela, neste momento, é natural que o câmbio fique mais depreciado, pois há mudanças na taxa real de equilíbrio, com os termos de troca desfavoráveis para a economia doméstica. "Sou favorável ao câmbio flexível, mas isso tem de estar ancorado em outras questões macroeconômicas, como o fiscal sólido e um Banco Central independente", ponderou.

Sobre o mercado de trabalho, a professora do Ibre/FGV disse que a tendência é de aumento na taxa de desemprego ao longo de 2015, pois a expectativa é que mais pessoas possam voltar ao mercado de trabalho para complementar a renda. Esse movimento, disse, pode ser mais ou menos intenso, a depender do conjunto de medidas a serem adotadas pelo próximo presidente da República.

"Mesmo que o País possa crescer um pouco mais em 2015 (por conta da base baixa este ano), os setores mais sensíveis ao desemprego, como o de serviços e da construção civil, estão sofrendo bastante. Não há perspectiva de crescimento do emprego neste e no ano que vem", concluiu.

A situação da economia doméstica deve tornar a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) mais difícil, avaliou nesta sexta-feira, 25, o cientista político Sérgio Abranches, do Ecopolítica. Para ele, as condições estruturais domésticas, como a inflação que tem afetado cada vez mais a renda, interferem mais no humor da sociedade.

"Não vai ser uma eleição igual às outras, porque o Brasil não é igual ao das outras eleições. O Brasil nunca foi um País tão capaz de mostrar mau humor quanto desta vez", disse, em seminário sobre as eleições realizado na tarde de hoje pela Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio.

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A baixa popularidade da presidente também aumenta a incerteza sobre sua reeleição, acrescentou Abranches. "Claramente do ponto de vista do que nós sabemos, o ambiente é adverso à reeleição do presidente em exercício", disse.

Em um painel anterior, o cientista político Cesar Zucco, professor da Escola Brasileira de Administração Pública e Empresas da FGV (Ebape/FGV), comentou que a avaliação positiva dos programas sociais criados ou ampliados durante a gestão do PT na Presidência seria capaz de fazer frente à baixa popularidade da atual presidente e aos questionamentos sobre a política econômica do governo durante a eleição. "Uma possibilidade é que ela faz melhor o resto do que a política econômica", afirmou.

Mas a questão eleitoral não se resume à economia. Os candidatos, de acordo com os participantes do seminário, têm se obrigado a encontrar maneiras de se adaptar a mudanças no próprio modo de fazer campanha. "Desde 2002 não se faz mais campanha na rua, com cartazes e folhetos. Não foi assim em 2006, nem em 2010", disse o cientista político Jairo Nicolau, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Além disso, o horário eleitoral na televisão já não tem mais a mesma centralidade que tinha em anos anteriores. "A maioria dos eleitores desliga a televisão ou muda de canal", ressaltou Abranches.

A economista Silvia Matos vê um aprofundamento da desaceleração econômica no segundo trimestre, mas acredita que o Produto Interno Bruto (PIB) do período a ser divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) será positivo. "O indicador (IBC-Br) mostra uma desaceleração forte, o PIB também vai desacelerar, mas não na mesma magnitude. Isso não quer dizer que a economia vai bem", disse Silvia, coordenadora técnica do Boletim Macro Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da Fundação Getulio Vargas. Para o ano, ela prevê um avanço da economia um pouco acima de 1%. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo:

Qual é o diagnóstico da economia brasileira?

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O diagnóstico é de desaceleração econômica. Eu acho que a grande discussão agora é quanto estamos desacelerando e se isso é transitório ou permanente.

Por quê?

No segundo trimestre, houve um aprofundamento maior dessa desaceleração econômica. Uma parte é explicada porque estamos fazendo a comparação com um trimestre do ano passado que foi muito fora do padrão (o crescimento no segundo trimestre de 2013 foi positivo e superou as expectativas). Agora, é o reverso da moeda. Eu diria que existem informações negativas em duas frentes: na indústria de transformação como todo e na construção. No caso da indústria, também existem dois componentes adicionais dessa desaceleração. Primeiro é a questão energética, que prejudicou o custo de energia e a incerteza sobre o setor. Segundo, houve mais dificuldade de exportação de bens manufaturados. E, além disso, tivemos um problema estrutural dos dias parados (por causa da Copa do Mundo), que deverá prejudicar o resultado da indústria em junho.

Qual é a expectativa do PIB para segundo trimestre?

Deve ficar próximo de zero, num valor muito baixo, um crescimento de 0,1%, 0,2%. É importante olhar com cuidado o IBC-Br porque historicamente ele amplifica os movimentos de aceleração e desaceleração. O indicador mostra uma desaceleração forte, o PIB também vai desacelerar, mas não na mesma magnitude. Isso não quer dizer que a economia vai bem. Estamos vivendo mais uma estagnação do que uma recessão.

O que esperar do desempenho econômico até o fim do ano?

Espero alguma melhora dos indicadores no segundo semestre porque a base de comparação com o ano passado não é tão boa. Isso não quer dizer que a economia brasileira esteja bem, porque estamos vendo uma desaceleração no ano como um todo mais rápida do que a que ocorreu em 2013. E agora não tem muito mais como fazer o que foi feito em 2012, quando o PIB cresceu só 1%, e o governou estimulou a economia com políticas setoriais. Não temos muito mais cartas na manga no conjunto de medidas para a indústria. Então, qualquer medida que o governo faça é para tentar amenizar um pouquinho esse número negativo da indústria.

Apesar da desaceleração, a inflação continua elevada?

Essa é grande frustração com a desaceleração da economia. É uma desaceleração econômica sem benefícios, no sentido de controle inflacionário. No fim de 2011 e início de 2012, quando a economia foi desacelerando, a inflação deu uma acomodada. É um certa frustração que estamos vivendo: uma economia muito fraca, com inflação muito forte. É um desequilíbrio grande.

Por que estamos enfrentando esse problema com a inflação?

O nosso diagnóstico é que uma parte importante dessa situação de alta inflação é por causa da política fiscal expansionista nos últimos dois anos.

Os Indicadores de Ciclo da Economia Brasileira, divulgados na manhã desta segunda-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) e pelo Conference Board, confirmam que o nível de crescimento do Brasil continua baixo. "Não é um cenário confortável do ponto de vista da atividade", avaliou o economista Paulo Picchetti, do Ibre/FGV.

Segundo ele, o fato de o Indicador Antecedente Composto da Economia (Iace) - que pretende antecipar o cenário no curto prazo - ter caído pelo segundo mês seguido faz acender um "sinal amarelo". Para o economista, houve uma piora em relação às expectativas por conta de fatores como a questão climática, e o risco de um racionamento de energia no País, além do impacto do preço dos alimentos.

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Outros motivos que refletem a deterioração das expectativas, para Picchetti, é a mudança do padrão de crescimento da China, no campo externo, e a perspectiva de futuras altas de juros, no âmbito interno. "Além disso, há a preocupação em relação à meta fiscal, o que pode fazer com que a política deixe de ser expansionista", acrescentou.

Em comunicado à imprensa, Jing Sima, economista do Conference Board, ressaltou que a queda do Iace em fevereiro fez a média móvel semestral do indicador retornar ao terreno negativo. "Apesar da melhora acentuada do PIB do Brasil no quarto trimestre, a fraqueza persistente nos resultados do Iace sugere uma improvável manutenção daquele ritmo de crescimento (do PIB) durante o primeiro semestre deste ano", disse.

De acordo com Picchetti, o Indicador Coincidente Composto da Economia (ICCE), que mede as condições atuais e subiu 0,1% em fevereiro, corrobora a avaliação de que, embora não haja risco iminente de recessão, a atividade continua avançando em ritmo moderado.

Componentes

Picchetti comentou o comportamento dos itens que compõem o Indicador Antecedente Composto da Economia. Em fevereiro, sete dos oito componentes contribuíram negativamente para o comportamento do índice: desempenho da Bovespa, Sondagem da Indústria, Sondagem de Serviços, Sondagem do Consumidor, taxa de juros, variação de termos de troca e a produção bens de consumo duráveis.

Apenas o item volume de exportações contribuiu positivamente. Neste acaso, ainda segundo Picchetti, a alta se deve a uma base de comparação fraca em relação a janeiro.

O Índice de Economia Subterrânea (IES) - economia que contempla a produção de bens e serviços não reportada ao governo e que fica à margem do PIB nacional - alcançou a marca de 15,9% em 2013, o que representa redução de 0,8 ponto porcentual em relação ao ano anterior, de acordo com levantamento divulgado nesta terça-feira, 26, pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) em conjunto com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE/FGV). Em valores absolutos, a pesquisa aponta que a economia subterrânea supera a marca de R$ 760 bilhões este ano.

Em nota, o pesquisador do IBRE/FGV Fernando de Holanda Barbosa Filho diz que a diminuição da informalidade, sinalizada pelo indicador, é um reflexo da situação vivida pelo mercado de trabalho brasileiro formal. "Fatores como o cada vez menor crescimento demográfico, com a consequente redução da população economicamente ativa, influenciam a queda do desemprego, e uma taxa de desemprego baixa favorece o recuo da informalidade", diz.

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No entanto, o economista pondera que, ao analisar a diminuição da economia subterrânea, também devem ser considerados outros fatores pontuais, como a desoneração da folha de pagamento temporária para alguns setores da economia.

O superintendente adjunto de Ciclos Econômicos e Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), Aloisio Campelo, afirmou que outubro aponta para um início do quarto trimestre sem muitas mudanças no comportamento da indústria, mas destacou como boas notícias do Índice de Confiança da Indústria (ICI) a leve aceleração do ajuste no nível dos estoques e melhora de patamar do Índice de Expectativas (IE). "O nível de confiança em termos histórico ainda é considerado baixo, mas é bom porque o Índice de Expectativa, que vinha caindo desde março, agora pelo menos aponta para cima", explicou.

Segundo os dados divulgados nesta terça-feira (29), pelo Ibre/FGV, o ICI caiu 0,2% em outubro ante setembro, passando de 98 pontos para 97,8 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE) avançou 0,4%, para 97,5 pontos. "Esse aumento do IE ocorre por conta da estabilização do indicador de otimismo e uma melhora do indicador de emprego previsto", disse.

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Após quatro quedas consecutivas, o indicador de emprego previsto subiu 2,2%, para 104,4 pontos. Conforme o indicador, 14,8% das empresas pretendem ampliar o número de empregados enquanto 10,4% preveem redução de quadros. "Mas ainda não dá pra dizer que a indústria vai voltar a contratar fortemente", ponderou.

Campelo destaca ainda como fator positivo o fato de o resultado final ter sido melhor do que a prévia. "Houve uma mudança expressiva nos últimos dias. Acrescentamos dados e o cenário foi melhor", explicou. A prévia apontava para queda de 0,9% do ICI, que caiu 0,2%. Já o IE que tinha uma queda esperada de 0,6% subiu 0,4%.

O economista diz ainda que a tendência da produção física da indústria é seguir a mesma linha da confiança e deve ficar negativa em relação ao ano passado. "Entramos no quarto trimestre e a indústria continua com o desempenho baixo", ponderou. Segundo ele, não é possível dizer que esse desempenho ruim pode impactar na produção do final de ano, "pois os dados são todos com ajuste sazonal".

Estoques - Campelo afirmou que os dados mostram que de um modo geral a situação de acúmulo de estoques começou a mostrar alívio. "É uma variável que muda pouco, porém temos mais segmentos caminhando no sentido favorável", disse. "O indicador vinha apresentando alta desde maio. Foi o primeiro desempenho favorável em cinco meses", afirmou. Em maio, o indicador estava em 101,5 pontos e subiu até 107,7 em setembro.

Em outubro, dos cinco segmentos superestocados, três conseguiram sair desta situação: celulose, matérias plásticas e vestuário. "Por outro lado, o setor têxtil passou a ter estoque excessivo", ponderou.

O Indicador Antecedente Composto da Economia (Iace) para o Brasil, divulgado nesta quinta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e pelo The Conference Board avançou 0,5% em setembro, atingindo a marca de 125,8 pontos. O resultado de setembro segue-se a uma alta de 0,9% em agosto e a uma redução de 2,2% em julho. Cinco dos oito componentes contribuíram positivamente para o índice de setembro. O objetivo do indicador é antecipar a direção da economia brasileira no curto prazo.

De acordo o economista da FGV/Ibre, Paulo Picchetti, o crescimento relativo do IACE para o Brasil reforça a probabilidade de uma fraca recuperação da atividade econômica no último trimestre de 2013. "A dimensão dessa recuperação ainda é incerta dada a alta volatilidade dos mercados internacionais e a baixa taxa de confiança entre os gestores e empresários brasileiros", afirmou, em nota.

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Já o economista do Conference Board, Jing Sima, ressalta que o IACE para o Brasil aumentou novamente este mês devido a melhorias nas expectativas dos consumidores, ao setor de serviços e a componentes ligados ao setor financeiro e às exportações. "No entanto, a indústria de transformação e o consumo das famílias ainda estão fracos e a economia brasileira continua desequilibrada - sinais de que o crescimento econômico ainda apresenta baixo desempenho em relação ao seu potencial", completou.

Também elaborado pelo FGV/IBRE e pelo The Conference Board, o Indicador Coincidente Composto da Economia (ICCE) do Brasil, que mede as condições econômicas atuais, aumentou 0,2% em setembro, atingindo a marca de 129,2 pontos. O resultado de setembro mostra continuação na trajetória de alta, já que em agosto o ICCE subiu 0,2% e teve alta de 0,1% em julho. Cinco dos seis componentes contribuíram positivamente para o índice de agosto.

O modelo de concessões proposto pelo governo federal para alavancar os investimentos privados em infraestrutura foi alvo de críticas de economistas e pesquisadores no Seminário Ibre de Infraestrutura - Gargalos e Soluções na Infraestrutura de Transportes Brasileira. No setor ferroviário, as mudanças propostas são consideradas de "alto risco" em função das incertezas nas garantias oficiais.

"O modelo tem se mostrado inviável", afirmou o coordenador de Economia Aplicada do Ibre, Armando Castelar, no evento desta segunda-feira da Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio. "Primeiro, o governo começou com tarifa baixa e retorno baixo. Depois, para atrair investidores, começou a dar outros subsídios, que são mais perigosos de garantir em longo prazo", avaliou.

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Para a pesquisadora da FGV, Joísa Dultra, "as taxas de retorno não são compatíveis com a sustentabilidade econômica e financeira do negócio. O contrato não assegura claramente os retornos. Ficar brigando por causa de 1% ou 2 % de Taxa Interna de Retorno (TIR) atrasa a licitação e não estimula a concorrência".

Castelar também criticou a demora em definir uma solução. "No longo período de negociação dos termos e taxas de concessão, a situação mundial está mudando. Há um ano, essas medidas funcionariam, mas o cenário mudou adversamente."

Os pesquisadores também apontaram problemas como os riscos na execução dos projetos, o desconhecimento do modelo e a insegurança na regulação. O governo federal aposta nas concessões para alavancar os investimentos e a economia do País.

"Por mais que vejamos no discurso do governo de incentivar o investimento de infraestrutura, o mercado não encontra uma resposta efetiva", declarou o diretor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), Luiz Guilherme Schymura.

Segundo ele, em dois anos, o País caiu 21 posições no ranking de investimentos em infraestrutura no ranking do Fundo Monetário Internacional (FMI), alcançando a 128ª posição entre 177 países. "O Brasil está com porcentual de estoque de capital de infraestrutura baixíssimo, com 16% do PIB (Produto Interno Bruto), ante 58% da Índia, 64% dos EUA e 76% da China."

Os pesquisadores apontaram uma paralisia no setor de hidrovias, que representam menos de 15% no transporte de cargas, e ineficiência em medidas adotadas em outros setores, como o portuário. "Medidas para destravar operação dos terminais, não avança na flexibilização das relações trabalhistas. As coisas estão mais atrasadas", afirmou Eduardo Guimarães.

O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) prevê crescimento de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, com a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 5,4%. A estimativa para o crescimento econômico está abaixo da média do mercado, conforme o Boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central (BC).

Nesta segunda-feira (10), pesquisadores do Ibre/FGV debateram as perspectivas para a economia no Seminário de Análise Conjuntural, no Rio. O coordenador geral de Pesquisa Econômica Aplicada do Ibre/FGV, Armando Castelar, destacou o alto grau de incerteza na atual conjuntura, ao fazer um resumo ao fim dos debates. "Não sabemos o que há pela frente", disse Castelar, destacando que os indicadores atuais apontam para sentidos diferentes.

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O cenário central do Ibre/FGV exposto no seminário considera crescimento de 0,8% do PIB no terceiro trimestre e 1,3% no quarto, sempre na comparação com o trimestre anterior, o que foi classificado como "cenário otimista" por Silvia Matos, coordenadora técnica do Boletim Macroeconômico do instituto. A pesquisadora destacou também que, com a queda da arrecadação tributária, o superávit primário do setor público deverá ficar em 2,4% neste ano, abaixo da meta de 3,1% do governo federal. Para 2013, Silvia informou que o Ibre estima 2,8%.

Os economistas do Ibre também destacaram a dificuldade de prever os rumos da política monetária. "Lendo a ata (da última reunião do Copom do BC) com muito cuidado, não fica claro se haverá mais um corte de 0,25 ponto na Selic", afirmou Silvia, referindo-se à taxa básica de juros, hoje em 7,5%.

A previsão do Ibre para a inflação medida pelo IPCA é de 5,4% para este ano e 5,9% para 2013, mas um cenário alternativo com mais crescimento poderá trazer mais inflação. O pesquisador Salomão Quadros destacou que, se a desoneração da conta de luz residencial pressionará os preços para baixo, reajustes das passagens de ônibus, a retirada de tarifas reduzidas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em determinados setores e um provável aumento da gasolina poderão pressionar a inflação para cima em 2013.

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