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Adorada pelo mercado financeiro por anos, a Smiles entrou em crise em 2018 quando sua controladora, a Gol, decidiu não renovar a parceria com a empresa de programa de fidelidade e anunciou que iria incorporá-la a sua estrutura. O plano, no entanto, foi por água abaixo com a pandemia, que abalou o setor aéreo e deixou a Gol sem caixa para adquirir as ações de sua controlada. A situação ficou pior para a Smiles, que está no limbo desde março e já perdeu 40% de seu valor de mercado. Além disso, está no centro de uma nova disputa entre minoritários e controlador desde segunda-feira (6).

No período em que a Smiles caiu 40%, a Gol avançou 81% e o Ibovespa, principal índice da B3, subiu 18%. Nesta semana, a empresa de fidelidade acumula mais perdas, após anúncio de que comprará R$ 1,2 bilhão em passagens antecipadas da Gol, em operação que dá fôlego à aérea, mas desagrada acionistas minoritários, que consideraram os termos desfavoráveis.

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O anúncio da compra antecipada é mais um episódio que escancara o conflito entre a companhia de fidelidade, a aérea controladora e minoritários. "Esses problemas são inerentes a empresas de fidelidade, que são controladas pelos seus principais clientes e fornecedores", diz o sócio do BTG Pactual e chefe de investimentos da Exame Research, Renato Mímica.

Hoje, para se recuperar no mercado financeiro, a Smiles trabalha para tentar manter resultados positivos e pagar dividendos a acionistas. A estratégia, porém, não será de fácil execução dado o cenário econômico crítico durante a pandemia.

A distribuição de dividendos foi justamente um dos fatores que levou a Smiles a ser um dos maiores sucessos da Bolsa. Inovadora e com um quadro de funcionários enxuto, a empresa viu seu valor de mercado alcançar R$ 11,5 bilhões no fim de 2017 - hoje, está em R$ 1,9 bilhão.

A primeira queda relevante da empresa na Bolsa ocorreu em março de 2018, quando a Smiles anunciou uma redução de pagamento de dividendos de 100% para 25% do lucro, sob a justificativa de que manteria recursos para enfrentar a volatilidade crescente, melhorar o balanço e a qualidade do crédito.

Passados sete meses, o mercado foi novamente surpreendido quando a Gol anunciou que não renovaria o contrato com a Smiles. A intenção era reincorporar a empresa de fidelidade com uma troca de ações. Detentores de papéis da Smiles virariam acionistas da Gol. A proporção dessa troca de ações, porém, foi vista como desvantajosa pelos minoritários da Smiles, o que criou um entrave na operação.

Concomitantemente, a Latam atravessava um processo semelhante e tranquilo com a Multiplus, oferecendo aos donos de ações da companhia de fidelidade valores considerados justos pelo mercado.

Entre os minoritários da Smiles, as decisões de reduzir o pagamento de dividendos e a de pôr fim à parceria entre as empresas foram vistas como medidas para derrubar o preço das ações da companhia, fazendo com que a reincorporação saísse mais barata para a aérea.

Lógica

Colocar a Smiles para dentro de casa novamente traria para a Gol lucros constantes - ao menos em tempos normais, sem pandemia. Para o especialista no setor aéreo André Castellini, sócio da consultoria Bain & Company, também haveria um ganho de agilidade. "A empresa conseguiria administrar melhor as regras do programa de fidelidade sem ter de prestar conta para terceiros."

A Gol, no entanto, havia aberto mão disso em 2013, quando o setor aéreo passava por dificuldades e a abertura do capital da Smiles era uma oportunidade para levantar recursos sem perder o controle da empresa. Posteriormente, quando a Gol enfrentou uma de suas piores crises, em 2015 e 2016, a Smiles ajudou no resgate da aérea ao comprar passagens antecipadamente. Agora, a história se repete.

Apesar de a nova compra de passagens antecipadas descontentar minoritários, que consideram os juros de 3,5% ao ano baixos, ela pode favorecer indiretamente a Smiles, dado que uma empresa de fidelidade depende de parceria com uma companhia aérea saudável.

O entrave mais grave, portanto, está na falta de previsibilidade do que será o acordo entre as empresas. No comunicado emitido em março, Gol afirmou que a reorganização societária da empresa estava "cancelada".

Segundo o Estadão apurou, na Smiles a expectativa é que a Gol reverta a decisão de cancelar a parceria, cujo contrato vence em 2032. Isso garantiria uma recuperação das ações da companhia de fidelidade. Essa alta, porém, poder não ser tão interessante para Gol, caso ela ainda tenha interesse em adquirir os papéis. Procuradas, Gol e Smiles não quiseram comentar.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Justiça do Rio rejeitou em primeira instância uma ação civil pública contra o empresário e ex-bilionário Eike Batista por prejuízos causados aos acionistas da petroleira OGX (atual OGPar). A ação, movida pela Associação dos Investidores Minoritários do Brasil, citava perdas de mais de 80 acionistas provocadas por informações fraudulentas da companhia e em decorrência de insider trading praticada pelo empresário. Na decisão, o juiz avaliou que a ação não demonstrou "relevante repercussão social" dos atos de Eike Batista.

A decisão foi tomada pelo juiz titular Fernando Viana, da 7ª Vara Empresarial do Rio, no último dia 15. A associação de minoritários informou que vai recorrer em até dez dias, prazo estabelecido pelo magistrado na sentença.

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Viana avalia que a ação "demonstra que efetivamente houve a descrição das condutas lesivas praticadas pelo réu", em referência à prática de insider trading. O juiz lembra que Eike já é réu em duas ações do Ministério Público Federal acusado dos crimes de lavagem de dinheiro e contra o sistema financeiro. Viana ainda pondera que os acionistas têm legitimidade para buscar ressarcimento uma vez que foram "os únicos a experimentar prejuízo".

Entretanto, na sentença, o magistrado acolhe argumentação da defesa de Eike Batista ao considerar que a Ação Civil Pública não é o instrumento adequado para julgar os direitos dos acionistas. O juiz esclarece que não julga se há ou não "relevância social" dos atos praticados pelo ex-bilionário. Para ele, os atos são restritos "à seara de acionistas que, embora minoritários, conhecem os riscos do mercado de ações". "Prevalece a heterogeneidade do interesse posto em Juízo, bem como a predominância de questões individuais sobre questões comuns", avalia Viana.

Para Aurélio Valporto, vice-presidente da Associação de Investidores Minoritários do Brasil, a decisão "contraria o espírito da ação civil pública e a inviabiliza como ação de classe", a exemplo do que acontece nos Estados Unidos, em ação contra os prejuízos causados a acionistas pelo escândalo de corrupção na Petrobras. O acionista avalia que a decisão vai protelar uma análise do mérito, mas será revertida em instâncias superiores.

"Segundo o raciocínio do juiz, o direito somente seria homogêneo se todos tivessem sido vitimados no mesmo montante. A homogeneidade é do direito ao ressarcimento, uma vez que todos foram vítimas dos mesmos atos!", pontua Valporto. "Toda a economia nacional foi atingida pelo desvio de sua poupança e que todo o sistema financeiro nacional foi lesado em sua credibilidade", completa.

A ação, aberta em março do último ano, argumenta que Eike Batista induziu os acionistas a ampliar investimentos na empresa com informações falsas de reservas de óleo da OGX, o que gerou prejuízos patrimoniais aos acionistas. A associação também denuncia que Eike se valeu de insider trading para obter benefícios individuais com a valorização de suas ações e pede indenização.

A holandesa Robeco, uma das maiores gestoras de investimentos da Europa, está questionando a criação do cargo de suplente no conselho de administração da Petrobras. A proposta da estatal será votada na assembleia geral extraordinária (AGE) convocada para o próximo dia 1º de julho. Detentora de ¤ 223 bilhões em ativos, a Robeco teme que decisões de peso acabem ficando nas mãos dos suplentes.

A Petrobrás quer que cada um dos dez conselheiros passe a ter um suplente, que poderia participar, como convidado, de todas as reuniões do conselho. A gestora aponta que a bola dividida nas votações pode dar margem a dúvidas em casos de responsabilização dos conselheiros. "É um passo atrás. Isso não melhora a governança da companhia, apenas adiciona complexidade e tira responsabilidade dos conselheiros titulares", critica a administradora da carteira de investimentos da Robeco no Brasil, Daniela da Costa-Bulthuis.

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A manifestação foi encaminhada esta semana em carta ao novo presidente do conselho da Petrobrás, Murilo Ferreira, também presidente da Vale. Além dele, receberam o documento os representantes dos minoritários no colegiado Guilherme Affonso Ferreira e Walter Mendes de Oliveira Filho, além do diretor financeiro da companhia, Ivan Monteiro. Por diversas vezes o grupo entrou em contato com o antigo conselho da empresa, presidido pelo então ministro da Fazenda Guido Mantega, mas ficou sem resposta.

A Robeco tem atuado ativamente como acionista minoritária da Petrobrás. Em dezembro liderou um movimento de fundos estrangeiros, detentores de trilhões de euros sob gestão, pedindo mudanças nos processos de tomada de decisão e gestão da companhia brasileira. A estratégia é pressionar pela criação de mecanismos capazes de blindar a empresa da ocorrência de episódios semelhantes à Operação Lava Jato. Ao lado de outros acionistas brasileiros, o mesmo grupo de investidores estrangeiros deu respaldo à candidatura de Guilherme Ferreira e Mendes ao conselho.

Em um primeiro contato com a nova diretoria da estatal, a Robeco reforçou sua preocupação com o estabelecimento de uma política tarifária clara e independente. Para Daniela isso é condição fundamental para a busca de parceiros em refino e para que a Petrobrás obtenha melhores condições de financiamento no mercado. A impressão da gestora é que a nova diretoria executiva está consciente disso. Do lado da governança, algumas medidas já divulgadas pelo novo comando são vistas com bons olhos. Entre elas está a inclusão no estatuto social de cinco comitês de assessoramento do conselho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Tempo Capital entrou com uma ação pedindo a suspensão da incorporação da Net pela Claro, operação que faz parte da estratégia de integração das operações da América Móvil, do bilionário Carlos Slim, no Brasil. Acionista da Net, a gestora avalia que a operação implicará, na prática, o fechamento de capital velado da companhia. Diante disso, pede que a Justiça obrigue a Net e suas controladoras Embratel e Embrapar a realizar uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) para cancelar o registro de companhia aberta da empresa.

Maior acionista minoritária da Net, Tempo Capital tem uma fatia de 19,32% das ações da companhia em circulação no mercado. A posição é avaliada em R$ 25 milhões, a preços de mercado.

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Em 1º de agosto a Embrapar e a Net publicaram um fato relevante informando que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovara a reestruturação societária do grupo, que tem como etapa final a incorporação da Net, da Embrapar e da Embratel pela Claro. Segundo o comunicado, como a Claro e a Telmex (que vai incorporar a participação de acionistas da Embrapar) não terão capital aberto em bolsa, os acionistas da Net terão direito de recesso, ou seja, de deixar a companhia mediante o reembolso do valor das suas ações.

Na petição encaminhada na quarta-feira à 8ª Vara Cível do foro regional de Santo Amaro, em São Paulo, os advogados da Tempo afirmam que a operação de incorporação da Net pela Claro é uma manobra para burlar o direito dos minoritários em uma operação de fechamento de capital.

"Na essência (...) o que se busca é forçar o fechamento de capital da Embrapar com a consequente expulsão dos minoritários a preço vil e sem que lhes seja assegurado as prerrogativas e direitos de que tratam o regime de fechamento de capital", diz o documento assinado pelo escritório Marlan Marinho Jr. Advogados.

Em 2012 a Embratel tentou fechar o capital da Net, mas desistiu diante da resistência dos minoritários em aceitar o preço proposto por ação na OPA para tirar a subsidiária da BM&FBovespa. Os acionistas chegaram a pedir um segundo laudo de avaliação para comprovar que o valor oferecido não era justo.

A Tempo diz que como a maioria dos acionistas da Net não quer ou não pode migrar para uma companhia sem ações em bolsa, a única saída seria aderir ao recesso. No entanto, classifica como "vil" o preço proposto para a retirada: R$ 32,77 por ação de emissão da Net, independente de espécie ou classe. Segundo a gestora, ele é R$ 30 inferior ao valor da ação em 31 de julho (de R$ 63), véspera da divulgação do fato relevante que autorizou o recesso.

Os acionistas querem fazer valer o artigo 4º da Lei das Sociedades Anônimas. Pelo dispositivo os minoritários que representem, ao menos, 10% do capital social, podem requerer a convocação de uma assembleia geral extraordinária (AGE) para deliberar sobre um novo laudo de avaliação das ações, uma forma de brigar pelo que consideram o "valor justo" por sua saída. Procuradas, Embratel e Net não quiseram comentar o caso.

O representante dos acionistas minoritários no conselho de administração da Petrobras, Mauro Cunha, rebateu nesta terça-feira (1°) a justificativa de rodízio para explicar sua retirada do comitê de auditoria da estatal dada pela presidente da companhia, Graça Foster, em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", publicada no último domingo.

"O rodízio foi coincidentemente imposto após solicitações de informações importantes sobre processos de apuração de irregularidades amplamente divulgadas na mídia. Como fui impedido de continuar no Comitê, não recebi tais informações", alfinetou Cunha, em carta encaminhada ao jornal.

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No texto, o representante dos minoritários lembra que o comitê de auditoria foi criado em 2005 e, desde então, sua composição apresenta grande estabilidade. Para ele, o rodízio aplicado pelo presidente do conselho de administração da Petrobras, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi feito de maneira "seletiva", visto que o comando do comitê de auditoria permanece com o mesmo conselheiro há seis anos.

Cunha ressalta ainda ser inédita a imposição de rodízio e também a indicação de dois funcionários do acionista controlador (União) como membros do comitê. "Pela primeira vez, a Petrobras não mais possui um comitê de auditoria formado por uma maioria de conselheiros independentes - contrariando toda a prática dos últimos 9 anos", argumenta. O executivo destaca ainda que o episódio ocorre exatamente quando as atividades de competência do comitê adquirem grande importância para a empresa, "incluindo questões contábeis, de controle interno e de transações entre partes relacionadas".

Nos últimos meses, a Petrobras vem convivendo com críticas mais duras a ingerência política na gestão da companhia e denúncias de irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Em março, Cunha entrou com uma reclamação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pedindo que a Petrobras divulgasse os votos da reunião do conselho de administração que aprovou as demonstrações contábeis de 2013. Em entrevista concedida ao jornal "O Estado de S. Paulo", Graça negou que o executivo tenha sido deposto do comitê de auditoria e argumentou que ele foi convidado a ocupar uma vaga em outros comitês. Alegando não ter "vivência" em conselho de administração, Graça preferiu não avaliar a opção pelo rodízio no comitê.

Cunha diz ter recusado uma cadeira no comitê de meio ambiente "dado o descabimento da proposta, uma vez que não me considero absolutamente especialista na área". A insistência na permanência no comitê de auditoria, segundo ele, se deve ao fato de ser um conselheiro independente e especializado em finanças.

O prejuízo de R$ 6,287 bilhões da Eletrobrás em 2013 surpreendeu até mesmo os representantes dos acionistas minoritários no conselho de administração da holding federal. O conselheiro Marcelo Gasparino disse que a previsão anterior era de prejuízo de R$ 800 milhões. "Esta era a previsão até a reunião do conselho de fevereiro. Fomos surpreendidos quando nos foi apresentado que era de R$ 6,3 bilhões."

O resultado da empresa no quarto trimestre de 2013 foi afetado negativamente por itens não recorrentes que somaram R$ 3,481 bilhões, em razão de baixa de ativos e provisões. "Esses testes de impairment e as provisões nunca foram discutidos no conselho. Até fevereiro, a situação não era assim", disse Gasparino. Esse foi o segundo ano consecutivo de prejuízo da Eletrobrás, já que a perda apurada no ano de 2012 foi de R$ 6,8 bilhões, revertendo o lucro líquido de R$ 3,73 bilhões registrados em 2011.

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Diante dessa situação, Gasparino e o outro representante dos minoritários, João Antônio Lian, votaram contra a aprovação das demonstrações financeiras, assim como os representantes dos minoritários no conselho fiscal. As demonstrações foram aprovadas por maioria, mas sem a aprovação dos minoritários. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Na esteira de críticas dos conselhos de administração e fiscal à atual gestão da Petrobras, diversos fundos de investimento estrangeiros se uniram em torno de uma nova candidatura para fortalecer a posição dos acionistas minoritários na empresa. Capitaneado pelo fundo britânico Aberdeen Asset, o grupo defende a abertura de uma nova vaga independente para "aprimorar" a governança da estatal, considerada "crítica".

O grupo formalizou na última sexta-feira, 14, uma chapa com indicações para os dois conselhos, reivindicando a eleição de dois membros para cada tipo de minoritário, detentores de títulos ordinários e preferenciais. Em comunicado, o grupo, que detém cerca de 0,5% do capital social da Petrobras, critica a ingerência do governo sobre as decisões da companhia. "A política de definição de preços de gasolina e diesel tem sido prejudicial para acionistas da empresa nos últimos anos e ainda requer transparência. Olhando mais adiante, acreditamos que isso comprometerá a capacidade de investimento e de expansão da Petrobras no longo prazo", diz o comunicado.

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Para os investidores, mesmo as mudanças no modelo de precificação anunciadas pelo Conselho de Administração não se mostraram efetivas para os acionistas. A indicação é para a candidatura de José Monforte, além de Mauro Cunha, presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), que já ocupa um assento no Conselho de Administração.

Cunha foi o único integrante a se opor à aprovação das demonstrações financeiras da companhia na última reunião, realizada em fevereiro. Ele criticou a demora na liberação de informações para análise, além de operações relacionadas às refinarias e de hegde accounting. A operação, utilizada pela empresa desde meados do último ano, busca diminuir o impacto da variação cambial sobre o endividamento da empresa.

Eleito no último ano, ele foi considerado o primeiro conselheiro legítimo representante dos minoritários. Até então, os nomes que ocupavam o cargo eram simpáticos às diretrizes do governo. Com a união dos fundos de investimento, os minoritários esperam conseguir maior poder de voto nas instâncias de governança da estatal.

Entre os investidores que apoiam a nova chapa, estão os fundos British Columbia Investment, The California State Teachers' Retirement System, Hermes Equity Ownership Services, entre outros. Eles também indicaram nomes de Reginaldo Ferreira Alexandre e Walter Albertoni para o Conselho Fiscal. Na última reunião, também em fevereiro, o colegiado alertou, em ata, para o risco de rebaixamento no rating de crédito da empresa em função do alto endividamento.

Um grupo de investidores está se preparando para iniciar uma ação judicial contra o empresário Eike Batista, a quem acusam de negociar com base em informações privilegiadas por ocasião do quase colapso da empresa de petróleo OGX, diz reportagem do Financial Times. O grupo também prepara ações judiciais contra ex-diretores da OGX, entre eles os ex-ministros Pedro Malan (Fazenda), Rodolpho Tourinho Neto (Energia) e Ellen Gracie (ex-ministra do Supremo Tribunal Federal).

Segundo o FT, o advogado Marcio Lobo, do escritório Jorge Lobo, do Rio de Janeiro, disse ter sido contratado há duas semanas para apresentar três acusações contra Batista, a OGX e três ex-diretores da empresa. O grupo de investidores que o contratou teria cerca de 60 acionistas minoritários que dizem ter perdido R$ 70 milhões. Eles acusam Batista de ter vendido, com base em informações privilegiadas, 56 milhões de ações da OGX por um total de R$ 75,4 milhões entre os dias 7 e 13 de junho.

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De acordo com a CVM (Comissão de Valores Imobiliários), a venda foi feita poucos dias antes de a OGX anunciar que estava suspendendo o desenvolvimento de seus únicos três poços de petróleo que já produzem. O anúncio fez as ações da OGX caírem 35%.

"Foi claramente um ato de má fé", disse Aurélio Valporto, um dos investidores minoritários, citado pelo FT. Segundo o jornal, a OGX e o grupo EBX, de Batista, preferiram não comentar as informações.

O grupo de acionistas minoritários da OGX de São Paulo, liderado por William Magalhães, não pretende ingressar com ação na Justiça pedindo ressarcimento das perdas financeiras resultantes da queda de valor de mercado das ações da companhia, ao contrário do que planeja um grupo de acionistas do Sul do País. "Nosso objetivo é de apoiar a empresa. Não é um movimento processual, mas de valorização da empresa", disse Magalhães.

Segundo o acionista, o objetivo do grupo é conseguir eleger um representante no conselho de administração da petroleira de Eike Batista e instaurar um conselho fiscal na OGX. Ele afirmou que manteve contato esta semana com representantes do departamento de relações com investidores da OGX, quando informou à companhia sobre essa intenção. Ele disse acreditar que possa agregar, entre seus representados, número suficiente de acionistas para pleitear tais cadeiras no conselho.

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O grupo tem uma conta no Twitter chamada "Minoritários OGX", com 982 seguidores e quase 1,8 mil postagens. Magalhães vem afirmando que a intenção deste grupo é "devolver valor aos ativos da companhia". Apenas em 2013, o valor de mercado da empresa na bolsa caiu 88,5%, com a ação cotada a R$ 0,50 no fechamento do pregão de sexta-feira, 19.

Os acionistas minoritários da Eletrobras tentarão nesta terça-feira o segundo assento no Conselho de Administração da empresa de energia. Durante a assembleia geral extraordinária, que ocorre a partir das 15 horas, na sede da companhia, em Brasília, João Antônio Lian se candidatará à vaga relativa aos preferencialistas (que possuem ações preferenciais).

Marcelo Gasparino tenta a reeleição para o conselho como representante dos minoritários detentores de ações ordinárias, após ter assumido o cargo pela primeira vez em 3 de dezembro. Lian disse possuir procurações de minoritários em quantidade suficiente para assegurar o lugar. "Estamos começando com uma virada na participação dos minoritários. A intenção é contribuir com o ressurgimento da Eletrobras, neste momento em que a empresa passa pelo desafio da MP (Medida Provisória) 579 (que reduziu as fontes de receita da companhia)", afirmou.

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Seis conselheiros "de peso", indicados por minoritários, estão se articulando para garantir assentos em empresas de grande porte - como CSN, Banco do Brasil, CPFL, Bradespar, Usiminas e Eletrobras. Eles atuam profissionalmente em conselhos empresariais e, juntos, passaram a compor o Grupo de Governança Corporativa (GGC), formado em janeiro deste ano.

Desde então, o grupo se movimenta para ganhar mais espaço para os minoritários em conselhos de administração e fiscais de empresas de capital aberto.

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Arlindo Magno de Oliveira, atualmente integrante do conselho da Celesc e da Telemar Participações, candidatou-se para a CSN. Josmar Bignotto, para a CPFL.

Julio Sergio Cardoso, da Celesc, é candidato para a Usiminas. Marcelo Gasparino, atualmente na Eletrobras, Celesc, Tecnisa e Usiminas, concorre à Bradespar e à renovação da Eletrobras.

Manuel Jeremias Leite Caldas, do conselho de administração da AES Eletropaulo, Contax e São Carlos Empreendimentos, pode ir para o Conselho Fiscal da Eletrobrás. E Robert Juenemann concorre a uma vaga nos conselhos fiscais da Grendene e Eletrobrás.

Em última análise, a organização em um grupo é uma reação à derrocada de algumas companhias na bolsa. Sua primeira medida foi recorrer a fundos de investimento internacionais, como BlackRock, Dimensional Fund Advisors e Credit Suisse, além de empresas estatais em posição minoritária em outras companhias e fundos de pensão, para angariá-los como aliados.

Oficialmente, as propostas para que renovem suas participações ou entrem nos conselhos foram entregues às companhias em março, com 30 dias de antecedência para eleições que acontecem neste mês. Mas, para que tenham sucesso em suas empreitadas, dependem, sobretudo, da adesão dos minoritários nas assembleias gerais em que serão eleitos os novos conselheiros.

Usiminas

O mais recente embate ocorre na Usiminas. Atrair a simpatia da CSN (detentora de 14,13% do capital ordinário e 20,69% do preferencial da Usiminas) para eleger um membro no conselho é tido como imprescindível para a vitória. Caso contrário, terão de contar com a adesão de 80% dos minoritários, missão quase impossível. A CSN, no entanto, está impedida de se posicionar pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que entende a sua participação na Usiminas como interferência de concorrente nos negócios da siderúrgica mineira.

Do total de 15 vagas na Usiminas, restam seis a serem escolhidas na Assembleia Geral Extraordinária (AGE) que será realizada na próxima terça-feira. Para atrair a atenção dos minoritários à necessidade da tomada de posição na AGE, o GGC se articulou com o fundo de investimento Geração Futuro L Par, dono de 5,42% das ações preferenciais da Usiminas.

A intenção é eleger Julio Cardoso, que, de acordo com o GGC, traz no currículo de ex-sócio da Ernst & Young a defesa contra a acusação de um possível uso do conselheiro para atender os interesses da CSN na Usiminas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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