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O ministro do Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta terça-feira, 4, que a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) e o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) visitem os manifestantes presos após os atos golpistas do dia 8 de janeiro, detidos no Complexo Penitenciário da Papuda e na Penitenciária Feminina do Distrito Federal (Colmeia), em Brasília.

A decisão de Moraes autoriza o acesso às penitenciárias em "caráter estritamente pessoal" com visitação "única e individual", ou seja, os parlamentares não poderão estar acompanhados durante a visita. "Diante do exposto, defiro o requerimento formulado pelos parlamentares, e autorizo, em caráter estritamente pessoal, não extensivo, sob nenhum pretexto ou condição, a terceiros acompanhantes, a visitação única e individual da deputada federal Bia Kicis e do senador Izalci Lucas às unidades prisionais do Complexo Penitenciário da Papuda, nas exatas e idênticas condições anteriormente fixadas pela MM. Juíza da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, em decisão de 15/2/2023?, diz o documento.

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A orientação de visita individual atende a direcionamento da Vara de Execução Penais (VEP) do Distrito Federal, que definiu a proibição da "entrada de acompanhantes nessas visitas, sejam assessores, seguranças, membros da imprensa, familiares de pessoas custodiadas, ou advogados, salvo aqueles cuja entrada na unidade já esteja autorizada mediante o agendamento específico para o exercício regular de direito de seu ofício de prestar atendimento jurídico".

Em nota, o senador Izalci afirmou que a visita tem como objetivo "averiguar a situação" das pessoas presas pelos atos antidemocráticos. "Vamos juntos, na segunda-feira, 10, na parte da manhã, saindo da chapelaria do Senado", informou.

Ainda nesta terça-feira, 4, Moraes, que também é relator dos inquéritos dos atos golpistas de 8 de janeiro, manteve na cadeia seis manifestantes apesar de a Procuradoria-Geral da República defender a liberdade dos acusados. O ministro optou pela prisão por ver supostas ameaças em redes sociais. Os detidos, no entanto, não têm acesso à internet nos presídios e, se postos em liberdade, poderiam ter de obedecer a restrições impostas pelo próprio ministro, como a suspensão de perfis nas plataformas digitais.

O ataque

No dia 8 de janeiro, bolsonaristas radicais marcharam pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília invadiram a sede dos três Poderes da República e deixaram um rastro de destruição nos edifícios. Sem atuação ostensiva da Polícia Militar, vândalos pediram intervenção militar e a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que decretou intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal.

Como mostrou o Estadão, a invasão vinha sendo preparada por extremistas leais ao ex-presidente desde o dia 3, quando radicais começaram a divulgar com grande intensidade mensagens em aplicativos como o Telegram e o WhatsApp para levar manifestantes de todo o País para Brasília, com todas as despesas pagas. Fotografias, vídeos e trocas de mensagens em grupos restritos também comprovam que a ação foi um ato premeditado e organizado em seus detalhes, e não um evento espontâneo.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou hoje (4) a visita da deputada federal Bia Kicis (PL-DF) e do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) aos presos nos atos golpistas de 8 de janeiro.

Os parlamentares poderão realizar a visita no presídio da Papuda e na Penitenciária Feminina da Colmeia, ambos no Distrito Federal, no dia 10 de abril, para verificar a situação dos detentos.  Na mesma decisão, Moraes não autorizou a entrada de assessores dos parlamentares, seguranças, jornalistas e familiares dos custodiados. 

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Conforme levantamento do gabinete do ministro, dos 1,4 mil presos no dia dos ataques, 294 - 86 mulheres e 208 homens - permanecem presos no sistema penitenciário do Distrito Federal. Os demais foram soltos por, segundo o ministro, não representarem mais riscos à sociedade e às investigações.

A pressão pelo adiamento do Enem, que tem crescido nos últimos dias com pedidos de universidades e atos de protesto organizados on-line, e com o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) admitindo que o Exame Nacional do Ensino Médio pode atrasar, tem recebido apoio no Senado. 

Por meio das redes sociais, senadores como Weverton (PDT-MA), Simone Tebet (MDB-MS) e o ex-presidente Fernando Collor (Pros-AL) fizeram enquetes para perguntar a opinião da população sobre o adiamento da prova. “Mesmo com números expressivos de inscritos, divulgados pelo MEC, há uma forte corrente contrária à realização das provas, por conta da pandemia”, disse Collor, cuja pesquisa informal teve 2.193 respostas até esta sexta-feira (15), com 77,5% das pessoas contrárias ao cronograma do Enem. 

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A senadora Leila Barros (PSB-DF) apontou para desigualdades sociais entre estudantes brasileiros, que se assentuam durante a pandemia de Covid-19, devido ao fechamento das escolas e necessidade de implementação do ensino remoto. "O adiamento é necessário para que nenhum estudante seja prejudicado pela pandemia, principalmente os mais carentes", escreveu ela em seu Twitter. Uma posição semelhante foi defendida por Paulo Paim (PT-RS), para quem o adiamento do Enem seria uma medida justa. “Enormes prejuízos para pobres e negros que vivem nas periferias e não têm acesso à internet”, afirmou o senador.

Projetos

Há alguns projetos tramitando no Senado no que diz respeito ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e ações para mitigar os impactos da Covid-19 sobre os estudantes que almejam ocupar vagas no ensino superior. 

O projeto de lei (PL 1.277/2020) da senadora Daniella Ribeiro (PP-PB) prevê a prorrogação automática de prazos para provas, exames e demais atividades para acesso às universidades quando for decretado estado de calamidade pelo Congresso ou as atividades de ensino do país estiverem comprometidas. Já os senadores Izalci Lucas (PSDB-DF) e Jader Barbalho (MDB-PA) apresentaram projetos de Decreto Legislativo (PDL 137/2020 e PDL 218/2020) com o objetivo de suspender os editais do Enem 2020, tornando-os inválidos.

*Com informações de Agência Senado

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O Senado promoveu sessão especial para lembrar o Dia Internacional de Não-Violência Contra a Mulher. Representantes de movimentos em defesa da mulher, do Poder Judiciário e da imprensa comemoraram os avanços alcançados por meio da aplicação da Lei Maria da Penha e cobraram atualização da legislação para o recebimento e andamento das denúncias, além de ações efetivas para conscientização da sociedade e acolhimento das vítimas.

A sessão realizada nesta segunda (25) foi requerida pelo senador Izalci Lucas (PSDB-DF) como uma forma de alertar para o crescente número de feminicídios no país. Só em Brasília, já foram 31 mulheres assassinadas este ano por maridos, companheiros ou namorados.

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“Precisamos de leis mais rígidas. Precisamos garantir que as mulheres tenham confiança e saibam que podem denunciar e que estarão protegidas pelo Estado e pela sociedade”, afirmou o senador.     

A delegada-chefe da 6ª Delegacia de Polícia Civil do Paranoá, no Distrito Federal, Jane Klébia, acompanhou os casos de algumas das vítimas de feminicídio. Relatou atendimentos que revelam a necessidade de treinamento específico dos policiais para a oitiva dessas mulheres fragilizadas, bem como a carência de apoio dentro da própria família.

“Combate à violência doméstica não é conversa de ‘mulherzinha’, não é modismo. Isso é papo de sociedade e todos precisam se envolver, que seja uma prática nossa todos os dias. Para fazer essa lei ter efetividade para conter a violência que nos assola”, ressaltou.

As histórias de cada uma dessas vítimas da capital federal em 2019 estão sendo contadas pelo Jornal Metrópoles no projeto editorial Elas por Elas. Para a jornalista Érica Montenegro, a mídia tem que dar visibilidade para os casos de violência doméstica para investigar suas razões e humanizar as estatísticas.

“A gente acredita que contar essas histórias é mostrar o que acontece dentro dos lares, é mostrar como o machismo é perverso, é mostrar como um a relação de amor caminha para uma relação de violência, para uma relação de ódio que resulta no crime mais brutal possível, que é o crime de feminicídio”, afirmou.       

O depoimento da dentista e deputada federal Patrícia Ferraz (Podemos-AP) sobre os espancamentos que sofria na frente do filho e a coragem que teve de denunciar o marido, após quase dez anos de casamento, foi motivado pela vontade de incentivar outras mulheres a também procurar ajuda.

“Não desista. Por mais que seja difícil, você é mulher. Mulher tem uma força sobrenatural. Mulher é capaz de fazer todas as coisas que ela quiser. Então, se ame. Olhe no espelho e diga 'eu sou mais que isso', crie coragem para denunciar”, declarou.

Ações e políticas públicas

Nesse sentido, o trabalho de conscientização desenvolvido pela sociedade civil organizada ganhou destaque, por exemplo, nas caminhadas realizadas este ano pelo Instituto Mulheres Feminicídio Não, coordenado por Lúcia Erineta:

“Foram quilômetros e quilômetros percorrendo ruas e avenidas. Incentivando, conscientizando, gritando, alertando, bradando a favor de vidas, não só de mulheres, mas de uma família. Da vida das crianças, que após uma tragédia ficam órfãs. No Brasil, as mães são o esteio da família”, disse.       

Para Patrícia Óliver, presidente Nacional do Conselho de Mulheres Cristãs do Brasil, é preciso superar as diferenças entre as próprias mulheres para fortalecer esse trabalho voluntário de combate e prevenção desenvolvido por vários grupos.    

“Precisamos aprender a respeitar umas às outras. Já temos muitos fatores contrários a nós mulheres. A nossa voz tem que ser mais alta que os nossos ideais políticos e religiosos”, alertou.    

O trabalho do Senado Federal também se destaca no apoio às mulheres vítimas de violência doméstica, para as quais é reservada uma cota especial entre as terceirizadas contratadas, disse a diretora-geral da Casa, Ilana Trombka. A ação desenvolvida no Senado se expandiu pelo país, afirmou.

“É com orgulho que digo que, desde Santa Catarina até o Maranhão, passando por São Paulo e Sergipe, casas legislativas e governos de estado já implantaram essa política, abrindo vagas de trabalho para mulheres que necessitam sair do ciclo da violência e que, para isso, precisam se afastar do agressor. E ter independência financeira é um quesito fundamental para isso — observou Ilana Trombka.    

Durante a sessão, a representante do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, Valéria Laval, anunciou a intenção do governo de apresentar, até março de 2020, um Plano Nacional de Enfrentamento ao Feminicídio, para aumentar eficácia do serviço com atendimento integrado e humanizado às vítimas.

Participação masculina

O envolvimento dos homens no combate à violência doméstica foi apontado como essencial pelo senador Wellington Fagundes (PL-MT).

“Não podemos falar em combater a violência contra a mulher sem envolver o homem nesses debates. É necessária a participação efetiva do homem não só nas discussões”, disse o senador.

Ben-Hur Viza, juiz e coordenador do Núcleo Judiciário da Mulher do TJDFT, também disse ser necessária uma mudança de mentalidade na sociedade brasileira.

“Nós temos que investir em um novo país, precisamos quebrar essa cultura, esse modelo social. Uma sociedade que precisa ter o respeito pela mulher, independentemente da roupa que ela traje, que precisa saber que a mulher não é um saco de pancadas de homens. As mulheres precisam ser tratadas de uma forma mais digna e, como diz a própria lei, com respeito como seres humanos que são”.   

*Da Agência Senado

 

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