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A demora na vacinação contra o coronavírus pode comprometer a recuperação da atividade econômica no Brasil. A conclusão é do Relatório de Atividade Fiscal (RAF), publicado nesta terça-feira (20) pela Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado. “Quanto mais tempo o governo demorar a promover a vacinação ampla da população contra a covid-19, tanto maior será o impacto econômico. Dados de meados de abril mostram que 4,5% da população receberam a segunda dose de uma das vacinas disponíveis”, destaca o documento.

Segundo o RAF, o Brasil experimenta um ritmo lento da vacinação, com 780 mil doses ao dia. O documento classifica o “atraso no calendário de vacinação” como um “risco a ser monitorado”. “Risco cuja materialização pode piorar o cenário reside em eventuais atrasos nos programas de vacinação. Como se sabe, a oferta de vacinas em âmbito global está sendo insuficiente para o atendimento da demanda. Dessa forma, o avanço da vacinação no Brasil estará dependente de acordos para a importação dos imunizantes até que a produção local adquira uma escala relevante, o que só deverá ocorrer mais para o final do ano ou mesmo em 2022”, estima a IFI.

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De acordo com o RAF, a expansão da covid-19 obriga os estados a adotarem “necessárias medidas de restrição à circulação de pessoas, o que já afeta os indicadores de atividade”. A IFI alerta que a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), estimada em 3% para 2021, deve ser revisada em maio. O documento destaca que a receita primária cresceu 2,7% no primeiro bimestre de 2021 em comparação com 2020. Mas adverte que a continuidade na recuperação da receita primária “depende da evolução da atividade econômica e do controle da pandemia”.

Orçamento

A IFI prevê que o teto de gastos será rompido em 2021. O documento destaca a necessidade de “ajustes” no projeto de Lei Orçamentária Anual (PLN 28/2020), “provavelmente por meio de veto parcial”. O texto deve ser sancionado ou vetado pelo presidente Jair Bolsonaro até a próxima quinta-feira (22). “Há uma necessidade de corte de R$ 31,9 bilhões para que o teto de gastos não seja rompido”, alerta a IFI.

O RAF analisa ainda o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLN 3/2021), apresentado pelo Poder Executivo no dia 15 de abril. A proposta não prevê a existência de “folga” para o cumprimento do teto de gastos em 2022. Mas, de acordo com a IFI, há uma “sobra” de R$ 38,9 bilhões. “Esse espaço não pode ser visto como um aval automático para aumentar despesas. O quadro fiscal ainda será intrincado, com dívida e déficit elevados em 2022. Eventual uso da folga do teto deveria ser sopesado com esse contexto”, recomenda o documento.

A IFI calcula “discrepâncias” nas estimativas de despesas primárias indicadas pelo Poder Executivo no projeto da LDO 2022. A diferença entre as projeções chega a R$ 41 bilhões. Só a Previdência responde por uma divergência de R$ 21,1 bilhões. Enquanto o governo espera gastar R$ 762,9 bilhões, a IFI projeta despesas de R$ 741,8 bilhões.

*Da Agência Senado

 

A Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado calculou, em relatório divulgado nesta segunda-feira (18) que os gastos com a Covid-19 em 2021 somam R$ 36,1 bilhões até o momento. Esse valor está relacionado às despesas transferidas de 2020 para 2021, chamadas no jargão orçamentário de restos a pagar - de R$ 16,1 bilhões, mais o crédito de R$ 20 bilhões para implementação da vacinação.

Segundo a IFI, dos R$ 16,1 bilhões em restos a pagar, R$ 2,3 bilhões são relativos ao auxílio emergencial a vulneráveis e trabalhadores informais e R$ 8 bilhões tem a ver com o benefício a trabalhadores formais.

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"O espaço para gastos novos não existe. Precisaria cortar ainda mais as discricionárias (gastos que não são obrigatórios e envolvem os investimentos). Aumentando o risco de shutdown (paralisia na máquina pública)", afirma o diretor executivo da IFI, Felipe Salto. Na sua avaliação, os gastos com auxílio emergencial carregados para 2021 são pequenos. "Resta ver o que o Congresso fará. Isto é, se haverá ou não outros programas para atendimento da população que está desguarnecida." Ele destaca que a criação de um programa de renda básica permanente, que chegou a ser anunciada mais de uma vez pelo governo em 2020, não avançou e parece cada vez mais distante.

Em dezembro, o gasto com o auxílio emergencial foi de R$ 17,4 bilhões, de acordo com os cálculos da IFI. É bem inferior ao observado na primeira versão do benefício. Entre junho e agosto, o auxílio chegou a consumir cerca de R$ 45,9 bilhões por mês.

O relatório mostra que o tamanho dos restos a pagar em 2021 acabou ficando maior do que o valor indicado pelo governo na Lei de Diretrizes Orçamentárias, em dezembro, de R$ 31,6 bilhões. "Esses valores não necessariamente serão integralmente gastos, mas é importante observar que contemplam uma espécie de limite máximo de gastos que poderiam ser feitos sem afetar o teto de gastos, por se tratar de orçamento de créditos da covid trazidos de 2020", explica.

Para minimizar o risco de rompimento do teto de gastos (regra que limita o crescimento das despesas acima da inflação), a IFI prevê que o governo tenha de cortar ainda mais a despesa discricionária, que já está bastante comprimida, aumentando o risco de uma paralisação da máquina pública ou de um conjunto de políticas públicas essenciais. A projeção da IFI para o déficit das contas do governo de 2021 é de R$ 218,2 bilhões, ou 2,9% do PIB. A meta do governo é de déficit de R$ 247,1 bilhões.

Orçamento

O Orçamento de 2021 não deve ser aprovado antes de abril, prevê também a IFI. O cálculo da instituição que acompanha as contas públicas é que não deve ocorrer com o projeto do Orçamento o que foi feito com a LDO. O projeto da LDO foi votado em dezembro diretamente pelo plenário do Congresso, sem passar pelo rito constitucional ordinário.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal prevê uma chance alta de prorrogação do auxílio emergencial em 2021. Em relatório divulgado nesta segunda (16), o órgão, responsável por fazer avaliações das contas públicas, projeta que uma prorrogação por quatro meses (janeiro-abril) do auxílio de R$ 300 para 25 milhões de pessoas custaria R$ 15,3 bilhões. Em um ano, se o benefício fosse estendido, a despesa seria de R$ 45,9 bilhões.

Nessa simulação, seriam elegíveis 14,3 milhões de pessoas que estão no programa Bolsa Família e mais 12 milhões de desocupados com a pandemia da covid-19. Hoje, o auxílio é pago a 67,8 milhões de brasileiros.

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Com a lenta recuperação do mercado de trabalho, a IFI avalia que é prudente considerar, em uma análise de riscos fiscais, a possibilidade de prorrogação, em 2021, do pagamento de benefícios aos cidadãos mais vulneráveis, ou a possibilidade de criação de um novo benefício assistencial.

Segundo o diretor executivo da IFI, Felipe Salto, a prorrogação do auxílio é hoje o maior risco fiscal de curto prazo para 2021, já que não há espaço orçamentário no próximo ano. "É muito difícil dizer o que deve ou não ser feito. O quadro social e econômico é muito complicado. Mas dá para dizer que há uma probabilidade alta de que algo seja feito", disse ele. "Deve ou não ser feito? Essa é uma questão que tem de ser respondida com base nas avaliações que o próprio governo precisa fazer", completou.

O novo relatório da instituição projeta a necessidade de um ajuste de R$ 327,1 bilhões (3,9 pontos porcentuais do PIB) para a dívida pública estabilizar (parar de subir) em 100% do PIB em 2024. A IFI projeta um crescimento de 2,8% do PIB para 2021. Para 2020, a projeção de queda do PIB passou de 6,5% para 5%.

A dívida pública bruta deverá alcançar 93,1% do PIB em 2020 e atingir 100% em 2024. O endividamento pode chegar a 156% do PIB, em 2030, no cenário pessimista. O indicador é acompanhado atentamente pelas agências de classificação de risco, que conferem notas aos países (funciona como uma recomendação, ou não, para investimentos). Uma tendência crescente da dívida, em um cenário de ausência de reformas, pode gerar a piora na nota brasileira com recomendação para que investidores estrangeiros retirem recursos do País.

Salto enfatizou que o espaço para fazer essa prorrogação fiscal não existe no teto de gastos, mecanismo que limita o avança das despesas à inflação, o que exigiria corte de outros gastos. "Mas tem alternativas do financiamento do lado das receitas, o que envolveria discutir a regra do teto, a PEC emergencial. É uma questão de diretriz da política fiscal."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo já perdeu quase R$ 100 bilhões de receitas no primeiro semestre, calcula a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal. Em relatório fiscal divulgado nesta segunda-feira, 17, a IFI aponta que a perda de receita líquida no primeiro semestre correspondeu a 2,5 pontos porcentuais do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a R$ 97,5 bilhões.

No mesmo período, as despesas cresceram 40,2% com a aprovação de R$ 511,3 bilhões em créditos extraordinários para o enfrentamento da covid-19, o que levou a um aumento da dívida pública de 9,7 pontos porcentuais do PIB entre dezembro de 2019 e junho de 2020. A dívida atingiu 85,5% do PIB em junho. A despesa primária total em 2020 deverá chegar em quase R$ 2 trilhões, o equivalente a 28,4% do PIB (R$ 1,965 trilhões).

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"A herança para o após crise será difícil de manejar", alerta o diretor-executivo da IFI, Felipe Salto. Para ele, se o País crescer apenas 2,5% em 2021 estará numa efetiva encruzilhada fiscal. "É fundamental ter um norte para o após crise e evitar projetos mirabolantes nestes tempos incertos", afirmou.

Nos últimos dias, cresceu no governo a pressão para ampliar gastos públicos, principalmente em obras, para combater os efeitos econômicos da pandemia. Com isso, uma ala do governo, denominada de "desenvolvimentista", busca formas de driblar o teto de gastos, regra constitucional que impede que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação.

Segundo Salto, o aumento do gasto primário (cálculo que leva em conta as receitas menos despesas, desconsiderando o gasto com os juros da dívida) já era esperado, porque a crise impôs a necessidade de maior presença do Estado. "Não tinha outro jeito. Mas o que fazer depois a tempestade? Virá a bonança ou teremos outra tempestade, de cunho fiscal?"

O diretor da IFI ressalta que não se trata apenas de uma questão de regras fiscais, mas de uma discussão "a sério" do planejamento econômico e fiscal. "O Estado brasileiro perdeu essa capacidade e precisa resgatá-la", ressalta.

O relatório deste mês mostra que as piores projeções vão se confirmando para o ano e admite que é possível que as medidas excepcionais adotadas em 2020 sejam postergadas para 2021, no caso de uma segunda onda de disseminação do coronavírus, como está ocorrendo em outros países.

A expectativa da IFI é que a dívida bruta chegue a 96,1% do PIB. Para Salto, operar com dívida tão alta não é uma tarefa fácil e algo inédito para o País, num cenário em que o juro baixo pode mudar com o aumento de gastos públicos.

A IFI alerta que as recentes discussões sobre sua eventual flexibilização do teto de gastos devem levar em conta que o principal nó fiscal brasileiro segue sendo a alta do gasto obrigatório. No relatório, a IFI chama atenção para o fato de que as reduções na Selic não resolvem o problema estrutural de desequilíbrio entre despesas primárias e receitas. O problema ficará mais evidenciado passada a fase mais aguda da pandemia do novo coronavírus.

A instituição destaca que a manutenção da Selic em patamar baixo - a taxa está em 2% ano - vai demandar um esforço ainda maior para garantir a consolidação fiscal no setor público. Pelos números da IFI, o segundo trimestre deste ano deve registrar queda de 8,8% no PIB. Para o ano, a expectativa é de recuo de 6,5%. O dados oficias do PIB referentes ao segundo trimestre serão divulgados em setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para a IFI, essa piora fiscal não constitui um risco em si. A preocupação maior reside na incerteza quanto ao pós-crise. Por isso, destaca a instituição do Senado, a relevância de o governo dar sinalizações claras em relação ao compromisso com o retorno a um modelo de ajuste fiscal que permita restabelecer as condições mínimas de sustentabilidade da dívida pública. O cenário da IFI foi mantido de risco alto de rompimento do teto em 2021.

Na esteira da crise provocada pela pandemia no novo coronavírus, a taxa de desemprego deve chegar a 14,2% ao fim de 2020, segundo estimativa da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado. No ano passado, a taxa média de desocupação no País ficou em 11,9%, segundo dados do IBGE.

Num cenário pessimista, com piora das perspectivas de queda da atividade econômica em 2020, um número ainda maior de trabalhadores poderia perder o emprego. Nessa situação, a taxa de desocupação chegaria a 15,3%, segundo os cálculos da instituição.

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População ativa

O aumento da taxa de desemprego média esperada em 2020 só não é maior devido à queda da taxa de participação de trabalhadores no mercado, isto é, o número de pessoas buscando um emprego ativamente diminuiu.

Isso se deve às próprias restrições da pandemia, uma vez que autoridades sanitárias recomendam o isolamento social como forma de conter o avanço da doença.

Nos cálculos da IFI, o número de brasileiros empregados deve cair 4,8% em 2020, enquanto a massa salarial média (soma de remunerações recebidas pelos trabalhadores) deve diminuir 6,5% em relação ao ano passado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI), Felipe Salto, lamentou a declaração do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que Estados e municípios não estarão incluídos no relatório da reforma da Previdência. O relator, Samuel Moreira (PSDB-SP), vai apresentar o texto na quinta-feira, 13.

Segundo Salto, "o problema fiscal dos Estados e municípios é mais sério que o da União". "Eles têm menos instrumentos para fazer frente à crise econômica, que afeta a geração de receitas. Além disso, a economia política dificulta passar reformas específicas nesta ou naquela localidade", escreveu o economista em sua conta no Twitter.

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A retirada dos Estados do relatório representa, na visão de Salto, a perda de uma "oportunidade de ouro para endereçar uma mudança estrutural nas contas públicas". Ele lembrou que o déficit atuarial dos Estados está em mais de R$ 5 trilhões e que apenas quatro das 27 unidades federativas têm superávit financeiro. "O federalismo fiscal brasileiro é complexo e o poder de arbitragem está em Brasília. Os Estados estarão encrencados se não conseguirem se manter na PEC."

Ao anunciar a exclusão de Estados e municípios do relatório de Moreira, Maia manteve a expectativa de reversão do cenário atual. "Temos até julho para construir acordo para que eles (Estados e municípios) sejam reincluídos", disse o presidente da Câmara.

Para o economista do IFI, a esperança que resta vem do Congresso. "Espero, pessoalmente, que isso seja revertido no plenário".

A estratégia do governo para tentar aprovar a reforma da Previdência é permitir a exclusão de mudanças que podem ser encaminhadas depois, por meio de projetos de lei ou medidas provisórias, que precisam de quórum menos qualificado do que as mudanças constitucionais para serem aprovados.

Os pontos que permanecerão no projeto compõem uma espécie de "reforma-âncora". Isso inclui a fixação de uma idade mínima para aposentadoria, equiparação de servidores públicos e privados nas normas previdenciárias e regras de transição. Todos têm de ser feitos por meio de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e necessitam de pelo menos 308 votos para aprovação. Os projetos mais simples exigem maioria simples no plenário da Câmara.

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O texto-âncora é o que vai garantir uma espécie de "ponte" para tentar evitar que o teto de gastos estoure já em 2019, como pode ocorrer se nenhuma reforma para reduzir as despesas obrigatórias for aprovada, segundo cálculos de especialistas dentro e fora do governo. Na quinta-feira, 9, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, voltou a dizer que sem alteração na Previdência, o governo não conseguirá cumprir o teto de gastos no médio prazo.

O governo quer evitar abrir espaço para a revisão do teto no seu terceiro ano de vigência (2019). Mesmo sendo um novo governo, isso seria interpretado como um fracasso da política econômica de Michel Temer. Lideranças políticas admitiram na reunião de ontem na residência do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que será necessário promover mais alterações, no futuro, para manter a sustentabilidade das contas públicas.

Logística

A vantagem é que boa parte das medidas excluídas nas negociações de agora podem ser resgatadas no futuro em projetos de lei ou até MPs, que têm vigência imediata. Entre esses pontos estão a elevação do tempo mínimo de contribuição para a aposentadoria, hoje em 15 anos, os critérios para a concessão da aposentadoria rural, e a idade mínima para a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC) a idosos de baixa renda. Ainda podem ir por projeto de lei mudanças na regra de cálculo dos benefícios, tanto das aposentadorias quanto das pensões por morte, e alterações na Previdência dos militares, ainda intocadas.

Para o diretor executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, Felipe Salto, em 2019 o teto estará comprometido. "Na verdade, essa conta considera alguma reforma da Previdência, como idade mínima, já que os efeitos são maiores a médio e longo prazos", adverte Salto. De acordo com os cenários traçados, a margem fiscal de cerca de 10% das despesas sujeitas ao teto pode não apenas ser zerada como se tornar negativa, diante da impossibilidade operacional de cortar 100% dos gastos.

"Fica evidente o senso de urgência em torno do avanço da revisão dos gastos obrigatórios", diz Salto.

Simulações do Ministério do Planejamento mostram que gastos com os benefícios da Previdência e BPC saltam de 55% em 2017 para 82% em 2026 sem a reforma. As projeções foram feitas com base na proposta aprovada na Câmara e que agora será desfigurada. O governo tenta preservar mais de 50% da economia prevista no projeto original, de R$ 800 bilhões.

Para o pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-secretário de Política Econômica, Manoel Pires, o teto está desmoronando, o que exigirá uma revisão em 2019, mesmo com aprovação da reforma mais enxuta. Pires lembra que as mudanças propostas na nova versão não têm impacto no curto prazo. O consultor legislativo do Senado, Pedro Nery, avalia que a vantagem da aprovação de uma minirreforma é dar fôlego ao teto de gastos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A divulgação do primeiro relatório da Instituição Fiscal Independente (IFI), um órgão de assessoramento do Senado Federal, provocou nessa quinta-feira (2) um embate público entre dois dos mais conhecidos especialistas em contas públicas do País: Felipe Salto, que dirige o organismo, e Mansueto Almeida, atualmente secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda. Ambos foram duros críticos da forma como os governos do PT conduziram as contas públicas e são coautores do livro "Finanças Públicas", lançado no ano passado, em colaboração com outros economistas.

À frente da IFI, Salto divulgou nesta quinta-feira o primeiro Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF), que será mensal. As análises e as projeções apontam para um quadro mais difícil do que o projetado pelo governo para as contas públicas. Elas mostram que o governo federal terá de cortar R$ 38,9 bilhões em gastos este ano para cumprir a meta fiscal de R$ 139 bilhões. Isso porque a economia deverá crescer 0,46% (e não 1,5% como previsto no Orçamento), o que indica que as receitas ficarão abaixo do projetado, aumentando apenas 0,2% em termos reais.

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Salto também previu que será necessário cortar despesas em valores superiores a R$ 100 bilhões em 2018 e 2019 para o governo cumprir a regra do teto e alcançar as metas. Para o economista, esse número mostra que há um descompasso entre as projeções do governo e a regra do teto. Pelos cálculos da IFI, as contas públicas só voltam a ter superávit em 2025.

"Elas (as projeções) estão do lado ultraconservador", disse Mansueto à reportagem. Ele rebateu Salto, mas antes frisou que considera positivo haver debate, pois foi algo que faltou no passado recente e que poderia ter evitado muitos erros.

"Ultraconservador?", reagiu Salto. "Considerar crescimento pela inflação, o que nunca aconteceu até entrarmos em recessão, é ultraconservador?"

Para Mansueto, os cálculos da IFI levam em conta evolução mais forte das despesas do que se espera ocorra. Isso porque foram projetadas pelo teto, ou seja, pelo máximo que podem alcançar. "Mas teto é teto", observou. "As despesas podem crescer abaixo dele em alguns anos."

Além disso, observou Mansueto, o cálculo usa como base R$ 1,330 trilhão como teto mas, por causa de despesas que não serão corrigidas pela inflação, a base é R$ 1,301 trilhão, R$ 30 bilhões menos.

Também nesse ponto, Salto reagiu. "Colocando uma premissa superior para a parcela do gasto que poderá avançar acima do teto, o resultado da simulação seria muito, mas muito, pior." Como Mansueto, ele considera o debate positivo. "A IFI nasceu para lançar uma luz sobre as contas públicas."

Mansueto disse que algumas despesas ocorridas em 2016 não se repetirão. E listou exemplos que somam quase R$ 13 bilhões. São eles: o socorro financeiro ao Rio (R$ 2,9 bilhões), atrasos de tarifas bancárias (R$ 2 bilhões), capitalização da Eletrobrás (R$ 3 bilhões) e R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões de despesas de exercícios anteriores (que ocorreram em 2015, mas só foram registradas em 2016).

Contas públicas

Outro ponto questionado por Mansueto é a expectativa de as contas públicas só voltarem a ter superávit em 2025. "Não faz sentido", comentou. Ele explicou que a expectativa é que, com a aplicação da regra do teto, as despesas caiam de 0,4% a 0,5% ao ano. Ou seja, em cinco anos seria possível "zerar" o déficit primário do ano passado, de 2,5% do PIB.

O secretário informou ainda que o governo vai esperar dados da arrecadação de janeiro e fevereiro para definir o corte (que, para a IFI, deveria ser de R$ 38,9 bilhões). Os ministérios estão revisando suas estimativas de arrecadação de receitas extraordinárias. "São itens que não estão no Orçamento, mas vão entrar", disse. O secretário citou o leilão de áreas no pré-sal recentemente anunciado pelo governo, cujo valor melhorou graças à recuperação da Bolsa.

Mansueto discordou ainda das projeções da IFI para a dívida pública. "Uma das boas surpresas do ano passado foi justamente o desempenho da dívida", comentou. Ela cresceu menos do que o esperado. Esse desempenho deve ser melhorado este ano com a incorporação da queda da Selic. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Para combater a maquiagem contábil que levou à crise fiscal brasileira, o Senado Federal instala nesta quarta-feira (30) a Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão que terá a função de monitorar o desempenho orçamentário e fazer contraponto aos números das contas públicas divulgados pelo governo. O órgão será chefiado pelo economista Felipe Salto, que teve sua indicação aprovada pela comissão diretora do Senado após uma sabatina comandada pelo presidente da Casa, Renan Calheiros.

A proposta de criação da IFI surgiu no ano passado, em meio ao debate sobre as pedaladas fiscais, como ficaram conhecidos os atrasos nos pagamentos de dívidas do governo com os bancos públicos que levaram ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.

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Com a instalação do IFI, o Brasil vai integrar um grupo de 28 países que já possuem órgãos independentes, a maior parte deles vinculado ao Legislativo. É o caso do CBO (Congressional Budget Office, na sigla em inglês) dos EUA, criado em 1974 e que realiza análises independentes sobre a sustentabilidade fiscal a longo prazo. Em outros países, são vinculadas ao Executivo ou a órgãos de controle.

A criação desse tipo de instituição pelos países cresceu depois da crise financeira internacional de 2008. Canadá, Austrália e Itália são alguns dos países que criaram suas IFIs mais recentemente.

Durante a sabatina, Salto destacou que a IFI terá a missão de trazer mais luz para as contas públicas. "A relevância de um órgão independente com as características da IFI fica ainda mais evidente diante da profunda crise econômica e fiscal vivida pelo Brasil", afirmou o economista, atualmente assessor parlamentar do gabinete do senador José Aníbal (PSDB-SP). Salto foi indicado por Calheiros com apoio do senador licenciado e atual ministro das Relações Exteriores, José Serra.

A despeito da indicação tucana, Salto, especialista em contabilidade pública, disse que a instituição terá atuação apartidária e plural. Ele fez questão de destacar durante a audiência no Senado que a atuação da IFI não terá intersecção com a atividade dos órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União (TCU). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), órgão do Comando da Aeronáutica, recebeu a visita, entre os dias 10 e 12 deste mês, da FLYGI, a autoridade militar de aeronavegabilidade da Suécia. O objetivo foi traçar planos para a certificação dos caças Gripen NG, futuras aeronaves de combate das forças aéreas dos dois países.

O IFI e o FLYGI apresentaram suas regras, regulamentos e formas de trabalho, de modo a permitir o reconhecimento mútuo de atividades relacionadas à certificação e à garantia da qualidade de produtos aeronáuticos. Foram discutidos os tópicos de um acordo bilateral a ser assinado entre as duas instituições.

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“Espera-se que o acordo permita o reconhecimento mútuo das atividades e até trabalhos conjuntos entre o Brasil e a Suécia, tanto durante a certificação e produção, quanto na fase de operação das aeronaves”, explicou o assessor técnico do IFI, Tenente-Coronel José Renato de Araújo Costa. Também estiveram presentes Klas Johnson, diretor da FLYGI, e Magnus Johaness, responsável pela certificação da aeronave Gripen NG na Suécia.

A maior aproximação entre as autoridades militares de certificação dos dois países evitará repetições desnecessárias de atividades. Além disso, o acordo em negociação servirá de base para incorporar a certificação de outros projetos e aquisições, caso futuramente sejam assinados outros contratos de aquisição de aeronaves militares envolvendo as duas nações.

No dia 24 de outubro, o Comando da Aeronáutica assinou com a empresa sueca SAAB o contrato para a aquisição de 36 aeronaves Gripen NG.

Da Força Áerea Brasileira

 

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