Pontualmente às 19h, no Parque 13 de Maio, Centro do Recife, o ator Bruce Gomlevsky surgiu ao palco na pele de Renato Manfredini Júnior, abrindo o espetáculo com a canção "Há Tempos". O público começou a ficar atento às histórias que seriam contatadas em "Renato Russo – O Musical", que aportou na capital pernambucana neste sábado. A simplicidade cenográfica e luzes bem direcionadas deram o tom à interpretação de Bruce, fazendo crer que o poeta do rock nacional estava entre as pessoas que lotaram as 2 mil cadeiras disponibilizadas pelos organizadores do evento, sem contar com o público que assistiu em pé.
O começo na música para o líder da banda Legião Urbana, dentro do quarto de um adolescente de Brasília, borbulhava entre dores, questionamentos e sonhos. O que os admiradores de Renato viam era a construção sólida de um talento que estava pronto para cair no gosto popular, costurando passagens que jamais alguém ousou em contar, como foi o caso da epifisiólise diagnosticada quando Renato tinha 15 anos. Mas quem pensou que o roteiro seria um drama com direito a lenço para enxugar as lágrimas, de fato, enganou-se. A encenação sob os olhares da “Geração Coca-Cola” recebeu risos em situações, fictícias ou não, inimagináveis.
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No espetáculo da noite deste sábado, que reviveu momentos marcantes pessoais e da carreira musical do cantor falecido em 1996, o público apreciou a participação da banda Arte Profana. O grupo, com quatro músicos por trás de um telão transparente, reacendeu em arranjos frenéticos a atitude de Renato Russo sobre sexo, drogas, amores e família.
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Ainda sobre a carreira de Renato Russo, o pontapé foi com base na musicalidade dos Beatles, Bob Dylan, Pink Floyd e Janis Joplin, surgindo assim, através de Fê Lemos e André Pretorius, o grupo 'Aborto Elétrico'. Os três anos que passaram juntos foram regados por descobertas e brigas, abrindo caminhos para uma nova trajetória.
O fim da banda, em 1981, fez com que Renato se conhecesse intimamente. A luta para seguir a carreira deu a ele o estalo em dar continuidade aos sonhos trilhados em desejos e rebeldia.
A história do cantor foi relembrada em detalhes no musical. Tudo era mostrado em meio aos olhos que demoravam a piscar; a plateia, de certa forma, entrou com participação especial no texto da dramaturgia quando a montagem da Legião Urbana, com Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, foi finalmente explorada.
"Eu tinha sete anos quando Renato Russo faleceu. Sempre ouvi em casa, através dos meus pais, suas canções no aparelho de som e em rádios. A Legião veio para intensificar o rock brasileiro. O espetáculo é fantasioso, claro, mas toca no fundinho da alma", disse a enfermeira Áurea Beatriz.
Para o crítico cultural Alyson Fonseca, a peça é bem produzida. "A gente vê que ali tem muita performance musical, porém me impressionou. O musical apresenta uma banda talentosa. O setlist é sob medida. Teve umas canções que eu senti falta, mas não caberia. Me impressionei com os trejeitos de Renato Russo". As 22 músicas da peça, lançadas pela própria trupe do Renato, além de outros sucessos embalados por artistas consagrados, como Cazuza (Exagerado) e Ben E. King (Stand by me), fizeram todos cantar e se emocionar.
A peça, programada em 120 minutos, fez a plateia querer mais. O vento percorrendo as árvores do 13 de Maio e a chuva que ameaçava cair se uniram para protagonizar um coro nos clássicos "Índios", "Que país é este", "País e filhos", "Eduardo e Mônica", entre outros, preparando para a despedida do espetáculo. A leveza em cena envolvendo os 'perrengues' enfrentados pelo filho de Renato Manfredini e Maria do Carmo, escancarando a homossexualidade e a descoberta do HIV, fez o musical ficar ainda maior nesses mais de dez anos que é percorrido por todo o Brasil.
Na continuação do espetáculo, o público vibrou ainda mais com um bis longo nas músicas "Fábrica", "Quase sem querer", "Faroeste Caboclo" e "Por enquanto". Por fim, o musical mostrou que vida de Renato Russo foi escrita para ser lembrada em qualquer tempo, lugar e circunstância.
A direção de “Renato Russo - O Musical” é de Mauro Mendonça Filho, responsável pelas telenovelas "O Outro Lado do Paraíso" e "Verdades Secretas". Já Daniele Pereira assinta o roteiro do espetáculo.
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