Tópicos | julgamento

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou, na manhã desta quarta-feira (13), a sessão para julgar os primeiros réus acusados de participação nos atos golpistas de 8 de janeiro.

Estão na pauta de julgamento quatro ações penais que têm como réus Aécio Lúcio Costa Pereira, Thiago de Assis Mathar, Moacir José dos Santos e Matheus Lima de Carvalho Lázaro. Eles são acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de participarem efetivamente da depredação do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto.

##RECOMENDA##

Os acusados respondem pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e de golpe de Estado, associação criminosa armada e dano contra o patrimônio público, com uso de substância inflamável. Somadas, as penas podem chegar a 30 anos de prisão.

O julgamento dos réus será feito individualmente. A sessão começou com a manifestação do relator das ações penais, ministro Alexandre de Moraes, que fará a leitura do resumo de cada processo. O ministro revisor, Nunes Marques, também poderá falar sobre o resumo do processo.

Acompanhe ao vivo:

[@#video#@]

Em seguida, a Procuradoria-Geral da República (PGR) falará pela acusação, e os advogados dos acusados terão uma hora para apresentar a defesa.

Após as manifestações, a votação será iniciada. Além de Moraes e Marques, nove ministros devem votar.

Desde o início das investigações, 1,3 mil investigados se tornaram réus na Corte. No mês passado, Alexandre de Moraes autorizou a PGR a propor acordos de não persecução penal para cerca de mil investigados que estavam no acampamento montado em frente ao quartel do Exército, em Brasília, e não participaram da depredação de prédios públicos.

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, liberou, nesta terça-feira (12), a ação que versa sobre o julgamento da descriminalização do aborto. Ainda não há data confirmada para a tomada da decisão, mas deve acontecer em breve, diante da iminente aposentadoria da magistrada. 

A ação que tem a ministra como relatora é um processo de autoria do PSOL, em 2017, que pede a revisão do Código Penal para que o aborto seja descriminalizado até a 12ª semana de gestação. 

##RECOMENDA##

A legislação atual apenas permite o aborto em caso de estupro, se a vida da gestante estiver em risco ou se o feto for anencéfalo. 

 

Dona de dois títulos de Grand Slam, a tenista romena Simona Halep foi suspensa por quatro anos, por doping, nesta terça-feira. A ex-número 1 do mundo, afastada do circuito desde setembro do ano passado, já avisou que vai recorrer da decisão anunciada pela Agência Internacional para a Integridade do Tênis (ITIA).

A dura punição se deve à conclusão da entidade de que a tenista cometeu duas infrações às regras antidoping. Halep foi flagrada em exame realizado durante o US Open do ano passado, quando uma de suas amostras apontou a presença da substância roxadustat, contida em remédios usados por pacientes com doenças renais e anemias graves.

##RECOMENDA##

Além desta infração, a tenista romena infringiu às regras do Passaporte Biológico, documento que contém o histórico de exames de cada atleta. Na prática, se um esportista não se apresenta para fazer esta análise por três vezes, as autoridades consideram como caso de doping.

Halep havia sido suspensa de forma provisória em outubro do ano passada, logo após disputar o US Open. Ela precisou esperar por quase um ano para descobrir a sentença final, anunciada nesta terça.

"Simona Halep foi acusada de duas violações distintas, a primeira por causa de um Resultado Analítico Adverso (AAF) para a substância proibida roxadustat no US Open de 2022 e a segunda sobre irregularidades em seu Passaporte Biológico", diz comunicado divulgado pela ITIA.

Com a suspensão de quatro anos, a tenista, que completará 32 anos no fim do mês, só poderá voltar a competir em 6 de outubro de 2026, quando terá 35 anos.

RECURSO

Halep já avisou que vai recorrer da decisão. "Levo muito a sério as regras que governam nosso esporte e tenho orgulho de nunca ter ingerido propositalmente qualquer tipo de substância proibida. Eu me recuso a aceitar uma suspensão de quatro anos", registrou a atleta, pelas redes sociais.

"Embora esteja grata por finalmente ter conseguido um resultado após numerosos atrasos infundados e uma sensação de viver no purgatório durante mais de um ano, estou ao mesmo tempo chocada e decepcionada com a decisão."

Desde a suspensão temporária, Halep alega que foi vítima de uma contaminação de um suplemento que ingeriu durante o US Open. "Este grupo (ITIA) ignorou o facto de nunca ter sido encontrada nenhuma substância proibida nas minhas amostras de sangue ou de urina, com a única excepção de um teste positivo para roxadustat em 29 de Agosto, que estava presente num nível extremamente baixo e que, ao considerar o meu teste negativo três dias antes, só poderia ter sido causado por exposição acidental ao roxadustat."

"Eu continuo a treinar e a fazer tudo o que estiver ao meu alcance para limpar o meu nome diante destas falsas alegações e para regressar às quadras. Pretendo recorrer desta decisão na Corte Arbitral do Esporte (CAS) e vou buscar todos os recursos legais disponíveis contra a empresa de suplementos em questão."

Os ministros do Supremo Tribunal Federal começam, na manhã desta quarta-feira (13), os três primeiros julgamentos de golpistas denunciados como 'executores' dos atos golpistas de 8 de janeiro, quando radicais invadiram e depredaram as dependências das sedes dos três Poderes.

As sessões extraordinárias convocadas pela presidente Rosa Weber para análise das acusações prometem ser emblemáticas - o colegiado, por diversas oportunidades, repudiou o levante que devastou em especial a sede da Corte máxima.

##RECOMENDA##

Neste primeiro momento, o STF vai decidir se condena ou não os réus Aécio Lúcio Costa Pereira, Thiago de Assis Mathar e Moacir José dos Santos. Eles são apontados como depredadores dos prédios do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional.

Aécio, Thiago e Moacir foram denunciados pelos crimes de prática de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado.

Moacir é apontado como um dos 'agentes que seguiram para o Palácio do Planalto, invadiram o prédio e quebraram vidros, depredaram cadeiras, painéis, mesas, obras de arte e móveis históricos, inclusive um relógio trazido ao Brasil por D. João VI em 1808, rasgaram uma tela de autoria de Di Cavalcanti, destruíram carpetes e outros bens, inclusive com emprego de substância inflamável'.

Já Aécio, segundo a Procuradoria-Geral da República, invadiu o Congresso Nacional e 'passou a quebrar vidraças, espelhos, portas de vidro, móveis, lixeiras, computadores, totens informativos, obras de arte, pórticos, câmeras de circuito fechado de TV, carpetes, equipamentos de segurança e um veículo Jeep Compass, acessando e depredando espaços da Chapelaria, do Salão Negro, das Cúpulas, do museu, móveis históricos e a queimar o tapete do salão verde da Câmara dos Deputados, empregando substância inflamável'.

O terceiro dia de julgamento da ação rescisória do Povo Xucuru do Ororubá, do município de Pesqueira, no Agreste de Pernambuco, nesta quarta-feira (6), chega ao fim após novo pedido de vista, dessa vez feito pelo desembargador Edvaldo Batista da Silva Júnior, na sede do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), no Recife.  

##RECOMENDA##

Desembargador Edvaldo Batista pediu vista, suspendendo o julgamento. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá/Arquivo 

O desembargador Leonardo Resende Martins, que havia http://leiaja.com/noticias/2023/08/09/povo-xucuru-com-placar-de-3-1-julg...">pedido vista no último julgamento, no dia 9 de agosto, fez o segundo voto em favor do Povo Xucuru, sendo contrário à manutenção do pedido de reintegração de posse dos fazendeiros, que alegam ser proprietários da região da Aldeia Caípe. 

Durante a sustentação oral, o magistrado observou a necessidade de reconhecer a inelegibilidade e a inexequibilidade da reintegração de posse, tendo em vista os direitos e garantias fundamentais presentes da Constituição Federal de 1988. 

O desembargador Edvaldo Batista chegou a pedir a suspensão total do julgamento, sob a justificativa de aguardar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) acerca do Marco Temporal, que transita na corte atualmente. Não havendo acordo unânime entre os desembargadores pela suspensão, o magistrado viu como alternativa pedir vista do processo. Uma nova data será informada em breve. 

 

O terceiro dia do julgamento sobre a ação rescisória do Povo Xucuru do Ororubá, do município de Pesqueira, Agreste do estado, acontece na próxima quarta-feira (6), às 14h, na sede do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), no centro do Recife. A data foi marcada após o desembargador Leonardo Resende pedir vista no último dia 9 de agosto. 

O placar atual do julgamento conta com três votos desfavoráveis ao Povo Xucuru e um voto em favor da ação rescisória, dado pela desembargadora Joana Carolina Lins Pereira. Ainda restam três votos a serem proferidos. A ação responde a um pedido de reintegração de posse feito por fazendeiros que se consideram proprietários da região chamada Aldeia Caípe, localizada em uma área central do território indígena. 

##RECOMENDA##

LeiaJá mais: 

Povo Xucuru, de Pesqueira, realiza ato em frente ao TRF5 

Os autores do pedido se baseiam na tese do Marco Temporal que obedece a Constituição Federal de 1934, alegando que as terras pertencem aos fazendeiros por direito. A área demarcada da Aldeia Caípe, assim como as demais aldeias localizadas no território de mais de 25 mil hectares de extensão, foi restituída aos indígenas a partir de 1992.

Os antigos ocupantes da região foram indenizados, exceto os que habitavam a área da Aldeia Caípe, que recusaram o pagamento, e entraram com o pedido de reintegração de posse. O caso chegou a ser denunciado, em 2018, pela Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (IACHR), que julga ser inconstitucional que os indígenas percam o direito de habitar o território, considerado deles por direito. 

Uma caravana do Povo Xucuru chega ao Recife pela manhã da quarta-feira (6) e deverá seguir para a sede do TRF5 no início da tarde. 

 

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) retoma nesta terça-feira (5) o julgamento sobre o incêndio na Boate Kiss, ocorrido em 2013, em Santa Maria (RS), e que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos.

O caso começou a ser julgado em junho, mas foi interrompido após o ministro Rogério Schietti votar pela prisão imediata dos quatro condenados.

##RECOMENDA##

A análise do caso será retomada com o voto do ministro Antonio Saldanha, que pediu vista (mais tempo para analisar o processo).

A Sexta Turma do STJ analisa recurso do Ministério Público do Rio do Grande do Sul (MPRS) contra a decisão que anulou o resultado do júri e determinou a soltura dos acusados.

Em agosto do ano passado, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) aceitou recurso protocolado pela defesa dos acusados e reconheceu nulidades processuais ocorridas durante sessão do Tribunal do Júri de Porto Alegre, realizada em dezembro de 2021.

O júri condenou os ex-sócios da boate Elissandro Callegaro Spohr (22 anos e seis meses de prisão) e Mauro Londero Hoffmann (19 anos e seis meses), além do vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e o produtor musical Luciano Bonilha. Ambos foram apenados com 18 anos de prisão.

No STJ, as defesas dos quatro acusados reafirmaram que o júri foi repleto de nulidades e defenderam a manutenção da decisão que anulou as condenações.

Entre as ilegalidades apontadas pelos advogados estão a realização de uma reunião reservada entre o juiz e o conselho de sentença, sem a presença do Ministério Público e das defesas, e o sorteio de jurados fora do prazo legal.

O ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou para julgamento o processo que discute a correção monetária do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Ele havia pedido vista em abril. Até a análise ser suspensa, o placar estava em 2 a 0 para que a correção dos valores do fundo seja no mínimo igual à da caderneta da poupança. Ainda não há data para o julgamento ser retomado.

Atualmente, o FGTS é corrigido pela Taxa Referencial (TR) +3%. O Solidariedade, que propôs a ação, argumenta que desde 1999 esse índice não é suficiente para repor o poder aquisitivo dos trabalhadores.

##RECOMENDA##

Por isso, a legenda pede que a TR seja substituída por um índice ligado à inflação, como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O relator, Luís Roberto Barroso, acolheu parcialmente o pedido. Para o ministro, não há inconstitucionalidade no uso da TR, nem previsão constitucional para que os valores do FGTS sejam indexados à inflação.

Mas, como o FGTS se assemelha a uma poupança compulsória, ele entende que a correção não deve ficar abaixo dos juros da poupança. Ele foi seguido por André Mendonça.

O ministro defendeu, ainda, que a decisão não pode retroagir - ou seja, só deve valer a partir da publicação da ata do julgamento.

A proposta contraria segurados do fundo, que esperavam obter a correção retroativa. Mas agrada ao governo, que alega um impacto de R$ 295 bilhões aos cofres públicos se o Supremo determinar o pagamento dos valores atualizados até 1999.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), respondeu às críticas à sua proposta de indenizar agricultores que adquiriram terras indígenas de boa-fé. A alternativa de Moraes foi proposta em seu voto no julgamento do marco temporal de terras indígenas. A análise foi retomada na Corte nesta quarta, 30.

"Houve críticas à minha proposta, dizendo que se houver indenização, não vai haver demarcação. Não houve até agora indenização e estamos há décadas sem demarcações", disse Moraes. De acordo com o ministro, falta "vontade política" do Congresso e do presidente da República.

##RECOMENDA##

O ministro Luís Roberto Barroso interveio e disse que a questão da indenização é importante, "mas não é esse o caso" para discuti-la. Ele afirmou que, nessa ação, não se trata de terra adquirida do poder público por posseiros, e sim de área de propriedade estadual.

"Se alguém tiver fazendo grilagem, vamos fazer de uma forma. Se alguém tiver adquirido do poder público, é o processo seguinte. Só temos como discutir a especificidade de cada posse em cada caso concreto", afirmou Barroso.

"A discussão é saber como fica relação jurídica quando se demarca uma terra indígena ou se amplia demarcação, que é puramente declaratória. Qual é a relação jurídica que se estabelece quando o poder público amplia a área indígena e essa ampliação vai colher uma área que é de propriedade estadual. Aqui não tem nenhum posseiro",

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma, nesta quarta-feira (30), o julgamento do processo que trata da constitucionalidade do marco temporal para demarcação de terras indígenas.

Em junho deste ano, o julgamento foi suspenso após pedido de vista feito pelo ministro André Mendonça, que tinha até 90 dias para devolver o processo para julgamento, de acordo com as regras internas do Supremo.

##RECOMENDA##

O placar do julgamento está em 2 votos a 1 contra o marco temporal. Edson Fachin e Alexandre de Moraes se manifestaram contra o entendimento, e Nunes Marques se manifestou a favor.

Faltam os votos dos ministros André Mendonça, Cristiano Zanin, Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e a presidente do tribunal, Rosa Weber.

No julgamento, os ministros discutem o chamado marco temporal. Pela tese, defendida por proprietários de terras, os indígenas somente teriam direito às terras que estavam em sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que estavam em disputa judicial na época. Os indígenas são contra o entendimento.

O processo que motivou a discussão trata da disputa pela posse da Terra Indígena (TI) Ibirama, em Santa Catarina. A área é habitada pelos povos Xokleng, Kaingang e Guarani, e a posse de parte da terra é questionada pela procuradoria do estado.

Críticas

O ministro Alexandre de Moraes proferiu o último voto sobre o marco temporal antes da interrupção do julgamento, em 7 de junho. Ele votou contra a tese do marco temporal. Para Moraes, o reconhecimento da posse de terras indígenas independe da existência de um marco temporal baseado na promulgação da Constituição de 1988.

Contudo, o ministro votou para garantir aos proprietários que têm títulos de propriedades localizadas em terras indígenas o direito de indenização integral para desapropriação.

Moraes também definiu qu, se o governo federal não conseguir reaver a terra indígena, será possível fazer a compensação com outras terras equivalentes, "com expressa concordância" da comunidade indígena.

O voto do ministro é criticado por organizações que atuam em defesa de indígenas. Para a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a tese é "desastrosa" e pode inviabilizar as demarcações.

"Conclui-se que a proposta do ministro Alexandre de Moraes prejudica a proteção do direito constitucional indígena. Além do mais, coloca sobre os povos indígenas o peso de suportar os erros históricos cometidos pelo próprio Estado brasileiro, na medida em que a garantia dos direitos fundamentais sob suas terras de ocupação tradicional passará a depender da existência de recursos financeiros por parte do Estado brasileiro", declarou a entidade.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) também discordou do entendimento de Moraes. Para o Cimi, a possibilidade de indenização ou compensação de território vai aumentar os conflitos no campo.

"Como poderia a União pagar, na forma de indenização, por uma terra que já é de sua propriedade? Respondemos: isso seria inimaginável, porque essa figura é inexistente e não há nenhuma margem para que o nosso universo jurídico constitucional a admita", afirmou o conselho.

Mobilização

A Apib convocou uma mobilização nacional para defender a derrubada da tese. Hoje e amanhã, a entidade pretende acompanhar o julgamento em Brasília. 

Na semana passada,   coordenador jurídico da entidade, Maurício Terena, esteve em Genebra, na Suíça, e se reuniu com representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) para impedir retrocessos.

"Solicitamos uma manifestação das Nações Unidas, para que qualquer tentativa de conciliação que restrinja o direito dos povos indígenas à terra seja considerada uma violação aos tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil é signatário", afirmou.

 

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma, nesta quarta-feira (30), o julgamento da ação que discute o marco temporal para demarcação de terras indígenas, com uma incógnita: o voto do ministro Cristiano Zanin, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Manifestações recentes de Zanin têm deixado receosos alguns parlamentares da base governista.

Deputados ouvidos pelo Estadão se mostraram preocupados com o voto de Zanin no caso do marco temporal, pauta importante para a esquerda. O ministro tem marcado posição em seu primeiro mês na Corte com votos que são alvo de críticas de aliados do presidente e agradam a opositores.

##RECOMENDA##

Um voto mais recente acendeu o alerta entre defensores dos direitos indígenas. No sábado, Zanin votou contra o reconhecimento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) sobre violência policial contra os povos guarani e kaiowa em Mato Grosso do Sul. Na decisão, acompanhou o relator, Gilmar Mendes, assim como outros dois ministros: Kassio Nunes Marques e André Mendonça, indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O grupo foi derrotado pela posição formada por Rosa Weber, Edson Fachin, Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Dias Toffoli. Mas a postura do ministro é lembrada agora por parlamentares que têm receio dos próximos passos de Zanin.

Julgamentos

Em outros julgamentos, envolvendo a posse de pequenas quantidades de drogas e a equiparação de ofensas contra a população LGBT+ à injúria racial, os votos de Zanin contrariaram a militância de esquerda. O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), crítico aos votos de Zanin, disse ao Estadão que sua expectativa é de que o ministro "vote a favor do direito dos povos indígenas".

"As últimas votações foram suficientes para o grau de descontentamento gerado com aquilo que ele decidiu. Espero que ele se redima, não fazendo nenhum favor, não, (mas) votando aquilo que é justo."

Em artigo publicado no site do Estadão, o ex-deputado Ney Lopes defendeu os votos de Zanin, suportados por entendimentos técnicos. "Criticá-lo é ser favorável à parcialidade da Justiça e defender que os indicados para as Cortes Superiores se transformem em súditos de quem influiu na sua nomeação", observou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou nessa segunda (28) as primeiras ações penais dos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Cabe agora à ministra Rosa Weber, presidente do STF, incluir os processos na pauta. Como mostrou o Estadão, o tribunal deve dar início aos julgamentos no próximo mês.

Rosa Weber se aposenta em setembro, quando completa 75 anos, e não deve participar de todos os julgamentos. Como presidente, ela tem sido a porta-voz do tribunal sobre os atos antidemocráticos. O discurso é que os vândalos devem receber punição exemplar e célere.

##RECOMENDA##

O relator das ações é o ministro Alexandre de Moraes. Ele e sua equipe trabalharam durante o mês de julho, recesso do Judiciário, para concluir a instrução dos primeiros processos. Esta é a última etapa antes do julgamento. As ações estavam no gabinete de Nunes Marques porque ele é o revisor e tem como atribuição analisar aspectos formais antes de liberar os casos para julgamento.

Os primeiros réus levados a julgamento serão Aécio Lucio Costa Pereira, João Lucas Vale Giffoni, Jupira Silvana da Cruz Rodrigues e Nilma Lacerda Alves, acusados de participação direta na invasão dos prédios públicos. Eles permanecem em prisão preventiva. Os extremistas respondem por crimes como associação criminosa, abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e deterioração de patrimônio tombado.

A denúncia diz que eles agiram para "provocar e insuflar o tumulto, com intento de tomada do poder e destruição do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal". As penas podem chegar a 30 anos de prisão.

O Supremo decidiu que vai começar julgando quem responde por crimes mais graves - 232 investigados do total de 1.395 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A expectativa é concluir essa primeira leva de julgamentos até o fim do ano.

Acordos

Na semana passada, Moraes autorizou que a PGR negocie acordos de não persecução penal com parte dos réus do 8 de Janeiro. O ministro suspendeu, por 120 dias, o andamento das ações penais contra quem pode ser beneficiado. O acordo só está disponível para quem responde por crimes de médio potencial ofensivo, ou seja, para quem teve participação secundária nos atos golpistas. Os vândalos que invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes não têm direito ao acordo.

O STF vem trabalhando para dar uma resposta rápida aos golpistas. As denúncias da Procuradoria-Geral da República foram analisadas em bloco no plenário virtual em julgamentos semanais ao longo dos últimos quatro meses. As acusações formais recebidas até o momento atingem radicais que invadiram e depredaram os prédios públicos e pessoas acusadas de incitar os atos golpistas.

Agentes públicos

A PGR também denunciou sete oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal por omissão e incitação aos protestos violentos, mas o Supremo ainda não analisou o caso. A Procuradoria-Geral da República ainda investiga se outros agentes públicos foram omissos ou coniventes com os golpistas. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é um dos investigados.

Sete meses após os atos golpistas, 128 extremistas continuam presos. Estão nesse grupo Maria de Fátima Mendonça Jacinto Souza, conhecida como "Fátima de Tubarão", e Antônio Cláudio Alves Ferreira, que quebrou um raro relógio francês fabricado na época de Luís XIV na França - a peça ficava exposta no Planalto.

Logo após a invasão dos prédios dos três Poderes, 1.424 pessoas chegaram a ser detidas. Atualmente, a maior parte responde pelas acusações em liberdade. Neste mês, Moraes concedeu liberdade provisória para mais 162 detentos. (COLABOROU GABRIEL DE SOUSA)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As ações penais de seis réus presos por participação nos atos golpistas do dia 8 de janeiro foram liberadas para julgamento pelo ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão foi definida em sessão nesta segunda-feira (28). Esses seis casos são os primeiros de 1.395 que ainda devem ser apreciados pela Corte. A previsão é que os 250 primeiros casos, considerados mais graves, sejam julgados ainda este ano. 

A data dos julgamentos será definida pela presidente do Supremo, Rosa Weber. Marques é apenas o revisor das ações, nesse caso. Cabe ao revisor analisar aspectos formais das ações, que são de relatoria do ministro Alexandre de Moraes, e depois liberar os processos para julgamento. 

##RECOMENDA##

Entre os réus que serão julgados estão Aécio Lucio Costa Pereira, João Lucas Vale Giffoni e Jupira Rodrigues, apontados como executores dos atos. A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a condenação pelos crimes de associação criminosa; abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado. 

Somadas, as penas podem chegar a 30 anos de prisão. A PGR sustenta que os atos golpistas foram planejados com antecedência, com claro propósito de tomada do poder. Segundo o órgão, "os eventos criminosos protagonizados pela horda antidemocrática em 8 de janeiro são desdobramentos" de fatos "encadeados de forma sucessiva". 

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, marcou para a próxima quarta-feira a retomada do julgamento sobre o marco temporal - tese que prevê a necessidade de ocupação de uma área até 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, para que ela possa ser demarcada como terra indígena. A ministra incluiu o tema na pauta logo após o ministro André Mendonça, que havia pedido vista (mais tempo para análise), em junho, devolver o caso para avaliação da Corte.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, a decisão do Supremo de pautar o assunto ocorreu após a aprovação, na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, na quarta-feira, 23, do projeto de lei que institui o marco temporal. Parlamentares da bancada ruralista levaram a Mendonça o entendimento de que avançariam com as discussões legislativas sobre a questão.

##RECOMENDA##

Além disso, Mendonça havia se comprometido a devolver a ação a tempo de Rosa proferir seu voto. A presidente do Supremo vai se aposentar no dia 2 de outubro, quando completará 75 anos, e a questão indígena tem sido uma das marcas de sua gestão.

Até o julgamento ser suspenso, o placar no STF estava em 2 a 1 para derrubar a tese do marco temporal. Os ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes se manifestaram contra o entendimento; Kassio Nunes Marques votou a favor.

Legislativo

Aprovado nesta semana pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, o projeto de lei do marco temporal divide representantes indígenas no Congresso. Enquanto a deputada Silvia Waiãpi (PL-PA) vê a tese como uma forma de "dar um ponto final" nos conflitos fundiários, sua colega de Câmara Célia Xakriabá (PSOL-MG) afirma que o marco pode significar um "assassinato" dos direitos dos povos originários resguardados pela Constituição.

A comissão do Senado aprovou, por 13 votos a 3, o parecer favorável apresentado pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que foi a relatora do tema. O próximo passo é a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, que avaliará a legalidade da proposta. Se for aprovado, o texto segue para o plenário e, caso seja validado por mais da metade dos parlamentares, irá para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Silvia Waiãpi recebeu duras críticas por parte de movimentos indígenas após ter votado, em maio, a favor da tese do marco temporal quando ele foi aprovado pelo plenário da Câmara dos Deputados por 283 votos a 155. Segundo a parlamentar, seu posicionamento reflete uma necessidade de garantir "segurança jurídica" para todos. "Eu vim para cá sabendo que eu ia ser criticada, mas eu não voto em projetos em que eu não estou de acordo", declarou a deputada.

Críticas

Célia Xakriabá, que estava no Senado acompanhando a aprovação do marco temporal na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, disse que a tese é um "golpe" nos indígenas, Para ela, a bancada ruralista do Congresso quer "paralisar a demarcação dos territórios". "Nós não vamos permitir. A Constituição é muito certa, e é inconstitucional qualquer tentativa de adentrar os territórios indígenas."

No início deste mês, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, afirmou ao Estadão que a sua expectativa é a de que o Supremo enterre de vez a tese do marco temporal para demarcação de terras indígenas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) marcou para 5 de setembro a retomada do julgamento sobre o incêndio na Boate Kiss, ocorrido em 2013, em Santa Maria (RS), e que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos.

O caso começou a ser julgado em junho, mas foi interrompido após o ministro Rogério Schietti votar pela prisão imediata de quatro condenados. O julgamento foi suspenso por um pedido de vista (mais tempo para analisar o caso) feito pelo ministro Antonio Saldanha.

##RECOMENDA##

A Sexta Turma do STJ analisa recurso do Ministério Público do Rio do Grande do Sul (MPRS) contra a decisão que anulou o resultado do júri e determinou a soltura dos acusados.

Em agosto do ano passado, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) aceitou recurso protocolado pela defesa dos acusados e reconheceu nulidades processuais ocorridas durante sessão do Tribunal do Júri de Porto Alegre, realizada em dezembro de 2021.

O júri condenou os ex-sócios da boate Elissandro Callegaro Spohr (22 anos e seis meses de prisão) e Mauro Londero Hoffmann (19 anos e seis meses), além do vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e o produtor musical Luciano Bonilha. Ambos foram apenados com 18 anos de prisão.  No STJ, as defesas dos quatro acusados reafirmam que o júri foi repleto de nulidades e defenderam a manutenção da decisão que anulou as condenações.

Entre as ilegalidades apontadas pelos advogados estão a realização de uma reunião reservada entre o juiz e o conselho de sentença, sem a presença do Ministério Público e das defesas, e o sorteio de jurados fora do prazo legal.

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria no período da tarde desta sexta-feira, 25, para reconhecer a omissão do Congresso em não regulamentar a representação de cada Estado na Câmara. A Constituição prevê que o número de parlamentares eleitos por unidade da federação deve variar entre 8 e 70, mas a quantidade de cadeiras por Estado não é atualizada desde 1993. A ação que acusa omissão foi apresentada pelo Pará em 2017.

Até o momento, seis ministros seguiram o voto do relator, Luiz Fux, que fixou prazo até 30 de junho de 2025 para o Congresso realizar a redistribuição das vagas na Câmara.

##RECOMENDA##

"Após esse prazo, e na hipótese de persistência da omissão inconstitucional, caberá ao Tribunal Superior Eleitoral determinar, até 1º de outubro de 2025, o número de deputados federais de cada Estado e do Distrito Federal para a legislatura que se iniciará em 2027", determina o voto do ministro.

Para Fux, a omissão gera sub-representação de alguns Estados "em grau não admitido pela Constituição" e causa "evidente mau funcionamento do sistema democrático".

Ele também destacou que o Legislativo pode ter dificuldades em corrigir o problema, uma vez que é necessário reduzir o peso de algumas bancadas na Câmara e até suprimir cadeiras dos próprios parlamentares. Por isso, segundo ele, a intervenção da Corte é "plenamente legitimada e justificada".

O Supremo Tribunal Federal (STF) avançou ontem no entendimento de que somente o porte de maconha deve ser descriminalizado no Brasil. E já há maioria para definir um critério objetivo (uma quantidade de droga), que diferencie usuário e traficante - provavelmente entre 25 e 60 gramas, mas isso é algo que só será definido ao fim do julgamento. O ministro Cristiano Zanin votou nesta quinta-feira (24) por manter a criminalização, embora seja favorável à diferenciação.

O julgamento foi interrompido na sequência por um pedido de vista (mais tempo para análise) do ministro André Mendonça. Mas Rosa Weber, presidente do Supremo, que seria a última a votar, adiantou o posicionamento, pois se aposenta compulsoriamente no próximo mês. O placar até o momento está em 5 a 1 pela descriminalização.

##RECOMENDA##

Logo no início da sessão, o ministro Gilmar Mendes, decano do STF e relator do processo, de repercussão geral, revisou seu voto inicial de 2015, para buscar uma redação que reunisse as contribuições feitas por ele e pelos outros três ministros que haviam votado anteriormente pela descriminalização (Luís Roberto Barroso, Edson Facchin e Alexandre de Moraes). Dessa forma, defendeu que a decisão se restrinja à droga que é foco da ação, a maconha. Também com os demais ministros propôs a posse de até 60 gramas como limite de consumo, tese defendida neste ano por Alexandre de Moraes, na retomada da análise - caso não estejam presentes outros elementos que indiquem que se trata de tráfico.

No caso concreto que está sendo julgado, do Estado de São Paulo, mas que valerá para todo o País, a defesa de um condenado pede que o porte de maconha para uso próprio deixe de ser considerado crime. O acusado foi detido com 3 gramas de maconha.

Invasão de competência

O decano ainda aproveitou para rebater as críticas que recebeu por defender que a criminalização do porte seja considerada inconstitucional. "O evento foi objeto de muita desinformação, potencializada pelas disputas ideológicas e moralismos que orbitam esta delicada controvérsia", disse o ministro ao acrescentar que as críticas ao tribunal são "absolutamente infundadas".

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), chegou a se manifestar publicamente contra o julgamento no mês passado. O senador defende que a regulação das drogas cabe ao Congresso Nacional e não deveria estar sendo discutida no STF.

Antes da retomada da votação, o relator defendeu o "diálogo institucional" e negou uma invasão de competências do Legislativo. "Não houve, em nenhum momento, um gesto do tribunal em direção à liberação de entorpecentes nem mesmo qualquer espécie de avanço indevido sobre as competência do Congresso Nacional quanto ao reconhecimento do caráter ilícito do porte drogas, ainda que para consumo próprio."

Fake News

O ministro também afirmou que o julgamento tem sido alvo de fake news. "Como se a proposta apresentada representasse um aceno do Poder Judiciário à liberação das drogas ou um salvo-conduto para o uso indiscriminado em vias públicas de substância psicotrópica", reagiu. "Não há um direito a drogar-se e permanecer drogado."

O decano também voltou a defender que os esforços no combate às drogas sejam deslocados do campo penal para o da saúde pública. "É necessário conjugar esforços para, sem moralismos ou preconceitos, arquitetar uma solução multidisciplinar que reconheça a interdependência e a natureza complementar das atividades de prevenção ao uso de drogas, atenção especializada e reinserção social", afirmou. "O que se busca é uma solução eficaz e constitucionalmente adequada desse grave drama social."

Assim como os demais ministros favoráveis à descriminalização, ele destacou o grande número de pessoas levadas à cadeia sem outros indicativos de tráfico além do porte. Os ministros também destacaram a necessidade de o Estado combater as grandes organizações criminosas e patrulhar as fronteiras - uma vez que a maior parte das drogas aqui consumidas vem de outros países da América do Sul.

Votos de ontem

Recém-chegado à Corte, Cristiano Zanin foi quem abriu a divergência, votando pela manutenção do artigo da Lei de Drogas que prevê sanções administrativas a usuários. Mas admitiu que seja colocado como critério para identificar o usuário com base no porte de 25 gramas de maconha, ou 6 plantas fêmeas - nos debates posteriores aceitou, porém, que seja construído um consenso sobre a quantidade com os demais ministros.

Na sequência, André Mendonça pediu vista e tem 90 dias para devolver a ação. Se não respeitar o prazo, o processo será liberado automaticamente para ser incluído novamente na pauta. Rosa, porém, pediu a palavra, pois queria dar seu voto antes da aposentadoria compulsória, que ocorre em setembro.

A presidente do Supremo Tribunal Federal seguiu o voto do relator e dos demais ministros, sendo a favor da descriminalização do porte de maconha para uso pessoal. Ela afirmou que decidir o contrário seria "transformar todo usuário de entorpecente em potencial traficante e criminoso". "A autonomia é a parte da liberdade que não pode ser suprimida por interferências sociais ou estatais."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quinta-feira, 24, contra a descriminalização das drogas para consumo pessoal. O julgamento foi interrompido na sequência por um pedido de vista (mais tempo para análise) do ministro André Mendonça. O placar até o momento está em 5 a 1.

A ministra Rosa Weber, presidente do STF, que seria a última a votar, adiantou o posicionamento nesta tarde. Ela se aposenta em setembro e vinha sinalizando aos colegas que não gostaria de deixar o tribunal sem participar do julgamento.

##RECOMENDA##

Rosa foi a favor da descriminalização do porte de maconha para uso pessoal. Ela afirmou que, decidir o contrário, seria "transformar todo usuário de entorpecente em potencial traficante e criminoso". "A autonomia é a parte da liberdade que não pode ser suprimida por interferências sociais ou estatais", defendeu.

Mendonça tem 90 dias para devolver a ação. Se não respeitar o prazo, o processo será liberado automaticamente para ser incluído novamente na pauta.

É a segunda vez que o julgamento é interrompido. A votação começou em 2015, quando ainda não havia limite de tempo para a devolução das vistas no STF. O pedido de vista anterior foi feito pelo então ministro Teori Zavascki.

Votos

Até o momento, os votos a favor da descriminalização são dos ministros Gilmar Mendes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Rosa Weber.

Gilmar é o relator da ação. Inicialmente, ele votou a favor da descriminalização, sem fazer distinção sobre o tipo de droga. Ele reviu o posicionamento nesta quarta para alcançar apenas o porte de maconha.

Primeiro a votar na sessão de hoje, o ministro Cristiano Zanin foi contra qualquer revisão da Lei de Drogas. Apesar disso, concordou em estabelecer uma quantidade objetiva, para diferenciar usuários dos traficantes.

"Não tenho dúvida de que os usuários de drogas são vítimas do tráfico e das organizações criminosas, mas se o Estado tem o dever de zelar pela saúde de todos, tal como previsto na Constituição, a descriminalização, ainda que parcial das drogas, poderá contribuir ainda mais para o agravamento desse problema de saúde", argumentou.

O STF também precisa decidir se vai estabelecer quantidades objetivas para diferenciar usuários de traficantes. Os ministros avaliam que os parâmetros evitariam sentenças divergentes, a depender dos critérios usados por cada juiz, mas ainda não houve acordo sobre qual seria o limite. As propostas apresentadas até o momento vão de 25 a 100 gramas.

O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), respondeu nesta quinta-feira, 24, no plenário, às críticas que recebeu pelo voto para descriminalizar o consumo de drogas para uso pessoal.

O posicionamento gerou forte reação entre parlamentares da bancada evangélica, líderes religiosos e bolsonaristas. "O evento foi objeto de muita desinformação, potencializada pelas disputas ideológicas e moralismos que orbitam esta delicada controvérsia", disse o ministro ao acrescentar que as críticas ao tribunal são "absolutamente infundadas".

##RECOMENDA##

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também chegou a se manifestar publicamente contra o julgamento. O senador defende que a regulação das drogas cabe ao Congresso e não deveria estar sendo discutida no STF.

Antes da retomada da votação, Gilmar defendeu o "diálogo institucional" e negou uma invasão de competências do Legislativo: "Não houve, em nenhum momento, um gesto do tribunal em direção à liberação de entorpecentes, nem mesmo qualquer espécie de avanço indevido sobre as competência do Congresso Nacional quanto ao reconhecimento do caráter ilícito do porte drogas, ainda que para consumo próprio."

O ministro também afirmou que o julgamento tem sido alvo de fake news. "Como se a proposta apresentada representasse um aceno do Poder Judiciário à liberação das drogas ou um salvo-conduto para o uso indiscriminado em vias públicas de substância psicotrópicas", reagiu. "Não há um direito a drogar-se e permanecer drogado."

O decano também voltou a defender que os esforços no combate às drogas drogas sejam deslocados do campo penal para o da saúde pública. "É necessário conjugar esforços para, sem moralismos ou preconceitos, arquitetar uma solução multi-disciplinar que reconheça a interdependência e a natureza complementar das atividades de prevenção ao uso de drogas, atenção especializada e reinserção social", sugeriu. "O que se busca é uma solução eficaz e constitucionalmente adequada desse grave drama social."

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin votou para derrubar uma lei que prevê o impedimento de juízes nos casos em que seus cônjuges ou parentes atuem por meio de escritório de advocacia. A ação foi apresentada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e é julgada no plenário virtual da Corte que vai até segunda-feira, 21. Com o voto de Zanin, o placar empatou em 3 a 3.

Zanin argumentou que a relação entre o advogado e o seu cliente é sigilosa e disse que a regra é difícil de aplicar. "Tanto os clientes quanto os advogados não são obrigados a permanecer no mesmo escritório. É a regra da iniciativa privada. Os vínculos se alteram tanto entre os advogados e os escritórios como entre os escritórios e os seus clientes. O controle, então, por parte do magistrado é praticamente impossível", afirmou.

##RECOMENDA##

Ele também afirmou que o impedimento cria uma pressão sobre os advogados parentes de magistrados. "Por outro lado, impedir o parente do magistrado de atuar como advogado, além de ser juridicamente impossível, restringe as oportunidades de terceiro, em afronta à liberdade de iniciativa e ao direito ao trabalho e à subsistência", concluiu o ministro.

A esposa de Zanin, Valeska Martins, é advogada no escritório fundado pelo casal. Os dois atuaram juntos na defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos processos da Lava Jato. Ao ser nomeado ministro, Zanin se desligou das ações, mas o nome de sua esposa continuou nos autos. Ela atua em pelo menos 14 processos em tramitação no Supremo.

Além de Valeska, as esposas dos ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Dias Toffoli também atuam em escritórios de advocacia, e os ministros Luiz Fux e Edson Fachin tem filhos advogados.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando