Na última quarta-feira, o ex-senador Marco Maciel (PFL) completou 75 anos de idade, mas poucos lembraram dele, provavelmente pelo fato do estágio avançado da sua doença. Ele sofre de alzheimer, enfermidade que identificou poucos meses após a sua derrota para o Senado em 2010.
Foi a sua primeira e única derrota, daí talvez o processo de depressão ter acelerado o alzheimer. Marco Maciel tinha 21 anos de idade e estava na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco quando começou sua primeira campanha política.
No ano seguinte, seria eleito presidente da União Metropolitana dos Estudantes, numa gestão marcada pela ruptura com a União Nacional dos Estudantes, a UNE, que à época, em meio às tensões políticas do governo João Goulart, tinha mais força que muitos partidos.
De lá para cá, construiu uma carreira pública de meio século na qual foi uma vez deputado estadual e duas vezes deputado federal, incluindo uma vitoriosa eleição que o transformou no mais jovem presidente da Câmara, aos 36 anos de idade. Teve ainda um mandato de governador, dois de senador e dois de vice-presidente da República de Fernando Henrique Cardoso.
Foi um dos principais articuladores da chamada Frente Liberal, a dissidência do PDS, partido do regime militar, que garantiu a eleição de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, em 1985. Pelo trabalho, foi escolhido ministro da Educação e, depois, deslocado por José Sarney para a Casa Civil. Perdeu a primeira eleição de sua vida com 70 anos.
Uma biografia como de Maciel jamais pode ser derrotada por um motivo único. Mas o principal talvez seja o fato dele ter encarado a primeira eleição de sua vida estando na oposição – e o governismo de meio século é justamente o outro ponto marcante, quase folclórico, da carreira de Marco Maciel.
Na eleição anterior, em 2002, ele vinha com a força do governo federal, do qual fora vice-presidente por oito anos. E embalou com a campanha majoritária de Jarbas Vasconcelos, que seria reeleito governador de Pernambuco. Em 2010, disputou uma eleição sem o apoio de nenhum governo. O da capital estava nas mãos do PT e o estadual na de Eduardo Campos, do PSB, reeleito com uma das maiores votações proporcionais entre todos os governadores.
Mesmo com duas vagas de senador, Maciel sofreu com o favoritismo, desde o início da campanha, do ex-ministro de Lula, Humberto Costa, do PT, e depois com a arrancada, nos braços da coligação governista, do empresário Armando Monteiro. Marco faz muita falta ao País. Marcou sua passagem pela vida pública com ética, moralidade e correção.
Foi talvez o vice-presidente que mais ocupou o poder, interinamente, nunca causando problemas a FHC. Raramente quebrava a rotina da discrição. Uma das exceções ocorreu em junho de 1997 quando teve que tomar a decisão de colocar o Exército nas ruas de Belo Horizonte para sufocar uma invasão dos policiais militares grevistas ao Palácio da Liberdade. O confronto terminou com um morto.
Devorador contumaz de livros, Maciel, quando esteve na ativa, tinha aversão às modernidades virtuais. Nunca escreveu um discurso num computador, talvez porque jamais usou uma máquina de escrever com este propósito. Era um árduo defensor do papel e da caneta. Dizia: “Sou da grafosfera, não sou da videosfera”. “Por sorte, abandonei a caneta tinteiro e adotei a esferográfica.”
Marco Maciel merece todos os elogios por ser um dos líderes ligados ao regime militar que ajudou a derrubá-lo, apoiando a candidatura de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, em 1985. Recebeu várias bênçãos das urnas após a volta da democracia, foi duas vezes senador e durante oito anos vice-presidente da República, eleito democraticamente na chapa do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2003).
QUEBRADEIRA– Uma semana após o TCU criticar duramente a dependência das administrações municipais em relação aos repasses federais e falta de empenho dos gestores em melhorar as arrecadações sob o risco de incorrer na lei de Responsabilidade Fiscal, o presidente da Amupe, José Patriota (PSB), admitiu, ontem, que 130 dos 184 municípios pernambucanos estão em dificuldades em função da queda nos repasses federais. "A maioria tem 94% das receitas atreladas à União. No Governo Federal, por sua vez, o IPI caiu. Então se não tem arrecadação, o FPM [Fundo de Participação dos Municípios] cai", justificou.
Palanques opostos– Em Caruaru, o senador Fernando Bezerra Coelho caminha para um palanque diferente em que subirá o governador Paulo Câmara. Na conversa que teve, ontem, com o ex-governador João Lyra, ele praticamente bateu o martelo com a candidatura da deputada Raquel Lyra à prefeita. Não será, certamente, o caminho de Câmara, que tende a apoiar o deputado Tony Gel (PMDB) se o candidato do prefeito José Queiroz for Douglas Cintra, pela ligação deste com o ministro Armando Monteiro.
Em Nazaré da Mata– O presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, recebeu, ontem, um grupo de lideranças de Nazaré da Mata, primeiro passo para construir a unidade em torno do candidato socialista a prefeito. Disputam, hoje, Eliane Rodrigues, suplente de senadora, e os vereadores Pedro de Mauriceia e Irmão Jonas. Vamos amadurecer os debates com a população e seguir com muita unidade", disse Sileno.
Fundo das exportações– O Ministério da Fazenda encaminhou ao Congresso, antes do recesso parlamentar, uma proposta que trata do pagamento do Fundo das Exportações (FEX). De acordo com a proposta, o montante será entregue em quatro parcelas de R$ 487,5 milhões cada. Elas deverão ser pagas até o último dia útil de setembro, outubro, novembro e dezembro deste ano. A cada parcela de R$ 487,50 milhões, R$ 365,63 fica para os Estados e R$ 121,88 milhões para os Municípios.
Descontrole– O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho, assegura que a alteração da meta fiscal, de 1,13% para 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB), anunciada pelo Governo Federal, é a comprovação de que o Governo perdeu o controle das contas públicas. "Todos os principais indicadores fiscais foram reduzidos, e muito, o que mostra o rombo nas contas públicas, reflexo da forma irresponsável com que o governo petista tratou as contas", disse. Segundo ele, o governo gastou "mais do que podia", sendo obrigado a alterar a meta fiscal. "Se a situação não melhorar e, infelizmente não deve melhorar, teremos déficit primário de novo", observou.
CURTAS
PEDALADAS– Ao menos uma parte da defesa da Advocacia-Geral da União (AGU), no caso das “pedaladas” fiscais, gerou mal-estar entre ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) e uma resposta dura do Ministério Público na Corte. Nas 110 páginas de argumentação, além de 900 anexos, a AGU afirmou que a rejeição da contabilidade do governo viola a “segurança” e a “estabilidade” das "relações jurídicas” no País.
GREVE– Professores da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) entraram em greve ontem. No Campus Petrolina Sede, os professores realizaram uma reunião com representantes de alunos e técnicos para discutir os rumos do movimento e a possibilidade de adesão por parte de outros funcionários.
Perguntar não ofende: Eduardo Cunha terá força para colocar em votação 11 pedidos de impeachment de Dilma?