A 72 dias do início da Copa do Mundo, a Nike quer pegar carona no que já faz com alguns clubes brasileiros de futebol para, até o começo do mês de maio, emplacar uma rede com franquias de lojas oficiais da seleção brasileira.
Em parceria com a CBF, a multinacional fechou contrato com a SPR Sports, empresa paulista que administra 237 franquias de equipes como Corinthians, São Paulo F.C., Vasco, Botafogo e Cruzeiro. O plano é atacar investidores que já atuam no varejo para o lançamento de ao menos 30 unidades da rede até o início do mundial, que tem seu primeiro jogo marcado para o dia 13 de junho, na cidade de São Paulo.
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Para vencer o prazo curto, a estratégia da Nike e da SPR é partir para a conversão imediata de lojas que já atuam em áreas de concentração de turistas, como pontos de venda dentro de aeroportos das cidades-sede ou em shoppings de grande movimentação. Os alvos vão desde varejistas esportivos multimarcas a lojas que trabalham com souvenirs brasileiros para turistas.
Para isso, as empresas optaram por reduzir o desembolso inicial do franqueado, ao passo que também passaram a propor algumas opções flexíveis de investimento. Estão à venda três modelos de negócios: o de quiosque, com um portfólio de 100 produtos; as lojas mistas, em que apenas a metade do ponto de venda é ambientada com produtos da seleção e o restante permanece multimarca, com capacidade para 200 itens; e o formato tradicional com a loja completa, com um mix de mil produtos.
Os preços partem de R$ 20 mil, para uma loja mista com dimensão total de 40 metros quadrados, a R$ 28 mil para o quiosque e R$ 100 mil para a loja completa, também a partir de 40 metros quadrados. A gente sabe que a demanda por produtos da seleção brasileira não é a mesma que tem hoje um clube de futebol como o Corinthians. Então pensamos em um preço menor para as franquias, até porque, em alguns casos, o franqueado não vai trabalhar com a loja da seleção o tempo todo, mas somente durante as competições, afirma Pedro Grzywacz, sócio da SPR Sports.
Sazonal
Na opinião do empresário, que teve um faturamento no varejo na ordem de R$ 160 milhões no ano passado, metade das franquias de lojas da seleção brasileira não terá como manter a operação em atividade ao longo de todo o ano. Esse investidor, conta Grzywacz, vai montar e desmontar o empreendimento aproveitando-se da demanda sazonal das competições agendadas para o Brasil (além da Copa, o País vai receber a Copa América em 2015 e os Jogos Olímpicos em 2016).
Nosso contrato com o franqueado será de cinco anos, com possibilidade de renovação por mais cinco anos. Basicamente, esse franqueador deverá negociar com o shopping um contrato de três ou seis meses e, passada a competição, de montar o empreendimento. Mas a gente acredita que em pontos de grande concentração de turistas, como em aeroportos, essas lojas tenderão a ser fixas, diz.
Para o consultor Amir Somoggi, especializado em negócios esportivos, não importa se fixas ou temporárias, as lojas oficiais da seleção, assim como de clubes de futebol, sofrem no Brasil com a concorrência das multimarcas esportivas. Isso acontece porque a Nike ainda não encontrou um modelo que difere essas lojas dos pontos de venda tradicionais do setor, explica Somoggi, que, apesar disso, vê um cenário de expansão para esse tipo de empreendimento.
Menos de 30% dos torcedores se dizem consumidores de produtos oficiais ligados ao futebol. O mercado pirata domina 50% das vendas de camisas de futebol. Há muito que crescer nesse segmento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.